terça-feira, 7 de junho de 2016

O sucesso do Café Filosófico na Escola Raimundo Honório

Por que  o pobre é pobre?


No dia primeiro de junho, (quarta-feira passada), a Escola Raimundo Honório realizou o I CAFÉ FILOSÓFICO com o Tema: "A minha... A sua... A nossa liberdade... Uma delicada relação". Idealizado pelas professorasAndrea Cristianne e Giorgia Lima, com o apoio Gestora Renata Oliveira Henriques e das Educadoras de Apoio Danielly Monteiro e Rejane Dias, o evento teve como público alvo os estudantes do Terceiro Ano do Ensino Médio que participaram ativamente, apresentando trabalhos de pesquisa, música e teatro. Historicamente, o termo CAFÉ FILOSÓFICO deve-se ao Filósofo Marc Sautet que começou a promover debates semanais com amigos e professores de Filosofia nos fundos do Café dez Phares, em Paris, a partir do ano de 1992. O objetivo do Projeto é debater com os estudantes o pensar e o discutir filosóficos, enfatizando as ideias e conceitos sobre Liberdade e seus diversos entendimentos. A finalidade maior do Projeto é debater temas filosóficos que geram reflexão, interesse e ampliação dos seus conhecimentos. O CAFÉ FILOSÓFICO teve a participação especial dos Professores Márcio Alexandre da Cruz e Edgar S. Santos, que brilhantemente abordaram o Tema: "A Liberdade, Condição Humana e Formação Cidadã". O debate e as discussões sobre o tema foram construtivos e ajudaram no desenvolvimento de novas ideias e comportamentos.




Fotos: Giorgia Lima, Renata Henriques. Professor Edgar Bom Jardim - PE

Janot mira caciques do PMDB e pede prisão de Renan, Sarney e Jucá

José Sarney e Renan Calheiros
José Sarney e Renan Calheiros: alvos de Janot


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu ir para cima da cúpula do PMDB, o partido do presidente interino Michel Temer, e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) as prisões dos senadores Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL), este presidente do Senado, e do ex-presidente da República José Sarney.
As informações foram divulgadas em primeira mão pelo jornal O Globo e confirmadas pela TV Globo, segundo quem Janot pediu também da prisão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente afastado da Câmara. De acordo com a GloboNews, os pedidos foram feitos há duas semanas e desde então se encontram sob análise do relator da Operação Lava Jato no STF, Teori Zavascki.
A ação de Janot é uma aposta na força daOperação Lava Jato diante de políticos altamente influentes e trata-se, também, de uma iniciativa que abre um território inexplorado. Ao longo das últimas décadas o chamado "PMDB do Senado" figurou em diversos escândalos, mas nunca foi efetivamente abalado pelas investigações.
O Globo cita como fonte um interlocutor de ministros do STF e confirma que Janot também pediu o afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado, utilizando argumentos semelhantes aos que levaram à suspensão do mandato de Cunha como presidente da Câmara. A informação havia sido divulgada pelo jornal Valor Econômico na semana passada.
No caso de Sarney, o pedido é de prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica, em razão de sua idade (86 anos), segundo informação da Folha de S. Paulo.
Os pedidos de prisão têm como base as gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o trio de peemedebistas. Nos áudiso, os senadores e o ex-presidente José Sarney discutiam meios de barrar as investigações.
Renan defende mudanças na lei da delação premiada; Sarney sugere a escalação de dois advogados, Cesar Asfor Rocha e Eduardo Ferrão, para conversarem com Teori Zavasck; e Jucá afirma que o impeachment de Dilma Rousseff seria parte de uma estratégia para conter a Lava Jato
As suspeitas são consideradas pelos investigadores mais graves do que os motivos que levaram à prisão do senador Delcídio do Amaral, em novembro. Segundo a fonte citada pelo Globo, Delcídio teria tentado manipular a delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró enquanto Sarney, Renan e Jucá planejavam bloquear a Lava Jato.
Desde o surgimento dos áudios, foi confirmada a notícia de que Sergio Machado assinou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, já homologado pelo STF. Três de seus filhos também estariam negociando os termos com os investigadores para entregar detalhes do esquema de corrupção.
Nos depoimentos, Machado afirmou que teria distribuído 70 milhões de reais em propinas para Sarney, Renan, Jucá e outros políticos do PMDB, como os senadores Edison Lobão e Jader Barbalho, nos 12 anos em que esteve na Transpetro.
As denúncias vão ao encontro das suspeitas de Janot sobre o PMDB. No início de maio, ele pediu ao STF a ampliação do inquérito-mãe da Lava Jato para incluir novos alvos. No texto, o PMDB é apontado como um dos dois “eixos centrais” da “organização criminosa”investigada por atuação na Petrobras e em outros órgãos públicos – o outro eixo seria o PT. 
Em nota, Renan Calheiros disse que, apesar de não ter tido acesso aos fundamentos que embasaram o pedido, considera tal iniciativa “desarrazoada, desproporcional e abusiva". O advogado de Romero Jucá e de Sarney, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse à Agência Brasil que ainda não tomou conhecimento do pedido de prisão de seus clientes.
* Carta Capital Com informações da Deutsche Welle e da Agência Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Relação entre políticos, partidos, governantes e empreiteiras e a inaceitável cultura da corrupção institucionalizada.

A ONU, por meio do seu Programa para o Meio Ambiente, o PNUMA, escolheu como tema para o Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano, o combate ao tráfico de animais silvestres. Esse nefasto comércio destrói a biodiversidade, ameaça a integridade dos ecossistemas e provoca prejuízos sociais e econômicos, especialmente para nações ricas em biodiversidade como o Brasil. Além disso, coloca em risco a vida de muitas pessoas, tanto as que se dedicam ao combate desse crime como as populações locais que são ameaçadas por seus esquemas violentos.
Vale a pena ler o relatório publicado pela ONU intitulado “O aumento do crime ambiental” (The Rise of Environmental Crime). Estima-se que o custo anual do crime ambiental está crescendo e alcançou a incrível cifra de 258 bilhões de dólares em 2015, tendo aumentado 26% em relação ao ano anterior. O estudo destaca a preocupação com o enfraquecimento das leis e da governança ambiental como um dos fatores que tem favorecido o aumento do crime.
Infelizmente, o Brasil tem colaborado para essas terríveis estatísticas globais. Temos assistido com enorme tristeza o fortalecimento da cultura do crime ambiental nos últimos anos. A associação entre políticos e segmentos empresariais refratários aos princípios da sustentabilidade socioambiental resultou na aprovação de leis que propiciaram a impunidade dos crimes ambientais no país. Os exemplos mais chocantes foram a aprovação do novo Código Florestal e a chamada Medida Provisória da grilagem na Amazônia.
O Novo Código Florestal reduziu em quase 60% a área de floresta que deveria ser restaurada, pois havia sido destruída ilegalmente segundo o Código Florestal anterior. Com essa medida, 29 milhões de hectares deixaram de ser recuperados, com elevados prejuízos para a biodiversidade, à proteção dos recursos hídricos, à conservação dos solos e para o equilíbrio climático. Além disso, manteve a possibilidade de que outros 88 milhões de hectares de florestas venham a ser desmatados, agora legalmente.
A Medida Provisória da Grilagem, a famosa MP 458 de 2009, criou um “jeitinho” para que sejam privatizados 80% das terras públicas que haviam sido apropriadas irregularmente na Amazônia, o equivalente a 67 milhões de hectares.
Agora, a Operação Lava-Jato está descortinando a vergonhosa relação entre políticos, partidos, governantes e empreiteiras e a inaceitável cultura da corrupção institucionalizada, praticada há décadas pelos partidos tradicionais e fortemente impulsionada pela aliança PT-PMDB-PP. E o que isso tem a ver com o crime ambiental? Tudo! Essa aliança funciona com base em obras financiadas com recursos públicos aprovados a “toque de caixa”, sem a devida transparência. Muitas dessas obras foram realizadas atropelando os processos constitucionais estabelecidos para o Licenciamento Ambiental. Durante anos eles escolheram a legislação ambiental como o vilão para o atraso das obras, com o uso desse discurso para conseguir desviar a atenção da sociedade para os processos espúrios e corruptos que eram engendrados ao redor de várias delas.
Um dos exemplos mais ilustrativos disso é a hidrelétrica de Belo Monte, cuja história está sendo desvendada e começando a ser contada pela Lava-Jato. Segundo as investigações, parte dos recursos do empreendimento foi destinado ao propinoduto do PT e do PMDB, num total de 75 milhões de reais para cada.
As delações, permeadas de pessoas ligadas ao alto escalão do governo, bem como de seis diretores de estatais e empresas privadas, revelam que montanhas e montanhas de recursos públicos foram desviados para uma parte da elite dirigente dos partidos envolvidos nesses esquemas de desvios.
Não é preciso muito esforço para encontrar as digitais desses mesmos líderes políticos nas leis ambientais que favoreceram a impunidade do crime ambiental. Hoje, fica visível a teia de interesses que se beneficiou do mesmo sistema político-econômico dirigido pelos que estão sendo denunciados na Justiça.
Agora, a ação desses mesmos grupos volta-se para um dos elementos centrais da governança ambiental que é o processo de licenciamento, como é o caso da Proposta de Emenda Constitucional 65. Pode-se ver muitos dos implicados nas investigações agindo com ímpeto para aprovar novas leis que acabam com as regras e critérios de defesa da população e do meio ambiente. Há evidentes interesses de algumas empreiteiras, que não querem adotar cuidados sociais e ambientais em seus empreendimentos.
Cada vez mais torna-se necessária uma nova correlação de forças, na qual a sociedade tenha o poder de superar a estagnação e os retrocessos políticos, econômicos, sociais e ambientais que foram impostos ao país nos últimos anos. Essa capacidade de fazer escolhas e tomar decisões estratégicas – sem a pressão do lucro imediato – só é possível com debate franco e democrático, aberto a todos e não restrito a grupos de interesses específicos e nem sempre legítimos.
A ONU mostra a necessidade de frear a desmontagem das leis e o enfraquecimento da governança ambiental, para impedir o crescimento vertiginoso do crime ambiental no mundo. Já o enunciado da COP 21 demonstra que, no âmbito de cada país, a transição para uma economia sustentável requer mais do que fórmulas bem desenhadas. No Brasil, inclui-se a necessidade de libertar as instituições públicas do sequestro criminoso a que foram submetidas. Nossa esperança repousa no tripé: justiça, direito à informação e cidadania ativa.
Se  conseguirmos o que a opinião pública chama de “passar o Brasil a limpo”, natureza e humanidade agradecerão penhoradas.
http://marinasilva.org.br/artigo-ambiente-brasil/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil, diz CPI

Protesto contra o genocídio de jovens negros no RioImage copyrightAGBR
Image captionRelatório mostra que 23 mil jovens negros são assassinados por ano
Depois que você terminar de ler este texto e tomar um cafezinho, um jovem negro terá sido morto no Brasil. É este o país que salta do relatório final da CPI do Senado sobre o Assassinato de Jovens, que será divulgado esta semana em Brasília: todo ano, 23.100 jovens negros de 15 a 29 anos são assassinados. São 63 por dia. Um a cada 23 minutos.
A CPI toma por base os números do Mapa da Violência, realizado desde 1998 pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz a partir de dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde. O último Mapa é de 2014 e contabiliza os homicídios de 2012: cerca de 30 mil jovens de 15 a 29 anos são assassinados por ano no Brasil, e 77% são negros (soma de pretos e pardos).
Depois de sete meses de trabalho, com 21 audiências públicas em sete Estados brasileiros, o relatório do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) apresenta um diagnóstico amplo, com números e pesquisas de várias fontes e períodos.
Cataloga histórias recentes e de ampla repercussão, como a do menino Eduardo de Jesus, de 10 anos, morto por um policial militar no Complexo do Alemão, zona norte do Rio, em abril de 2015. Recupera outras já quase esquecidas, como a de Ana Paula Santos, morta em 2006 em Santos, São Paulo, aos 20 anos, quando estava grávida de nove meses. O marido dela e o bebê também foram assassinados.
Eduardo de JesusImage copyrightACERVO PESSOAL
Image captionEduardo de Jesus, 10, foi morto por policial no Complexo do Alemão
"O Dudu me disse: Mãe, minha irmã Patrícia está quase chegando, vou esperar na varanda de casa. Eu disse: Vai, filho. Ele foi esperar a irmã e nunca voltou. Logo depois ouvi o estouro, a gritaria, e vi meu filho caído sem vida. Era um menino saudável, ótimo aluno", relembra a diarista Terezinha Maria de Jesus, mãe de Eduardo.

Um milhão de mortes

Especialistas costumam usar a palavra epidemia para se referir à mortandade de jovens no Brasil, especialmente de jovens negros. De acordo com o Mapa da Violência, a taxa de homicídios entre jovens negros é quase quatro vezes a verificada entre os brancos (36,9 a cada 100 mil habitantes, contra 9,6). Além disso, o fato de ser homem multiplica o risco de ser vítima de homicídio em quase 12 vezes.
Weiselfiz adiantou à BBC Brasil dados preliminares do Mapa que será divulgado este ano: de 1980 a 2014, o número de mortes por arma de fogo no Brasil soma quase um milhão. Entre 1980 e 2014 morreram 967.851 pessoas vítimas de disparo de arma de fogo, sendo 85,8% por homicídio.
"Entre 1980 e 2014 os homicídios cresceram 592,8%, setuplicando sua incidência", analisa o sociólogo.
Mulheres protestam contra mortes de jovens negrosImage copyrightAGBR
Image captionRelatório recomenda unificação de polícias militar e civil, entre outras medidas
Em entrevista por e-mail, por intermédio de sua assessoria, o senador Lindbergh Farias diz que "o principal destaque da CPI foi reconhecer aquilo que os movimentos negros, sobretudo de jovens, vêm dizendo há muito tempo: um verdadeiro genocídio da nossa juventude negra".
"A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Isso equivale à queda de mais de 150 jatos, cheios de jovens negros, todos os anos. Genocídio da população negra é a expressão que melhor se enquadra à realidade atual do Brasil", afirma.

Autos de resistência

A CPI destaca a responsabilidade do Estado, seja por ação ou omissão. "Em um ambiente onde a omissão do poder público suscita o aparecimento de grupos organizados de traficantes, bem como de milícias, os índices de violência contra a juventude negra atingem o paroxismo. De outro lado, o crescimento da violência policial contra esses jovens também é uma chocante realidade. Situações envolvendo a morte de jovens negros, sobretudo aquelas cujas justificativas da ação policial se apoiam nos chamados autos de resistência", afirma o relatório.
Autos de resistência são, com variações de nomenclatura de um Estado brasileiro para outro, registros de mortes ocorridas em supostos confrontos nos quais o policial afirma ter atirado para se defender.
AgBrImage copyrightAGBR
Image captionTerezinha de Jesus, mãe de Eduardo, aguarda julgamento de policial
Em caso de resistência à prisão, o Código de Processo Penal autoriza o uso de quaisquer meios para que o policial se defenda ou vença a resistência. Determina também que seja lavrado um auto, assinado por duas testemunhas - daí o nome auto de resistência. Muitas vezes, tais registros escondem execuções em "confrontos" que nunca aconteceram.
Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que, entre 2009 e 2013, as polícias brasileiras mataram 11.197 pessoas em casos listados como autos de resistência - seis mortes por dia, sabendo que o total é subnotificado, pois alguns Estados não repassaram dados ao FBSP.
O relatório também cita uma pesquisa do sociólogo e professor da UFRJ Michel Misse realizada em 2005, no Rio de Janeiro, indicando que, entre os inquéritos de autos de resistência, 99,2% foram arquivados ou nunca chegaram à fase de denúncia.
O delegado de Polícia Civil Orlando Zaccone fez dos autos de resistência o tema sua tese de doutorado em Ciência Política defendida na UFF (Universidade Federal Fluminense).
Ao analisar 314 casos de auto de resistência de 2003 a 2010 no Rio, Zaccone aponta a responsabilidade não só da polícia, mas também do Ministério Público, na construção de uma rotina em que a maior preocupação é saber se o morto era ou não ligado ao tráfico - em vez de esclarecer as circunstâncias de sua morte.
Protesto do Mães de MaioImage copyrightDIVULGAÇÃO/MÃES DE MAIO
Image captionCasos de 'autos de resistência' podem esconder execuções
"A folha de antecedentes penais do morto é usada sistematicamente para pedir o arquivamento. Várias instituições se articulam nesse processo, o que caracteriza uma política de Estado na qual se admite que há pessoas extermináveis", analisa Zaccone.
A criação de um protocolo único para registrar autos de resistência está entre as recomendações do relatório final da CPI, assim como a criação de um banco de dados nacional com indicadores consolidados e sistematizados de violência.
A unificação das Polícias Militar e Civil é outra recomendação. O relator da CPI, Lindbergh Farias, destaca as linhas de atuação no Congresso: implementação do Plano Nacional de Enfrentamento ao Homicídio de Jovens, sugerido em comissão especial da Câmara; aprovação do projeto de lei 4.471/2012 - que extingue os autos de resistência, determina a abertura de inquérito e abre a possibilidade de prisão em flagrante do policial em caso de auto de resistência; aprovação da PEC 51 (que, entre outras medidas, desmilitariza e unifica as polícias).
"Toda polícia deve realizar o ciclo completo do trabalho policial (preventivo, ostensivo, investigativo). Sepulta-se, assim, a jabuticaba institucional: a divisão do ciclo do trabalho policial entre militares e civis. Esta é uma batalha que teremos à nossa frente no Congresso", afirma Lindbergh.
A PEC 51 e o projeto que extingue os autos de resistência enfrentam a oposição de parlamentares mais ligados a corporações policiais. Muitos argumentam que o projeto 4.471 pode acabar amedrontando o policial que está em campo, em confronto real com criminosos.
Lindbergh FariasImage copyrightAGBR
Image caption"Há um genocídio da juventude negra', diz relator da comissão, Lindbergh Farias
Um dos pontos abordados pela CPI é justamente o alto número de mortes de policiais brasileiros, que acabam sendo não só os principais agentes, mas também vítimas da violência. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública citados pela CPI, só em 2013 foram assassinados em serviço quase 500 policiais.
Questionado pela BBC Brasil, o corregedor da PM do Rio, coronel Welste Medeiros, afirmou que a corporação não se omite em apurar crimes de seus membros e tem buscado soluções para otimizar investigações de crimes cometidos por policiais.
Entre elas, destaca parcerias com o Ministério Público, ampliação da atuação da corregedoria da PM e realização de projetos com universidades para análise dos dados de violência policial.
Foi criado o Programa de Gestão do Uso da Força e da Arma de Fogo, por meio do qual os policiais que mais fizeram disparos de armas de fogo nos últimos seis meses são identificados e submetidos a um programa de treinamento que inclui desde simuladores de tiros até avaliação psicológica e metodologia de abordagem de pessoas e veículos.

'A gente vira número'

A CPI jogou luz também sobre um tema pouco discutido, as mortes de jovens infratores abrigados em unidades para ressocialização. Na audiência pública realizada em 15 de junho de 2015, foram apresentados os dados oficiais do Sinase (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo): em 2013, 29 adolescentes infratores morreram sob custódia do Estado.
A causa mais comum das mortes foi o "conflito interpessoal" (59% do total), seguido de conflito generalizado (17%) e de uma proporção estarrecedora de suicídios dentro do sistema - 14%. O país tem cerca de 24 mil adolescentes em "situação de privação de liberdade", ou seja, mantidos em unidades para ressocialização. Segundo o Sinase, 57,41% deles são pretos ou pardos, enquanto em 17,15% dos casos não houve resposta sobre cor ou raça.
País afora, mães negras choram o assassinato dos filhos. Débora Maria Silva, mãe do gari Édson Rogério Silva dos Santos, ainda não viu alguém ser responsabilizado pela morte dele, em maio de 2006, em Santos.
Segundo o relatório da CPI, ele foi um dos mais de 400 mortos numa onda de violência na região iniciada depois que uma facção criminosa assassinou 43 agentes do Estado. Na sequência, uma forte repressão policial fez outras vítimas. De acordo com testemunhas, Édson foi abordado por policiais num posto de gasolina, seguido e assassinado.
"Fiquei até doente depois que ele morreu. Um dia sonhei com meu filho, como uma visão, e ele me dizia: Mãe, vai lutar pelos vivos", conta Débora, que se tornou uma ativista e criou o movimento Mães de Maio, agregando mães de jovens assassinados na região em 2006.
Débora com identidade do filhoImage copyrightDIVULGAÇÃO/MÃES DE MAIO
Image captionDébora criou movimento que une mães de jovens assassinados em 2006
A ela se juntaram várias outras mães que perderam seus filhos, como Vera Lúcia Santos, mãe de Ana Paula Santos, a jovem assassinada grávida. "Depois de quase dez anos, a gente vai perdendo a esperança. A gente vira número, vira tese. E mais gente continua morrendo. A impressão é de que é um mês de maio contínuo", lamenta Vera Lúcia.
Terezinha de Jesus, mãe do menino Eduardo, foi embora do Rio depois de receber ameaças anônimas de morte. A investigação da Polícia Civil concluiu que os policiais militares agiram em legítima defesa, mas o Ministério Público não concordou e denunciou pelo crime um policial, que irá a julgamento.
Terezinha agora divide o tempo entre o acompanhamento do caso e os cuidados com o restante da família. Ela tem mais quatro filhos e quatro netos, entre eles o novo Eduardo da casa: um bebê de cinco meses e olhos redondos como os do tio. É filho de Patrícia, a irmã que Eduardo de Jesus esperava na varanda de casa quando foi morto.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

País só sai da crise com eleição presidencial ainda este ano, diz Joaquim Barbosa



Presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa durante sessão para julgar os recursos dos 13 réus que não tem direito aos embargos infringentes no processo do mensalão, nesta quinta-feira (14)
Presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa durante sessão para julgar os recursos dos 13 réus que não tem direito aos embargos infringentes no processo do mensalão, nesta quinta-feira (14)(Fellipe Sampaio/SCO/STF/VEJA)
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa afirmou por meio de sua conta no Twitter que o Brasil só sairá da crise "com eleições presidenciais ainda este ano". O ex-ministro do STF fez as afirmações em duas mensagens postadas em sua rede social na manhã deste sábado.
Barbosa citou em suas mensagens a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne 34 das mais importantes economias mundiais, e mandou um recado direto à presidente afastada Dilma Rousseff e ao presidente interino Michel Temer.
"OCDE diz o que eu venho dizendo em palestras: só sairemos dessa crise com eleições presidenciais ainda este ano. Disse-o em 22/4 e 12/5", tuitou o ex-ministro. "Para que isso ocorresse, dois ilustres brasileiros teriam que renunciar aos seus interesses pessoais e pensar no país: D Rousseff e M Temer."
Dilma foi afastada da presidência no dia 12 de maio, por decisão do Senado. Ela vai ficar afastada por, no máximo, 180 dias, período em que será conduzido o processo de impeachment por crime de responsabilidade atribuído à petista.
O governo interino de Michel Temer vem sendo alvo de frequentes críticas e constrangimentos. Nesta segunda-feira, o jornal americano The New York Times questionou em editorial o compromisso do peemedebista de acabar com a corrupção e pediu medidas concretas do novo governo e sua equipe para combater as irregularidades. Uma destas medidas é extinguir a imunidade de parlamentares e de ministros, descrita no texto como "injustificável".
(Veja com Estadão Conteúdo)
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 5 de junho de 2016

Luciano Huck, Helena de Bom Jardim, o filósofo Michael Sandel e o debate sobre o 'jeitinho brasileiro'

Em uma discussão sobre ética, Michael Sandel é certamente o especialista que qualquer um gostaria de ter para conduzi o debate. Por isso, o filósofo, que é professor na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e um dos nomes mais conceituados para falar sobre o assunto, foi convidado por Luciano Huck a participar de uma mesa redonda no Caldeirão. O objetivo? Tentar descobrir o que seria o famoso "jeitinho brasileiro".
O debate contou com diversos representantes da sociedade brasileira, de diferentes lugares e profissões. No total, 16 pessoas participaram pela internet, entre elas Tony Bellotto, e no estúdio onde ocorreu a gravação mais 16 cidadãos compartilharam suas opiniões e visões sobre o assunto.
“Esses dias estava em casa conversando com meu filho mais velho e ele me perguntou o que é ética. Bom, antes de tentar responder o que é ética, explico o porquê de chegar a essa conversa com um menino de 11 anos. Eu tinha assistido a este vídeo”, explica Huck, antes de mostrar aos presentes as imagens onde uma cozinheira pernambucana fala sobre o “jeitinho brasileiro”, que viralizaram nas redes. Michael Sandel conduziu o bate-papo, que levanta questões importantes relacionadas ao "jeitinho brasileiro". O Gshow oferece o conteúdo na íntegra, dividido em quatro assuntos: Lei de Trânsito, Respeito, Pirataria e Mercado. Confira!
Lei de Trânsito
Aqui, são levantados assuntos relacionados à moralidade de avisar aos amigos onde está armada uma blitz, pagar alguém para passar o seu carro por ela e outros artifícios para burlar a lei. O conceito de certo e errado é muito discutido e assim começa a avaliação do que seria o "jeitinho brasileiro".
Respeito
Furar fila é errado? E deixar aquele amigo guardando o seu lugar, pode? No trânsito, é certo pegar atalhos? Michael Sandel comanda uma conversa sobre os limites da vida em sociedade.
Pirataria
A atividade é crime, mas ela se justifica ou não em alguns casos? Com opiniões diversas no debate, coloca-se em evidência a busca por produtos ou serviços mais baratos - e ilegais - em detrimento das suas versões oficiais.
Mercado
A flutuação do preço é o primeiro assunto discutido na mesa. É legítima, deve ser sempre regida pelo mercado, ou varia de acordo com a situação? Há diferença moral entre a diminuição e o aumento de preços? Nesse vídeo você também confere a conclusão da conversa sobre o "jeitinho brasileiro" e seus aspectos positivos e negativos.
Michael Sandel ajuda Luciano Huck a 'decifrar' o que seria o 'jeitinho brasileiro' (Foto: Gshow)Michael Sandel ajuda Luciano Huck a 'decifrar' o que seria o 'jeitinho brasileiro' (Foto: Gshow)
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Professor Edgar Bom Jardim - PE