sábado, 4 de novembro de 2017

Os segredos por trás dos milhões de dólares que a China distribui em ajuda pelo mundo

Bandeira da ChinaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionChina patrocinou 5 mil projetos de ajuda nos últimos 14 anos
A China tem uma longa lista de segredos de Estado. Entre eles, a quantidade de pessoas condenadas à pena de morte e a data do aniversário de seus líderes.
Um deles, porém, acaba de ser descoberto: o montante que Pequim destina à ajuda internacional, assim como os países que a recebem.
Até pouco tempo, o gigante asiático era um dos países de destino desse tipo de recurso. Mas, hoje em dia, a China já está em pé de igualdade com os Estados Unidos, um dos países que concede o maior volume de ajuda externa a nações em desenvolvimento.
A assistência se materializa por meio de subsídios ou empréstimos financeiros.
Pela primeira vez, um grupo de pesquisadores revelou os detalhes dessas transações, compilando em uma base de dados informações sobre o dinheiro enviado pela China a países de diferentes continentes, de 2000 a 2014.
Trabalhador chinês | Foto: Paula Bronstein
Image captionAjuda chinesa se materializa por meio de subsídios ou empréstimos financeiros | Foto: Paula Bronstein
Foram documentados, ao todo, 5 mil projetos em 140 países, incluindo o Brasil.

Montante

Os pesquisadores chegaram a uma cifra total de US$ 362 bilhões (R$ 1,19 tri), contabilizando o total de empréstimos, subsídios e contribuições monetárias da China ao mundo, disponibilizados no período de 2000 à 2014.
Embora China e Estados Unidos se equiparem em relação ao montante oferecido, a forma pela qual os fundos são concedidos pelos dois países difere radicalmente.
Dados China e EUA
"A composição desses investimentos tem consequências de amplo alcance", explica Brad Parks, coordenador da pesquisa.
Parks comanda o centro de análise AidData, cuja sede está localizada no Instituto William & Mary, no Estado da Virgínia, nos Estados Unidos.
Para a realização do estudo, sua equipe trabalhou em parceria com a Universidade de Harvard, também nos Estados Unidos, e a Universidade de Heidelberg, na Alemanha.

Segredo descoberto

Os especialistas tiveram que desenvolver uma metodologia própria para encontrar respostas para perguntas que o governo chinês não responde. Neste sentido, seguiram o rastro do dinheiro que saiu de Pequim baseando-se em publicações de diversos meios, documentos oficiais de embaixadas e informações sobre os empréstimos recebidos pelos países destinatários dos fundos.
Porto de Gwadar no PaquistãoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionChina financiou construção do porto de Gwadar no Paquistão
Após reunir os dados, foi possível conhecer o destino final do dinheiro e o impacto que essas operações vêm tendo.
Para Parks, a metodologia utilizada revela o que sempre se quis saber sobre esse universo secreto.
"Mas se o governo chinês realmente quer esconder algo, talvez a gente não consiga descobrir. No entanto, vamos saber se ele realizar uma transferência de um montante considerável", afirma.

Entrega do dinheiro

A maior parte da ajuda financeira concedida pelos Estados Unidos (93%) segue os parâmetros acordados pelos países industrializados: o objetivo principal é contribuir com o desenvolvimento econômico e social da nação que recebe os fundos.
Pelo menos um quarto desse dinheiro é subsídio - e não um empréstimo que precisa ser pago.
Como o dinheiro é gasto?
Já no caso da China, o montante de ajuda internacional é menor. E a quantidade restante é concedida em empréstimos comerciais com juros que têm de ser pagos a Pequim.
"O país quer que o dinheiro emprestado gere retorno financeiro", indica Parks.
O grupo de pesquisadores também descobriu que os subsídios se traduzem em benefícios econômicos para os países que os recebem.
Durante algum tempo, se pensava que os projetos financiados pela China eram concebidos visando unicamente o benefício próprio do gigante asiático. Por exemplo, o investimento em infraestrutura em outros países do mundo contava com mão de obra chinesa. Dessa forma, acreditava-se que não incentivava o desenvolvimento do país que recebia a doação.
Além disso, o estudo coordenado por Parks mostrou que a China é tão capaz quanto qualquer outro país industrializado de gerenciar projetos de ajuda internacional.

Para onde vai o dinheiro?

Desde o ano 2000, os países do continente africano receberam uma boa parcela da ajuda financeira concedida pela China.
Mas a África não é o único destino dos recursos. De hospitais no Senegal a portos no Paquistão e no Sri Lanka, o dinheiro chinês está por toda parte.
Em 2014, último ano analisado pelo estudo da AidData, a Rússia encabeçou a lista de beneficiários de recursos da China. Paquistão e Nigéria completam o topo da lista.
No caso dos EUA, Iraque, Afeganistão e Paquistão foram os países que mais receberam ajuda.
A política desempenha um papel muito importante na distribuição do dinheiro, tanto americano como chinês.
Estudos anteriores revelam como Pequim e Washington tendem a oferecer ajuda para países que geralmente os apoiam nas Nações Unidas.
Mas para a China, a economia é fundamental. Os pesquisadores descobriram que Pequim geralmente se concentra em promover suas exportações ou empréstimos a taxas de mercado. O país asiático quer receber - com juros - o pagamento do dinheiro que emprestou.
Kim Jong-un e sua irmãDireito de imagemAFP
Image captionNos últimos 14 anos, estima-se que a Coreia do Norte recebeu US$ 210 bilhões em ajuda da China

Coreia do Norte

A China é considerada a principal aliada econômica da combalida Coreia do Norte. Mas os dados coletados pela AidData mostraram a existência de apenas 17 projetos chineses no país durante os 14 anos analisados.
Parks refere-se à Coreia do Norte como um "buraco negro da informação" e admite que se trata do único país que ficou fora do radar dos pesquisadores.
No geral, a ajuda que a China oferece ao país liderado por Kim Jong-un não está contabilizada no sistema financeiro global.
De 1960 a 1990, os países industrializados ofereceram empréstimos a taxa de mercado para países em desenvolvimento. Mas esse modelo entrou em colapso porque os receptores dos recursos não podiam pagar juros sobre os créditos que haviam adquirido.
O sistema gerou forte indignação e, consequentemente, a metodologia de concessão de ajuda internacional foi modificada.
"O princípio acordado foi que os países em desenvolvimento não deveriam receber empréstimos com juros, mas a China, que não faz parte dessa coalizão, não age da mesma forma", explica Parks.
"Cada vez mais, países que não querem recorrer ao Fundo Monetário Internacional (FMI) negociam com a China quando têm problemas", diz o pesquisador.
Construção financiada pela ChinaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAcreditava-se que os projetos financiados pela China não incentivavam o desenvolvimento do país que recebia o auxílio | Foto: Carl de Souza/AFP/Getty Images
De acordo com o relatório, os países que receberam empréstimos da China não sofreram dificuldades econômicas, mas também não experimentaram um crescimento significativo.
Os pesquisadores que realizaram o estudo acreditam que essa situação pode mudar nos próximos 10 anos, quando os receptores dos recursos acumularem dívidas que não possam pagar.
Nesse ponto, a China poderia reconsiderar sua estratégia.
Xiaojun Li, pesquisador da Universidade de British Columbia, no Canadá, verificou mudanças na forma como Pequim concede empréstimos.
Segundo ele, a China vem oferecendo, com cada vez mais frequência, dinheiro por meio de instituições multilaterais, como o Banco de Investimento em Infraestrutura Asiática, concorrendo com instituições como o Banco Mundial.

Credor global

Há evidências de que os empréstimos subfinanciados pela China estão prejudicando o sistema financeiro global, fazendo com que os doadores tradicionais reduzam os requisitos para conceder empréstimos.
A partir de dados coletados pela AidData, o economista Diego Hernández descobriu que o papel da China nessas transações econômicas gerou concorrência entre os doadores tradicionais.
"Quando um país africano recebe assistência chinesa, o Banco Mundial impõe menos exigências para conceder o dinheiro. Um aumento de 1% na ajuda proporcionada por Pequim faz com que a instituição multilateral flexibilize seus requisitos em 15%", indica Hernández.
Mapa mostra para onde a China envia ajuda
Algumas pessoas questionam a ajuda financeira fornecida pela China, uma vez que permitiria a alguns países se esquivar de reformas democráticas. Ao recorrer ao gigante asiático, eles evitam o escrutínio dos doadores ocidentais.
Um exemplo recente é o Camboja. Várias ONGs e meios de comunicação independentes foram censurados porque os líderes chineses fortaleceram os laços com as autoridades chinesas e ignoraram as demandas dos Estados Unidos para realizar eleições.
Xiaojun Li também analisou as mudanças na África como resultado dos empréstimos da China.
Mapa mostra para onde os EUA enviam ajuda
Segundo ele, as reformas democráticas diminuíram porque esses países perceberam que podem recorrer à China e evitar cumprir as exigências políticas impostas pelos países ocidentais.
"Muitos países africanos recebem a assistência de Pequim, ou pelo menos estão felizes em ter alternativas", conclui Li.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

I Conferência de Igualdade Racial de João Alfredo foi um sucesso




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sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Músicos bonjardinenses prestam homenagens no cemitério


O público que visitou o cemitério da cidade de Bom Jardim, na manhã desta quinta-feira (02), Dia de Finados, se emocionou com a presença voluntária dos músicos Mac Sedícias, Claudio Barros e Geová Gomes, que levaram uma mensagem musical de paz e espiritualidade para familiares, amigos, todos. Vivos e mortos foram homenageados.


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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Ministra de Temer fez gol contra ao reclamar de salário

Reprodução
A ministra dos Direitos Humanos havia entrado com uma ação requerendo que pudesse receber integralmente o salário como ministra

Após a polêmica sobre o pedido apresentado ao governo para acumular seu salário como ministra dos Direitos Humanos com sua aposentadoria como desembargadora, Luislinda Valois (PSDB) informou nesta quinta-feira (2) que desistiu da ação. O acumulo de dois soldos gerariam um vencimento bruto de R$ 61,4 mil à Luislinda.
Atualmente, o teto do funcionalismo público é de R$ 33.763, valor equivalente ao salário de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido de Luislinda, com teor de 207 páginas, foi publicado na manhã de hoje (quinta-feira, 2) pelo jornal O Estado de S. Paulo. No documento, ela reclamava que, por causa do teto constitucional, só podia ficar com R$ 33,7 mil do total das rendas.
Para a ministra, a situação, “sem sombra de dúvidas, se assemelha ao trabalho escravo, o que também é rejeitado, peremptoriamente, pela legislação brasileira desde os idos de 1888 com a Lei da Abolição da Escravatura”.
Diante da repercussão, a ministra voltou atrás. “Considerando o documento sobre a situação remuneratória da ministra Luislinda Valois, o Ministério informa que já foi formulado um requerimento de desistência e arquivamento da solicitação”, disse por meio se sua assessoria.
Por conta da regra sobre o teto remuneratório, nenhum servidor pode ganhar mais do que um ministro do Supremo. Neste caso, como já recebe R$ 30.471,10 como desembargadora, seu salário de ministra cai para R$ 3.292 brutos. Luislinda é filiada ao PSDB e assumiu a pasta em fevereiro deste ano, por nomeação de Temer.
Em entrevista à Rádio Gaucha, antes de ter voltado atrás da decisão, a ministra afirmou que é seu direito fazer petição e justificou: “Recebo aposentadoria porque trabalhei mais de 50 anos e paguei todas as minhas obrigações previdenciárias. Isso não se discute porque é direito adquirido. Moro em Brasília, trabalho de 12 a 14 horas por dia, de segunda a segunda, e recebo um salário (de ministra) de menos de R$ 3 mil. O Brasil está sendo justo comigo? Citei a escravidão porque (na época) não se tinha salário nem nada. Fiz alusão a um fato histórico”.
Sobre as críticas por mencionar o trabalho escravo apesar de receber o salário mais alto permitido por lei, Luislinda afirmou que tem contas a pagar e quer “ter uma vida um pouco mais digna” e “um salário mais justo” pela função que exerce. “Como vou comer, beber e calçar? Só no meu IPTU em Brasília pago mais de R$ 1 mil. E tenho meu apartamento em Salvador, que pago uma pessoa para cuidar. Sou aposentada, poderia me vestir de qualquer jeito e sair de chinelo na rua, mas, como ministra de Estado, não me permito andar dessa forma”, sustentou.
De acordo com o Código Penal, trabalho escravo é aquele que submete o trabalhador a “trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”.
A comparação da ministra utilizada como argumento na petição, sobre “trabalho escravo”, ocorre dias após o governo publicar uma polêmica portaria mudando os conceitos do trabalho escravo. Criticada nacional e internacionalmente, inclusive por entidades como o Ministério Público do Trabalho e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a medida havia sido publicada no Diário Oficial da União de 16 de outubro, mas a ministra Rosa Weber, do STF, acatou ação do partido Rede Sustentabilidade contra a portaria. A portaria é uma das medidas de Temer para agradar aos deputados ruralistas que votaram sua denúncia.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Incêndio atinge cemitério em Caruaru


Na tarde deste Dia de Finados (1), um incêndio atingiu o cemitério Dom Bosco, em Caruaru, Agreste de Pernambuco. As chamas foram causadas por velas, e controladas por funcionários da necrópole. Ninguém se feriu.

O Corpo de Bombeiros fez o rescaldo do incêndio, na área externa da capela do cemitério, onde funciona o velário (local onde se colocam as velas) e informou que não houve maiores danos e não comprometeu a estrutura do prédio. A capela não foi atingida.

A Prefeitura de Caruaru disse que o incêndio começou por volta das 17h e que avaliará, nesta sexta (3), a necessidade de obras para recuperar o local.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

O gigantesco 'mar de lixo' no Caribe com plástico, animais mortos e até corpos


Lixo acumulado no Mar do Caribe
Image captionImagens da 'ilha de lixo' no Mar do Caribe viralizaram recentemente | Foto: Cortesia de Caroline Power
Latas, potes, talheres de plástico, roupas velhas, seringas e até animais mortos...
Essa é a cena típica de qualquer lixeira. Mas esta não uma lixeira qualquer.
Trata-se de uma ilha de lixo que flutua no Mar do Caribe, entre as costas de Honduras e Guatemala, um camada de objetos descartados que periodicamente chega às praias e que, ultimamente, tornou-se uma fonte de tensão nas relações bilaterais entre os dois países.
Embora não seja um fenômeno novo, ele é desconhecido de grande parte da comunidade internacional. Até por isso, as imagens do "mar de lixo" no norte de Honduras viralizaram nas redes sociais nas últimas semanas.
A fotógrafa britânica Caroline Power publicou várias fotos que mostravam as águas próximas à ilha turística de Roatán, cobertas de uma massa de detritos de todos os tipos.
Homem mergulha em mar de lixo
Image captionOs governos da Guatemala e de Honduras fizeram uma reunião para tentar resolver o problema | Foto: Cortesia de Caroline Power
Após a publicação das fotos e a chegada do lixo flutuante em vários municípios da costa norte hondurenha, ambos os governos realizaram uma reunião para discutir possíveis soluções para o imbróglio que se estende há mais de três anos, de acordo com as autoridades locais.
Mas as conversas ficaram mais tensas em um ponto fundamental: quem é o principal responsável pelos derramamentos?
De um lado, Honduras acusa seu vizinho de causar a poluição que atinge as praias de Omoa, Puerto Cortés e as Ilhas da Baía. Do outro, a Guatemala diz que é o país vizinho que derrama o lixo que o afeta.
Após as reuniões bilaterais, o governo de Tegucigalpa deu a seu vizinho guatemalteco cinco semanas para controlar os vazamentos.
Caso contrário, dizem, eles recorrerão a organizações e tratados internacionais.

Os efeitos

Carlos Fonseca vive há 60 anos na comunidade de Travesía, no município de Puerto Cortés, no norte de Honduras, e diz que há alguns anos passou a ser rotina limpar o lixo que chega à sua casa.
"Nas estações chuvosas, limpamos logo cedo e à tarde está cheio de lixo de novo, como se não tivéssemos feito nada. São pilhas e pilhas de lixo por todos os lados", conta à BBC Mundo.
Fonseca diz que são os vizinhos que, na maioria dos casos, são encarregados de limpar o lixo que chega à praia, ante a passividade das autoridades municipais.
Mar coberto de lixo
Image captionMateriais de plástico se acumulam em 'ilha de lixo' próximos à Roatán, ilha turística de Honduras | Foto: Cortesia de Caroline Power
"É uma situação infeliz, porque é lixo, traz doenças. Não sei se é daqui ou da Guatemala, mas para a gente é um pesadelo", diz ele.
José Antonio Galdames, ministro dos Recursos Naturais e Meio Ambiente de Honduras, disse à BBC que o problema do lixo que chega ao país está se tornando "insustentável" não só para o município de Omoa, um dos mais afetados, mas também para algumas ilhas e praias que constituem alguns dos principais destinos turísticos da nação centro-americana.
Na opinião do ministro, a presença de detritos flutuantes tem um impacto negativo em quatro dimensões básicas, pois gera danos ambientais, ecológicos, econômicos e de saúde.
"As pessoas não querem ir à praia porque têm medo da contaminação. Não é bom se deitar em uma areia onde você coloca suas costas e há uma agulha embaixo, ou você entra na água e fica com medo de encontrar algo contaminado", afirma.
Lixo no mar do Caribe
Image captionOs governos de Honduras e Guatemala fizeram acusações mútuas sobre a origem do lixo | Foto: Cortesia de Caroline Power
Ian Drysdale, engenheiro ambiental que coordena uma iniciativa para a proteção do Sistema Arrecifal Mesoamericano, garante que essa barreira de coral, a segunda maior do mundo, é uma das principais afetadas pelo lixo.
"Devido aos movimentos das correntes marinhas, isso pode ter um impacto negativo em toda a barreira, tanto na parte que pertence a Honduras quanto na que pertence à Guatemala. Eu já encontrei lixo diversas vezes na região dos recifes de coral", conta à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Atrás do 'culpado'

Mas de onde vem tanto lixo?
Galdames diz que por trás da poluição atual está o lixo que arrasa o rio Motagua, que atravessa a maior parte da Guatemala e desemboca em Honduras.
"A maior parte da bacia do Motagua está no lado guatemalteco. Dos 95 municípios que estão ao longo do rio, 27 estão despejando resíduos sólidos. Nós temos apenas 3 municípios que fazem fronteira com o rio. Por isso, 86% das descargas provêm deles", diz o ministro hondurenho.
Lixo flutuando
Image captionAutoridades dizem que a 'ilha de lixo' causa uma série de problemas ambientais, ecológicos, econômicos e de saúde | Foto: Cortesia de Caroline Power
Ele acrescenta que, quando as autoridades de seu ministério realizam inspeções, geralmente encontram objetos escritos "Made in Guatemala".
Mas isso, afirma, não é o pior.
"Estamos recebendo roupas, plástico, lixo hospitalar, objetos manchados com sangue, agulhas, seringas, animais e até mesmo corpos humanos", diz.
A versão do ministro indica que, na ausência de aterros na maioria dessas comunidades na Guatemala, na época de chuvas, a água drena o lixo para o rio, que o leva ao mar e depois, pelo movimento das correntes marinhas, se move para alguns municípios e ilhas de Honduras.
Rafael Maldonado, do Centro de Ação Jurídica Ambiental e Social da Guatemala, apoia essa teoria e acrescenta que, por trás dessa situação, há políticas equivocadas de sucessivos governos do país.
"A responsabilidade por este conflito do lixo é do governo guatemalteco, que durante anos evitou tomar medidas para evitar novos despejos nos rios", diz ele.
De acordo com o especialista, para evitar o investimento público milionário para criar um sistema capaz de evitar que o lixo termine nos rios, as autoridades da Guatemala adiam desde 2006 um regulamento para evitar a contaminação do Caribe.
"O que está acontecendo em Honduras é o resultado de uma má gestão ambiental na Guatemala. Honduras está recebendo o lixo de grande parte da Guatemala, incluindo a capital, que despeja seu lixo no rio Motagua e o leva para o mar. Isso acontece há anos e os governos não deram qualquer importância para não ter que fazer o investimento necessário", diz ele.
Lixo flutuando no mar do Caribe
Image captionApós as reuniões bilaterais, o governo de Tegucigalpa deu a seu vizinho guatemalteco cinco semanas para controlar os vazamentos | Foto: Cortesia de Caroline Power
No entanto, o Ministro do Meio Ambiente da Guatemala, Sydney Alexander Samuels, considera que seu país está tomando as medidas necessárias para controlar os despejos no Caribe e garante que os rios hondurenhos são os principais responsáveis ​​pela atual situação.
"As acusações só levam em conta a parte da Guatemala. Eles também devem considerar o que estão fazendo. Eles têm um rio lá, o Chamelecón, que é praticamente um esgoto de Puerto Cortés e San Pedro Sula. A maior parte do lixo que chegou a Roatán é de Honduras", disse ele à BBC Mundo.
Samuels sustenta que seu governo nunca recebeu informações sobre a citada descoberta de corpos humanos entre no lixo transportado pelo rio.
"Eu nunca ouvi falar de cadáveres humanos lá. Se for esse o caso, teria que ser investigado de onde eles vieram. Eu não tinha ouvido isso", diz ele.
"Sim, nós contaminamos o Mar do Caribe através do rio Motagua. Mas eu esclareço que não é só o Motagua, mas também Chamelecón e Ulúa (dois rios de Honduras), e também asseguro que no próximo ano já não estaremos transportando lixo para esse mar, pois teremos toda a infraestrutura para que isso não aconteça", afirma.
O engenheiro ambiental consultado pela BBC, por outro lado, também acredita que Honduras tem responsabilidade no atual "mar de lixo".
"Há muitas comunidades em Honduras que não tem nem sequer um caminhão para coletar o lixo. A gente despeja o lixo nos rios e mais de 80% dos rios hondurenhos fluem para o Mar do Caribe. Esse costume de culpar o outro pela sua responsabilidade é muito comum. Acho que o problema do lixo é de todos", diz ele.
Lixo flutuando no Mar do Caribe
Image captionO lixo flutuante chega a várias localidades da costa norte do Caribe | Foto: Cortesia de Caroline Power

Pressões e soluções

Além da disputa em torno das responsabilidades, outro tema que gera polêmica entre os dois países são as possíveis soluções para essa situação.
O ministro do Meio Ambiente de Honduras, embora não queira ignorar o trabalho do país vizinho para conter o despejo, questiona que as propostas da Guatemala estão orientadas "a médio e longo prazo".
"Eles estão falando sobre as soluções que entrarão em vigor em 2018. Mas nós pedimos para que eles tomem medidas imediatas: limpar os rios, limpar as praias, parar de jogar o lixo nos rios e fechar os despejos clandestinos. E que estabeleçam um sistema de alerta precoce para que possamos estar preparados para saber que o lixo chegará", diz ele.
"Não estamos à procura de problemas, não estamos à procura de ações judiciais. Estamos procurando responsabilidades comuns, mas diferenciadas, esse é o princípio. Se você tiver responsabilidade em 86% dessa bacia, deve ser sua responsabilidade procurar uma solução", acrescenta.
Galdames afirma que, se ele não receber uma resposta positiva até o final de novembro, seu país tomará medidas antes das organizações internacionais.
Ilha de lixo no mar do Caribe
Image captionAlém da disputa de responsabilidades, outro tema que gera polêmica entre os dois países são as possíveis soluções para essa situação | Foto: Cortesia de Caroline Power
"Se eles não fizerem nada em cinco semanas, nos reservamos o direito de proceder de acordo com o estabelecido nos acordos internacionais que existem em águas marítimas, áreas de fronteira compartilhada e todos os acordos internacionais relacionados à proteção da diversidade biológica", diz.
Mas do lado guatemalteco, medidas imediatas não são contempladas.
"Eu acredito que não há moral aqui para estar falando sobre isso que eles vão processar a Guatemala ou que eles querem compensação, como eles tentaram mencionar, porque eu acredito que os rios deles são os que estão despejando. Nós já estamos agindo e vamos resolver esse problema até agosto do ano que vem. Não sei o que Honduras está fazendo. Honduras não está fazendo absolutamente nada", disse o ministro Samuels.
Lixo flutuando
Image captionGuatemala diz que vai controlar o despejo de lixo no mar do Caribe a partir do próximo ano | Foto: Cortesia de Caroline Power
"Com que moral eles vêm nos dizer que querem medidas de curto prazo. O que eles querem? Concretamente, não há respostas. O curto prazo é agosto de 2018. Eles não têm nada, nem curto, nem médio, nem longo ou qualquer coisa. Essa é a questão que precisa ser esclarecida", acrescenta.
Mas enquanto o fim da disputa sobre o despejo de lixo entre os dois países ainda é incerto e se contemplam soluções a nível governamental, um rio silencioso de lixo flutuante continua a chegar às praias de Honduras.
"Agora, chegou uma frente fria e isso vai trazer mais chuva. E sabemos que quando chove a praia fica cheia de lixo. É assim há anos", diz Carlos Fonseca, da comunidade de Travesía.
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quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Dr. Drauzio Varella falará sobre estresse durante palestra em Vitória de Santo Antão


As causas e efeitos do estresse no comportamento da sociedade serão foco da palestra do médico Drauzio Varella, no dia 22 de novembro, em Vitória de Santo Antão, na Mata Norte do Estado. Ele será o palestrante principal da ExpoFacol 2017, que será realizada até o dia 24 de novembro na Faculdade Escritor Osman da Costa Lins (Facol).

A programação do evento inclui debates, minicursos e exposição de projetos. O objetivo é promover a interação entre pesquisadores, estudantes e profissionais de áreas diversas para fomentar o conhecimento e a inovação. As inscrições custam R$ 150,00 e podem ser feitas no site do evento.

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Também participarão do evento o especialista em Relações Internacionais e cônsul da República de Malta no Recife, Thales Castro; o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho 6ª Região, Sérgio Torres Teixeira , e o músico e professor Silvério Pessoa, que fará uma aula-show no encerramento.

ServiçoExpoFacol 2017 – Congresso Multidisciplinar
FACOL – Faculdade Osman Lins, Vitória de Santo Antão/PE
22 à 24 de novembro
Preço: R$ 150,00
Com FPE
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