domingo, 6 de agosto de 2017

Como o Canadá se tornou uma superpotência em educação


Garota com bandeira do Canadá pintada no rostoDireito de imagemREUTERS
Image captionO Canadá subiu ao topo do rankings de educação internacionais

Em debates sobre os melhores sistemas educacionais do mundo, os nomes mais citados costumam ser de países nórdicos, como a Noruega e a Finlândia, ou de potências como Cingapura e Coreia do Sul.
Embora seja muito menos lembrado, o Canadá subiu ao topo dos rankings internacionais.
Na mais recente rodada de exames do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, entidade que reúne países desenvolvidos), o Canadá ficou entre os dez melhores países em matemática, ciências e interpretação de texto.
As provas são o maior estudo internacional de desempenho escolar e mostram que os jovens do Canadá estão entre os mais bem educados do mundo.
Eles estão muito à frente de vizinhos como os Estados Unidos e de países europeus com quem têm laços culturais, como o Reino Unido e a França.
O Canadá também tem a maior proporção de adultos em idade produtiva com educação superior - 55%, em comparação com uma média de 35% de países da OCDE.

Alunos imigrantes

O sucesso do Canadá em testes escolares é incomum ao ser comparado com tendências internacionais.
Os países com melhor desempenho costumam ser pequenos, com sociedades homogêneas e coesas e com cada pedaço do sistema educacional integrado a uma estratégia nacional - como em Cingapura, que tem sido usado como exemplo de progresso sistemático.

Fronteira entre Canadá e Estados UnidosDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO Canadá tem tido muito mais sucesso que seu vizinho, os EUA

O Canadá nem sequer tem um sistema educacional nacional, pois a organização é baseada em províncias autônomas. E é difícil imaginar um contraste maior entre uma cidade-Estado como Cingapura e um país de dimensões continentais como o Canadá.
Em uma tentativa de entender o sucesso do Canadá na educação, a OCDE descreveu o papel do governo federal no setor como "limitado e às vezes inexistente".
Também é bem conhecido o fato de que o Canadá tem um alto número de imigrantes em suas escolas. Mais de um terço dos jovens no Canadá têm ambos os pais oriundos de outro país.
Os filhos das famílias de imigrantes recém-chegados se integram em um ritmo rápido o suficiente para ter o mesmo desempenho de seus colegas de classe.

Cerimônia de recepção de novos cidadãos canadensesDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCerimônia de recepção de novos cidadãos canadenses; alunos imigrante alcançam o nível de locais em pouco tempo

Quando o último ranking da OCDE é analisado em detalhe, os resultados regionais do Canadá são ainda mais impressionantes.
Se as províncias se inscrevessem no teste como países separados, três delas (Alberta, Quebec e British Columbia) estariam entre os cinco primeiros lugares em ciências, junto com Cingapura e Japão e à frente de lugares como Finlândia e Hong Kong.
Afinal, como o Canadá superou tantos outros países na área de educação?
Andreas Schleicher, o diretor de educação da OCDE, diz a característica que une os diversos sistemas educacionais do país é a igualdade.
Apesar de diversas diferenças nas políticas educacionais, um traço em comum entre todas as regiões do país é o comprometimento em oferecer igualdade de oportunidades na escola.
Schleicher diz que existe um forte senso de equilíbrio e igualdade de acesso - o que pode ser observado na alta performance acadêmica de filhos de imigrantes.
Até três anos depois de chegar ao país, os alunos imigrantes alcançam notas tão altas quanto as de seus colegas. Isso torna o Canadá um dos poucos países em que crianças imigrantes atingem um patamar similar aos das não-imigrantes.
Outra característica distinta é que os professores são muito bem pagos em comparação com os padrões internacionais - e o ingresso na profissão é altamente seletivo.

Oportunidades iguais

David Booth, professor do Instituto para Estudos em Educação da Universidade de Toronto, destaca um forte investimento de base em alfabetização.
Existiram esforços sistemáticos para melhorar a alfabetização, com a contratação de educadores bem treinados, investimento em recursos como bibliotecas nas escolas e avaliações para identificar escolas ou alunos que possam estar tendo dificuldades.
John Jerrim, do Instituto UCL de Educação de Londres, diz que o ótimo desempenho do Canadá nos rankings internacionais reflete a homogeneidade socioeconômica do país.
O país não é uma nação de extremos. Pelo contrário, seus resultados mostram uma média alta, com pouca diferença entre os estudantes mais e menos favorecidos.

Professora canadenseDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO Canadá paga altos salários aos professores comparado com a média internacional

No mais recente Pisa, o exame da OCDE, a variação de notas causada por diferenças socioeconômicas entre os estudantes canadenses foi de 9%, em comparação com 20% na França e 17% em Cingapura, por exemplo.
Os resultados mais igualitários explicam porque o Canadá está indo tão bem em exames internacionais. O país não tem nem uma fatia residual de estudantes com desempenho ruim, o que normalmente é algo relacionado à pobreza.
É um sistema consistente. Além da pouca diferença entre estudantes ricos e pobres, também há uma variação muito pequena entre diferentes escolas, em comparação com a média de países desenvolvidos.
Segundo o professor Jerrim, o alto número de imigrantes não é visto com um potencial entrave ao sucesso nos exames - o fato é provavelmente um dos ingredientes dos bons resultados.
Os imigrantes que vivem no Canadá, muitos de países como a China, a Índia e o Paquistão, têm educação relativamente alta, e a ambição de ver seus filhos se tornarem profissionais bem sucedidos.
O especialista afirma que essas famílias têm "fome de sucesso", e que suas altas expectativas provavelmente influenciam o desempenho escolar de seus filhos.
O professor Booth, da Universidade de Toronto, também cita esse fato. "Muitas famílias recém-chegadas ao Canadá querem que seus filhos tenham sucesso, e os alunos têm motivação para aprender", diz.
Este ano tem sido excepcional para a educação no Canadá. As universidades estão aproveitando o "efeito Donald Trump", com um número recorde de inscrições de estudantes que enxergam o Canadá como uma alternativa aos Estados Unidos após a eleição do atual presidente.
A vencedora do Prêmio Global de Professores também é canadense - Maggie MacDonnel está usando a condecoração para fazer campanha pelo direitos dos estudantes indígenas.
No ano em que celebra seu aniversário de 150 anos, o Canadá reivindica o status de uma superpotência em educação.
BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 5 de agosto de 2017

Procurador-geral corre para apresentar nova denúncia contra o peemedebista antes de ser substituído por Raquel Dodge

Rodrigo Janot e Raquel Dodge
Segunda na lista tríplice, Dodge foi a escolhida de Temer para substituir Janot


Enquanto a Câmara dos Deputados analisava a denúncia contra Michel Temer por corrupção passiva, Rodrigo Janot, procurador-geral da República, movimentava as peças de seu tabuleiro de xadrez para avançar novamente sobre o "rei", salvo por seus "súditos" na quarta-feira 2.
Às 16h42 do mesmo dia, Janot pediu ao Supremo Tribunal Federal que incluísse o peemedebista no rol de investigados em um inquérito já instaurado contra 15 parlamentares do PMDB da Câmara. Janot solicitou ainda que os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, escudeiros de Temer, sejam investigados no mesmo processo.
Com o pedido, feito após uma solicitação da Polícia Federal, Janot procura um atalho para vincular relatos das delações da JBS sobre a atuação de Temer à frente do PMDB da Câmara com as investigações já em curso contra políticos e operadores do grupo, entre eles o ex-ministro Henrique Eduardo Alves, o doleiro Lúcio Funaro, o líder do governo no Congresso, André Moura, e o lobista Fernando Baiano.
O inquérito em curso relaciona-se com parte das delações de JBS que apontam para a atuação do grupo de Temer em desvios no Fundo de Investimentos do FGTS, representado pela Caixa Econômica Federal.

Enquanto municia a investigação em curso, Janot prepara uma segunda denúncia contra Temer baseada nas delações de Joesley Batista e de executivos da JBS. O grupo de trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República trabalha para apresentar mais uma peça contra Temer, que incluirá tanto a acusação de organização criminosa quanto o crime de obstrução da Justiça, ambos relacionados à gravação de uma conversa com Temer entregue por Joesley aos investigadores.
Derrotada na Câmara, a denúncia por corrupção passiva relacionava-se à estreita relação entre Temer e Rodrigo Rocha Loures, o "homem da mala". Segundo Janot, a entrega da mala de 500 mil a Loures, flagrada pela Polícia federal, era proveniente de um acordo de propina com a JBS que teria como beneficiário final o próprio presidente.
Na nova denúncia, a Procuradoria pretende explorar principalmente a narrativa de Joesley sobre a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha e de Funaro, ambos presos, com o suposto objetivo de impedi-los de assinar uma delação contra Temer. A estratégia de manter a dupla calada parece ter falhado: ambos negociam um acordo de colaboração com o Ministério Público atualmente.

No áudio entregue por Joesley às autoridades, o empresário dá a entender que está pagando uma mesada à dupla. Temer replica: "Tem que manter isso, viu?". No mesmo encontro registrado em áudio, Joesley também relatou a Temer que tinha relações com dois juízes e um procurador em Brasília para obstruir ações da Justiça. No diálogo, Temer não fez qualquer objeção à narrativa de Joesley, como também não comunicou a suposta tentativa de obstrução às autoridades policiais, o que pode ser visto como prevaricação.

O tempo de Janot é curto. Seu mandato terminará daqui a apenas um mês e meio, o que o obriga a acelerar a apresentação da segunda denúncia antes da ascensão de sua colega Raquel Dodge. Escolhida por Temer como sua substituta, ela foi a segunda mais votada na lista tríplice apresentada pela Procuradoria. Foi a primeira vez desde 2003 que a escolha do chefe do parquet não atendeu à preferência da maioria dos procuradores.
Há riscos de o próprio Janot ser alvo de ações judiciais por parte de investigados da Lava Jato assim que deixar o comando, como informou a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da "Folha de S.Paulo", nesta quinta-feira 3. Se as iniciativas contra Janot forem adiante, elas serão apresentadas ao Superior Tribunal de Justiça, pois o atual procurador-geral manterá foro privilegiado se seguir como subprocurador.
Com a escolha de Dodge, Temer pode ter influência sobre a Procuradoria para rever ou mesmo anular o acordo de delação firmado por Janot com a JBS e Joesley Batista. A proximidade da futura procuradora-geral com o ministro do STF Gilmar Mendes, um notório crítico da delação que atingiu Temer, também pode beneficiar o atual presidente.
Em julgamento sobre a homologação do acordo da JBS, Mendes sugeriu uma possível anulação do acordo caso se comprovasse que Joesley era "chefe de quadrilha". Na legislação sobre acordos de colaboração, um chefe de quadrilha não pode ser beneficiado com redução da pena por contribuir com a Justiça.

Em reportagem recenteCartaCapital apurou que uma das pontes de Dodge com o Palácio do Planalto nos últimos tempos foi justamente Loures. Além do contato com o “maleiro”, a futura procuradora-geral teria ido ao Planalto para reuniões noturnas e secretas. E ao gabinete de Gilmar Mendes, conselheiro e advogado informal do presidente. Temer e Mendes jantaram na casa do ministro no dia da eleição da lista tríplice. 
Recentemente, Janot garantiu que "enquanto houver bambu, vai ter flecha", ao se referir às novas acusações contra Temer a serem apresentadas antes do fim de seu mandato. Embora ainda haja "bambu" em abundância, ou seja, matéria-prima para "denúncias-flechas" da Procuradoria contra Temer, o próximo cacique não parece disposto a travar com o mesmo empenho a guerra contra as tribos do Executivo e do Legislativo.
Não há dúvidas de que haverá bambu suficiente para Dodge disparar flechas após o fim do mandato de Janot. Resta saber se o alvo continuará a ser o atual presidente e a classe política, ou o próprio trabalho do atual procurador-geral. 
Com Carta Capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Foto da Semana:o trabalho edifica os sonhos

Com Amanda e Taênia.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

No meio do mundo: as verdades e as mentiras


Há insistência na busca de verdade, desde o início da história.Existem os contrapontos. Não há uma verdade absoluta, embora muitos cantem o eterno. As suspeitas não desaparecem. As concepções de mundo se transformam de forma veloz, sobretudo no tempo que vivemos. Há dúvidas e subterrâneos  inundados por fantasias. A quantidade de meios de informações cria guerra invisíveis que tumultuam iludem. A política fala de uma democracia que não se firma nunca. A fragmentação se constrói e assusta. Como evitar os pesadelos iluminados pelo sul?
Um mundo homogêneo não tem tamanho. Há sempre conflitos e desacertos. As crenças religiosas se abraçam com  salvacionismos. No entanto, não esqueçamos das mercadorias. A força do capitalismo é avassaladora. Como pensar  em mudar a lógica da acumulação? Há pertencimentos estranhos, bandidagem sofisticadas. Não são novidades. As manipulações constantes fermentam desconfianças. As redes sociais agilizam emboscadas e boatas. As ciências vendem fórmulas e os assaltos aos cofres públicos desmontam planejamentos.
Nota-se a dissonância. O fascismo reaparece incentivando o corporativismo. Sobra espaço para violência e falta controle, ordem, regras que possam ser discutidas.  Não entre no trem que não respeita as fronteiras, porque os desenhos do apocalipse transcendem fronteiras diplomáticas. Portanto, as perguntas dizem do medo e não ouvem respostas. Diante da multiplicidade da cultura a globalização é frustante e não celebra a paz. As discordâncias crescem e empurram os fantasmas da instabilidade.
Não se trata, aqui, de forjar cenas bélicas com palavras vazias. A história prometeu revoluções, os socialismos queriam igualdade e a ciência alimentar o fim dos preconceitos. Infelizmente, os profetas, às vezes, acertam. Leiam o que Marx escreveu sobre o capitalismo, o que Darwin elaborou sobre a evolução das espécies, as teses de Freud sobre o desejo e sonho. Aquela racionalidade encantadora se perde com os golpe cotidiano que pouco explicam. Será possível esconder o animal que persegue e se vinga? Sera que Nietzsche conhecia a loucura?
O mundo dividido esperneia, grita, busca soluções. Muita gente sem moradia, andando pelas ruas, fugindo dos desertos, preparando terrorismo. Difícil é apontar o equilíbrio tão elogiado pelos gregos. Talvez, um dia, as palavras possam assumir outros significados e verdade e mentira não provoquem assédios ao poder. O que está na vitrine é a incerteza, o massacre das informações, as astúcias dos cínicos. Porém, o silêncio incomoda. As reflexões inquietam. As rachaduras do mundo já estavam abertas no paraíso. Adão e Eva não se enganaram. Escreveram a história.
Por Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Saem 'família' e 'Deus', entram 'reforma' e 'estabilidade': os termos mais ditos pelos deputados na votação de Temer


Votação do impeachment de Dilma e da denúncia de TemerDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL/REUTERS
Image captionMenções a família e a Deus diminuíram muito na votação da denúncia contra Temer

Os deputados federais evitaram menções religiosas e a familiares em seus votos na sessão que salvou o presidente Michel Temer nesta semana. É o contrário do que ocorreu na votação que autorizou o impeachment de Dilma Rousseff, em abril de 2016. Falas sobre a situação econômica do país e a corrupção prevaleceram desta vez.
Em 17 de abril de 2016, quando a Câmara dos Deputados autorizou o prosseguimento do processo de impeachment de Dilma, a palavra "Deus" foi mencionada mais de 70 vezes pelos deputados. O termo "família" aparece 125 vezes nas notas taquigráficas da ocasião.
Já nesta quarta-feira, quando a Câmara decidiu pelo arquivamento do caso contra Temer, estes termos praticamente sumiram das falas dos deputados. "Deus" só foi citado oito vezes. E "família" surge apenas em 23 trechos no registro da sessão.
Ao todo, 263 deputados votaram a favor do presidente, e 227 contra. Para que ele pudesse ser processado criminalmente, seria necessário o aval de 342 deputados (dois terços da Câmara). Graças ao resultado favorável, a acusação de corrupção passiva contra Temer pela Procuradoria-Geral da República não será enviada para apreciação do Supremo Tribunal Federal.

Montagem com palavras mais citadas nas duas ocasiçõesDireito de imagemMONTAGEM
Image captionMontagem com palavras mais citadas na Câmara durante sessões do impeachment de Dilma, à esquerda, e de análise do relatório contra Temer, à direita

Durante a votação, os termos que mais apareceram foram aqueles que fazem menção às acusações de corrupção contra o peemedebista e à situação econômica do país. Explica-se: de um lado, a oposição tentava arranhar ainda mais a imagem de Temer e de seus aliados. De outro, a base aliada se mostrou afinada no discurso de "salvação nacional".
A palavra "denúncia" aparece 152 vezes nas notas da sessão de quarta-feira, junto com "investigação" (97 vezes) e "corrupção" (75 vezes). O discurso econômico também é muito presente. "Reforma" e "reformas" foram mencionadas 99 vezes, assim como "estabilidade" (62 vezes) e "economia" (57 vezes).
Um discurso comum entre os deputados que votaram a favor de Temer: o afastamento do presidente criaria, disseram eles, ainda mais instabilidade política no país, prejudicando a retomada da economia.
"Investigar é preciso, mas não é urgente. Urgente é unir trabalhadores e empreendedores do Brasil para desenvolver o país", declarou o deputado Júlio Lopes (PP-RJ) em seu voto. Ele se refere ao fato de que a investigação contra Temer voltará a tramitar na Justiça comum quando o peemedebista deixar a Presidência da República.
Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) foi na mesma linha: "Eu voto a favor da recuperação da economia. Eu voto a favor de milhões de desempregados que estão vendo, neste momento de recuperação econômica, a sua salvação. Eu voto a favor do relatório do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG, favorável a Temer)".

Júlio Lopes (PP-RJ)Direito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionJúlio Lopes (PP-RJ) ressumiu discurso comum entre apoiadores de Temer: "investigar não é urgente"

O próprio Temer ecoou a tese dos aliados em uma declaração à imprensa, logo depois do fim da votação na Câmara.
"Estamos retirando o Brasil da mais grave crise econômica de nossa história. Embora seja repetitivo, eu digo que é urgente colocar o país nos trilhos do crescimento, da geração de empregos, da modernização e da justiça social", disse.
Na lista de palavras das votações que selaram o destino de Dilma e de Temer, o único ponto em comum são as menções constantes às investigações, geralmente por deputados de oposição. A palavra "corrupção" aparece 75 vezes nas notas taquigráficas de Temer, e 86 nas de Dilma.
"As digitais de cada um dos senhores ficarão na história. Ou você defende as investigações, o trabalho da Justiça, a Lava Jato, ou você se alia a esse governo, que é um governo que tira direitos e está mergulhado em um mar de corrupção", afirmou o deputado de oposição Aliel Machado (Rede-PR).

"Golpe" caiu em desuso

Ao longo do processo que terminou com o impeachment de Dilma, o PT e outros partidos de esquerda argumentaram que a ex-presidente foi vítima de um "golpe". Mas, a julgar pelo registro da sessão de quarta-feira, a tese do golpe já não tem mais tanta força para a oposição.
O termo "golpe" apareceu 141 vezes nas falas dos deputados nas 331 páginas de notas taquigráficas que registraram tudo o que foi dito durante a sessão do impeachment de Dilma. Já na votação da denúncia contra Temer, a palavra só foi dita 10 vezes.

Deputados da oposição em votação da denúnciaDireito de imagemEPA
Image captionOposição a Temer citou o termo "golpe" dez vezes durante votação na Câmara

A ausência de manifestações populares significativas durante a votação da quarta-feira também não passou despercebida aos deputados.
As "ruas" foram mencionadas 74 vezes na votação do impeachment de Dilma, mas só 12 vezes durante a votação que salvou o governo Temer.

Disputa de narrativa

Geralmente, a distribuição de cargos e verbas por si só não é suficiente para vencer votações importantes no Congresso. É preciso também criar uma justificativa plausível que deputados e senadores possam repetir para seus eleitores.
"No fim das contas, o governo foi bem-sucedido em duas frentes: tanto na negociação fisiológica de cargos, emendas e benesses, quanto na criação de uma narrativa convincente. A fisiologia é fundamental, mas precisa estar calcada num discurso", diz o analista político Richard Back, da corretora XP Investimentos.
"E de certa forma há dados para sustentar esse discurso. O desemprego finalmente parou de crescer, os juros estão recuando e o PIB (a soma de tudo que o país produz) não deve despencar em 2017", diz Back.
"Houve quem votasse com Temer com medo de que a crise política retroalimentasse a crise econômica. Era uma preocupação real para alguns deputados. Como se dissessem: 'podemos até não ser a solução, mas pelo menos não estamos aumentando o problema'", diz o analista, que acompanhou a votação no plenário da Câmara.

Nova denúncia?

Na quarta-feira, a Câmara determinou que a ação contra Temer só voltará a ser analisada pela Justiça quando o peemedebista deixar de ser presidente.
Mas a agonia do governo pode se repetir nos próximos dias. É possível que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente nova denúncia contra o peemedebista, desta vez pelos crimes de obstrução à Justiça e formação de quadrilha. Neste caso, todo o rito no Congresso se repetiria. Por BBC.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Muita alegria no Náutico


Após um jejum de quatro meses e 11 jogos, o Náutico voltou a vencer em casa. Na estreia do técnico Roberto Fernandes, a equipe derrotou o Luverdense por 1x0, na Arena de Pernambuco, pela Série B 2017, na noite desta sexta-feira (4). O último triunfo como mandante tinha sido no Campeonato Pernambucano, diante do Central. Os alvirrubros fecham o primeiro turno da competição na lanterna, com 14 pontos, mantendo vivo o sonho de escapar da degola. "Eu acredito", gritam os torcedores.

Após dois técnicos, três meses e nove jogos, o Náutico finalmente venceu a primeira partida em casa nesta Série B 2017. Com um gol de Erick, de pênalti, o Timbu bateu o Luverdense por 1x0, na Arena de Pernambuco, terminando o primeiro turno da competição com 14 pontos. A distância para o time de Lucas do Rio Verde, atualmente 17º colocado, é de seis pontos. Embora o momento seja de empolgação após o segundo triunfo consecutivo no torneio, o técnico Roberto Fernandes preferiu manter um tom modesto. 

“Dentro de uma realidade de pontuação, nada é mais importante do que vencer. Mas cabe a comissão técnica entender que a vitória não pode esconder o que precisamos melhorar. Ninguém faz uma campanha com tão poucos pontos por apenas uma situação. Mas a atitude dos jogadores nos vestiários, no treinamento e no jogo me deixou feliz. Esse grupo vai vender caro cada jogo”, afirmou o treinador. 
Com Folha de Pernambuco.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Como a exposição à pornografia estimula o sexismo, segundo pesquisadores


Jovem vê pornografia no computadorDireito de imagemSCIENCE PHOTO LIBRARY
Image captionEstudo mostra que idade em que homem é apresentado à pornografia molda suas atitudes em relação às mulheres

A idade em que um homem vê pornografia pela primeira vez está associada a determinadas atitudes sexistas no decorrer da vida, afirma uma equipe de pesquisadores da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos.
De acordo com a pesquisa, quanto mais cedo acontece a exposição à pornografia, maior é a probabilidade de que o homem queira exercer poder sobre as mulheres.
Por outro lado, se são apresentados à pornografia em uma idade mais avançada, estariam mais propensos a ser sexualmente promíscuos.
Ao todo, 330 alunos de graduação na faixa dos 20 anos participaram da pesquisa - a idade média em que eles viram pornografia pela primeira vez foi aos 13 anos.
O mais novo tinha cinco anos, enquanto o mais velho, 26.
Os resultados do estudo, ainda não publicado, foram apresentados na conferência anual da Associação Americana de Psicologia, em Washington.

Estilo playboy

A pesquisadora Alyssa Bischmann e sua equipe perguntaram aos homens, a grande maioria formada por brancos heterossexuais, quando viram pornografia pela primeira vez e se foi um ato intencional, acidental ou forçado.
Na sequência, os participantes responderam 46 perguntas que mediram sua afinidade com os seguintes modelos comportamentais - exercer poder sobre as mulheres ou ter comportamento sexualmente promíscuo e adotar um estilo de vida playboy.
A equipe constatou que aqueles que foram apresentados à pornografia mais cedo provavelmente concordariam com declarações sobre o domínio masculino, como "as coisas tendem a ser melhores quando os homens estão no comando".
Os pesquisadores ficaram surpresos ao descobrir que o acesso mais tardio à pornografia estava associado a um estilo de vida playboy, preferindo, por exemplo, trocar com frequência de parceiro sexual.

Pornografia onlineDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPara especialista, pornografia não oferece boa inspiração aos jovens

A pesquisadora Christina Richardson explica que aqueles que foram expostos à pornografia cedo muitas vezes não gostam do sexo na vida real.
"Esses homens costumam ter muita ansiedade em relação ao desempenho com as mulheres na vida real. As experiências sexuais não saem como planejado ou da maneira que veem na pornografia", afirma.
Por outro lado, "aqueles que assistem pornografia mais tarde gostam mais do sexo na vida real e, portanto, podem ser mais propensos a adotar um estilo de vida playboy".
A pesquisa não leva em consideração, no entanto, a quantidade de pornografia consumida pelos participantes, o tipo ou outros fatores demográficos, como aspectos sociais e econômicos.
Outros traços de personalidade também poderiam ter determinado quando os homens foram expostos à pornografia.

'Sexualmente descontrolado'

"A pornografia pode e tem um impacto sobre as atitudes de muitos homens jovens em relação ao sexo", diz Peter Saddington, terapeuta sexual do Relate, que oferece suporte a relacionamentos no Reino Unido.
"A consequência pode ser que os jovens desenvolvam atitudes sexistas e sejam, em essência, sexualmente descontrolados", completa.
De qualquer maneira, Richardson diz que a pornografia "não é a coisa mais saudável para os homens".
Segundo ela, os jovens precisam de "inspirações melhores para desenvolver crenças mais saudáveis ​​sobre a masculinidade".
Professor Edgar Bom Jardim - PE