segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Trump is Trump


Não se engane. Os governantes manipulam bem seus discursos e adoram criar situações para mostrar seu poderio. A política tem se viciado em farsas.Surgem palavras com dimensões imensas que confundem. Quem não fica perplexo com o significado de terrorismo? Ele se multiplica e serve aos senhores que querem intimidar o mundo. Trump é um deles.Assessora-se com armadilhas preparados por espertos e perversos intelectuais. Portanto, o cuidado na leitura das notícia é detalhe fundamental.
As riquezas são disputadas de forma bélica. Montam-se estratégias, criam -se drones, derrubam-se aviões e todos querem ser inocentes. A tensão é geral, agita o capitalismo, provoca dissidências. O imperialismo não se foi. As intrigas religiosas escondem alicerces monetários. Não é toa que a inquietação deixa a opinião pública atônita. Há terrorismos em todos os cantos. Quem pode negar que a miséria não acede mesquinharia e violência? Quem pode negar que capitalismo se consolida salvando os privilégios da minoria?
Nada afirma que a paz chegará e a comunhão guardará afetos. Desfilam manchetes pesadas no jornais, misturam-se os anseios ditos de direita e esquerda com orações. Os fanatismo se firmam e buscam justificativas. Elegem-se razões, quando existe um aflorar permanente de questões colonialistas. A turbulência nem produz estranhamentos e a indústria fatura inventando perigos e espalhando medos.É a contabilidade pragmática que renega as possibilidades de reduzir as desigualdades e celebra a acumulação.A banalização da morte se estende como uma imagem fatal.
Trump não é o único a dançar no baile das farsas. O cinismo mora nas relações internacionais, finge e transforma o cotidiano num conjunto de abismos. Os Estados Unidos nunca renunciaram a prepotência. Já sofreram perdas, porém seguem abalando interesses e formando parcerias. Por aqui, há quem se entusiasme com o espetáculo da sofisticação bélica. Fecham-se os olhos para a naturalização das violências. Muitos não observam que as fragmentações e os ressentimentos entorpecem e reproduzem infernos. Desandam-se as relações sociais como se tudo se resolvesse com uma bala e as mentiras nas redes sociais..
Por Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Propaganda do governo


Bolsonaro e o apresentador Ratinho durante participação do presidente no programa do SBT
Bolsonaro e o apresentador Ratinho durante participação do presidente no programa do SBTFoto: Gabriel Cardoso/SBT
A campanha publicitária do governo de Jair Bolsonaro para a reforma da Previdência destinou em sua segunda fase R$ 4,3 milhões para merchandising, como é chamada a propaganda inserida em programas. Desse total, 91% foram para Record, Band e SBT. As duas primeiras emissoras são clientes da empresa do secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten; a terceira é ex-cliente.
O plano de mídia entregue pela agência de publicidade Artplan ao TCU (Tribunal de Contas da União) mostra que houve negociação com nove apresentadores para testemunhos favoráveis à mudança nos regimes de aposentadorias e pensões.
Nomes prediletos de Bolsonaro foram os escolhidos. As declarações de apoio, todas pagas pelo governo, foram ao ar ao longo de sete semanas, de maio a julho do ano passado.
Na Record, os maiores investimentos da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) foram no programa matinal Hoje em Dia, de César Filho e Ana Hickmann (R$ 983 mil por cinco inserções). Esse valor inclui o que foi repassado à emissora e os cachês dos âncoras: R$ 34 mil por fala.
No SBT, a negociação foi feita com os programas Eliana (R$ 269 mil por um testemunhal), Operação Mesquita, de Otávio Mesquita (R$ 218 mil por três declarações), e do Ratinho (R$ 915 mil por quatro elogios). Mesquita cobra cachê de R$ 2.100 para cada merchandising. Os dois colegas incluem sua remuneração pessoal no valor cobrado pela emissora.
Ratinho é um dos comunicadores da preferência de Jair Bolsonaro ao dar entrevistas. "As mudanças são claras e boas para o Brasil", defendeu o apresentador numa ocasião, ao propagandear a reforma. "Você acha que se a Previdência fosse ruim para o povo, eu estaria a favor?", questionou em outra oportunidade.
Não há ilegalidade na contratação de artistas ou jornalistas para fazer merchandising na TV. O TCU, no entanto, investiga se a distribuição de verbas da Secom entre as TVs se dá por critérios políticos, e não técnicos (principalmente o da audiência), o que afrontaria princípios constitucionais, entre eles o da impessoalidade na administração pública.
Reportagem da Folha de S.Paulo desta segunda-feira (27) revelou que, sob o comando de Wajngarten, a Secom fez mudanças na estratégia da campanha de publicidade sobre a reforma da Previdência, a maior e mais cara do Planalto no ano passado, privilegiando na distribuição de verbas TVs que são clientes de uma empresa do secretário e emissoras religiosas, apoiadoras do presidente Bolsonaro.
A campanha foi feita em fases. Na primeira, de R$ 11,5 milhões, veiculada de 20 de fevereiro a 21 de abril, o plano definiu que a TV mais contemplada com recursos seria a Globo nacional, líder de audiência e que atinge maior público.
Mas, a partir de abril, após Wajngarten assumir o cargo, a Secom mudou a orientação. Na segunda etapa da campanha, aprovada na gestão dele, o plano de mídia excluiu a Globo nacional da lista de contratadas, mantendo apenas praças regionais da emissora, cujos anúncios são mais baratos.
Record, Band e SBT foram contempladas, respectivamente, com R$ 6,5 milhões, R$ 1,1 milhão e R$ 5,4 milhões, totalizando R$ 13 milhões. Os montantes incluem os pagamentos tanto por merchandising quanto pela propaganda nos intervalos comerciais.
Como noticiou a Folha de S.Paulo no dia 15, as duas primeiras têm contratos privados com a FW Comunicação, de Wajngarten. O SBT foi cliente da empresa até o primeiro semestre do ano passado.
A legislação vigente proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. A prática implica conflito de interesses e pode configurar ato de improbidade administrativa, se demonstrado o benefício indevido. Wajngarten nega irregularidades.
Dentro dos R$ 4,3 milhões para merchandising, outro contemplado foi o jornalista José Luiz Datena, do programa Brasil Urgente, da Band, escolhido com frequência por Bolsonaro para entrevistas. Ele é cotado para disputar a Prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano, com apoio do presidente.
O plano de mídia da agência, a Artplan, registra quatro ações de merchandising no programa dele, ao custo total de R$ 331 mil. Cada fala rende ao garoto-propaganda R$ 12 mil.
Houve um testemunho no programa Terceiro Tempo, de Milton Neves, que é amigo da família de Wajngarten, o chefe da comunicação de Bolsonaro. Ele custou ao governo federal R$ 119 mil, incluindo o cachê de R$ 7.200 pela declaração favorável à reforma.
O documento entregue pela Artplan ao tribunal sustenta que esse formato de propaganda visa "humanizar a informação, que é densa e necessita de mais tempo de explicação". "Ele traz mais proximidade com o público, por meio de seu interlocutor."
Na primeira etapa da campanha da Previdência, de fevereiro a abril, houve apenas uma ação dessa natureza, no programa do Ratinho.
Em nenhuma fase, a Globo recebeu investimento para propaganda dentro de seus programas. A emissora não faz merchandising para governos. As concorrentes da emissora carioca receberam ainda verba para testemunhos em programas locais.
A Rede TV! também negociou espaço em suas atrações. Foram destinados R$ 153 mil para o Luciana by Night, de Luciana Gimenez (seis falas), e R$ 290 mil para o Mega Senha, de Marcelo de Carvalho (sete), um dos sócios da emissora. Eles cobram, respectivamente, cachês de R$ 2.900 e R$ 7.000 para cada testemunho.
O TCU investiga suspeitas de favorecimento no rateio da verba de publicidade da Presidência para TVs. Caso isso se confirme, os responsáveis poderão sofrer sanções como multas e ser condenados a ressarcir eventuais prejuízos.
Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou no último dia 20 que a Artplan, também cliente da FW, passou a ser líder em recursos da secretaria na gestão de Wajngarten. Por ordem do tribunal, a agência entregou planilhas com os valores designados para cada uma das TVs e os planos de mídia da campanha da Previdência.
Procuradas pela reportagem, a Secom e as emissoras não se manifestaram. Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 26 de janeiro de 2020

A Bandeira mais bonita do mundo

A bandeira de Pernambuco foi eleita no Twitter como a mais bonita das bandeiras estaduais. Como não dizer que é a mais bonita do mundo, né?
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Mulher sem mãos e pernas teve benefício negado por não assinar papel

Reportagem da TV Globo mostrou mulher que teve benefícios do INSS negado por não assinar documentos. Foto: Reprodução/Rede Amazônica
REPORTAGEM DA TV GLOBO MOSTROU MULHER QUE TEVE BENEFÍCIOS DO INSS NEGADO POR NÃO ASSINAR DOCUMENTOS. FOTO: REPRODUÇÃO/REDE AMAZÔNICA

Uma mulher de mãos e pernas amputadas teve um pedido de benefício negado por não poder assinar documentos oficiais pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Porto Velho, capital do estado de Rondônia. As informações são da Rede Amazônica, afiliada da TV Globo.

A ex-sinaleira Cleomar Marques contou à emissora que entrou com três pedidos no INSS em 2019, no entanto, todas as solicitações foram rejeitadas. A recusa a uma delas se deu pela impossibilidade de assinar os papéis.
“Aí depois ela [uma servidora do INSS] puxou os papéis. ‘Quem vai assinar? Você assina?’, e eu digo: ‘Eu não posso assinar. Quem pode assinar é minha filha que tá aqui, ou a minha mãe’. Ela disse: ‘Você não assina?’ e eu digo ‘Não, não posso assinar’. Aí ela olhou e disse: ‘Ah, então não vale’. Ela pegou, rasurou e jogou fora”, afirmou.
Segundo a TV Globo, Cleomar trabalhava como sinaleira em uma das usinas da capital. Um dia, passou a sentir dores fortes no estômago e, após idas e vindas na emergência, os médicos decidiram realizar uma operação.
Depois da cirurgia, Cleomar entrou em coma, teve infecção generalizada e os membros necrosaram. Quando acordou, já estava sem mãos e pernas. Hoje, ela precisa da filha, Cláudia, para atividades diárias, como ir ao banheiro ou comer. A filha não pode trabalhar para dar assistência à mãe.
Hoje, as duas vivem da ajuda financeira da mãe de Cleomar e de amigos da igreja, que doam cestas básicas.
“É um constrangimento para mim. Eu trabalhava, tinha minha vida. Agora, sou dependente dos outros. A minha filha que me leva para o banheiro, me dá banho, faz tudo para mim. Eu vivo assim”, disse Cleomar.
De acordo com a reportagem, o INSS disse que as informações de Cleomar não procedem. O benefício teria sido negado por renda familiar incompatível, e não por falta de assinatura, alegou o Instituto. O órgão disse ainda que existe uma representante legal habilitada a assinar por Cleomar, além de um procurador.
Segundo a emissora, Cleomar fez um novo requerimento para tentar um benefício à pessoa com deficiência, contudo, também houve indeferimento por ela ter uma renda per capita familiar maior que 1/4 do salário mínimo, uma média de 238 reais. O INSS recusou uma terceira solicitação por “falta do período de carência”.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bom Jardim sedia encontro de manifestações culturais no Carnaval




A diversidade da cultura pernambucana tem encontro marcado no Carnaval de Bom Jardim, no Agreste Setentrional.  Na terça-feira (25/02), está confirmada a sétima edição do Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco. Idealizado pelo produtor cultural Edgar Santos, a programação do evento conta com desfile dos folguedos pelas ruas do Centro da cidade, seguido de apresentações no Pátio de Eventos. As manifestações começam às 8h e seguem até 12h. "A tradicional manhã é um espetáculo de cores, alegria e de um mundo de gente criativa, raridades de belezas que fortalecem a identidade cultural de nosso Estado", comenta Edgar.

O produtor do evento protoclou junto à Fundação do Patrimônico Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) solicitação de apoio, por meio da grade do Ciclo Carnavalesco 2020. Ainda na busca por patrocínio, Santos também apresentou ofício à gestão municipal, mas, segundo ele, até o momento não houve manifestação por parte da prefeitura. O Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco reúne agremiações de vários municípios pernambucanos, a exemplo de Nazaré, Limoeiro, Glória do Goitá, Orobó, Olinda, Recife, Buenos Aires e Lagoa de Itaenga. "Peço aos prefeitos que também ajudem, disponibilizando transporte para os brincantes", pontuou Edgar.
Blog do Agreste - Alfredo Neto.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Fala de Guedes sobre desmatamento contraria ciência e até 'mundo econômico' de Davos, diz cientista

Carlos Afonso Nobre
Direito de imagemMARCOS OLIVEIRA/AGÊNCIA SENADO
Image caption'O discurso do Paulo Guedes é muito desalinhado ao discurso do mundo econômico em Davos', afirma Nobre
O discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, no Fórum Econômico Mundial está na contramão não só das preocupações científicas globais, mas também do que tem manifestado o "mundo econômico" global entre os investidores, CEOs e lideranças internacionais presentes ao evento em Davos, na Suíça. Na terça-feira (21/01), Guedes afirmou que o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza.
A avaliação é do climatologista Carlos Afonso Nobre, que também está em Davos e participou nesta quarta-feira (22/01) do painel Um Futuro Sustentável Para a Amazônia, debatendo o tema ao lado do presidente da Colômbia, Iván Duque, do ex-vice presidente dos Estados Unidos, Al Gore, e da naturalista Jane Goodall.
"O discurso do Paulo Guedes é muito desalinhado ao discurso do mundo econômico em Davos", afirmou Nobre, que conversou com a BBC News Brasil por telefone depois de participar do painel.
Segundo ele, a gravidade dos incêndios na Austrália, que devastaram a costa leste australiana nos últimos meses, bem como episódios na Califórnia e na Amazônia, elevaram o tom da preocupação com o clima entre CEOs, presidentes de multinacionais e lideranças globais do agronegócio que participam do evento.
"Esse discurso vai muito na contramão da tendência mundial, esse discurso [de Guedes] que parece defensivo: 'eu sou contra o desmatamento, mas é mais importante eliminar a pobreza', mas não é verdade."

A declaração do ministro foi dada quando ele comentava a relação entre indústria e meio ambiente. "O pior inimigo do meio ambiente é a pobreza. As pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer. Eles [pessoas pobres] têm todas as preocupações que não são as preocupações das pessoas que já destruíram suas florestas, que já lutaram suas minorias étnicas, essas coisas... É um problema muito complexo, não há uma solução simples", declarou Guedes.
A fala do ministro continuou a repercutir hoje e chegou a ser citada por Gore em referência indireta durante o painel. "Hoje é amplamente entendido que o solo da Amazônia é pobre. Dizer às pessoas no Brasil que elas vão chegar à Amazônia, cortar tudo e começar a plantar, e que terão colheitas por muitos anos, isso é dar falsa esperança a elas. Há, sim, respostas para a Amazônia, mas não esta."
Paulo GuedesDireito de imagemVALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASI
Image captionGuedes afirmou em Davos que 'o pior inimigo do meio ambiente é a pobreza'
A repercussão negativa fez até Guedes tentar se explicar nesta quarta-feira em reunião com presidentes de multinacionais.
Segundo reportagem do site do jornal Valor Econômico, o ministro da Economia disse em encontro fechado à imprensa que na fala de ontem referia-se ao fato de que as maiores cobranças ao Brasil vinham justamente de países que já destruíram suas florestas, por fome e desconhecimento de seus habitantes em outras épocas, ou por ataques a minorias étnicas. Mas que nenhum país, nem o Brasil, quer ver suas florestas destruídas.
"Agora falei certo?", perguntou Guedes a interlocutores na saída da reunião em que, segundo o jornal, havia executivos de empresas como Iberdrola, Enel, Mastercard e Corporación Améric.

Discurso defensivo

Nobre afirma que é possível perceber "claramente" que o mundo empresarial global se preocupa cada vez mais com a questão ambiental.
"O mundo econômico está muito preocupado que, nessa trajetória em que nós vamos, o meio ambiente está ameaçado e o mundo dos negócios está ameaçado."
Ele acrescenta que, cada vez mais, fala-se no mundo empresarial em deforestation-free supply chains, algo que poderia ser traduzido amplamente como a preocupação com o impacto sobre as florestas dos produtos utilizados nas cadeias de suprimentos das grandes empresas.
"Já é uma boa notícia. Muito melhor isso do que alguém dizer, como disse nosso ministro da Economia, que o desmatamento é necessário para acabar com a pobreza na Amazônia. Pelo menos esse não é o discurso dos CEOs, das grandes corporações mundiais."
O cientista cita como exemplo da mudança de foco o fato de que, em seu 15º Relatório Global de Riscos, publicado neste ano, o Fórum Econômico Mundial afirma que, pela primeira vez desde que se começou a publicar o documento, todos os "principais riscos de longo prazo em relação à probabilidade" são ambientais.
Carlos Nobre tem amplo conhecimento do tema: ele é um dos principais cientistas brasileiros e tem importante papel como pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.
Embora tenha se formado em engenharia pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em 1974, interessou-se pela área do meio ambiente desde o quarto ano do curso. Ingressou em 1975 no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus, e liderou a implementação do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), complexo conjunto de mais de 100 estudos multidisciplinares e integrados, voltados para entender o funcionamento dos ecossistemas amazônicos em função das alterações do clima e das provocadas pelo uso da terra.

Preocupação com incêndios da Austrália

Além de debater no painel de hoje, Nobre foi um dos integrantes de um painel ontem em Davos sobre os efeitos dos incêndios na Austrália sobre o clima global. Nobre diz que, embora incêndios sazonais sejam comuns na Austrália, a frequência e a ferocidade do fogo nos últimos anos alarmaram a comunidade internacional, inclusive as lideranças econômicas.
Incêndios na AustráliaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionNobre diz que, embora incêndios sazonais sejam comuns na Austrália, a frequência e a ferocidade do fogo nos últimos anos alarmaram a comunidade internacional
Na apresentação de ontem, em que ele participou de debate ao lado do ministro das Finanças da Austrália, Mathias Cormann, ele disse que é perceptível a mudança do tom do governo australiano em relação ao que se via até pouco tempo por parte do primeiro-ministro, Scott Morrison, que defende o setor do carvão independentemente dos efeitos sobre a natureza.
"Alguém pode falar 'ah, mas não é a mudança climática que causa incêndios. Os incêndios na Austrália são fenômenos naturais, causados por descargas elétricas que começam o fogo na vegetação seca, e essa vegetação seca, especialmente os eucaliptos, são totalmente adaptadas aos incêndios do passado'", diz.
"A comunidade aborígene da Austrália há 16 mil anos aprendeu a controlar os incêndios, eles monitoram, não deixam explodir. Mas isso eles sabiam sobre os incêndios do passado. Não os incêndios que estão se repetindo com essa velocidade, e com a ferocidade do que vimos esse ano, que foi recorde", afirmou. "Até o ministro das Finanças reconheceu que as mudanças climáticas estão tornando o problema mais grave, e isso já é um progresso muito grande."

'Desmatamento não tira ninguém da pobreza'

Nobre enfatizou que, na ciência ou na história da ocupação da Amazônia, jamais se observou alguma correlação entre o aumento do desmatamento de florestas e a redução da pobreza.
"Não há nenhuma evidência científica de nenhum estudo que o desmatamento da Amazônia acabou com a pobreza. A Amazônia continua a região mais pobre do Brasil", afirmou.
Ele destaca que, por décadas, desde os anos 70, a estratégia do Brasil em relação à Amazônia foi a de levar pessoas para lá com o intuito de ocupar os espaços para proteger território, inclusive estimulando o desmatamento por meio de financiamentos e crédito.
"Para liberar o empréstimo no banco tinha que mostrar a área desmatada. Foram levadas as pessoas para desmatar. Você pergunta: a preocupação do governo militar era reduzir a pobreza? Não. A preocupação do governo militar era o medo que eles têm de uma invasão internacional", diz.
"O modelo não avançou, transferiu pobreza de um lugar para outro. Aí as críticas internacionais [sobre o desmatamento] começaram a aumentar demais, e já na redemocratização, a partir do governo Sarney, em 1989, já começa a mudar essa regra. Nos anos 1990 pararam o financiamento para desmatamento. Nos anos 1990, por conta da pressão em função do desmatamento, o [ex-presidente] Fernando Henrique Cardoso aumentou para 80% a exigência de preservação da floresta."
"As populações amazônicas que vivem no campo elas continuam pobres, tanto na Amazônia quanto na maioria dos países de floresta tropical. Na África, a expansão e o crescimento demográfico estão afetando as florestas, mas eles continuam muito pobres. Mais pobres até que em qualquer outro lugar dos trópicos. Então não existe correlação entre eliminação da pobreza da população como um todo e desmatamento. Não existe no sudeste asiático, não existe na África e não existe na Amazônia."
Para o climatologista, a estratégia de invocar a redução da pobreza em eventos do porte do fórum de Davos tampouco é nova.
"Eu tenho 68 anos, eu nunca vi na minha vida nenhum presidente do Brasil, inclusive no regime militar, que não dissesse que a principal preocupação dele era a redução da pobreza. É, lógico, um país pobre como o Brasil, que nunca se tornou desenvolvido, em que 50% da população são pobres, que o presidente tem que falar isso. Todos falam."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

MPF recomenda que governo Bolsonaro suspenda inscrições do Sisu após erros em notas do Enem


Sisu
SisuFoto: Divulgação
O Ministério Público Federal enviou na tarde desta quarta-feira (22) recomendação ao governo Bolsonaro para que sejam suspensas as inscrições do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que foram abertas na terça-feira (21).

O pedido é para que o adiamento, e consequente mudança de todo cronograma, ocorra até que o governo realize nova conferência dos gabaritos de todos os candidatos. O MPF quer garantir a idoneidade do exame, de acordo com o órgão.

O documento foi encaminhado ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, ao secretário de Educação Superior do MEC, Arnaldo Lima, e ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), que organiza o Enem.
Leia também:
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Participantes do Enem 2019 se preparam para inscrições no Sisu


Após comemorar o que seria a melhor edição da história do Enem, o governo Bolsonaro informou sábado (18) que participantes receberam notas erradas.

O MEC disse que o problema atingiu cerca de 6.000 participantes, que tiveram as notas alteradas. Mas 172 mil candidatos encaminharam mensagens ao Inep com queixas sobre o desempenho.

O prazo para o acatamento da recomendação é de 24 horas. O descumprimento pode implicar a adoção de providências administrativas e judiciais cabíveis, segundo a procuradoria.

A recomendação também estabelece que, após a nova publicação do resultado, todos os candidatos sejam oficialmente comunicados da abertura de prazo para solicitação de verificação de eventuais inconsistências. O Inep deve ainda apresentar resposta formal, em prazo razoável, a todos os pedidos de correção, com retificação da nota final, se for o caso.

O documento é assinado conjuntamente pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em Minas Gerais e Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, além do Grupo de Trabalho da PFDC sobre Educação em Direitos Humanos.

O governo correu para dar uma resposta rápida para o problema e manteve a abertura do Sisu para terça (21). Estendeu, no entanto, o prazo final de inscrições até domingo (26) -dois dias após o previsto inicialmente.

Além de destacar a gravidade e amplitude dos erros, o texto ressalta que ainda não foram publicizadas informações suficientes sobre a causa dessas falhas. Dessa forma, argumenta o MPF, não se poderia afirmar com segurança que todos os equívocos foram corrigidos.

"Processos seletivos públicos exigem a mais ampla e irrestrita transparência e publicidade, bem como mecanismos fidedignos de correção das provas, já que destes dependem a legitimidade, solidez, eficácia e credibilidade do sistema", cita a recomendação.

A medida se dá no âmbito de procedimento autuado pelo MPF em Minas Gerais a partir de manifestação de candidata que alegou discrepâncias entre sua quantidade de acertos no Enem e a nota oficial.

A Folha mostrou nesta quarta as procuradorias das Repúblicas em ao menos cinco estados estão recebendo uma enxurrada de representações de estudantes.
Eventuais inconsistências na nota podem prejudicar milhares de estudantes, diz o documento, "visto que eventuais pontuações a menor inexoravelmente repercutem na nota de corte e na classificação parcial e, por conseguinte, no planejamento dos candidatos".

O MPF ainda questiona o prazo para verificação de irregularidades por parte dos alunos. O Inep forneceu um email para reclamações no dá sábado e, no domingo (19), informou que só receberia queixas até as 10h de segunda-feira (20).

Ainda de acordo com o texto, não houve envio de email aos candidatos, nem tampouco comunicação no aplicativo oficial do Enem 2019.

Os órgãos do MPF destacam, ainda, que as comunicações sobre os problemas ocorreram pelas redes sociais, o que pode ter deixado de fora pessoas sem acesso à internet.

"A todos deve ser garantido o direito e recorreção dos gabaritos, para apuração de eventuais inconsistências", diz representação.
Folha de Pernambuco


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Alerta para chuva forte no Sertão, Agreste e Mata


Petrolina, no Sertão do Estado
Petrolina, no Sertão do EstadoFoto: Reprodução/Clima Ao Vivo
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu, nesta quarta-feira (22), um alerta para chuva com intensidade forte para três regiões de Pernambuco. O aviso, emitido às 10h, é válido por 24 horas. Segundo o órgão, a previsão é válida para o Sertão, o Agreste e a Zona da Mata. A população deve seguir as orientações da Defesa Civil em caso de emergências.

O boletim prevê chuvas com intensidade entre 20 e 30 milímetros por hora ou de até 50 milímetros por dia. Há ainda a possibilidade de ventos intensos de 40 a 60 km/h, além de baixo risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas. O alerta é válido ainda para regiões de outros sete estados do Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

As chuvas começaram a cair de forma intensa ainda nessa terça-feira (21). A cidade com maior acumulado de precipitação até 10h desta quarta é Catende, na Mata Sul, onde choveu 67,71 milímetros. Em Caruaru, no Agreste, onde o temporal causou alagamentos e a queda do teto de um posto de combustíveis, foram registrados 57,38 milímetros, apenas no bairro de Cidade Jardim. Já em Petrolina, no Sertão, foram 45 milímetros.

A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) divulgou a previsão do tempo para esta quarta e quinta-feira (23). Segundo a agência, a mínima deve chegar a 21ºC no Agreste.

Confira o prognóstico completo para as regiões:

Quarta-feira (22)

Mata Norte

Parcialmente nublado a nublado com chuva rápida de forma isolada ao longo do dia com intensidade fraca.
Máxima: 33º Mínima: 23º

Mata Sul
Nublado com chuva rápida em toda a região ao longo do dia com intensidade fraca a moderada.
Máxima: 32º Mínima: 23º

Agreste
Nublado com chuva rápida de forma isolada ao longo do dia com intensidade fraca a moderada.
Máxima: 34º Mínima: 21º

Sertão de Pernambuco
Nublado com pancadas de chuva em toda a região ao longo do dia com intensidade fraca a moderada.
Máxima: 35º Mínima: 23º

Sertão de São FranciscoNublado com pancadas de chuva em toda a região ao longo do dia com intensidade fraca a moderada.
Máxima: 34º Mínima: 21º

Quinta-feira (23)

Mata Norte

Nublado com chuva rápida de forma isolada ao longo do dia com intensidade fraca.
Máxima: 31º Mínima: 22º

Mata Sul
Nublado com chuva rápida em toda a região ao longo do dia com intensidade fraca a moderada.
Máxima: 31º Mínima: 22º

AgresteParcialmente nublado com chuva rápida de forma isolada ao longo do dia com intensidade fraca a moderada.
Máxima: 33º Mínima: 21º

Sertão de Pernambuco
Nublado com pancadas de chuva de forma isolada no período da tarde e noite com intensidade fraca a moderada.
Máxima: 36º Mínima: 23º

Sertão de São Francisco
Nublado com pancadas de chuva de forma isolada no período da tarde e noite com intensidade fraca a moderada.
Máxima: 35º Mínima: 21º

Telefones úteis
Defesa Civil - 199
Corpo de Bombeiros - 193

De Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE