quinta-feira, 28 de novembro de 2019

O que é o Tribunal Penal Internacional, que deve analisar 'advertência' a Bolsonaro




Jair BolsonaroDireito de imagemEPA
Image captionEntidades afirmam que discurso e ações de Bolsonaro colocam em risco sobrevivência indígena no país
Duas entidades de direitos humanos apresentaram na quarta-feira (27/11) uma representação contra o presidente Jair Bolsonaro perante o Tribunal Penal Internacional (TPI), corte localizada em Haia, na Holanda, pedindo uma "investigação preliminar" das ações do presidente por "incitação ao genocídio e ataques sistemáticos contra populações indígenas".
No documento, descrito como uma "advertência" contra a política de Bolsonaro para os índios brasileiros, as entidades Comissão Arns e o Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos pedem que o TPI investigue ações do atual governo que podem ameaçar a sobrevivência da população indígena.
O pedido de investigação foi entregue a Fatou Bensouda, chefe da Procuradoria do TPI, que funciona de modo independente ao tribunal em si e terá a atribuição de pedir informações ao Estado brasileiro e a outras organizações que considere relevantes. A partir dessas informações, poderá avaliar se dá ou não início a uma investigação contra o presidente.
"É uma advertência e não é uma denúncia ou um processo materializado", diz à BBC News Brasil o advogado José Gregori, que foi ministro da Justiça do governo de Fernando Henrique Cardoso e integra a Comissão Arns.
Ele afirma que o objetivo é alertar preventivamente o TPI sobre violações que estão colocando indígenas em perigo.
"O tribunal pode ver se há consistência ou não (para uma investigação), até mesmo considerar que é muito verde (cedo) ainda."
Belisário dos Santos Jr., também advogado da Comissão Arns, afirma à reportagem haver em vigor no país uma "política pública contrária às populações indígenas".
Tribunal Penal InternacionalDireito de imagemREUTERS
Image captionGrupos de direitos humanos apresentaram documento à Procuradoria do Tribunal Penal Internacional
"O avanço (ilegal) de madeireiros e garimpeiros (em áreas indígenas) ocorre porque a política oficial não é de proteção", afirma Santos Jr. "É claro que as violações não são de agora. O que é de agora é um discurso, ações e omissões contrários à população indígena, levando a seu risco."
Ele cita como exemplo a morte a tiros do líder indígena Paulino Guajajara, no início de novembro, no Maranhão, e a tentativa do governo de submeter a Funai (agência de proteção indígena) e a demarcação de terras indígenas ao Ministério da Agricultura e "à liderança do agronegócio".
A BBC News Brasil consultou o Palácio do Planalto a respeito do tema e aguarda resposta.

O que é o TPI

O Tribunal Penal Internacional é uma corte independente que desde 2002 está encarregada de julgar indivíduos acusados de quatro crimes graves: crimes contra a humanidade, genocídio, crimes de guerra e, desde 2018, crimes de agressão — em que políticos e militares podem ser responsabilizados por invasões ou ataques de grandes proporções.
Enquanto a Corte Internacional de Justiça é responsável por julgar disputas entre países, o TPI é encarregado de julgar apenas indivíduos.
"A existência do tribunal contribui para prevenir a ocorrência de violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário, além de coibir ameaças contra a paz e a segurança internacionais", destaca documento do Itamaraty sobre o TPI. A criação do tribunal, estabelecida pelo Estatuto de Roma, de 1998, contou com o apoio do Brasil.
Desde sua criação, a corte do TPI analisou 27 casos e emitiu 34 mandados de prisão. A partir deles, 16 pessoas foram presas, três tiveram os casos encerrados após sua morte (por exemplo o ex-líder líbio Muamar Khadafi, morto em outubro de 2011) e outras 15 são consideradas foragidas — entre elas, personagens famosos internacionalmente, como Saif Khadafi, filho de Muamar e acusado de homicídios e perseguição na Líbia; Omar al-Bashir, presidente do Sudão até abril deste ano e acusado de homicídio, extermínio, tortura e estupros na região de Darfur; e o líder rebelde Joseph Kony, do Exército de Resistência do Senhor, grupo acusado de homicídios, escravidão sexual e estupro e outros atos desumanos em Uganda.
Omar al-BashirDireito de imagemREUTERS
Image captionTPI é encarregado de julgar indivíduos acusados de crimes como homicídio e contra a humanidade; um dos julgados é o ex-presidente do Sudão Omar al-Bashir
No caso da queixa contra Bolsonaro, porém, Gregori destaca que se trata de um pedido "preventivo", uma vez que a avaliação dos autores da denúncia é de que ações do presidente estariam colocando em perigo a sobrevivência dos indígenas.
"É como se fosse um cartão amarelo (para Bolsonaro)", diz o advogado. "Temos um sistema protetivo de direitos humanos para os índios que tem funcionado não de forma satisfatória, mas bem, e vemos sinais de que isso se modifica de forma que achamos prejudicial. O tribunal não reconhece apenas coisas materializadas, é também para denúncias de questões prévias. (...) Quando o fato já se consumou, é menos útil fazer uma advertência sobre a sobrevivência dos indígenas."
"O crime não é um genocídio puro, de 500 pessoas mortas no chão. O risco de genocídio por palavras, atos e omissões (do presidente) é o que motiva a comunicação" ao TPI, afirma Belisário dos Santos Jr. Ele diz que foram entregues à Procuradoria do TPI informações — sobre portarias e Medidas Provisórias, por exemplo — "anunciando um possível cometimento de crimes" por parte do atual governo.

O que diz o documento contra Bolsonaro

Na nota informativa entregue pelas entidades de diretos humanos à Procuradoria do TPI, os autores afirmam haver "atividades específicas de desmantelamento de políticas públicas protegendo direitos sociais e ambientais, junto a processos de demarcação de terras indígenas".
O texto cita também a "perseguição e demissão de servidores de departamentos sociais e ambientais por advertir contra políticas de desmantelamento ou por questionar versões oficiais dos fatos".
"Este documento mostra como o discurso sistemático do governo, minando as leis de proteção ambiental e desdenhando as populações indígenas, (...) está incentivando a violência contra essas populações e os defensores de direitos sociais e ambientais", diz o texto.
Protesto de indígenas brasileiros em 19 de novembroDireito de imagemEPA
Image captionProtesto de indígenas brasileiros em 19 de novembro; documento diz haver 'contexto de extrema insegurança para direitos sociais e ambientais, com um aumento na violência, expansão do desmatamento e mais queimadas na região amazônica'
"Desde que o atual governo assumiu, diversos líderes indígenas foram mortos. Esse discurso também reflete o desdém do presidente por informações científicas quando elas não estão alinhadas a seus interesses. (...) Tudo nesta nota informativa leva a um contexto de extrema insegurança para direitos sociais e ambientais, com um aumento na violência, expansão do desmatamento e mais queimadas na região amazônica."
O documento cita o Artigo 15 do Estatuto de Roma, que embasa o TPI, pedindo "responsabilização por incitação ao cometimento de crimes contra a humanidade e apoio para o genocídio contra os povos indígenas e comunidades tradicionais do Brasil".
Segundo comunicado do Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos, é esperado que a Procuradoria do TPI solicite informações acerca do caso e, "ao fim dessa consulta, se entender que há base suficiente para iniciar uma investigação, irá apresentar um pedido de autorização de investigação à Câmara de Questões Preliminares". A etapa seguinte seria uma eventual investigação e instauração de inquérito.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Black Friday: confira seis dicas para comprar sem cair em ‘black fraude’




Em semana de Black Friday o consumidor deve se preparar para aproveitar os descontos do comércio sem cair em ciladas. Para evitar ter dor de cabeça antes e depois das compras, especialistas apontam que o ideal é pesquisar: desde os produtos que quer comprar, reputação da loja, até política de troca em caso de problemas com o item adquirido.
O Procon-SP recomenda que o consumidor faça uma lista do produto ou serviço que deseja comprar e estipule um limite de gastos, evitando desembolsar mais que o previsto ou comprar por impulso apenas porque o item está barato. Para quem vai fazer compras online, a recomendação do órgão é evitar clicar em links e ofertas recebidas por e-mail ou redes sociais e consultar sempre no e-commerce oficial da empresa, para saber se aquele desconto realmente está sendo oferecido.
ClearSale, empresa líder em soluções antifraude, alerta sobre a opção de pagamento. Segundo a empresa, o cartão de crédito é o meio de pagamento mais seguro no ambiente online. “Ao optar por esse método em vez do boleto ou transferência bancária, o cliente consegue contestar a cobrança junto ao banco caso tenha problema com a compra, o que não é possível com os outros métodos”, alerta Omar Jarouche, diretor de Marketing e Soluções da ClearSale.  Confira dicas para aproveitar os descontos sem cair em fraudes: 

Faça uma lista do que quer comprar 

Antes de sair comprando, é recomendado que o consumidor faça uma lista dos produtos e serviços que deseja adquirir e faça uma pesquisa prévia dos preços em que esses itens estão sendo vendidos antes da mega-liquidação.

Pesquise a reputação da loja antes de realizar a compra

Verifique o histórico da loja antes de se fazer a compra. A busca é possível tanto no site do Procon, que disponibiliza uma lista das lojas que devem ser evitadas (ao todo, 307), ou ainda em sites que avaliam as lojas, como o Reclame Aqui e Compre e Confie. Caso não existam avaliações da empresa na internet, o recomendado é evitar efetuar a compra e buscar um outro site de confiança. É recomendado procurar os dados da empresa como CNPJ, endereço físico e contato. Sites de e-commerce falsos normalmente não disponibilizam essas informações.

Averigue se o site tem a sigla ‘https’ no endereço da web

Em sites com a sigla, a comunicação é criptografada, o que aumenta a segurança na transmissão dos dados. É importante também verificar se há um ícone com referência a um cadeado na parte inferior do navegador.

Fique de olho no carrinho 

Nas compras feitas em sites, após escolher o produto ou serviço, o consumidor deve verificar se o preço será alterado no carrinho virtual na hora de fechar a compra ou se o frete é muito mais alto que o habitual. Além disso, o Procon-SP alerta que os produtos expostos nas vitrines devem apresentar o preço à vista e, se vendidos a prazo, o total a prazo, as taxas de juros mensal e anual, bem como o valor e número das parcelas.

Prefira pagar no cartão 

Esta é a forma mais segura para pagamentos online. Além da operadora de crédito ter mecanismos para identificar possíveis fraudes, também é um método que permite que o cliente conteste a cobrança e solicite o reembolso do valor, diferente do pagamento por transferência bancária ou boleto. No caso de descontos muito grandes para pagamento no boleto, é preciso ficar atento. Segundo o CleanSafe, é comum que sites falsos tenham preços muito mais baixos para pagamento via boleto, pois nessa forma de pagamento é mais difícil para a vítima pedir o estorno.

Documente a compra

Salve as promoções, informações do produto e também a confirmação do pedido. Caso alguma etapa seja descumprida, o consumidor terá a documentação em mãos e poderá recorrer aos órgãos de defesa do consumidor para que a oferta seja cumprida.
Fonte:Veja
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Proposta do governo para o SUS desampara ainda mais as cidades



Criado há 30 anos, o Sistema Único de Saúde nunca esteve tão ameaçado. O governo Bolsonaro apressa a tramitação de um projeto que vai mudar substancialmente a maneira como a verba para a atenção básica é repassada aos municípios. É o Previne Brasil, lançado oficialmente na terça-feira 12. A universalidade, grande pilar do sistema, dará lugar a uma estranha meritocracia. O repasse será feito não mais conforme a população de cada cidade, mas pelo número de cadastros nas unidades públicas de saúde. Outro mote é premiar as localidades que atinjam os “melhores resultados”: tenham unidades informatizadas, horários expandidos, profissionais especializados. Falta combinar com a realidade.
“Como avaliar desempenho, se o governo tirou oito dos meus médicos e não repôs?”, pergunta Maria Dalva Amim dos Santos, secretária de Saúde de Embu-Guaçu, na Região Metropolitana de São Paulo. Em julho, CartaCapital esteve na cidade para falar do apagão do Mais Médicos nas periferias. Com o abrupto fim do programa, a cidade perdeu 16 doutores cubanos de uma só vez. Entre idas e vindas de profissionais brasileiros, a prefeitura conseguiu recompor metade da equipe. Quatro meses depois, Embu-Guaçu é de novo espelho dos dramas da saúde pública no Brasil. A cidade tem 68,2 mil habitantes e está distante apenas 47 quilômetros da capital paulista. Vive basicamente do comércio e dos repasses do governo federal – recebe, por exemplo, uma verba extra para preservar os mananciais. Com o repasse unificado, tende a perder verba. Maria Dalva Amim resume de forma categórica: “Estamos desesperados”.

Talvez inspirado pelo miraculoso trilhão prometido por Paulo Guedes com a Previdência, o Previne Brasil garante incluir 50 milhões de brasileiros no SUS. O economista Francisco Funcia, ex-diretor da Associação Brasileira de Economia em Saúde, desconfia desse número. Vários estudos, aponta ele, mostram que as cidades tendem a subnotificar os atendimentos. Na letra da lei, todo o brasileiro precisa apresentar o cartão do SUS para dar entrada em hospitais ou postos de saúde, mas falta a muitos municípios a tecnologia necessária para repassá-los à base universal do sistema. “Não foi apresentado pelo governo nenhum estudo técnico que dê base a esse cálculo. Sem isso, nem sequer podemos afirmar que haverá perdas ou ganhos.” A mudança saiu com o aval dos gestores municipais, estaduais e federais, mas sem a aprovação do Conselho Nacional de Saúde. A proposta será discutida pela entidade em dezembro e, pela lei, não pode ser efetivada sem essa análise prévia.
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva e outras 11 entidades do setor alertam, em nota, para o endosso do governo a um “SUS para pobres”. Um dos pontos mais controversos, segundo essas organizações, é que o novo programa deixa de priorizar o Estratégia Saúde da Família, cujo contato direto com a população contribuiu enormemente para a redução da mortalidade infantil. Cálculos da Abrasco indicam que, a cada aumento de 10% na cobertura do programa, cai 4,6% a morte de crianças de até 1 ano de idade. 

DESALENTO. MARIA DALVA AMIM, SECRETÁRIA DE SAÚDE DE EMBU-GUAÇU, FICOU SEM MÉDICOS. AGORA PODE PERDER A MINGUADA VERBA FEDERAL (FOTO: WANEZZA SOARES)
O número de indicadores monitorados cairá de 720 para 21. Eles precisarão ser informados regularmente para que os municípios possam receber recursos federais. Entre eles estão a realização de consultas pré-natais e vacinação em crianças. As entidades contestam. “Considerando que o SUS é subfinanciado e por isso sua gestão encontra dificuldade para se aperfeiçoar. Apesar da política de austeridade fiscal, não se pode pensar em diminuição de recursos, seja o ano que for e em qualquer área do Ministério da Saúde.”
Um dos únicos estudos a calcular eventuais prejuízos é o do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo. E os resultados não são nada animadores. Para evitar perdas em pleno ano eleitoral, o governo vai repassar 2 bilhões de reais aos municípios. O dinheiro não está garantido no ano seguinte. Sob essa premissa, a entidade prevê que, em 2021, as cidades paulistas perderão, em média, 732 milhões de reais por conta do novo modelo. Segundo a entidade, só 36% da população do estado mais rico do Brasil é cadastrada nos postos de saúde.
O SUS sempre recebeu menos dinheiro que o necessário. O gasto médio mensal das três esferas com a saúde de cada brasileiro é de 104 reais, pouco mais da metade da média mundial (6,8% contra 11,7%), segundo a OMS. O baixo crescimento leva a baixa receita. Que leva à menor capacidade de investimento em políticas públicas. “Tivemos dois anos de recessão a partir de 2014, depois o PIB cresceu perto de 1%, insuficiente para cobrir o rombo dos anos anteriores. Se você tem uma unidade de saúde aberta para atender a população, você não vai fechá-la”, explica Funcia.
Desde 2014, o orçamento federal para saúde, para o SUS, não repõe o valor da inflação, girando em torno de 220 bilhões de reais. Os gastos com a saúde não respeitam, porém, os limites inflacionários. “As despesas aumentam porque o PIB está caindo, e não porque estão de fato subindo”, completa. O Sistema Único de Saúde está espremido pelo teto de gastos e pelo desalento de um cenário econômico que só entusiasma a Avenida Faria Lima. 

CICLO VICIOSO. A CRISE SOBRECARREGA O SISTEMA. MAS, SEM DINHEIRO, NÃO HÁ COMO EXPANDIR A REDE DE ATENDIMENTOS (FOTO: ALEXANDRE MOREIRA/A2 FOTOGRAFIA/ FLICKR GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO)
Além disso, os custos com saúde são altamente dolarizados. Seringas, luvas, equipamentos, remédios… Tudo varia conforme o sobe e desce da moeda americana. Conforme a população fica mais velha e mais pobre, mais sobrecarregada se torna a saúde pública. Os efeitos começam a aparecer. Mesmo alcançando a meta de cobertura vacinal do sarampo de 2019, com 95% das crianças de 1 ano de idade imunizadas, o Brasil ainda enfrenta um surto da doença. Também há risco de uma nova epidemia de poliomielite. Os casos de sífilis explodiram: são 4.000% maiores do que oito anos atrás. Aumentou ainda a incidência de dengue, 600% de 2018 para cá. “Cortar despesas, neste cenário, é tirar direitos”, acrescenta Funcia.
Uma solução de longo prazo é nacionalizar a produção desses insumos. Mas os investimentos em produção local brecaram. Em julho, o Ministério da Saúde suspendeu os contratos para a compra de 19 medicamentos nacionais, por suspeitas de irregularidades e má qualidade de produtos. Este cenário tem se repetido também nos estados. Em São Paulo, o governo corre para desmontar o maior laboratório público de medicamentos do País. E o Instituto Butantan, o principal produtor nacional de vacinas, tem crescido e ampliado recursos para se tornar um dos grandes da big pharma, nem sempre compatíveis com as demandas da saúde pública nacional.
Agora, o SUS vive um processo de desfinanciamento. Uma das promessas do minguado plano de governo de Bolsonaro era, justamente, “fazer mais com menos”. Especialistas da área apontam, porém, que a gestão não é, nem de longe, o principal problemas do SUS. “Aprimorar a administração é sempre necessário, mas não dá para dizer que a saúde tem dinheiro”, diz Funcia. Outra investida recente do governo ao caixa da Saúde é a extinção do DPVAT, o seguro universal contra mortes e acidentes de trânsito. Só no ano passado, a entidade arrecadou quase 4,7 bilhões de reais. Quase metade desse total foi repassada ao SUS. Mesmo sem esse dinheiro, o sistema seguirá obrigado a lidar com as tragédias no trânsito do Brasil, que, em nove estados brasileiros, mata mais que os crimes violentos.
Noutra ponta, parece haver por parte do governo um esforço para compensar eventuais perdas estimulando planos de saúde “populares”. O ministro Luiz Henrique Mandetta defende afrouxar as regras para o setor. É um erro, diz Funcia: “Primeiro, não se pode falar em rede de atenção de saúde privada no Brasil. Segundo, porque os casos de complexidade vão ser repassados, mais uma vez, ao SUS”.

PARADOXO. SOB O MOTE DA PREVENÇÃO, O GOVERNO TIRA O FOCO DE UM DOS PROGRAMAS QUE MAIS REDUZEM A MORTALIDADE INFANTIL NO PAÍS (FOTO: LF BARCELOS/CONASEMS)
Hoje, sete em cada dez brasileiros dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde. O sistema também oferece assistência integral e gratuita a soropositivos, pacientes renais crônicos e com câncer, tuberculose e hanseníase. E opera o maior modelo público de transplantes de órgãos do mundo. Mais de 90% dessas cirurgias realizadas no País foram financiadas pelo SUS. E ainda há gargalos. A cobertura média é de 65%. E mais da metade dos gastos (53,9%) de um paciente com a saúde ainda sai de suas próprias economias, seja por meio de planos privados, seja com o desembolso em consultas e operações. Em 2000, essa taxa chegava a quase 60%. A média mundial é de 39%. Sem dinheiro, não há, no entanto, como o SUS se expandir.
É possível interromper essa trajetória? O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, hoje deputado federal, pediu a realização de uma audiência pública e de seminários estaduais para debater o Previne Brasil. A audiência está marcada para a quarta-feira 27. Ao menos três projetos de decreto legislativo tentam cancelar a portaria. Dois tramitam na Câmara e um no Senado.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Polícia Federal diz que DEM promoveu a maior candidatura laranja do País



A policial militar Sonia de Fátima Silva Alves recebeu do partido 240 mil reais e obteve apenas seis votos.


Uma investigação da Polícia Federal descobriu mais um caso de candidatura laranja nas eleições de 2018. Uma candidata a deputada federal pelo DEM, do estado do Acre, teria recebido 240 mil reais do Diretório Nacional da sigla, tornando-se a maior candidatura laranja da última eleição.
Sonia de Fátima Silva Alves é policial militar e, mesmo com todo o dinheiro recebido pelo partido, recebeu apenas seis votos, tornando-se a candidata com o voto mais caro do País – foram 46,6 mil reais de verba pública por apoiador.
De acordo com o inquérito da PF, divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo, Sonia foi usada como candidata laranja para desvio dessas verbas em benefício da campanha do deputado federal Alan Rick (AC), presidente do Diretório Estadual do DEM e membro de Executiva Nacional do partido.

“Sendo Alan Rick o beneficiado direto com os gastos de campanha da candidata e tendo ele, ao mesmo tempo, controle do comitê financeiro, que é quem responde civil e criminalmente pelas irregularidades, parece sinalizar que, sem eximir os demais membros do comitê de parte da responsabilidade, Alan Rick Miranda é responsável pelas irregularidades identificadas”, diz relatório do delegado responsável, Jacob Guilherme da Silveira Farias de Melo.
A Polícia Federal relata que Sonia não teve votação nem na cidade de um de seus supostos coordenadores de campanha e que um de seus supostos cabos eleitorais publicou em suas redes sociais pedido de voto para outro candidato. Os policiais colheram também depoimentos de dois ex-integrantes da campanha do DEM no Acre que confirmam a existência da candidatura laranja.
Por meio de sua assessoria, o deputado Alan Rick respondeu à Folha dizendo que Sonia foi escolhida já perto da eleição para a vaga de uma candidata que havia desistido e que o expressivo repasse de verbas, decidido pela Executiva Estadual, ocorreu para que ela pudesse reverter a situação de desvantagem.
“Além de ingressar tardiamente na campanha, a candidata enfrentou diversos contratempos, a exemplo de erros na confecção do material de propaganda e grave enfermidade”, diz a resposta.
Fonte:Carta Capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Justiça autoriza quebra de sigilo fiscal de Salles



Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro

A Justiça de São Paulo determinou a quebra do sigilo fiscal e bancário do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A decisão foi tomada por conta de um inquérito que apura suspeita de enriquecimento ilícito na época em que Salles era secretário estadual de São Paulo.
Segundo o inquérito, o patrimônio de Salles saltou de R$ 1,4 milhão em 2012 para R$ 8,8 milhões em 2018. Segundo a Justiça, é um crescimento incompatível ao cargo que o atual ministro exercia na época. Nesse período, Salles foi secretário particular e secretário de Meio Ambiente do governo de Geraldo Alckmin.

Com informação de congressoemfoco.uol.com.br/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

O Brasil da política associada a bala


O partido Aliança pelo Brasil, do presidente Jair Bolsonaro, recebeu de presente um emblema feito com cartuchos de balas nesta quinta-feira, 21, durante o evento de lançamento do partido.
Partido Aliança pelo Brasil ganha emblema feito de projéteis de balas
Crédito: Reprodução/ TwitterPartido Aliança pelo Brasil ganha emblema feito de projéteis de balas
Segundo o UOL, o painel foi feito pelo artesão Rodrigo Camacho e encomendado pelo deputado estadual Delegado Péricles (PSL-AM).
Cerca de 4 mil cartuchos de calibres variados foram usados no quadro, que pesa cerca de 50 kg. As balas foram doadas pelo Exército, usadas anteriormente em treinamentos internos.
Participantes do evento posaram ao lado da escultura, que levou dois dias para ser feita.
No Twitter, alguns internautas disseram que o partido representa morte. “É doentio e de mau gosto”, disse um seguidor. “Voltamos no tempo”, disse outro. Veja:
O partido de Bolsonaro, Aliança pelo Brasil, começa assim. O signo de morte é forte, é fundamental para que exista. Qual o recado? Como disse @monica_benicio, balas como essa mataram Marielle e Anderson. Também mataram Ágatha, também mataram milhares.
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desculpa, mas a única mensagem que isso passa é: "vamos matar tds que não pensam como nós". É doentio, é de mau gosto, é tudo, menos uma aliança pelo Brasil.
O Brasil não precisa de balas, precisa de saúde, emprego e principalmente educação para nunca mais eleger um bosta desses https://twitter.com/amandafaudi/status/1197549503030661120 
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Partido novo do Bolsonaro, Aliança pelo Brasil, começou assim: logo feita com balas; barrando a imprensa; e afirmando que ''reconhece o lugar de Deus na vida, na história e na alma do povo brasileiro''. Parece que voltamos no tempo e estamos nos anos 30, no ponto alto do fascismo
Ver imagem no Twitter
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Com informações de catracalivre.com.br/
Professor Edgar Bom Jardim - PE