domingo, 6 de janeiro de 2019

A droga mora na história


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O assunto é polêmico. Não foge de controvérsias incessantes.Mas há muita história que não deve ser esquecida, As sociedades nunca se recusaram às celebrações. Como viver sem festas, sem fantasias, sem ilusões? Quem gosta de mitologia observa como os mitos se assanham e curtem seus rituais. Não é recente o uso de drogas. Há uma carência que puxa a necessidade de fugir da mesmice e viajar por sonhos estimulados. Quem viveu a época intensa do LSD? Quem não se toca  com as disputas violentas, com as medidas tomadas pelos governos, com as jogadas de interesses brutais? Lembrem-se do que fizeram Reagan e Nixon? Fabricam-se muitas trapaças disfarçadas em boas intenções e propagandas financiadas. As dúvidas sobrevivem e possuem permanências.
Não faltam acusações. É a droga que provoca violência ou é a desigualdade social que se expande no meio de inúmeras tensões? O que estimula a competição entre as gangues são os chamados bandidos das favelas ou a participação de privilegiados bem nutridos se faz presente? Um sistema de repressão sofisticado busca punições, cria fantasmas, detona inocentes. A droga circula e tem patrocínio. Não mora apenas nas favelas. Reside em centros de luxo, não deixa de participar de comemorações midiáticas. As informações ganham espaço quando mostram momentos que incomodam as elites e surgem suspeitas que abalam os certos grupos.  O sensacionalismo move delírios.
Instituem-se leis de proibição e seleções políticas. Não se comunica, por exemplo,  a trajetória histórica da maconha e sua utilidade. As condenações causam medo, as polícias se armam, mas as guerras econômicas alimentam-se de motivos nada humanitários e discursos cínicos . Cabem perguntas: O que representa a indústria farmacêutica? Quando se elabora uma lista de perseguições os critérios se justificam pela salvação da saúde pública? Será que os psicotrópicos e o álcool não produzem estragos imensos omitidos pelos órgãos públicos? As notícias são controladas e se constrói uma drogaria em cada esquina. Quem segura esse esquema? Quem desenha as angústias? Quem lucra com a vendas de angústias e melancolias?
A sociedade doente, marcada pelos anseios de consumo, pelas depressões, síndromes de pânico, desamores mostra que precisa de respostas para curar seus males. Joga-se nas drogas fermentando alívios e enganos ou vestindo alegrias com datas marcadas.Uma análise histórica esclareceria medos e angústias ou descreveria os lugares poucos comentados. A questão não é contemporânea. Atiça necessidades biológicas, inquieta mercados ambiciosos, traça linguagens simbólicas. Os interesses anunciam que a violência registra modos de viver desde os tempos de Adão e Eva. Não é à toa que o racismo continua, que a opressão não cede. Os especialistas da persuasão também,atuam como uma cortina de fumaça. O espaço da ingenuidade é amargo e traiçoeiro.
Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

J.M. Coetzee e a despoetização do mundo da mesmice


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Há muitas história soltas. A vida sempre pede narrativas. Não há como limitá-las. A imaginação corre solta e o mundo contemporâneo sofre de peripécias desafiantes. Portanto, é preciso que surjam escritores, que as palavras não se inibam e que as aventuras tenham marcas. Coetzee é um viajante das existências inusitadas. Sacode reflexões e metáforas que desnudam as angústias  cotidianas. Não entra no romantismo, mas propõe longos diálogos com a subjetividade. Ganhou prêmios, espalhou suas fantasias pelo mundo, festeja o lugar comum dos infantilizados..
Impressionou-me sua aridez. Não esconde as dores. Inquieta e não se refugia . Parece que a sociedade é definitivamente excludente. Os espaços são restritos, os escolhidos são poucos. Mesmo assim há quem sonhe, poetize o deserto e ame as mulheres impossíveis. Fico perplexo. O afeto se perde nas decepções enfadonhas. No entanto, a sociedade constrói turbulências, luta-se para fugir das mesmices, embora ela seja persistente. As esperanças ficam presas em absurdos ou injustiças que geram lamentos. Talvez, a paixão disfarce  uma aventurade nada estimulante.
No seu livro, Juventude, mostra que somos atormentados. Moramos em cubículos, quanto, muitas vezes, pensamos em conquistar territórios imensos. Não há sossego e a depressão arma suas surpresas, derruba verdades, desvenda o mesquinho. As disputas não cessam, pois a grana dita normas, se torna a deusa do mundo. Coetzee não mascara as crueldades. Joga como fracasso, com a velhice precoce, como os desejos totalmente traiçoeiros. Alguém se imagina poeta num mundo sem traços de beleza que consiga alcançar e se enlaça com incertezas constantes. A incompletude não é uma invenção qualquer, está infiltrada no absurdo do viver.
O desemparo é uma visita permanente. Existem as ilusões. Ninguém pode desmontá-las de repente. Viver talvez seja sobreviver. Tudo se assemelha a um destino de labirintos sombrios. Será que as transcendências são feitiços? Será que os lugares não dispensam as indiferenças? John é uma apaixonado pela literatura, mas confessa seus escorregões. Não se define, nem arquiteta seus encontros mais profundos. Risca, não compõe a sinfonia, sente-se estranho ou inimigo do que desenhou para ultrapassar seus limites. Sabe-se amargo e anda como um corpo mal programado. Quem consegue afastar os fantasmas de o autor estimula? Na confusão, o eu nem sabe que o outro e vazio e frágil.
Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

A memória manipulada: a perda do amanhã?

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Não há como negar que, no mundo das informações, as notícias se multiplicam de forma assustadora. Desfilam versões que defendem astúcias armadas ou se inventam ídolos programados. O conceito de verdade, aliás, se estraga. Vale o sensacionalismo. Há assuntos que atraem e investem na possível nudez da vida privada. O compromisso com as provas não aparece, pois o espetáculo cultiva o efêmero. O importante é criar uma atmosfera que sustente novidades. Os jornais passam por um situação difícil e se comportam como desgastados partidos políticos, tentando fugir de uma falência anunciada.
Tudo fica confuso, pois a memória é desmontada. Não é sem razão. Muitos afirmam que Hitler era um socialista e Franco um grande defensor dos valores democráticos. A mistura não se esgota fácil. Os crimes religiosos são esquecidos, santificam-se figuras que mentem com habilidade. A sociedade se agita e nem se preocupa em se responsabilidade com a canalhice. Quer o dinheiro solto, apesar das denúncias e do repúdio dos rebeldes. A história é crucificada e Cristo se torna um astro. Mas o que foi que ele trouxe para o debate histórico: o luxo ou a luta?
Entra ano, sai ano. O ritmo dos calendários gostam de burocracia. Continua a violências, surgem políticos trapalhões, os Estados Unidos assanham suas ordens, a violência enche o cofre das milícias, os fogo assumem brilhos estonteantes. Existem solidariedades, arrecadam-se objetos, roupas, alimentos. No entanto, não se toca na estrutura e os refugiados seguem suas aventuras nada dignas. Arruinar a memória é não observar que há lixos e eles estão podres. Você acham que as revoluções só sinalizaram com generosidades? O que significa se congelar no agora? Cabe respirar para não se sufocar no pessimismo e consagrar a tragédia que se arrasta desde os tempos mais remotos.
O capital  possui poder de sedução. Seus admiradores ficam perplexos com tantas especializações e correm para  consumir. Quem ganha é uma minoria. Os monopólios não se vão e teorias justificam as desigualdades. Portanto, os dominantes reforçam seus lugares, desprezem certos problemas, usam artimanhas sem limites. conseguem o riso das hienas eletrônicas. A história não tem sentido determinado. É uma invenção humana. Seu peso depende dos projetos elaborados, das ousadias e dos interesses. Tudo passa pelo coletivo se ele buscar contrapontos e se descolar da aflição. Será que amanhã não será outro dia? Depende de quem sacudir fora a principal máscara. Os esqueletos também se movem e dançam com os ruídos resistentes.
Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Brasil sem Corrupção:PSL decide apoiar reeleição de Rodrigo Maia na presidência da Câmara, diz Bivar

Fotos: Valter Campanato/ Agência Brasil e Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Fotos: Valter Campanato/ Agência Brasil e Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
O Presidente nacional do PSL, o deputado federal eleito Luciano Bivar (PSL-PE) se reuniu na manhã dessa quarta-feira (2) em Brasília com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e fechou o apoio da bancada à reeleição dele para o comando da Casa.

Em troca, Maia se comprometeu a entregar ao PSL o comando de duas comissões importantes, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e Finanças, além da 2ª vice-presidência da Câmara.

"Maia se comprometeu a apoiar as pautas do governo Bolsonaro. O PSL vai ganhar o espaço que merece devido ao tamanho de sua bancada", disse Bivar. Ainda segundo o presidente do partido, que tem 52 deputados, os nomes que ocuparão as comissões ainda não foram definidos. A legenda resistia em apoiar Maia e corria o risco de ficar fora dos principais espaços de poder da Câmara.

O PSL elegeu em outubro 52 deputados, mas há a expectativa de aumentar a bancada em pelo menos 10 parlamentares, vindos de siglas que não cumpriram a cláusula de barreira.
COMENTÁRIO - A deputada federal eleita Joice Hasselmann (PSL-SP) comemorou nesta quarta-feira (2) no Twitter o anúncio do apoio do partido dela à reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a Presidência da Câmara.

"Agora a lógica é: menos siglas, mais Brasil! Temos que aprovar as reformas e ponto!", afirmou a deputada.

Na sequência, ela se envolveu em uma discussão com um internauta que criticou o anúncio do partido. "Qual seria a opção? Afundar o governo? Não ter bloco pra aprovar nada? Fazer beicinho de criança birrenta e prejudicar milhões de brasileiros por isso? Brincar de Polianas? Ora, me poupe! Vamos pensar minha gente", rebateu.

Joice luta internamente para aumentar a influência dentro do partido e no Congresso como um todo. 

Em dezembro, veio à público uma discussão dela com o deputado reeleito Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre liderança do partido na Câmara. O senador eleito Major Olímpio, desafeto da deputada eleita, interveio em favor ao filho do meio do presidente Jair Bolsonaro.

Ao mesmo tempo, ela foi uma das primeiras eleitas pelo PSL a se aproximar de Maia, visando um maior espaço do partido na composição da mesa e das comissões da Câmara.
Com informação do Diario de Pernambuco 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bolsonaro Neles: LGBTs foram retirados das diretrizes dos Direitos Humanos


O novo ministério não inclui a defesa dos LGBTS em sua estrutura; Ainda não está claro onde as políticas públicas para o grupo serão tratadas

Em seu primeiro dia de governo, Jair Bolsonaro (PSL) assina decreto com mudanças nas diretrizes destinadas à promoção dos direitos humanos. A pasta responsável pelo tema, não incluí os LGBTs, grupo que estava inserido nas estruturas do governo anterior.
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado pela pastora Damares Alves, cita apenas a garantia de proteção, reconhecimento e valorização da mulher, família, criança e adolescente, juventude, idoso, pessoas com deficiência, população negra, minorias étnicas e sociais e índio.
Decreto assinado por Bolsonaro em seu primeiro dia de governo.
O decreto de nº 870 assinado por Bolsonaro em seu primeiro dia de governo retira os LGBTs das diretrizes do ministério dos Direitos Humanos.
Bolsonaro ainda não especificou onde serão tratadas as políticas públicas que cuidam do grupo. Com informação de Catraca Livre
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Eita,LEI QUE REGULAMENTA TRADUÇÃO DE LIBRAS É DE MARIA DO ROSÁRIO




A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, chamou atenção ao fazer seu discurso em Libras (linguagem brasileira de sinais) na solenidade de posse do marido, Jair Bolsonaro; a Lei que regulamenta a profissão do tradutor de Libras foi aprovada com base em um projeto da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), que já ouviu de Bolsonaro que ela não merecia ser estuprada por ser "muito feia"; ele foi condenado a pagar R$ 10 mil pela ofensa à petista
247 - A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, chamou atenção ao fazer seu discurso em Libras (Língua Brasileira de Sinais), no parlatório do Palácio do Planalto, durante solenidade de posse do marido, Jair Bolsonaro, na Presidência da República. A autora do projeto que resultou na lei que regulamenta a profissão do tradutor de Libras é a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), parlamentar que já processou Bolsonaro após ouvir ofensas do então deputado.
Inicialmente, o 247 havia publicado que Bolsonaro votou contra o projeto enquanto deputado federal, porém, a informação está incorreta. Segundo registros do site da Câmara, o então deputado estava presente na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas como suplente da comissão, e não votou. O projeto foi aprovado por unanimidade, sem discussão. 
A proposta que deu origem à lei (PL 4673/04) foi apresentada pela deputada Maria do Rosário e aprovada pela Câmara em 2009, na forma de um substitutivo elaborado pela relatora, deputada Maria Helena (PSB-RR).
Maria do Rosário ouviu de Bolsonaro em 2003 que "ela não merecia ser estuprada" por ser "muito feia". Ele foi condenado a pagar R$ 10 mil à parlamentar. Sua condenação foi confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Maria do Rosário elogiou o discurso de Michelle: "gesto positivo".
Brasil 247
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Jotinha toma posse na presidência da Câmara de Bom Jardim


Acontece neste momento a posse do Vereador José Medeiros (Jotinha) como o novo presidente da Câmara de Bom Jardim. A bancada da situação (aliados do prefeito João Lira) não compareceu para prestigiar a posse. O novo presidente terá Ana Nery e Roberto Lemos como membros da Mesa Diretora. Miguel Barbosa, ex-prefeito de Bom Jardim, declarou que o povo quer mudança no comando da cidade, se colocou a disposição do grupo para lutar nesta direção, objetivo. 

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Paulo e Luciana tomam posse nesta terça-feira

Governador Paulo Câmara vai tomar posse nesta terça-feira para seu segundo mandato no Palácio do Campo das Princesas
Governador Paulo Câmara vai tomar posse nesta terça-feira para seu segundo mandato no Palácio do Campo das PrincesasFoto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
Reeleito para o segundo mandato, governador será empossado às 15 horas na Assembleia Legislativa de Pernambuco, com a presença de presidentes do Parlamento e do Judiciário. Ao lado de Paulo, estará a vice Luciana Santos, primeira mulher eleita para a vice-governadoria no Estado. Depois da posse, o chefe do Executivo passará em revista a tropa da Polícia Militar que estará posicionada em frente à Alepe.
Luciana Santos será a primeira vice-governadora na história de Pernambuco
Luciana Santos será a primeira vice-governadora na história de Pernambuco - Crédito: Arthur de Souza
O governador reeleito Paulo Câmara (PSB) será empossado hoje, às 15h, na Assembleia Legislativa de Pernambuco para mais quatro anos no governo estadual. Ao seu lado, a vice-governadora eleita Luciana Santos (PCdoB), primeira mulher neste cargo na história do Estado. A cerimônia será realizada no plenário do edifício Miguel Arraes de Alencar, da Casa Legislativa. Como não haverá transmissão de cargo, não haverá solenidade no Palácio do Campo das Princesas.
Câmara chegará à Assembleia Legislativa acompanhado da primeira-dama, Ana Luiza Câmara, e da vice-governadora eleita, Luciana Santos. Lá, serão recebidos com as continências regulamentares pela guarda de honra composta por tropas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. O encontro, então, será aberto pelo presidente da Casa, deputado estadual Eriberto Medeiros (PP). Na oportunidade, governador e vice entregam a declaração pública de seus bens. Na sequência, a palavra será concedida ao chefe do Executivo.
A cerimônia segue com o ato de compromisso constitucional de posse, que será prestado por Câmara e Luciana Santos perante à Mesa Diretora. Então, o primeiro-secretário da Casa, deputado estadual Diogo Moraes (PSB), fará a leitura do Termo de Posse, que será assinado pelo governador, pela vice e pelas autoridades que irão compor a Mesa - entre elas, os presidentes do Tribunal de Justiça (TJPE), desembargador Adalberto de Oliveira Melo, e do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), desembargador Agenor Ferreira de Lima Filho.
plenário da Casa estará reservado aos deputados estaduais atuais e eleitos, ao secretariado, aos deputados federais e às autoridades de outros poderes. As galerias estarão abertas ao público. Não há, todavia, confirmação de caravanas de movimentos sociais até então.
Após a solenidade, o governador concederá entrevista coletiva à Imprensa e, depois, passará em revista a tropa da Polícia Militar, que estará posicionada em frente à Assembleia Legislativa, encerrando o evento, que deve ter duração de pouco mais de 1 hora.
Para o segundo mandato, o gestor realizou uma reforma administrativa - mantendo a mesma quantidade de 22 Secretarias da primeira gestão, com fusões e criações de pastas - e anunciou novo secretariado na última sexta-feira. Estes serão empossados amanhã, às 16h, no Palácio do Campo das Princesas. O governador afirmou que a reorganização tinha o objetivo de melhorar a prestação de serviços.
Perfis 
O socialista foi reeleito no primeiro turno, com 1.918.219 votos - o correspondente a 50,7% dos votos apurados. Natural do Recife, Câmara, 46 anos, é formado em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde também fez especialização em Contabilidade e Controladoria Governamental e mestrado em Gestão Pública. Antes de ser governador, atuou como secretário estadual de Administração, Turismo e Fazenda, no governo Eduardo Campos, morto em 2014.
Também natural do Recife, Luciana Santos, 53, é formada em Engenharia Elétrica pela UFPE. Antes de se eleger a primeira mulher vice-governadora de Pernambuco, ela foi deputada estadual, prefeita de Olinda, secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente no governo Campos e deputada federal. Luciana é presidente nacional do PCdoB.
Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Reforma da Previdência prejudica a grande massa dos trabalhadores


Bolsonaro ao lado de seu vice Mourão e ministros de seu governoDireito de imagemDIVULGAÇÃO\ TRANSIÇÃO GOVERNAMENTAL
Image captionINSS deixará de ser vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social para ficar ligado ao Ministério da Economia
Diante da dificuldade de conquistar apoio para endurecer as regras de aposentadoria, a área econômica do novo governo planeja um conjunto de medidas para tentar preparar o terreno para a reforma da Previdência.
As mudanças estão em uma medida provisória que começou a ser elaborada por integrantes do ministério de Paulo Guedes (Economia) antes da posse de Jair Bolsonaro (PSL).
A estratégia defendida pela equipe consiste em explorar o discurso de que o novo governo decidiu agir para combater fraudes e corrigir erros na Previdência - e só depois disso vai mudar as regras de aposentadoria.
O objetivo é se vacinar contra as críticas recorrentes durante a discussão da reforma enviada pelo presidente Michel Temer: os opositores diziam que o governo deveria, antes de endurecer regras de acesso aos benefícios, fazer um esforço maior contra fraudes e cobrar devedores.
O texto da medida provisória, ao qual a BBC News Brasil teve acesso, estabelece o ressarcimento de valores pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) indevidamente, como após a morte de beneficiários, e altera regras do auxílio-reclusão.
Um dos pontos que os interlocutores avaliam que teria mais apelo no discurso de Bolsonaro - mais que impacto fiscal - é a mudança na regra de carência no auxílio-reclusão, o benefício pago à família do segurado preso de baixa renda que tenha contribuído para o INSS. A ideia é passar a cobrar uma carência de 12 contribuições mensais para que a família tenha direito ao auxílio.
Por ser pago a familiares de pessoas que estão presas, o auxílio-reclusão frequentemente é alvo de polêmica. O próprio INSS costuma divulgar informativos para esclarecer o que chama de "informações inverídicas e boatos" sobre o benefício, que está previsto na Constituição.
Apesar das discussões sobre a natureza do auxílio, o valor gasto com ele não chega a 0,2% do total pago pelo INSS. Os dados mais recentes, de outubro, mostram que o auxílio-reclusão representou uma despesa de R$ 48,3 milhões, pagos a 47 mil beneficiários. O gasto total com benefícios previdenciários e assistenciais foi de R$ 43 bilhões no mês.
A versão atual da medida provisória, que ainda passa por ajustes, também prevê o pagamento de bônus a servidores para agilizar a análise de processos com indícios de irregularidades, o Bemob (Bônus Especial de Desempenho Institucional por Apuração de Benefícios com Indícios de Irregularidade do Monitoramento Operacional de Benefícios).
Jair Bolsonaro se reúne com membros do PSLDireito de imagemDIVULGAÇÃO\ TRANSIÇÃO GOVERNAMENTAL
Image captionÁrea econômica do novo governo planeja um conjunto de medidas para tentar preparar o terreno para a reforma da Previdência
De acordo com a regra proposta, os funcionários devem priorizar a análise dos benefícios que começaram a ser pagos há mais tempo. Outros critérios serão: suspeita de morte do beneficiário, potencial acúmulo indevido de benefícios e pedidos em atraso, com possível pagamento de correção monetária.
Por um lado, esse bônus aumenta a despesa com funcionários do INSS. Por outro lado, o argumento utilizado será o de que a economia gerada vai compensar e reduzir gastos indesejados - como a correção monetária pelo atraso na análise dos pedidos - e indevidos - como o pagamento de benefícios a pessoas que não têm direito.
No novo governo, o INSS deixará de ser vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social para ficar ligado ao Ministério da Economia.
No ministério de Guedes também estará a Secretaria Especial de Previdência. Responsável pela formulação de políticas para a área, será chefiada por Rogério Marinho (PSDB-RN), deputado federal que foi relator da reforma trabalhista na Câmara e não conseguiu a reeleição.
Procurado pela reportagem para comentar as medidas, Marinho informou que só vai se manifestar após a posse de Bolsonaro.
O secretário adjunto da área será Leonardo Rolim, consultor de orçamento da Câmara dos Deputados. Ele já foi secretário de políticas de Previdência Social do então Ministério da Previdência e presidente do Conselho Nacional dos Dirigentes de Regimes Próprios de Previdência Social (Conaprev).
O texto da medida provisória ainda precisa do aval do novo presidente.
As medidas que Bolsonaro tratará como prioritárias, nas diferentes áreas do governo, ainda não estão determinadas. Os novos ministros apresentaram a ele prioridades de suas pastas, para que Bolsonaro possa selecionar os principais projetos. A expectativa é que a divulgação ocorra nos primeiros dias de exercício da nova equipe.

Reforma

Os termos da proposta de reforma da Previdência a ser defendida por Bolsonaro e o prazo para envio de um texto ao Congresso ainda não estão claros.
Embora haja o reconhecimento de que é essencial uma alteração nas regras de aposentadoria e pensão para ajustar as contas públicas, integrantes do governo têm dado sinais diferentes sobre o tema.
As divergências são inclusive em relação a pontos básicos, como a possibilidade de aproveitar o texto da reforma enviada por Temer. O ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, criticou a medida e chegou a chamar de "porcaria" a proposta do atual governo.
Em sentido contrário, contudo, tem tomado força entre integrantes da equipe de Bolsonaro a avaliação de que o caminho mais rápido e viável para a aprovação de uma reforma previdenciária seria exatamente aproveitar o texto enviado em 2016, e que já foi aprovado por comissão especial da Câmara.
Segundo um integrante do ministério de Guedes, uma opção viável seria apresentar uma emenda aglutinativa - ou seja, um texto alternativo - para deixar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de Temer com o "carimbo" de Bolsonaro.
Dessa forma, a tramitação não teria de recomeçar do zero e poderia partir da discussão no plenário da Câmara. Depois, ainda precisaria passar pelo crivo do Senado. Como se trata de uma mudança na Constituição, o texto precisa passar por dois turnos de votação em cada Casa e receber o apoio de pelo menos 3/5 dos parlamentares.
Jair BolsonaroDireito de imagemDIVULGAÇÃO\ TRANSIÇÃO GOVERNAMENTAL
Image captionBalanço das contas da Previdência Social em 2018 será conhecido em janeiro; em 2017, o rombo do INSS foi de R$ 182 bilhões
O relator da proposta encaminhada por Temer, deputado Arthur Maia (DEM-BA), disse que deu duas sugestões a Bolsonaro durante reunião com a bancada do DEM. Uma deles é de que o novo governo aproveite o texto que já está em andamento.
"Não pense o Bolsonaro ou a equipe dele que vão reinventar a roda. Se o projeto não tratar de cinco temas centrais, não é reforma da Previdência", disse.
Os cinco pontos principais, segundo Maia, são a idade mínima, uma regra de transição, a igualdade entre o setor público e o privado, as aposentadorias especiais (professores e policiais) e as regras da aposentadoria rural.
"Se o governo que está tomando posse quiser carregar a mão em algum ponto ou aliviar em outro, existem emendas para viabilizar essas mudanças", defendeu.
Arthur Maia disse ainda que sugeriu que Bolsonaro não tratasse o tema de forma fatiada - ou seja, em diferentes projetos -, como o novo presidente chegou a dizer que faria.
"Não imagine que o governo terá condição de fazer mais de uma mudança. Não faz sentido a ideia de fazer a reforma aos poucos. Se o governo pensa em fatiar a reforma, vai passar o mandato inteiro tratando do tema e absorvendo todos os desgastes que esse tema traz para qualquer governo."
O balanço das contas da Previdência Social em 2018 será conhecido em janeiro. Em 2017, o rombo do INSS foi de R$ 182 bilhões. Considerando o regime de previdência dos servidores da União, o déficit chegou a R$ 226,8 bilhões.
Professor Edgar Bom Jardim - PE