domingo, 2 de setembro de 2018

Religião:A 'guerra civil' na Igreja Católica que pode abalar pontificado do papa Francisco

Mulher reza na Basílica de Santa Maria, em RomaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMulher reza na Basílica de Santa Maria, em Roma; disputa entre alas da Igreja Católica extrapolou corredores do Vaticano para ser travada em público
Uma guerra ideológica que há anos divide a Igreja Católica deixou os corredores do Vaticano nesta semana para ser travada em público.
De um lado, estão o papa Francisco e aqueles que apoiam sua visão de uma Igreja mais liberal em relação a temas como divórcio e homossexualidade. De outro, conservadores que criticam essa tentativa de abertura e temem um enfraquecimento da religião.
O embate ganhou manchetes com a divulgação, no domingo passado, de uma carta em que o ex-núncio apostólico na capital americana, Carlo Maria Viganò, acusa Francisco de ter acobertado crimes sexuais cometidos pelo ex-arcebispo de Washington, Theodore McCarrick, e pede a renúncia do papa.
O documento de 11 páginas, publicado por sites religiosos conservadores nos Estados Unidos, não oferece provas, mas chega em um momento em que fiéis do mundo inteiro estão abalados por sucessivas revelações de abusos sexuais contra crianças cometidos durante décadas por membros do clero em vários países.
A carta foi divulgada enquanto o papa visitava a Irlanda, um dos países afetados. Francisco se reuniu com vítimas e pediu perdão por abusos cometidos por membros da Igreja, ritual repetido em outras viagens. Mas muitos católicos lamentam a falta de medidas concretas e de uma resposta rápida aos escândalos, e alguns chegaram a abandonar a Igreja.
Nesse momento de vulnerabilidade, a sugestão de que o papa seria cúmplice dos abusos pode abalar seu pontificado e expôs as divisões na alta hierarquia da Igreja Católica.
"Essas acusações se tornaram parte de um embate ideológico muito maior. Um dos lados vê Francisco como o papa que finalmente abriu a Igreja a um entendimento mais realista sobre sexualidade, casamento, homossexualidade", disse à BBC News Brasil o professor de teologia e estudos religiosos Massimo Faggioli, da Universidade Villanova, na Pensilvânia.
Praça de São Pedro, no VaticanoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAcusações contra papa são parte de um embate ideológico dentr do Vaticano
"O outro lado acredita que isso significa o fim da Igreja, e está disposto a fazer qualquer coisa para impedir isso. Mesmo que seja o maior tabu, que é pressionar um papa a renunciar, o que não acontece há seis séculos", ressalta, referindo-se à renúncia de Gregório 7º, em 1415.

Oposição

Desde que foi eleito, em março de 2013, o papa é alvo de oposição por parte da ala conservadora da Igreja, tanto dentro do Vaticano quanto entre acadêmicos, que rejeitam o que consideram um afastamento da doutrina e tentam impedir reformas. No ano passado, dezenas de teólogos chegaram a assinar uma carta em que acusam Francisco de divulgar heresias na exortação apostólica sobre a família Amoris Laetitia, de 2016.
O documento, que é uma tentativa de abrir novas portas para católicos divorciados e tornar a Igreja mais tolerante com questões relacionadas à família, representa um sinal claro de dissidência, que reflete o descontentamento dos setores mais conservadores da instituição.
Apesar de não ter adotado mudanças concretas profundas nos ensinamentos da Igreja, o papa defende uma postura menos rígida e em sintonia com atitudes modernas em relação a fiéis que se afastaram da doutrina, demonstrando tolerância a homossexuais e permitindo que católicos divorciados ou casados novamente recebam a comunhão.
Francisco também deu destaque a questões sociais, incentivando os fiéis a cuidar dos pobres, acolher imigrantes e refugiados e combater mudanças climáticas, e rejeitou alguns privilégios do cargo, optando, por exemplo, por não morar no Palácio Apostólico.
Em sua carta, Viganò não apenas acusa Francisco de acobertamento, mas tenta conectar as críticas que conservadores fazem ao papa, especialmente à postura de aceitação de gays - em referência a uma entrevista dada após viagem ao Brasil, em 2013, quando o pontífice disse "Se um gay busca Deus, quem sou eu para julgar" -, aos escândalos de abusos sexuais, afirmando que "redes homossexuais" dentro da hierarquia da Igreja são cúmplices na "conspiração de silêncio" que permitiu que os abusos praticados por McCarrick e outros continuassem.
A sugestão de que homossexualidade e abusos estejam relacionados é amplamente rejeitada por especialistas, mas ainda persiste em algumas alas da Igreja. Apesar de muitos dos abusos terem ocorrido há várias décadas, durante os pontificados dos antecessores de Francisco, opositores ligam a crise à incapacidade do papa de manter sob controle a homossexualidade entre o clero.
McCarrick, que liderou a arquidiocese de Washington de 2001 a 2006, durante os pontificados de João Paulo 2º e Bento 16, renunciou ao posto de cardeal em julho, após acusações de que teria assediado seminaristas adultos e abusado de um menino durante anos. Ele diz que é inocente.
McCarrick havia deixado a arquidiocese ao completar 75 anos, idade em que os bispos católicos são obrigados a apresentar sua renúncia - que pode ser aceita pelo papa ou não -, mas permaneceu no Colégio dos Cardeais, que aconselha o pontífice.
Souvenires do papa Francisco no VaticanoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEm momento de vulnerabilidade, a sugestão de que o papa seria cúmplice dos abusos pode abalar seu pontificado e expôs as divisões na alta hierarquia da Igreja Católica
Viganò alega que vários membros do Vaticano sabiam da conduta imprópria do cardeal havia anos. Segundo a carta, depois que McCarrick deixou a arquidiocese em Washington, Bento 16 havia proibido que ele, que ainda era cardeal, oficiasse missas e vivesse em um seminário, entre outras restrições. Mas Francisco, apesar de saber das acusações, teria levantado essas restrições e até permitido que o cardeal ajudasse na escolha de bispos americanos
Os católicos americanos ainda tentam digerir as revelações divulgadas no início de agosto em um relatório da Suprema Corte do Estado na Pensilvânia. O documento acusa pelo menos 300 padres de terem abusado de mais de mil crianças ao longo de 70 anos e líderes da Igreja de terem acobertado os crimes.

Reações

Apoiadores do papa e alguns sobreviventes de abusos questionam a credibilidade das alegações, apresentadas sem evidências, e acusam Viganò de usar o sofrimento das vítimas para avançar sua agenda política e uma vingança pessoal contra Francisco.
Alguns observam que McCarrick apareceu em vários eventos, inclusive ao lado de Bento, no período em que supostamente estaria sob sanções, e lembram que foi Francisco, ao contrário de seus antecessores, que forçou o cardeal a renunciar.
Também ressaltam o fato de os principais nomes criticados na carta serem liberais e aliados do papa, o que levantaria suspeitas de que as acusações têm motivação ideológica.
"Esse documento não tem o objetivo de proteger crianças, e sim atacar o papa e qualquer um associado a ele", disse à BBC News Brasil o pesquisador de estudos católicos Michael Sean Winters, colunista do jornal National Catholic Reporter.
Mas alguns bispos conservadores defenderam o ex-núncio como um homem de princípios. Um deles, Joseph Strickland, de Tyler, no Texas, orientou padres de sua diocese a ler durante a missa do último domingo uma declaração em que afirma acreditar nas alegações.
Um dos principais opositores do papa, o cardeal americano Raymond Burke, ex-arcebispo de St. Louis, disse em entrevista à imprensa italiana que, caso as alegações sejam comprovadas, "sanções apropriadas" devem ser aplicadas.
Arcebispo Carlo Maria Vigano em missa, em foto de 2015Direito de imagemREUTERS
Image captionCarlo Maria Viganò acusa Francisco de ter acobertado crimes sexuais cometidos pelo ex-arcebispo de Washington e pede a renúncia do papa

Histórico de polêmicas

Viganò tem um histórico de polêmicas. O italiano de 77 anos trabalhou em missões do Vaticano no Iraque e no Reino Unido, foi núncio apostólico na Nigéria e ocupou altos cargos na Cúria Romana, mas nunca foi promovido a cardeal.
Ele próprio já foi acusado de tentar acabar com uma investigação sobre a conduta sexual de um ex-arcebispo em 2014, segundo documentos relacionados à arquidiocese de St. Paul-Minneapolis. Também foi personagem no escândalo "Vatileaks", em 2012, em que documentos do Vaticano foram vazados, entre ele cartas em que Viganò sugeria que sua transferência para Washington, em 2011, estaria relacionada aos seus esforços contra a corrupção na Santa Sé.
Em 2015, durante a visita de Francisco aos Estados Unidos, Viganò organizou um encontro surpresa entre o papa e uma funcionária pública que havia se recusado a emitir licenças de casamento para casais do mesmo sexo alegando motivos religiosos. O encontro foi visto como um desafio à mensagem de inclusão do papa e obrigou o Vaticano a divulgar uma declaração se distanciando da funcionária. Pouco tempo depois, Francisco substituiu Viganò.
Em sua temporada em Washington, Viganò cultivou relações com setores católicos conservadores críticos do papa, um grupo que Winters descreve omo "pequeno, mas muito bem organizado e muito bem financiado".
Segundo Faggioli, desde o início do pontificado de Francisco, círculos conservadores do catolicismo americano deixaram claro que não gostavam do papa e de suas tentativas de reforma. Ele observa ainda que poucos bispos nos Estados Unidos defenderam o papa após a publicação da carta. "A maioria dos bispos está esperando (para de posicionar)", acredita.
Por enquanto, o papa tem mantido silêncio sobre as acusações de Viganò, limitando-se a dizer que o documento "fala por si próprio". Segundo analistas, o papa não quer dar mais visibilidade a seus críticos.
Mas no avião ao voltar da Irlanda, ao responder a uma pergunta sobre o que pais deveriam dizer a um filho ou filha que revela ser gay, o papa disse: "Não condene. Dialogue, entenda."
Faggioli diz acreditar que a carta de Viganò tem inconsistências e "buracos", mas mesmo assim considera fundamental que o papa e outros líderes católicos respondam a algumas questões, especialmente sobre McCarrick.
"Os católicos americanos, tanto liberais quanto conservadores, querem saber como foi possível que essa pessoa se tornasse um dos mais importantes líderes da Igreja enquanto outros sabiam (dos abusos). Como isso pode acontecer?"

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Tecnologia:Aplicativo pernambucano que ajuda a emagrecer


Felipe Couto diz que trabalha com ciência comportamental para mudar a mentalidade. Foto: Filipe Ramos/Divulgação
Felipe Couto diz que trabalha com ciência comportamental para mudar a mentalidade. Foto: Filipe Ramos/Divulgação

Um aplicativo criado por pernambucanos ajuda a emagrecer através da terapia digital. O Moodar foi lançado no início de 2017 e já está em sua segunda fase de expansão, dessa vez, com parcerias com academias locais, como a Unic Espaço de Metas, que podem ofertar os planos para seus alunos com descontos. De consumidores finais, já são mais de 100 em todo o Brasil acompanhando o plano de quatro meses que custa em média R$ 119. Destes, 84% deles transformaram seus hábitos de alimentação, 80% engajaram na atividade física regular e 75% conseguem perder peso de forma efetiva. Isso tudo através de um método exclusivo desenvolvido pelos sócios Felipe Couto, especialista em inteligência artificial, a médica Fernanda Caraciolo e Carlos Leitão, também formado em tecnologia.

"Tudo começou com uma pesquisa que fiz e apontava que nove entre dez pessoas abandonavam os tratamentos para perda de peso. Com essa taxa de evasão alta, passei a buscar soluções e foi aí que encontrei a Fernanda e o Carlos e nos apaixonamos pelo assunto", explica Couto, CEO da empresa. 

Segundo ele, juntos, eles perceberam dificuldades emocionais e psicossociais que causam a desistência e se transformam em ansiedade. "Foi então que construímos um modelo que pudesse ser uma intervenção acompanhada no dia a dia das pessoas que buscam melhorar seus hábitos", reforça o gestor. 

De acordo com Couto, o método criado envolve um diário onde os usuários colocam informações sobre suas refeições, horários e atividades físicas. Esses dados são avaliados e acompanhados por um time de coachees, que trabalham as mudanças em cima dos hábitos registrados diariamente. Uma vez por semana, os usuários recebem ligações do coach que o acompanhará nos quatro meses.

"Nós trabalhamos com ciência comportamental que busca mudar a mentalidade das pessoas retirando a culpa e ansiedade da rotina de alimentação e incentivando a adoção de atividades físicas compatíveis com as metas e a realidade de cada um", resume.

O acompanhamento digital também é feito por Fernanda, que é médica e já é uma terapia conhecida nos Estados Unidos, Europa e Índia, mas ainda é pouco propagada no Brasil. "Vamos intensificar essa terapia com dados de geolocalização dos usuários também. Todos esses dados são fundamentais para o plano de metas individualizado que buscamos. Por exemplo, se João é nosso usuário e ele coloca que sempre come pão no café da manhã, como o pão é um carboidrato simples, ele não sacia por muito tempo e isso pode afetar o dia inteiro de João. Neste momento, nós vamos dar alternativas para o pão e dar conteúdo para João sobre carboidratos complexos, que são ideais para o café da manhã", completa. 

Dentro do app, que já está disponível para IOS e Android, o contato dos usurários com os coaches através do chat é ilimitado e, na ligação semanal, aspectos da reeducação são aprofundados. O tempo do programa completo é de 16 semanas. "As inscrições no plano podem ser feitas através do site http://moodar.com.br/ e, em breve, além da Unic, estaremos com parcerias com outras redes de academia", reforça Couto. A meta da equipe da Moodar é, até 2020, também estar trabalhando com clínicas. "Queremos que nossa ferramenta possa ser recomendada por profissionais de saúde para seus pacientes e, para isso, já estamos preparando um ensaio clínico". O CEO afirma que eles pretendem crescer pelo menos três vezes em clientes e funcionários. "Estamos organizando um escritório comercial em São Paulo". Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 1 de setembro de 2018

Com que idade descobrimos nossa orientação sexual?


Diferentes símbolos de orientaçã sexualDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPesquisadores dizem que a idade em que uma pessoa descobre sua orientação sexual varia, mas pode, sim, ser na infância
Com qual idade nós descobrimos nossa orientação sexual? Será que uma criança de 9 anos tem idade suficiente para saber qual sua preferência?
Nesta semana, a BBC publicou a história de Jamel Myles, um menino de 9 anos que cometeu suicídio nos Estados Unidos por sofrer bullying depois de revelar a colegas de escola que era gay. O caso ocorreu em Denver, no Colorado.
Leia Rochelle Pierce, mãe do garoto, disse que ele havia contado a ela sobre sua sexualidade há algumas semanas. Segundo Pierce, o garoto estava "orgulhoso" de sua orientação.
A BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, entrevistou dois psicólogos especializados em sexualidade para saber se é possível determinar com qual idade as crianças descobrem sua orientação sexual.
Os entrevistados são a psicóloga Asia Eaton, doutora em psicologia social e estudos de gênero e professora da Universidade Internacional da Flórida; e Clinton W. Anderson, diretor da Oficina de Assuntos LGBT da Associação de Psicólogos dos Estados Unidos.
Mãe e filhoDireito de imagemLEIA ROCHELLE PIERCE
Image captionLeia Rochelle Pierce disse que seu filho estava "orgulhoso" de sua orientação sexual
BBC News - Com qual idade uma pessoa conhece sua orientação sexual? Há diferentes versões sobre isso ou é um tema de consenso entre especialistas?
Asia Eaton - Há estudos que revelam que os adultos de minorias sexuais experimentaram sua primeira atração sexual por pessoas do mesmo sexo por volta dos 8 ou 9 anos, mas outros pesquisadores dizem que esse desejo só desperta perto dos 11 anos. Há uma variedade de pesquisas sobre qual seria a média de idade.
Crianças jogando futebolDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAlgumas pessoas têm sexualidade fluida e podem descobrir no futuro uma orientação sexual diferente, diz uma doutora em psicologia
É uma pergunta difícil, por que há uma diferença entre orientação e identidade sexual. A orientação sexual geralmente se refere ao sexo ou sexos pelo qual ou pelos quais a pessoa sente atração. Já a identidade sexual se refere à percepção de gênero sexual que a pessoa tem de si própria.
Ambas são dinâmicas e podem mudar ao longo do tempo de acordo com o contexto.
A verdade é que a gente tem essas experiências dentro de uma ampla faixa de idade. Alguém poderia ter sua primeira experiência de atração sexual desde os seis até os 16. Ou nunca.
Em média, os jovens de hoje passam a se dizer LGBTQ durante o ensino médio, o que é muito mais cedo que as gerações passadas. Isso ocorre principalmente porque hoje existem maior consciência e aceitação social das pessoas LGBTQ.
Clinton W. Anderson- Esse é um assunto ainda em pesquisa, entre outras razões, porque o gênero e a sexualidade são aspectos da psicologia que refletem as interações entre biologia e contexto sociocultural. Então, à medida que mudam a cultura e a sociedade, o gênero e a sexualidade também estão sujeitos a mudanças.
Certamente há indivíduos que podem experimentar atração sexual aos 9 anos ou antes, mas é pouco provável que com essa idade eles tenham capacidade cognitiva e emocional para compreender completamente o que significa orientação sexual.
Desenho de criança com bandeira gayDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEspecialistas dizem que gênero e sexualidade estão sujeitos a mudanças culturais e sociais
Não há uma idade específica em que se espera que todas as pessoas se deem conta de sua orientação ou identidade sexuais. Há algumas pessoas com sexualidade fluida e que podem descobrir no futuro uma orientação diferente.
Para a maioria das pessoas, a orientação sexual - dado que se trata fundamentalmente de relações românticas e sexuais - tende a se desenvolver na adolescência. O gênero, por outro lado, se desenvolve na infância.
BBC News - Até que ponto os pais - e a sociedade em geral - podem influenciar o que as crianças pensam sobre sua própria sexualidade?
Asia Eaton- As pesquisas revelam que a maioria dos jovens LGBTQ dizem que, quando eram pequenos, eram chamados de "mulherzinha" ou "sapatão", de forma depreciativa.
Todos os jovens que saem do armário correm o risco de sofrer preconceito, discriminação ou violência em suas escolas, locais de trabalho, comunidades religiosas e sociais.
Crianças brincandoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA rejeição dos pais está associada a maus resultados de saúde mental e comportamento das crianças
Felizmente, pesquisas revelam que a família, amigos e a escola que apoiam os jovens são pontos importantes para diminuir os impactos negativos dessas experiências.
Os pais têm uma oportunidade poderosa e única para apoiar o desenvolvimento saudável da identidade de seus filhos e também as experiências deles com seus companheiros.
Clinton W. Anderson - A aceitação da diversidade e da identidade sexual é muito importante para a comunidade LGBTQ e para o bem-estar de seus membros.
Uma pesquisa concluiu que a rejeição dos pais está altamente associada a problemas de saúde mental e comportamental. Por outro lado, a aceitação está ligada a resultados melhores nesse sentido.
Essa aceitação dos pais pode proporcionar certa proteção, mas outras instituições com presença de crianças, como escolas e esportes, também podem ter efeitos muito positivos ou negativos, em caso de rechaço ao comportamento de uma criança.
Garantir que essas instituições sejam ambientes seguros e propícios para todas as crianças é muito importante para o sucesso da criança na escola e o bem-estar emocional das crianças. Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Política & Eleições 2018: O que acontece após o TSE ter negado a candidatura de Lula?


Lula está fora das eleições 2018, decide TSEDireito de imagemAFP
Image captionO Tribunal Superior Eleitoral negou o registro de candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano
Após mais de 12 horas de julgamento, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu na madrugada deste sábado negar o registro de candidato ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está agora oficialmente fora da disputa presidencial nas eleições deste ano. Foram seis votos contra o registro de Lula e apenas um a favor, do ministro Edson Fachin.
Antes mesmo do fim do julgamento, a Executiva Nacional petista divulgou na noite de ontem uma nota criticando a decisão do TSE e dizendo que o partido vai "apresentar todos os recursos aos tribunais para que sejam reconhecidos os direitos políticos de Lula, previstos na lei e nos tratados internacionais ratificados pelo Brasil".
Com o líder das intenções de voto afastado da disputa, o PT e sua coligação têm um prazo de 11 dias - até o dia 12 de setembro - para fazer a substituição dos candidatos presidenciais da chapa. A expectativa é a de que Lula seja substituído pelo hoje candidato a vice, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). O posto de vice ficará com a deputada estadual gaúcha Manuela D'Ávila (PC do B).
Nesta segunda-feira, Fernando Haddad irá a Curitiba (PR) conversar com Lula na carceragem da Polícia Federal. Segundo pessoas próximas ao ex-prefeito, ainda não há definição de quando será feito o anúncio oficial da candidatura de Haddad e o registro dele como candidato no TSE - mas é muito provável que isto só ocorra depois do encontro de Lula e Haddad.
Neste sábado, no 1º dia da propaganda eleitoral da disputa presidencial, o ex-prefeito foi ocupou a maior parte dos 2 minutos e 32 segundos do bloco do PT. Lula apareceu numa fala gravada, defendendo o legado de seu governo na área da educação - o ex-presidente ocupou a fatia de 25% do programa eleitoral permitida para depoimentos de apoiadores.
O primeiro programa do PT neste sábado começou com uma tela azul e dizeres brancos. "Atenção: a ONU já decidiu que Lula poderia ser candidato e ser eleito presidente do Brasil. Mesmo assim, a vontade do povo sofreu mais um duro golpe com a cassação da candidatura de Lula pelo TSE. A coligação 'O Povo Feliz de Novo' entrará com todos os recursos para garantir o direito de Lula ser candidato", diz o letreiro. Haddad é o primeiro a falar no programa - ele aparece descrevendo o acampamento de manifestantes pró-Lula em Curitiba.
Ao todo, o nome de Lula é dito 15 vezes ao longo do filmete - muitas delas pelo próprio Haddad.
Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, deve virar candidato do PT à PresidênciaDireito de imagemAFP
Image captionO ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), deve herdar a candidatura de Lula à Presidência nas eleições deste ano
O sucesso da empreitada petista depende agora da rapidez com que Lula será capaz de transferir seus eleitores para Fernando Haddad. Segundo a última pesquisa do Datafolha (22 de agosto), 31% dos eleitores em geral, não só dos que declaram voto em Lula, votariam "com certeza" em alguém apoiado por ele. E outros 18% "talvez" votassem. Por outro lado, a mesma pesquisa mostra que 48% do eleitorado não votaria "de jeito nenhum" em um candidato apoiado por Lula.
Na mesma semana, o Ibope perguntou especificamente a respeito de Haddad: "Se lula for impedido de disputar a eleição e declarar apoio a Fernando Haddad, você votaria nele?" - 14% disse que "poderia votar" e outros 13% disseram que votariam "com certeza" no ex-prefeito - mas 60% responderam que não votariam "de jeito nenhum".
O advogado do PT no TSE, Luiz Fernando Pereira, disse à reportagem no fim da manhã deste sábado que ainda não há definição sobre quando e quais recursos serão apresentados. A BBC News Brasil explica abaixo como fica a situação da candidatura do PT e quais são as opções da defesa.

Lula ainda pode recorrer? Onde e como?

Em relação à decisão do TSE, a defesa do ex-presidente tem duas opções. Pode apresentar os chamados embargos de declaração à própria corte eleitoral, ou pode ingressar com um recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal (STF), diz o advogado especialista em direito eleitoral Daniel Falcão, do escritório Boaventura Turbay Advogados.
"Os embargos de declaração visam só esclarecer pontos obscuros da decisão. Não terá efeito modificativo (de mudar a decisão do tribunal sobre a inelegibilidade", Karina Kufa, advogada especialista em direito eleitoral e professora do Instituto de Direito Público (IDP) de São Paulo.
"Depois, pode-se também entrar com um recurso extraordinário (RE) no Supremo Tribunal Federal. Este recurso não tem prazo para ser julgado, porém. E se não tiver uma decisão diferente (do STF), no sentido de deferir (permitir) o registro até 17 de setembro, ele terá que substituir a candidatura. Ou correrá o risco de nem sequer ir às urnas", diz a advogada.
O ministro Luís Roberto Barroso votou contra candidatura de Lula nas eleições 2018Direito de imagemAFP
Image captionO ministro Luís Roberto Barroso foi o relator do caso do ex-presidente Lula no TSE: ele votou contra registro da candidatura do petista
Além da de questionar a decisão do TSE que lhe negou a candidatura, a defesa de Lula também está recorrendo contra a condenação criminal do petista pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o TRF-4. Em janeiro deste ano, Lula foi condenado pelo tribunal de segunda instância pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do "tríplex do Guarujá". Lula é acusado de receber da empreiteira OAS um apartamento de três andares no balneário paulista. Em troca, teria beneficiado a empreiteira em contratos com a Petrobras.
Contra a condenação criminal, Lula já foi derrotado em recursos apresentados ao próprio TRF-4 e agora recorre no Superior Tribunal de Justiça, o STJ. Além disso, o PC do B - partido que integra a coligação do petista - está com uma ação pendente de julgamento no STF, na qual questiona o cumprimento da pena de prisão logo após a condenação na segunda instância. O resultado poderia beneficiar Lula, mas o STF não tem prazo para julgar a ação do PC do B.

Como fica a situação de Fernando Haddad?

Na mesma sessão em que negou o registro da candidatura de Lula, os ministros do TSE aceitaram o registro da candidatura de Haddad como vice na chapa de Lula, e o da coligação criada em torno do petista. Fazem parte do grupo o PT, o PC do B e o Pros.
No entanto, quando o PT decidir oficializar Haddad como candidato, terá de apresentar um novo pedido de registro do petista, desta vez como titular da chapa presidencial. Um segundo pedido terá de ser feito para que Manuela D'Ávila (PC do B) se torne a candidata a vice-presidente.
Fernando Haddad e Manuela D'ávilaDireito de imagemAFP
Image captionFernando Haddad e Manuela D'ávila podem assumir chapa em lugar de Lula nas eleições
"(Desde o momento que for apresentado o pedido, Haddad) pode, de imediato, começar a praticar os atos de campanha. Inclusive em relação ao tempo de televisão e rádio, não precisando esperar nenhuma precessão (a análise do pedido)", diz Karina Kufa, do IDP. Segundo a professora, Haddad poderá também participar de debates com os outros candidatos na TV e conceder entrevistas, a partir do momento em que o pedido for feito. De qualquer forma, o partido tem até o dia 12 de setembro para apresentar o registro de Haddad - e o TSE precisa julgar todos os pedidos de registro de candidatura até o dia 17 deste mês.
Na cúpula do PT, porém, há hesitação a respeito de quando fazer a inscrição de Haddad como candidato. Uma reunião do comando petista ocorre nesta segunda-feira, em Curitiba, após o encontro de Haddad com Lula na carceragem da Polícia Federal. Parte da direção partidária prefere registrar Haddad já nesta segunda-feira, mas ainda não há definição sobre a data, segundo apurou a BBC News Brasil.
Da BBC News Brasil em São Paulo/André Shalders

Professor Edgar Bom Jardim - PE