terça-feira, 20 de março de 2018

Coloca Bom Jardim no seu roteiro da Paixão de Cristo

Paixão de Cristo de Bom Jardim
Dias 29, 30 e 31 de março 2018.
Início:20 horas
Local:Ruas do Centro da Cidade
Classificação: 10 anos
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Garota desaparecida teria ido ao RJ encontrar namorado e seguir carreira musical


A adolescente Alana Sá Barreto, de 17 anos, que desapareceu no último domingo (18) após ser deixada pelos pais no Shopping Recife, na Zona Sul da capital pernambucana, teria ido ao Rio de Janeiro para encontrar o namorado e tentar a carreira musical, segundo o delegado Ademir de Oliveira, gestor do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA). Por telefone, o investigador entrou em contato com o namorado da menina. Os detalhes da investigação foram divulgados nesta terça-feira (20).

O rapaz, de 20 anos, disse à polícia que tentou convencer Alana a falar com a família, mas ela não concordou e revelou que não queria voltar para casa. Ainda segundo o jovem, que estuda audiovisual em uma universidade no Rio de Janeiro, a namorada estava na faculdade dele, avisou que ia ao banheiro e fugiu da instituição de ensino. Ele declarou que, desde então, não tem notícias dela. 

No dia do desaparecimento, Alana, que era emancipada (menor de 18 anos que adquiriu certos direitos civis, geralmente iguais aos dos adultos), embarcou em um voo da Latam às 16h30, no Aeroporto do Recife, e chegou ao Rio de Janeiro por volta das 19h30. Ela usava uma camisa preta, short, sapato preto e levava um ukulele (instrumento musical de corda) de cor rosa.

O delegado informou que a lei permite que, em voos domésticos, adolescentes (entre 12 e 17 anos) possam viajar desacompanhados e sem autorização. É necessário, somente, documento de identificação civil com foto. O delegado deixou claro que se ela não quiser voltar, a polícia não pode obrigar. A família  não sabe como a menina custeou a viagem. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Paixão de Cristo de Umari acontece nos dias 29 e 30

Nos dias 29 e 30 de março de 2018, no Ginásio Esportivo Deoclécio Mendes, em Umari – Bom Jardim – Pernambuco, às 19h30 (na quinta-feira), às 18h00 e 20h00 (na sexta-feira), tem Paixão de Cristo de Umari. Um dos maiores espetáculos do seguimento Paixão de Cristo do Agreste pernambucano. Ingresso no valor de R$ 4,00, na bilheteria ou nos pontos de venda credenciados.

Viva você também essa Paixão!
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Sarkozy é detido por financiamento ilegal de campanha


Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França, foi detido nesta terça-feira sob suspeita de financiamento ilegal de sua campanha eleitoral de 2007.

A principal acusação é de que parte do dinheiro teria vindo do governo de Muamar Kadafi, ex-ditador da Líbia. A investigação começou em 2013 e envolve dinheiro em espécie que teria sido entregue aos organizadores da campanha.

Sarkozy está sendo mantido num local de controle da Polícia Judiciária para ser ouvido e pode ser detido durante 48 horas. De acordo com a imprensa francesa, ele está sendo questionado sobre as suspeitas. O ex-presidente está na localidade de Nanterre.

Depois desse prazo, ele pode ser levado diante de juízes para ser eventualmente acusado.

Esta é a primeira vez que os investigadores interrogam Sarkozy. Em 2007, ele venceu a eleição, superando a socialista Ségolène Royal.
Com informação do DP
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Laboratório particular faz exame para diagnosticar casos de dengue em Bom Jardim

O LACEC agora dispõe de exames específicos para diagnóstico de DENGUE. E o melhor: você recebe seu resultado no mesmo dia! Dengue é coisa séria, não deixe para depois. Fone: 9.9591-3067.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Educação:as estratégias das marcas para infiltrar propaganda nas escolas brasileiras


Criança desenhando com lápis coloridos em escolaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMarcas encontram diferentes formas de levar suas marcas às crianças

Quando tinha quatro anos, o filho de Luiza Diener voltou da escola com um recado na agenda: ele tinha feito um "pré-exame" de visão na escola, que mostrou haver uma "alteração". Junto com o recado... um folheto de propaganda de uma ótica, informando que alunos de escola pública tinham desconto.
"Eu paralisei. Como assim fez um pré-exame de vista? Não tinha vindo nenhum aviso, nenhum pedido de autorização", conta ela, criadora de um blog sobre maternidade.
"Quando fui buscá-lo no dia seguinte fui conversar com a diretora. Entrando na escola vi que perto da porta tinha um estande da ótica, um banner e um totem giratório cheio de óculos escuros e óculos de grau que as crianças estavam experimentando", recorda.
"Meu filho não tinha nenhum problema de vista. E hoje ele continua sem ter", diz. "Não era uma aula sobre saúde, era só propaganda", conta Diener, cujos filhos estudavam em escola pública em Brasília.
A publicidade direcionada para o público infantil é considerada abusiva pelo Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) desde 2014. E o Ministério da Educação tem uma portaria proibindo qualquer tipo de propaganda em escolas públicas.
No entanto, episódios como o relatado por Luiza Diener são extremamente comuns. As marcas usam das mais diferentes estratégias para garantir sua presença no ambiente escolar sem fazer propaganda direta, driblando a regulação.
Embora não veiculem anúncios, por exemplo, as empresas fazem oficinas com professores e alunos, atividades em sala de aula e até distribuem seus produtos para as crianças. Outras patrocinam eventos, promovem peças de teatro nas escolas, visitas à fábrica ou - como no caso da ótica de Brasília - supostos programas de saúde.
"Normalmente as campanhas vêm como ações de responsabilidade social, são vendidas como atividades educativas ou culturais", diz Ekaterine Karageorgiadis, coordenadora do programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, ONG que defende os direitos das crianças.
Diener conta que conversou com outra mãe cujo filho chegou em casa preocupado, achando que tinha problema de visão por causa do "pré-exame" - uma consulta no oftalmologista mostrou não haver problema algum.
"Ficamos bem chateados. Escola não é lugar de propaganda, e publicidade não tem que ser direcionada para crianças", diz ela. "A criança está em uma idade em que você está absorvendo tudo, que está construindo os gostos, a visão de mundo, o que considera essencial. Esse tipo de influência é negativa."

Menina pede produto à mãeDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPropaganda em escola é mais agressiva do que a convencional, afirma especialista em direitos do consumidor

Atividade cultural ou campanha de marketing?

Em janeiro de 2018, o Alana denunciou a marca Bic ao Ministério Público de Minas Gerais por considerar uma de suas ações publicitárias como "direcionamento abusivo de publicidade para o público infantil".
A Bic havia lançado um projeto chamado "Escola de Colorir", cuja ideia era fazer atividades nas escolas das ensino fundamental em capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Nas atividades, as crianças utilizavam diversos produtos da empresa: canetas, lápis de cor, papéis. "A ação expõe massivamente os alunos a imagens, cores, logos e valores corporativos da empresa durante as atividades, que são propostas para serem feitas não apenas nas salas de aula, mas também em outros momentos como recreio ou no tempo de lazer em casa", diz o Alana na denúncia.
Em resposta, a Bic afirma que um de seus pilares é o "compromisso com a educação" e que faz "ações voltadas ao acesso à educação junto a comunidades locais".
"No Brasil, a empresa pauta todas suas atividades de acordo com a legislação (...) além de possuir um rígido código de conduta interno. O Projeto Escola de Colorir foi concebido respeitando tais preceitos", defende a empresa em nota. "Assim, não há violação às normas do conselho."

Logo da Bic
Image captionO projeto Escola de Colorir foi terminado pela Bic | Foto: Divulgação/Bic

Para a nutricionista Ana Paula Bortoletto, do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), a discussão não pode ficar em cima de tecnicismos, já que as estratégias são usadas pelas marcas justamente para ter campanhas publicitárias que atinjam crianças sem desrespeitar formalmente as normas.
Ela defende que a legislação seja endurecida.
"De certa forma, essas campanhas com apresentação de produtos e grande presença das marcas são piores do que um comercial na TV voltado para crianças", diz Bortoletto. "Você está expondo as crianças aos produtos, elas já vão memorizando, identificando, reconhecendo. As campanhas diretas costumam ser até mais agressivas, por estarem muito mais próximas às crianças e durarem mais tempo."
Para o Alana, a publicidade para a criança é sempre disfarçada, uma vez que ela não tem o senso crítico para reconhecer que aquilo é uma mensagem comercial. Mas se veiculada no ambiente escolar, o problema é ainda maior.
"A mensagem vem de um espaço de autoridade. A autoridade do professor, da escola, fortalece a campanha publicitária", diz Ekaterine Karageorgiadis.

Crianças em sala de aulaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMarcas disfarçam campanhas publicitárias de projetos educativos para entrar em escolas

Estratégia comum

A Bic não é a única marca a produzir campanhas do tipo.
A Danone teve duas grandes campanhas em escolas em 2016. Eles ofereciam curso de formação de professores, desenvolvimento de atividades em sala de aula para falar da importância de consumir produtos lácteos - setor de atuação da empresa -, distribuição de produtos didáticos e apresentação da peça O Fabuloso Mundo das Descobertas.
Em um único diálogo da apresentação, a palavra "lácteos" chegava a ser repetida mais de 15 vezes.
Em outro caso, no mesmo ano, a Sadia divulgou, com o chef britânico Jamie Oliver, uma ação chamada Saber Alimenta. O projeto piloto foi feito com 20 escolas e 56 professores, que receberam um treinamento da empresa sobre alimentação.
A BRF, empresa controladora da Sadia, diz que "os professores foram capacitados para replicar conhecimento para crianças do Ensino Fundamental" e que os materiais são voltados para os adultos e "não fazem referência a nenhum produto da marca."
Segundo Ekaterine Karageorgiadis, é grave que as marcas impactem o currículo das escolas - mesmo se o produto da marca não for apresentado diretamente. "A escolha do currículo tem que se basear em um projeto pedagógico planejado para ensinar as crianças a pensarem criticamente. Mas (com as campanhas) o conteúdo é apresentado com um viés e uma orientação mercadológica, não de maneira crítica", diz ela.
"Será que realmente interessa ficar seis meses falando sobre leite, sem em nenhum momento questionar se ele realmente é bom e necessário para todo mundo?", afirma.

Jamie Oliver em vídeo da Sadia
Image captionJamie Oliver se tornou garoto propaganda da Sadia no Brasil | Foto: Divulgação/Sadia

Para Bortoletto, do Idec, o risco é supervalorizar um produto alimentício. "No caso do leite, por exemplo, ele pode fazer parte de uma dieta saudável, mas não é obrigatório. Depende muito de qual é o leite. Se for uma bebida láctea cheia de açucar, pode fazer mais mal do que bem", diz ela.
"A criança precisa aprender a diferenciar um produto natural de um processado. A escola é um ambiente para elas aprenderem hábitos realmente saudáveis e pensamento crítico."
No ano passado, o Ministério Público do Distrito Federal instaurou um inquérito civil para apurar o caso da Danone, que ainda não foi encerrado.
Procurada pela BBC Brasil, a Danone, que cancelou os projetos em 2016, diz que "suas ações de comunicação atendem à legislação brasileira vigente e refletem a missão da companhia em levar saúde ao maior número de pessoas", e que sua campanha "levou informação e conhecimento sobre a importância de uma boa alimentação de forma lúdica e gratuita às escolas de todo país."
Por sua vez, a Sadia afirmou que o conteúdo do seu programa "está em conformidade com todas as legislações, regulamentações bem como regras aplicáveis ao setor alimentício e a publicidade de maneira geral" e que "assinou um Compromisso Público sobre Publicidade Responsável no qual se comprometeu a não realizar ações de merchandising de seus produtos nas escolas, sejam elas particulares ou públicas, direcionadas ao público infantil".

Ajuda ou exploração?

Outra estratégia muito usada pelas empresas é oferecer patrocínio - que vai desde promover campeonatos esportivos a se oferecer para comprar o material ou uniforme para crianças carentes em troca de divulgação da marca.
A Nestlé, por exemplo, tem há anos parcerias para promover campeonatos esportivos em escolas das redes pública e privada. Os eventos tinham exposição de logos e imagens de Nescau em banners e painéis, distribuição de medalhas, troféus e uniformes com o nome e o símbolo da marca, e distribuição de produtos da Nestlé aos presentes no evento.

Banheiro de escola em São Paulo
Image captionFalta de estrutura e recursos faz escolas públicas aceitarem 'qualquer ajuda', diz diretora | Foto: Rovena Rosa/Ag. Brasil

A empresa afirma que reformulou algumas ações da competição, procurando outros espaços para a sua realização – costumavam ocorrer nos CEUs (Centros de Artes e Esportes Unificados). Segundo a multinacional, os eventos agora não acontecem mais em nenhum ambiente relacionado à educação.
"Reforçamos, ainda, que a participação dos jovens na Copa Nescau® é condicionada à autorização dos responsáveis. Além disso, diversas melhorias vêm sendo desenvolvidas no formato da competição para reforçar o caráter de socialização do evento", diz a companhia em nota.
"A Nestlé Brasil informa que segue rigorosamente a legislação vigente no país e está entre as empresas pioneiras no mundo na adoção de parâmetros mais rigorosos para divulgar seus produtos ao público infantil", conclui.

O lado da escola

A questão das campanhas se torna mais complicada no caso do patrocínio, uma vez escolas públicas muitas vezes têm carência de investimento e problemas na infraestrutura - ou seja, acabam tendendo a aceitar qualquer "ajuda" que possam receber.
A BBC Brasil conversou, sob a condição de anonimato, com a diretora de uma escola municipal de São Paulo que recebeu ações publicitárias em 2013 e 2015. Ela falou sobre um dos casos.
"A exposição (das crianças às marcas) não é o melhor dos mundos. Mas estávamos sem aulas de educação física porque a quadra estava em péssimo estado. Resolvemos participar da ação porque tinha um prêmio em dinheiro que seria muito útil para a escola", diz a diretora. "Nossa falta é tanta que a gente acaba aceitando certos negócios para dar um mínimo de condição para os alunos", afirma. Tratava-se de um concurso - e o colégio acabou não ganhando.
A empresa alimentícia Tirol promoveu uma competição parecida em 2016. Alunos deveriam criar brinquedos utilizando materiais recicláveis – de preferência, segundo o regulamento, embalagens de "leite longa vida Tirol, caixinhas do suco Frutein, bebida láctea Fibrallis e achocolatado Tirolzinho". As crianças vencedoras ganharam um bicicleta e uma mochila cheia de achocolatados. E sua escola, um prêmio de R$ 18 mil.
Procurada pela reportagem, a Tirol "diz que está no mercado desde 1974, sempre prezando pela qualidade dos produtos e bem-estar dos consumidores", e que já prestou esclarecimentos sobre o projeto para o Ministério Público do Estado.
Mas para especialistas, ativistas e alguns pais, aceitar investimento de marcas é a forma errada de atacar o problema – principalmente no caso de crianças pequenas.
"Não podemos deixar que a necessidade de suprir essa falta seja uma justificativa para cercear outros direitos das crianças", diz Ekaterine Karageorgiadis, do Alana.
Para Bortolotto, do Idec, é preciso que haja investimento e políticas públicas para resolver os problemas nas escolas com dificuldades.
"E mesmo na privada, as decisões sobre currículo e os alimentos a que as crianças têm acesso precisam ser parte de um projeto que coloca o interesse e bem-estar das crianças em primeiro lugar", diz a nutricionista. "Não é algo que pode ficar à mercê das estratégias de marketing das indústrias."
 Leticia Mori
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 18 de março de 2018

Com pés molhados jovem recebe descarga elétrica ao retirar celular da tomada e morre em Garanhuns

Douglas estava ajudando o pai a lavar a casa quando sofreu o choque (Foto: Arquivo Pessoal) (Arquivo Pessoal)
Douglas estava ajudando o pai a lavar a casa quando sofreu o choque (Foto: Arquivo Pessoal)
Um jovem de 14 anos, identificado como Douglas Raphael, morreu ao sofrer uma descarga elétrica na sexta-feira (16) em Garanhuns, Agreste de Pernambunco. Testemunhas afirmam que o adolescente estava ajudando o pai a lavar a casa e, descalço, foi retirar o aparelho da tomada quando sofreu o choque. 
Douglas Raphael foi levado ao Hospital Regional Dom Moura mas não resistiu a forte descarga elétrica recebida. O corpo da vítima foi levado para o Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru e será liberado ainda neste sábado (17).  
Com Informações do DP
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Educação:alunos querem que a escola reflita a vida real, diz brasileira jurada de prêmio da Unesco



Lucia discursa na Unesco
Image caption'O que se defende é a aprendizagem ativa, na qual o estudante tem de botar a mão na massa, experimentar', diz Dellagnelo, acima no Prêmio Unesco | Foto: Unesco

A brasileira Lucia Dellagnelo ajudou a escolher dois entre 143 projetos de tecnologia na educação que foram vencedores da mais recente edição do Prêmio Unesco, organismo da ONU para educação e cultura.
As iniciativas, praticadas na Índia e no Marrocos, receberão prêmio de US$ 25 mil.
Doutora e Mestre em Educação pela Universidade de Harvard, Dellagnelo foi secretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável em Santa Catarina de 2013 a 2015 e hoje é diretora-presidente da ONG Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb).
Na premiação da Unesco, ela foi presidente do júri e representante da América Latina. Em entrevista à BBC Brasil em São Paulo, Dellagnelo conta o que viu de mais inovador, entre tantas propostas mundo afora, para tornar a educação mais igualitária, contemporânea e qualificada usando a tecnologia. E opina sobre onde o Brasil vai bem e onde precisa melhorar.
Leia os principais trechos da entrevista:
BBC Brasil - Quais foram os critérios para escolher os projetos premiados em Paris?
Lucia Dellagnelo - Muitas pesquisas mostram que, para a tecnologia ter um impacto positivo na educação, é importante que seja trabalhada pelo menos em quatro dimensões: visão clara do objetivo, "para que e como vou usar a tecnologia"; competência dos professores e gestores no uso daquela tecnologia; qualidade dos conteúdos e recursos educacionais digitais desenvolvidos; e infraestrutura. Procuramos avaliar quais projetos realmente contemplavam isso, mas também consideramos se aquela política educacional era abrangente e de longo prazo.
BBC Brasil - O que seria esse longo prazo?
Dellagnelo - Por exemplo, um dos premiados, o Marrocos, tem uma política baseada nesses quatro pilares há mais de 15 anos. O país vem gradativamente implementando um plano chamado Genie, que sobreviveu a trocas políticas e de gestão. Se não for a longo prazo, é difícil correlacionar o uso de tecnologia com o impacto na qualidade. Não é pelo fato de usar um aplicativo ou uma plataforma adaptativa num ano que no seguinte serão vistas melhorias.


sala de aula
Image captionNão é preciso tecnologia de ponta para fazer revolução na educação, diz a especialista | Foto: Pedro Ribs/ANPR

BBC Brasil - O projeto da Índia também tinha esse perfil?
Dellagnelo - A Índia tem um problema muito sério: a evasão no que seriam os nossos fundamental 2 e ensino médio. O jovem faz a escola primária, aprende a ler e escrever, e depois tem muita dificuldade em seguir adiante não só por problemas econômicos, mas também porque, em vilas muito pequenas e distantes dos grandes centros, não existe oferta de ensino médio. Não há quem dê aula de física e química nesses lugares, por exemplo.
Por meio de videoaulas à distância, e usando uma parceria com a (universidade americana) MIT no desenvolvimento de tecnologia e laboratórios virtuais, conseguiram baixar o índice de evasão de jovens oferecendo um conteúdo de muita qualidade. O projeto, chamado CLIx, é de um instituto, em parceria com governos locais.
BBC Brasil - O prêmio valorizou a inovação também? Videoaulas são usadas já há algum tempo em outros lugares.
Dellagnelo - A função maior do prêmio é dar visibilidade a projetos que estão acontecendo e mostrar que, às vezes, uma tecnologia pode não ser uma grande inovação num país e ser em outro. Para uma população isolada, que não tem nem luz elétrica, que precisa usar gerador para acessar a internet, o impacto da videoaula é muito diferente.
Tem um projeto chinês, de que gostei muito também, em que um professor da capital, identificado como muito capaz, dava aulas interativas às vezes para 300 crianças espalhadas em vários lugares do país. Ao mesmo tempo, formava o professor dessa vila, que estava lá assistindo.
Sim, a videoaula não é uma tecnologia revolucionária - existe isso no Amazonas, inclusive -, mas tivemos que usar essa relatividade na votação: a tecnologia proposta resolve algo que não estaria sendo resolvido se não existisse?
Para mim, fica claro que tem solucionado um problema real, que é o acesso a professores qualificados. Porque o prêmio também tem esse viés: toda criança e jovem do mundo, independentemente do país, da cultura e da língua que fala, tem direito à educação de qualidade. Como a gente faz a tecnologia trabalhar a favor desse direito? (...) Tentamos mostrar políticas mais amplas de uso de tecnologia que foram incorporadas, de certa maneira, pelo poder público - nacional, estadual ou local -, fazendo uma mudança sistêmica.
BBC Brasil - Projetos brasileiros também concorreram?
Dellagnelo - Sim, mas eles não ficaram entre os 25 finalistas. Acho que uma das razões é o fato de serem voltados a grupos muito específicos. Um era de educação ambiental que usava tecnologia, porém estava muito pautado por visitas presenciais. Um outro, de uma professora de acessibilidade, focava na tecnologia para pessoas com deficiência auditiva.
BBC Brasil - Você foi jurada representando a América Latina. Qual a situação do Brasil no continente em termos de tecnologia educacional?
Dellagnelo - Tem países que estão melhores do que a gente nesse quesito, como Uruguai, Chile e Costa Rica. O Uruguai adotou o projeto Plan Ceibal, cujo lema é "um computador por aluno". É um país superpequeno, de 3,5 milhões de habitantes, parece muito mais fácil fazer isso. Mas esse mesmo projeto, que conta com cento e poucos funcionários, também cuida de toda a tecnologia educacional: compra, distribui e faz manutenção de computadores, além de capacitar professores e fazer parcerias.
O país tinha, por exemplo, um grande problema com professores de inglês na área rural. Fizeram um convênio com o Reino Unido e todas as aulas de inglês são dadas a partir de Londres, com o professor também ali, aprendendo.


Prêmio Unesco
Image captionForam eleitos 143 projetos vencedores da mais recente edição do Prêmio Unesco | Foto: Unesco

BBC Brasil - A experiência chilena é parecida?
Dellagnelo - Lá houve um desenvolvimento diferente. O centro de inovação em educação se chama Enlaces e era uma rede de universidades que fazia pesquisa e experiências em tecnologia educacional. Depois de alguns anos, ele foi incorporado pelo Ministério da Educação como um departamento que só cuida disso. Na Costa Rica, é uma fundação sem fins lucrativos que também recebe a atribuição do governo de cuidar de toda a tecnologia educacional, treinar os professores, comprar computadores e tal.
BBC Brasil - Onde o Brasil está pecando?
Dellagnelo - Não temos essa incorporação em larga escala da tecnologia nas escolas brasileiras. Oferecemos soluções tecnológicas de vanguarda, as empresas brasileiras não deixam nada a desejar nesse ponto, mas temos iniciativas isoladas no dia a dia escolar. Por quê?
Entre outros motivos, a nossa infraestrutura não é a melhor e o nosso professor não sabe incluir a tecnologia na prática pedagógica dele. Um dos diferenciais do projeto marroquino premiado foi a criação, em parceria com a Coreia do Sul, de centros de formação profissional para professores em várias regiões. O Brasil está precisando disso.
BBC Brasil - Para implementar políticas públicas, são necessários bons gestores. Como estamos nessa categoria?
Dellagnelo - Temos excelentes gestores públicos. O problema é que a gestão pública é confundida com a política. Quando há troca de governo, às vezes um excelente gestor vai para um cargo totalmente secundário para dar lugar a um afilhado político. Então há uma desvalorização contínua. Mas fico bastante impressionada quando vou a Brasília e encontro jovens comprometidos e bem formados eticamente. Acho que está surgindo uma nova geração. Se conseguissem diminuir a ingerência política...
BBC Brasil - Professores jovens têm mais facilidade para implementar a tecnologia na sala de aula?
Dellagnelo - Se faz diferença a geração digital do professor? Não necessariamente. Não é pelo fato de usar constantemente a tecnologia na sua vida que um professor jovem vai saber ensinar com tecnologia. Não está correlacionado diretamente com a idade, e sim com se formar para fazer isso.
BBC Brasil - Mas uma aula, hoje, pode ser atraente se o professor usar somente lousa e pincel atômico?
Dellagnelo - Há ótimos professores que não usam muito a tecnologia, mas o que não se pode continuar fazendo é dar aquela aula tradicional na qual o professor transmite o conhecimento e acha que seus alunos estão passivamente absorvendo o conteúdo. Os nativos digitais têm um spam de atenção muito curto. Fala-se em 10 a 15 minutos. Se o professor ficar falando uma hora, eles focarão apenas 25% desse tempo no que ele falou.
Hoje, o que se defende é a aprendizagem ativa, na qual o estudante tem de botar a mão na massa, experimentar, tentar resolver um problema real com aquela informação, com aquele conhecimento, para realmente poder aprender. E tem a questão da contemporaneidade. Os alunos querem que a escola reflita minimamente o que é a vida fora dela, uma vida permeada por tecnologia.


professor com tablet dando aulaDireito de imagemTHINKSTOCK
Image captionProfessores precisam ser capacitados para usar a tecnologia de forma eficiente em sala de aula

BBC Brasil - É preciso recorrer ao que há de mais moderno para cativar a atenção deles?
Dellagnelo - Não é necessário nada muito sofisticado. Fui dar uma palestra no Espírito Santo faz alguns dias e lá havia uma professora de uma escola do interior do Estado que usa um aplicativo gratuito chamado Remind. Essa professora monta a sala dela na plataforma, inclui todos os alunos, cujos e-mails estão cadastrados, e planeja a aula com uma sugestão de leitura. Como praticamente todos os estudantes têm celular, vai fazendo perguntas via smartphone: "Gente, só pra ver se leram mesmo, qual o nome do cara que fez tal coisa?". Pega as respostas, mas não precisa ficar corrigindo uma a uma. O próprio aplicativo diz quantos e quais acertaram.
Aí ela organiza a sala pelos grupos de alunos que sabe que já aprenderam esse conteúdo e para quem ela pode dar uma nova tarefa, e por aqueles que precisam de uma atenção especial. Ou seja, usando um aplicativo gratuito, sem uma infraestrutura do outro mundo, está fazendo uma revolução na educação.
BBC Brasil - Essa interação poderia acontecer apenas no plano virtual?
Dellagnelo: Parece um paradoxo, mas, quanto mais a gente usa a tecnologia, mais a gente valoriza na educação os momentos presenciais. Mas esses momentos presenciais não são apenas transmissão de conhecimento. São reflexão, atividades práticas, colaboração entre os estudantes.
BBC Brasil - E dá para ter só tecnologia, sem professor?
Dellagnelo - Não. Essa é uma coisa que as pesquisas estão mostrando. Três relatórios publicados no final do ano passado mostram que é muito importante colocar a tecnologia na mão do professor, e não direto e somente no colo dos alunos. Entre todas as variáveis, talvez a qualidade do professor e da prática pedagógica dele seja a variável mais forte para associar o nível de aprendizagem da criança e do jovem ao mundo tecnológico. Alguém precisa ensinar a eles as implicações e o funcionamento daquela ferramenta.
BBC Brasil - O aluno precisa entender de algoritmo?
Dellagnelo: A Base Nacional Comum Curricular (documento recém-aprovado pelo Ministério da Educação, com as diretrizes básicas de o que deve ser ensinado nas escolas do país) tem uma competência geral que fala em "utilizar tecnologias de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas do cotidiano, incluindo as escolares, para se comunicar".
O Cieb insistiu que "utilizar" não é suficiente. Tem de compreender e também criar tecnologias. O aluno hoje precisa saber minimamente como programar e entender a lógica da programação. Não é que todo muito vai virar programador, mas o aluno tem de entender o algoritmo por trás de um Facebook, de um Google, para compreender como a tecnologia está recomendando coisas que ele acha mágicas: "Ah, como ele sabia que eu queria comprar isso?" Ao entrar na internet, está se deixando rastro. Esse rastro esta sendo cada vez mais explorado por empresas para o marketing, por exemplo.
BBC Brasil - Inteligência Artificial é um conceito acessível?
Dellagnelo - Sim, o aluno precisa entender o que é Inteligência Artificial, compreender como é alimentada - alguém forneceu aquele dado, às vezes sua própria pegada digital, seu comportamento nas redes sociais. Parece um ambiente neutro. Como eu não vejo um interlocutor na minha frente, posso falar qualquer coisa e a qualquer hora. A pegada digital, a reputação digital são valores que os professores precisam ensinar para os alunos. Tem que ensinar também a usar as redes sociais para fazer mobilizações, para fazer sua voz ser ouvida.
BBC Brasil - Alguns youtubers brasileiros têm cerca de 20 milhões de seguidores entre crianças e jovens. Qual é a melhor estratégia em sala de aula para lidar com a influência deles?
Dellagnelo - A função do professor é ouvir o que esse youtuber está transmitindo e dizer, se for o caso, "vamos aprofundar, vamos discutir isso aqui". A tecnologia permite mais equidade - alunos de diferentes regiões conseguem receber a mesma educação - e contemporaneidade. Mas é o professor quem precisa fazer essa ponte. É papel dele ajudar os alunos a entender esse mundo.
Professor Edgar Bom Jardim - PE