segunda-feira, 5 de junho de 2017

O que se sabe até agora sobre atentado que matou 7 pessoas em Londres



Polícia na região do ataqueDireito de imagemGETTY IMAGES

Pelo menos sete pessoas morreram e 48 ficaram feridas após um atropelamento seguido de uma série de esfaqueamentos na região de London Bridge, uma das pontes que cruzam o rio Tâmisa no centro da capital do Reino Unido.
A polícia e o governo britânico consideram o ataque como atentado terrorista.
Esse é o terceiro atentado no país em apenas três meses - em 22 de março, cinco pessoas morreram no entorno do Parlamento, quatro delas atropeladas na ponte de Westminster, outra esfaqueada; e no dia 22 de maio, um homem-bomba matou 22 pessoas e deixou 59 feridas na saída de um show da cantora pop americana Ariana Grande, em um ginásio em Manchester.
O que se sabe até agora sobre o ataque deste sábado em Londres:

1- Como e onde foi o ataque?



A van branca que foi usada no ataqueDireito de imagemH.ATTAI
Image captionA van branca foi usada no ataque para atropelar pedestres

O ataque ocorreu por volta das 22h10 (18h10 em Brasília) na região de London Bridge, no centro de Londres, e nos arredores do Borough Market, um mercado de alimentos cercado de bares e restaurantes.
A região estava movimentada, já que é primavera em Londres e o clima está ameno.
Segundo testemunhas, uma van branca atravessando a ponte de London Bridge a cerca de 80 km/h subiu nas calçadas em zigue-zague e atropelou vários pedestres. Quando a van parou, três homens saíram do veículo e começaram a esfaquear pessoas nos bares ao redor do Borough Market, a poucos metros da ponte.
Um homem que presenciou os ataques disse à BBC que os criminosos "saíram esfaqueando todo mundo" em bares e nas ruas. Segundo ele, os homens gritavam "Isso é para Alá".

2- Como foi a reação da polícia?



Policial forense trabalha na cena do ataque em LondresDireito de imagemREUTERS
Image captionA polícia afirmou que uma investigação foi aberta sobre o atentado

A polícia chegou ao local do incidente rapidamente; apenas oito minutos após a primeira ligação acionando os serviços de emergência, os três homens tinham sido mortos a tiros.
Um dos policiais envolvidos na ação foi gravemente ferido.
Segundo o comissário-assistente de Operações Especiais da polícia metropolitana de Londres, Mark Rowley, oito policiais dispararam cerca de 50 balas contra os criminosos. Na ação, um civil também foi baleado, mas não corre risco de morte e seu estado de saúde é estável.
A chefe da polícia metropolitana de Londres, Cressida Dick, afirmou que o incidente está sob controle e que policiais continuam na região, que já foi liberada para pedestres.

3- Quem eram as vítimas?



Pessoas correm pelas ruas no centro de Londres após atropelamento na London BridgeDireito de imagemPA
Image captionPessoas correm pelas ruas no centro de Londres após atropelamento na London Bridge

A primeira vítima identificada foi a canadense Chrissy Archibald.
O serviço de ambulância informou que 48 pacientes foram levados para cinco hospitais; 36 ainda estão internados e 21 estão em estado crítico.
Segundo o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, um cidadão francês também foi morto, e outros sete franceses ficaram feridos, quatro deles com gravidade. Outro cidadão francês está desaparecido.
Quatro policiais foram feridos, dois deles estão em estado grave.
Mais de 80 médicos participaram do atendimento às vítimas na região do ataque.

4- Quem são os responsáveis?



Ataque em LondresDireito de imagemGABRIELE SCIOTTO
Image captionA foto mostra um homem com o que parece ser um colete de explosivos

A polícia disse conhecer as identidades dos três autores do ataque - todos eles mortos pelas forças de segurança -, mas que estas só serão reveladas "assim que for possível operacionalmente".
Os três homens vestiam coletes com explosivos falsos durante o atentado, para, segundo a polícia, tentar gerar ainda mais pânico e medo.
Na manhã deste domingo, a polícia prendeu 12 suspeitos de envolvimento com o ataque. Segundo a Scotland Yard, as prisões ocorreram no bairro de Barking, no leste de Londres, onde policiais continuam fazendo buscas em diversos endereços.
Ainda de acordo com a polícia, a investigação inicial indica que a van utilizada no ataque foi alugada por um dos criminosos dias antes do atentado.
A chefe da Scotland Yard, como é conhecida a Polícia Metropolitana de Londres, Cressida Dick, disse que foi coletada uma "enorme quantidade" de material forense e provas. Ela disse à BBC que a investigação avança rapidamente, e a prioridade é estabelecer se há outros envolvidos na organização do atentado.
O grupo extremista Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pelo ataque.

5- Como reagiu o governo britânico?



Policial armado patrulha região no centro de Londres após incidente com van na London BridgeDireito de imagemPA
Image captionPolicial armado patrulha região no centro de Londres após incidente com van na London Bridge

A premiê Theresa May participará nesta segunda-feira de uma reunião com o comitê interdepartamental de emergência, o Cobra (sigla inglesa para Cabinet Office Briefing Rooms, em uma referência aos locais de reunião do comitê, ao lado da residência oficial do primeiro-ministro, em Downing Street).
No domingo, após uma reunião desse mesmo comitê, May disse que o país precisa de ações mais robustas contra o terrorismo e que é chegada "a hora de dizer agora basta".
Para Theresa May, os ataques recentes não estão conectados, mas mostrariam uma nova "tendência", na qual "terrorismo gera terrorismo", em que ações extremistas, em vez de cuidadosamente planejadas, mesmo que por chamados "lobos solitários", agora estariam sendo "copiadas umas das outras e muitas vezes usando as mais toscas formas de ataque".
Apesar do ataque de sábado à noite, Theresa May confirmou a realização das eleições gerais, previstas para a próxima quarta-feira, 8 de junho.
O alerta de terrorismo está no nível "crítico" desde o atentado em Manchester no mês passado.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 4 de junho de 2017

Dória: a cracolândia, a política, a controvérsia

As notícias ganham espaços movidas pelas curiosidades. Nem todos se ligam ao seu conteúdo. Apostam no sensacionalismo. Surgem os preconceitos, as violências, as amarguras. Observe a questão da cracolândia. Um inferno, na capital mais rica do Brasil, que assusta e comove. Ela não é só movimentada pela pobreza ou astúcia dos traficantes. Mostra que a sociedade se despedaça. A droga, citada, estraçalha. Traz a dependência quase fatal, A ameaça se generaliza, pois há apatias que apagam ânimos. Existem suicídios em plena luz do dia, denunciando a miséria humana e os valores esfarrapados. A questão não se resume a proibi-la de forma abrupta. A profundidade da questão nos fere, pois as reflexões são contraditórias, giram em torno de lutas políticas e a tensão estica a corda da dúvida. Não é fácil argumentar onde a dor aporta e confunde.
Se o desequilíbrio social traz problemas, os abandonos afetivos também arrasam futuros. A droga aparece, muitas vezes, como um consolo que tumultua e alimenta escapes. Solta ilusões que se fragmentam e adoecem. O pior é visualizar soluções. Isso é explorado pelo sistema que fermenta o lucro. Por detrás do comércio de drogas existem interesses que sacodem instituições. O problema não é apenas nosso. O mundo vive de trocas sujas que enriquecem minorias. As distopias avançam, porque o pessimismo se agiganta diante dos vazios. Como escolher? O prazer sobrevive? E solidariedade está presa e incomunicável? Não há histórias que são indeterminadas?
O fracasso das políticas e as corrupções se espalham. A desconfiança é um perigo. Joga-se com a descrença ou se mantém a população envolvida com suspenses. Encontrar o caminho num mundo cheio de mercadoria é difícil. A pressa de viver não esconde as agonias. O tempo imprime ansiedades. Todos querem um conforto para amenizar seus desencontros. Armam-se escândalos, pois eles atraem. A cracolândia é um dos retratos dos descontroles. Possui um simbolismo cruel e apavorante. Quem quer se ver envolvido por tantos infortúnios? Mas não é com violência que se rebate a situação. Observe a história e as tramas dos divertimentos e aventuras humanas, as rebeldias, a necessidade de burlar as instituições. Mas não esqueça as variedades múltiplas. Nem toda droga atinge como o crack.
As ações de Dória mostram desacertos. Quem pensa na coletividade? O perigoso é que ele é apontado como modelo. Muitos se fascinam. Querem higienes opressoras. Estamos numa sociedade marcada pela propriedade privada. Dória não assumiu o poder para vender bilhetes de loteria. Possui planos, não é dominado pela generosidade anônima. No entanto, surgem admiradores, eles difundem a luta do bem contra o mal, tão comum em missões religiosas. A política está tonta, faz tempo. Submersa nas espertezas do capitalismo gosta de vender. Os mercados abrem suas portas. Cada território tem seu valor e assombra quem acha que a ingenuidade abraça os ditos salvadores. Os mecanismos da mídia merecem atenção, pois invertem saídas muitas vezes com intenções nada saudáveis. Travam.
Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Morre Dona Ana Cecília, mãe do ex-vice-prefeito Zé Martins


Faleceu neste sábado (3), às 20h10 em sua residência, na Povoação de Tamanduá em João Alfredo, a senhora Ana Cecília dos Santos – “Dona Ana de Seu Tôco”, aos 94 anos, deixando 5 filhos, dentre os quais o ex-vereador e ex-vice-prefeito Zé Martins, e vários netos e bisnetos.

O corpo de Dona Ana será velado na própria residência até os meados da tarde de amanhã (04), quando será sepultado no Cemitério de São José, em João Alfredo às 16 horas. (Tito Alves para o blog)

Através das redes sociais, Zé Martins externou seu sentimento pela perda de sua genitora: “Meus amigos e amigas é muito triste e doloroso perder alguém de muito valor pra gente, só o que nos conforta é saber que aqui na terra ela cumpriu sua missão de mulher forte, aguerrida, determinada, esposa fiel companheira de verdade, mãe sem igual, avó e bisavó muito amada, querida por todos que a conhecia: Ana Cecília dos Santos – Dona Ana de Seu Toco, minha querida e amada mãe. O que me conforta é saber que a senhora está com o Divino Pai Eterno e com a Sua Mãe Maria Santíssima de quem a senhora era tão devota. Vá com Deus minha mãe”.

Com informações de  Dimas Santos
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Educação de Limoeiro perde a professora Nanci Quirino


Faleceu na tarde de Sábado (03/06) a Professora Nancy Quirino. Segundo familiares, o seu sepultamento será realizado no domingo (04/06 ), às 15:00 h, saindo o féretro de sua residência na Av. Sul 440, para o Cemitério São João Batista. Desda já externamos nossos sentimentos.
Com Informação da Cultural FM/ Gonçalves Filho.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 3 de junho de 2017

MPF pede condenação de Lula e pagamento de R$ 87 milhões em multas


O Ministério Público Federal de Curitiba (MPF), responsável pelas investigações da Operação Lava Jato, pediu na noite dessa sexta (2) ao juiz Sérgio Moro a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros seis réus pelos crimes de corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro. O MPF quer que todos cumpram as respectivas penas em regime fechado e que Moro determine a apreensão de R$ 87.624.971,26, correspondente ao valor das propinas que teriam sido pagas nos contratos da OAS com a Petrobras.
O pedido foi encaminhado à Justiça Federal de Curitiba e faz parte das alegações finais do processo que apura o suposto pagamento de propina por parte da OAS, envolvendo um apartamento triplex no Guarujá, litoral paulista e que, segundo o MPF, seria entregue a Lula, como contrapartida por contratos que a empreiteira fechou com a Petrobras.
Do total estabelecido pelo MPF, Lula teria recebido cerca de R$ 3 milhões, incluindo os valores do triplex e do contrato entre a OAS e a transportadora Granero, responsável pela guarda de parte do acervo que o ex-presidente recebeu ao deixar o cargo.

Outros réus

Também são réus no caso o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, os executivos da empresa Agenor Franklin Medeiros, Paulo Gordilho, Fábio Yonamine e Roberto Ferreira, e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. Todos são acusados de lavagem de dinheiro e corrupção ativa. A ex-primeira-dama Marisa Letícia teve o nome excluído da ação após a sua morte, em fevereiro passado.

O MPF informou ainda que Léo Pinheiro, Agenor Franklin e Paulo Gordilho devem ter as penas reduzidas pela metade, "considerando que em seus interrogatórios não apenas confessaram ter praticado os graves fatos criminosos..., como também espontaneamente optaram por prestar esclarecimentos relevantes acerca da responsabilidade de coautores e partícipes nos crimes, e tendo em vista, ainda, que forneceram provas documentais... que não eram de conhecimento das autoridades".

Conforme os procuradores que fizeram o pedido, as defesas têm até 20 de junho para contestar os argumentos do MPF. Depois da apresentação das alegações de todos os envolvidos, o processo volta ao juiz Sérgio Moro, que vai definir se condena ou absolve os réus. 
Com Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

A água, o mundo, o vazio

As águas correm fazendo caminhos,
e não há certezas de sonhos, mas dúvidas que navegam soltas.
O mundo parece viver um delírio fechado,
como uma esquizofrenia derrotada e sem fim.
A vida não se alimenta, está faminta e sufocada.
Cada deus escolhe sua verdade e chora seus desacertos.
Há demônios cínicos que se guardam em labirintos,
temendo o julgamento final dos anjos rebeldes.
A fundação das palavras pouco diz da paisagem muda.
O silêncio não consegue ver suas imagens no espelho,
num vazio de profecias e de desenhos transcendentes.
O ponto final anuncia o cansaço das ilusões desfiguradas.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

PF prende Rocha Loures, o empresário flagrado com mala que pode virar 'homem-bomba' do governo Temer


Rocha LouresDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionApelido de 'homem-bomba' é usado entre políticos em Brasília para falar de Rocha Loures

A prisão, nesta manhã, do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, aumenta a expectativa de que ele venha a se tornar uma espécie de "homem-bomba" para o governo do presidente Michel Temer.
Ele foi detido em Brasília por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, que também é o relator do processo da Operação Lava Jato.
Desde a delação premiada da JBS, a vida de Loures deu uma reviravolta. Logo ele ficou conhecido como o "homem da mala" por ter recebido, da empresa, dentro de uma mala, uma quantia de R$ 500 mil em propina.
O potencial explosivo de uma eventual delação por parte de Loures - que poderia revelar o destino final do dinheiro recebido pela JBS - fez com que ele passasse a ser chamado de "homem-bomba" em Brasília. Isso porque, segundo os delatores, os recursos seriam destinados ao próprio presidente da República.
Até então, os últimos 12 meses haviam sido bons para Rodrigo Rocha Loures. Com a ascensão de Michel Temer à Presidência, o aliado ganhou, em setembro passado, uma sala no mesmo andar do presidente, atuando como assessor especial de Temer. Na mesma época, sua mulher engravidou. Poucos meses depois, Rocha Loures voltou à Câmara dos Deputados, assumindo, por ser suplente, a vaga de Osmar Serraglio quando este foi nomeado para o Ministério da Justiça.
Com o retorno de Serraglio à sua cadeira na Câmara, na quinta-feira, Rocha Loures perdeu o foro privilegiado que tinha como deputado. A perda da imunidade parlamentar e sua situação familiar - e a gravidez da companheira, que já soma 8 meses - alimentam a expectativa de que o ex-assessor de Temer venha a falar.

Do smoking aos gritos de 'ladrão'

A maré virou na noite em que o escândalo das delações da JBS explodiu no Brasil. Rocha Loures estava longe, em Nova York. Na véspera, vestira smoking para prestigiar João Doria, no jantar de gala em que o prefeito de São Paulo recebeu o prêmio de Personalidade do Ano pela Câmara do Comércio Brasil-EUA.
Na volta da viagem, em que aconselhou potenciais investidores americanos sobre as reformas no Congresso, Rocha Loures desembarcou em Guarulhos sob gritos de "ladrão", já afastado da Câmara por decisão do Supremo Tribunal Federal.
A alcunha de "homem-bomba" está muito distante do apelido de vida toda, o de Rodriguinho - filho de "Rodrigão", o conhecido empresário paranaense Rodrigo Costa da Rocha Loures, fundador da Nutrimental e presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade, na Fiesp.
A empresa, que teve faturamento de R$ 400 milhões em 2014, é pioneira das barrinhas de cereais no Brasil, que começou a desenvolver ao ser procurada por Amyr Klink nos anos 1980. O ilustre navegador buscava opções de alimentação saudável para abastecer suas longas travessias marítimas.
Hoje, é mais conhecida pela marca que nasceu dessa história, a Nutry - que Rodrigo, o filho, ajudou a desenvolver nos anos que passou à frente da empresa, antes de enveredar pela política.

'Choque' entre conhecidos

Quem acompanhou a trajetória do político e administrador de empresas nascido em 1966 entre os Rocha Loures - uma tradicional família do Paraná - diz que foi um "choque", uma "surpresa", ver e rever as imagens do ex-deputado saindo da pizzaria Camelo, em São Paulo, com a mala de R$ 500 mil.

Policiais federais durante operação em BrasíliaDireito de imagemAG BRASIL
Image captionAgentes da Polícia Federal apreenderam documentos no gabinete de Rocha Loures

Semanas antes disso, Rocha Loures fora indicado pelo presidente Michel Temer ao empresário Joesley Batista - quanto este lhe perguntou quem poderia lhe ajudar a resolver um problema da empresa.
"No Paraná, todos tinham uma boa impressão do Rodrigo", diz o deputado federal João Arruda, que pertence à bancada do PMDB do Estado na Câmara.
"Todos foram pegos de surpresa. Ninguém poderia imaginar que o Rodrigo estaria envolvido... Não estou fazendo aqui um pré-julgamento, ainda temos esperar até que ele se defenda. Mas o flagrante coloca ele em uma situação muito difícil."
Arruda, sobrinho do senador Roberto Requião (PMDB), conviveu com Rocha Loures quando ele iniciava sua trajetória política, em 2002.
Na época, o ex-assessor de Temer participou ativamente da campanha de Requião ao governo do Paraná. Com sua vitória, tornou-se chefe de gabinete do então governador em 2003 e lá permaneceu até 2005.

'Persona non grata'

Quando o escândalo veio à tona, Requião falou no Twitter sobre a decepção com o antigo protegido. O senador apoiara a primeira candidatura de Rocha Loures, ajudando-o a obter o cargo de deputado federal, que assumiu em 2007.
"Rodrigo Rocha Loures, idealista, meu amigo. O que fizeram de você, Rodrigo Rocha Loures? Vejo tudo com indignação e muita tristeza. CANALHAS!", escreveu o senador.

Twitter de Roberto RequiãoDireito de imagemREPRODUÇÃO/ TWITTER
Image captionTweets do Senador Roberto Requião no dia em que Loures foi preso

A decepção foi expressa também por estudantes da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo. Foi lá que Rocha Loures se formou, em 1988, em administração de empresas; e presidiu o diretório acadêmico do curso (DAGV) durante um ano. Agora, a atual gestão do diretório publicou uma carta declarando-o persona non grata.
"Mais novo, era como qualquer aluno da Fundação. Hoje tornou-se um criminoso nacionalmente conhecido", diz a carta.
"A grande pergunta é: o que separa o nosso futuro, hoje alunos e alunas, do que foi o futuro para Rodrigo Rocha Loures, aluno ontem?"
O DAGV afirma que "apenas a moral" poderia impedir os estudantes de hoje a se tornarem também "um criminoso."
"Rodrigo fez uma opção. Pelo poder se corrompeu, ou por ele mostrou o que realmente era. Em tempos de crise e fora dela, tomaremos decisões que influenciarão o nosso futuro e o futuro de outros. Que nenhuma delas seja como as de Rodrigo Rocha Loures", declarou o DAGV.

Advogado contrário a delações

Rocha Loures está sendo investigado por ter negociado, de acordo com delatores da JBS, o pagamento de propinas semanais por até 25 anos em troca da intermediação de um acordo em benefício ao grupo J&F com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Seu advogado anterior teria buscado informações junto à Procuradoria-Geral da República sobre uma eventual delação premiada. No início desta semana, entretanto, Rocha Loures contratou um novo advogado, Cezar Roberto Bitencourt, que tem posição contrária ao instrumento da delação.
À Folha de S. Paulo, o criminalista disse nesta semana, antes de ser preso, que negociar um acordo de colaboração premiada seria a "última opção", e que o flagrante com a mala teria sido provocado deliberadamente, o que seria ilegal. "Criaram uma armadilha, uma situação fantasiosa para incriminar alguém", afirmou.
Procurado pela BBC Brasil, o advogado não quis conceder entrevista. Sua assessoria de imprensa afirmou que ele está focado na defesa do cliente.

'Belíssima figura da vida pública'

Rocha Loures nasceu em Curitiba dois anos antes de seu pai fundar a Nutrimental, em 1968. Passou a infância com a família em São Paulo, estudando na escola de elite Dante Alighieri e formando-se depois na FGV.
Após obter o diploma da faculdade de administração, em 1988, voltou ao Paraná e assumiu a empresa do pai em São José dos Pinhais, ficando na direção da empresa até 2002, período marcado pela expansão de produtos da marca Nutry.
No primeiro mandato na Câmara dos Deputados, entre 2007 a 2010, teve atuação nas áreas ambiental, de energias renováveis e de educação, entre outras. Habilidoso em articulações políticas, tornou-se vice-líder do PMDB na Câmara.
Foi nesta época que começou a se aproximar de Michel Temer - então presidente da casa.
Quando Temer foi eleito vice-presidente na chapa com Dilma Rousseff, Rocha Loures foi chamado para trabalhar como chefe de Relações Institucionais da Vice-presidência, em 2011.
Em 2014, tentou se eleger novamente para a Câmara dos Deputados, mas só conseguiu 58 mil votos, 30 mil a menos que na primeira candidatura; o suficiente, entretanto, para ficar como suplente.
Mas ele contou com apoio de peso. Dos R$ 3 milhões que arrecadou para a campanha, R$ 200 mil foram doados pelo então vice-presidente, Michel Temer; e R$ 50 mil pelo prefeito de São Paulo João Doria, de acordo com registros do TSE.
Temer chegou a gravar um depoimento em vídeo para a campanha de Rocha Loures, elogiando sua atuação como deputado federal e afirmando que, em seu gabinete, ele o "ajudou enormemente".
"É com muito gosto que eu cumprimento os paranaenses e dou este depoimento verdadeiro, real, em relação a esta belíssima figura da vida pública brasileira, que é o Rodrigo Rocha Loures", conclui Temer no vídeo de campanha, de 2014.

Ascensão após impeachment

Apesar da proximidade do presidente, Rocha Loures é descrito como um aliado conhecido mais pela fidelidade do que pela influência nos bastidores.
"Ele acompanhou a ascensão do presidente Michel Temer, fazia parte do grupo de pessoas que acompanhavam o presidente já há algum tempo", diz o deputado João Arruda.
"Mas nunca foi cotado para ser ministro pelo PMDB, nunca teve espaços importantes. Nunca imaginamos que tivesse grande influência nas decisões do presidente e sua equipe", considera Arruda. "Não consigo ver nele um negociante nem um intermediário para fazer esse jogo para alguém. Para mim o que aconteceu foi chocante, para mim e para todos nós do Paraná, porque eu imaginava que ele não tinha esse perfil."
Outro político que trabalhou com Rocha Loures no Paraná e conviveu com ele "socialmente", mas prefere não se identificar, diz que Rocha Loures foi ganhando espaço à medida que outros articuladores de peso foram derrubados pelas investigações da Lava Jato - como o ex-assessor José Yunes e o ex-ministro do Planejamento Romero Jucá.

Rocha Loures durante campanha em 2014Direito de imagemDIVULGAÇÃO
Image caption'Ele é um deslumbrado. Vendia uma coisa que não entregava, um prestígio que não tinha', diz antigo colega de Loures (à dir.)

"Ultimamente ele andava por ministérios e pelo Congresso falando em nome do presidente. Mas nunca teve atuação muito expressiva", considera.
"Ele não um grande quadro do PMDB. Era uma pessoa meio inocentona. Queria estar sempre perto das pessoas certas, sempre aparecer nas imagens", diz.
"Sinceramente? Ele é um deslumbrado. Vendia uma coisa que não entregava, um prestígio que não tinha", afirma o antigo colega.
Ainda assim, o conterrâneo diz que o flagrante da mala foi "uma absurda surpresa." "Para mim ele podia ser todas essas coisas, mas picareta ele não era."
Um conhecido em Brasília afirma que Rocha Loures vinha dando sinais de cansaço com a vida política.
"Ele falava em fazer um mestrado no exterior, ir para algum lugar como Harvard", lembra o conhecido, que diz ter ficado chocado ao vê-lo envolvido no escândalo.

'Tradicional família paranaense'

A família Rocha Loures é uma das mais antigas do Paraná, de acordo com o sociólogo Ricardo Costa de Oliveira, professor e coordenador do Núcleo de Estudos Paranaenses (NEP), da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Estudos traçando a genealogia da família indica que ela remonta aos clãs patriarcais fundadores de Curitiba, há mais de 300 anos, e faz parte da elite dominante do Estado desde o século 17, aliando poder econômico e político - como constata o artigo "Um exemplo de 'Old money' no Paraná: a família Rocha Loures", de Ana Vanali e Katiano Miguel Cruz, publicado na revista do NEP.
"O Rodrigo representa essa oligarquia familiar tradicional de Curitiba, com o pai empresário, parentes com cargos no Legislativo, no Judiciário, donos de cartórios, boa circulação entre a elite", afirma Oliveira.
Ele diz que esse entrelaçamento entre poder econômico, político e conexões sociais contribui para que elas se mantenham no topo do estrato social ao longo de gerações - assim como ocorre com dezenas de famílias oligárquicas brasileiras.
Agora com o escândalo enfrentado por Rocha Loures, Oliveira diz que a reação em Curitiba é de "silêncio", diferente da reação "de ódio" que, acredita, seria vista se a acusação fosse contra o PT.
"As pessoas não querem comentar, procuram invisibilizar e seguir adiante. É um mal-estar, mas o fato é silenciado", afirma. "Não teve protesto, ninguém bateu panela, querem superar esse assunto o mais rápido possível."
"Mas não há uma reação de indignação com o escândalo, nem de exigir uma atitude ou uma renúncia. Não, as pessoas apenas batem a mão na cabeça, como quem diz, 'ele fez algo errado'", diz o sociólogo.
Professor Edgar Bom Jardim - PE