segunda-feira, 30 de outubro de 2017

China quer hospital no Brasil

CHIOU O presidente da China, Xi Jinping, adiou reunião dos Bric para assistir ao vivo jogo da final (Foto: Getty Images)
A China, maior parceira comercial do Brasil, tem planos de instalar no estado de São Paulo um hospital com 250 leitos, UTI com 50 leitos e sete centros cirúrgicos  para atender as redes pública e particular de saúde. O local, de acordo com o projeto, também abrigará um centro de lazer, creche – em que serão ministradas aulas de mandarim – e supermercado. O assunto foi tratado na manhã desta segunda-feira (30) num encontro entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o vice-ministro da Saúde chinês, Wang Guoqiang.
O que o presidente da China, Xi Jinping, pretende com uma iniciativa como essa é exportar a tradicional medicina do país asiático mundo afora, algo que vá além da acunpuntura.
O secretário de Saúde de São Paulo, David Uip, manterá conversas com representantes do governo chinês para dar prosseguimento ao projeto de criação do hospital. O projeto leva o nome de um famoso médico chinês chamado “Hua Tuo”. Com informações de época.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

MPF recomenda que recursos do FUNDEF sejam usados exclusivamente para ed...

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Nunca mais pegue numa bola para cobrar uma penalidade

Desastroso. Assim pode ser definida a derrota do Sport neste domingo (29) para o Coritiba por 4x3, na Ilha do Retiro. Com dois pênaltis perdidos, o Leão caiu diante de um concorrente direto na luta contra o rebaixamento. Apesar do revés, os rubro-negros permanecem na 15ª colocação, com 35 pontos, mas com a mesma pontuação dos 17º colocado, a Ponte Preta.

E se era gol que o torcedor queria ver, foi gol que ele viu. No total, quatro somente no primeiro tempo. No seu retorno como interino, o treinador Daniel Paulista armou o Sport de forma tradicional, com dois volantes, três meia, sendo dois abertos e um central, e um homem de referência. Mas o começo não foi fácil. Sonolento, o Leão parecia desmotivado para o jogo. E com apenas cinco minutos, o Coritiba abriu o placar. Em escanteio cobrado, Magrão e Henriquez falharam e Werley subiu para abrir o placar de cabeça. O gol acabou acordando os mandantes, que passaram a criar e só não empataram logo porque Diego Souza perdeu um pênalti aos 23 minutos. Porém, o craque leonino se redimiu aos 29, quando aproveitou escanteio de Samuel Xavier para cabecear e empatar a partida.

Tudo se encaminhava para uma virada leonina, mas aos 39, outra falha e novo gol curitibano. Após rebote de Magrão, Ronaldo Alves tentou afastar, mas chutou no pé de Henrique Almeida e a volta entrou. O abatimento não atingiu os rubro-negros, que dois minutos depois conseguiram chegar ao empate com um golaço. Em bola cruzada por Rogério, André pegou de primeira e acertou um lindo chute: 2x2.

Na volta para o segundo tempo, o Coritiba recuou e o Sport era senhor do jogo. Assim, conseguiu virar a partida aos 16 minutos. Em bela jogada de Osvaldo, Diego Souza aproveitou o cruzamento para fazer 3x2 e incendiar a Ilha. Aos 28 minutos, a chance de praticamente matar o duelo. Em novo pênalti, Diego Souza parou novamente em Wilson, perdendo inclusive o rebote. O castigo veio quatro minutos depois. Em nova falha de Magrão, Jonas pegou o rebote e deixou tudo igual. Mas o pior estava por vir. Aos 45, Yan penetrou na zaga leonina e bateu rasteiro para fazer 4x3 e fechar a conta na frustrada Ilha do Retiro. Com informações de  Folha de Pernambuco.
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Por que torcedores chamam Gilmar Mendes(STF) de ladrão ?

Durante o clássico São Paulo X Santos, no sábado 28/10//2017, no Pacaembu, em São Paulo , os torcedores hostilizaram o juiz do STF, ao ser chamado de "lardão, ladrão, ladrão, ladrão". 
Fonte:JC.
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domingo, 29 de outubro de 2017

Como a Bolívia se tornou o país que mais cresce na América do Sul


Prédios bolivianosDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBolívia cresce a uma média de 5% há mais de cinco anos | Foto: Getty Images

A Bolívia está há mais de uma década crescendo a uma média anual de 5% – muito superior à dos Estados Unidos e à dos países sul-americanos.
Apesar da crise no preço das commodities, o governo boliviano conseguiu manter o ritmo e foi cuidadoso para não desperdiçar o dinheiro que entrou após a nacionalização do gás e do petróleo em 2006.
O país tem crescido muito graças às exportações de gás natural que vende ao Brasil e à Argentina, o que gera o risco de ancorar seu crescimento a esse recurso. E, embora tenha feito esforços para diversificar a economia (com a venda de diesel, estanho e soja), permanece a pergunta de quanto tempo vai conseguir sustentar seu modelo de desenvolvimento.
Apesar disso, o crescimento ocorrido nos governos do presidente Evo Morales, que está no poder há mais de 10 anos, tem sido chamado de "milagre econômico boliviano".

EdificioDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAnalistas do FMI, economistas bolivianos e até a oposição concordam que política econômica de Evo é eficaz | Foto: Getty Images

No ano passado, a Bolívia cresceu 4,3%, sendo seguida por Paraguai (4,1%) e Peru (4%). A lista segue com Colômbia (2%), Chile (1,6%) e Uruguai (1,5%).
O desempenho foi bastante alto se comparado ao dos Estados Unidos, que cresceu apenas 1,5%, e com a América Latina, que teve uma retração de 0,9%. O Brasil teve retração de 3,6% em 2016.
No campo político, a gestão de Evo tem sido elogiada por suas reformas inclusivas, mas duramente criticada por suas supostas tendências autoritárias, casos de corrupção e o nascimento de uma chamada "burguesia aymara" – em referência ao povo indígena do qual Evo faz parte.
Embora haja posições distintas em relação à atuação política do governo Morales, sobre a condução da economia os especialistas nacionais e internacionais convergem.
Segundo eles, estes são os três pilares do sucesso econômico da Bolívia:

1. Gás e petróleo

Em 2006, quando Evo Morales decretou a nacionalização dos hidrocarbonetos (como gás e petróleo), a economia boliviana entrou em uma nova era.
Essa fase incluiu, em alguns casos, a transferência de empresas privadas para as mãos do Estado e, em outros, a renegociação de contratos com empresas estrangeiras que continuaram operando no país.
Uma dezena de multinacionais assinaram novos contratos com a estatal YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), concordando em pagar uma taxa de entre 50% e 85% sobre o valor da produção, entre outras coisas.

Trabalhadores da indústria do gásDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEm 2006 o governo renegociou os contratos de petróleo e gás com as empresas estrangeiras | Foto: Getty Images

"O governo aumentou consideravelmente as receitas do Estado", diz o economista Luis Pablo Cuba, professor convidado da Universidade Mayor de San Simón.
"A nacionalização e o imposto direto cobrado sobre os hidrocarbonetos foram alguns dos principais elementos que explicam o alto crescimento econômico", afirma.
A alta nas receitas foi acompanhada de fortes investimentos públicos e de um modelo de desenvolvimento produtivo baseado na demanda interna.

2. Investimento planejado

"Nos últimos 14 anos, o crescimento econômico foi impulsionado principalmente pelo explosão dos preços das matérias-primas, pelo aumento de impostos, pelos significativos investimentos públicos e pelo alto gasto em políticas sociais", disse um porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI) à BBC Mundo.
"Durante a explosão das commodities, a pobreza diminuiu e o governo sabiamente guardou uma parte dos recursos, construindo uma grande reserva financeira'", afirma.

Gás naturalDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO gás natural é a principal fonte de receitas da Bolívia; governo mantém contratos de longo prazo com cotação fixa | Foto: Getty Images

Essa poupança passou de US$ 700 milhões para US$ 20 bilhões, o que permitiu ao governo absorver o impacto da queda nos preços a partir de 2014.
A liderança da Bolívia no crescimento na América do Sul deve ser mantida neste ano e no próximo, segundo as projeções do FMI.

La PazDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO FMI prevê que o país deverá crescer 4,2% neste ano e 4% no próximo | Foto: Getty Images

Uma análise da economista Nicole Laframboise, publicada no blog do órgão, sugere que outro fator importante foi a queda no uso de dólares (que costumava ser usado em vez da moeda local) há cerca de dez anos.
"Isso ajudou a melhorar a efetividade da política monetária, contribuiu para a estabilidade do setor financeiro e permitiu que mais bolivianos tivessem acesso a crédito e a serviços financeiros", disse a economista.

3. Estabilidade

Tanto economistas do FMI quanto analistas locais concordam que a estabilidade social contribuiu para o crescimento econômico.
Entre 2001 e 2005, a Bolívia teve cinco presidentes e um clima de alta polarização e conflito. O início do mandato de Evo também teve momentos complicados, como o processo constituinte e a oposição política se entrincheirando nas regiões ricas do país.
Mas o radicalismo dos primeiros anos foi diminuindo.

Evo MoralesDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEvo Morales está no poder na Bolívia há mais de dez anos; críticos falam em aumento da corrupção, mas admitem estabilidade | Foto: Getty Images

A isso se somam indicadores de inclusão social que favorecem a estabilidade. A pobreza diminuiu consideravelmente. Em 2004, 63% da população era pobre. Em 2015, esse índice passou a 39%.
A distribuição de renda também melhorou nesse período, de acordo com dados do FMI. A Bolívia passou de país mais desigual da América do Sul a uma posição média no continente.
Esses sucessos beneficiaram a imagem internacional de um país governado por um partido composto por organizações sindicais e centrais agrárias indígenas e camponesas – e que negociaram com o governo um acordo para evitar uma crise.

BolivianaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO percentual de pobres no país passou de 63% em 2004 a 39% em 2015 | Foto: Getty Images

Adversários políticos do governo criticam o fato de alguns grupos foram excessivamente favorecidos pela entrada de dinheiro e que o crescimento, apesar de trazer benefícios, trouxe também a corrupção de políticos da situação.
Mesmo assim, a oposição reconhece que Evo tem tido uma política econômica segura e pragmática apesar do seu discurso radical - que inclui, por exemplo, a venda de gás através de contratos de longo prazo com cotação fixa, o controle da inflação e a manutenção das reservas fiscais.
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Encontro da Diversidade em Bom Jardim neste domingo

O primeiro Encontro da diversidade  será realizado no Club Pau D'arco de Bom Jardim.
O coordenador geral do evento Laurivan Gomes, convida todos para se fazerem presentes. O evento começa às 13 horas. Haverá um desfile nas ruas do centro da cidade. Um trio elétrico vai animar os participantes com músicas e palavras de ordem em defesa do movimento. Nós queremos paz e respeito, diz Laurivan. 
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Caminhão pega fogo com carga de gesso


Um caminhão que transportava gesso pegou fogo na manhã deste sábado (28), na BR-428, próximo a Serra da Santa, em Petrolina, Sertão de Pernambuco. Segundo o Corpo de Bombeiros e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o fogo começou por problemas na roda do veículo e logo se alastrou pela cabine.
O motorista conseguiu descer sozinho do caminhão, sem se ferir. Os Bombeiros conseguiram conter as chamas, mas o veículo ficou 20% queimado. As chamas destruíram, inclusive, os documentos e objetos pessoais do condutor. 
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Prefeitura de Bom Jardim realiza construção de calçamentos de ruas em Bizarra




O prefeito de Bom Jardim, João Lira (PSD), visitou obras de calçamento de ruas no distrito de Bizarra, neste último final de semana de outubro 2017. Lira quer inaugurar  obras, mostrar para população que vem trabalhando. A estratégia é de um final de ano positivo, mostrando ações de concreto e cimento. Declarou recentemente que tem mais de R$ 4 milhões em caixa para pagar fornecedores, funcionários e fazer obras. Veja mais FOTOS aqui em LEIA MAIS.
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As diferenças - e semelhanças – entre o separatismo do sul do Brasil e o da Catalunha



Apoiadores da separação da região sul do BrasilDireito de imagemBBV
Image captionApoiadores da separação da região sul do país (Crédito: Divulgação)

Enquanto o governo espanhol tenta suprimir a insurgência da Catalunha, no Brasil um grupo de separatistas se mobiliza para fazer um plebiscito pela "independência do sul" nas eleições de 2018. O que esses grupos em contextos tão distintos podem ter em comum?
Na última sexta-feira, o governo espanhol anunciou que, pela primeira vez na história democrática do país, assumirá o controle direto sobre a Catalunha, em reação à declaração de independência feita uma hora antes pelo Parlamento catalão. O premiê espanhol, Mariano Rajoy, anunciou a destituição da liderança catalã, a dissolução do Parlamento regional e a convocação de eleições locais para 21 de dezembro.
A "independência" da Catalunha havia sido aprovada em um controverso plebiscito em 1º de outubro não reconhecido pelo governo espanhol. Pouco mais de 2 milhões de pessoas (43% do eleitorado) votaram. De acordo com cálculo do próprio movimento, 90% dos votantes foram a favor da independência. A região tem 7,3 milhões de habitantes.
No fim de semana seguinte, a cerca de 8 mil km de distância dali, uma outra votação foi convocada para saber a opinião da população sobre separar outra região, desta vez no Brasil. A organização "O Sul é Meu País" realizou uma consulta informal nos Estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná sobre a possibilidade de se separar do resto do Brasil, o chamado Plebisul.
O grupo ficou nacionalmente conhecido no começo do ano com a circulação de um "mascote" do grupo chamado Sulito, que virou alvo de piada nas redes sociais. A organização do Sul é Meu País afirma que Sulito foi uma "brincadeira de internet" e não é o mascote oficial do grupo, apesar de reconhecer que ele ajudou a divulgar a ideia.


Sulito
Image captionApesar de ter divulgado ideia do grupo, Sulito não é mascote do O Sul é Meu País (Crédito: O Sul é Meu País)

Na consulta, os participantes deveriam responder à pergunta "Você quer que o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formem um país independente?".
Para realizar o processo, foram espalhadas urnas em locais públicos em cerca de 900 cidades dos três Estados com um custo de R$ 25 mil, segundo o próprio grupo.
A expectativa era a participação de ao menos 1 milhão de pessoas. Em 2016, 616 mil eleitores participaram do mesmo plebiscito. No dia 7 de outubro, porém, 340 mil pessoas responderam à pergunta e 95,74% disseram ser favoráveis à separação. Isso corresponde a menos de 2% do número de eleitores nos três Estados, que é de 21 milhões, segundo o Tribunal Superior Eleitoral.

Diferenças

A participação modesta do separatismo sulista é considerada uma das principais diferenças entre os dois movimentos, segundo especialistas.
"Não consigo ver um movimento sério com menos de 2% dos eleitores participando, na Catalunha foi 43%", diz Luis Augusto Farinatti, professor de História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) especializado em fronteira sul do Brasil.
"Não vejo esse sentimento separatista difundido, sério, engajado no Sul como o da Catalunha, que vem há muito tempo, foi alimentado pelo regime franquista e agora estourou. Aqui, a reativação do separatismo é um reflexo de movimentos mundiais, mas é um pálido reflexo", explica.
"O movimento do sul do Brasil ainda é muito fraco, quase simbólico e anedótico, com uma participação de 300 e poucos mil sulistas em uma população estimada de 30 milhões, tem muito pouco impacto", diz Paulo Velasco, professor de Política Internacional na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Celso Deucher, um dos fundadores do Sul é Meu País, defende a validade do Plebisul e diz que a menor participação em relação a 2016 se deve ao fato de que neste ano foi pedido que os participantes assinassem um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) para propor um plebiscito consultivo junto às eleições de 2018 sobre o tema "independência do Sul". "Acreditamos que a população do sul de fato apoia a proposta", disse à BBC Brasil.


Eleitores durante Plebisul
Image captionEleitores votam em consulta popular sobre separação da região sul (Crédito: O Sul é Meu País)

Deucher afirma que a organização foi criada em 1992 em Laguna (SC), "terra da Anita Garibaldi, uma terra especial para nós do sul", diz. Anita foi companheira do guerrilheiro italiano Giuseppe Garibaldi - ambos lutaram pela independência de diversos Estados na península itálica e também na Guerra dos Farrapos.
Ele também rejeita a acusação de que movimentos separatistas do sul do país se baseaiam em discursos xenófobos e/ou racistas que defendem algum tipo de superioridade do "povo sulino" com base na forte imigração europeia na região. Segundo Deucher, o Sul é o Meu País é contra qualquer tipo de discriminação.
"Existe uma diferença cultural [do sul em relação ao resto do país], mas nunca defendemos questões étnicas. Nós não temos problema com povo nenhum do Brasil, o nosso problema é com Brasília", diz.
"A nossa identidade é mais no sentido de que nos consideramos povo e portanto somos nação, se somos nação, temos direito a criação de um Estado que nos represente. O Brasil nunca foi nação, sempre foi um Estado. Se o Brasil se considera nação, porque o Sul também não pode?", defende Deucher.
Em um artigo publicado no The International Journal of Human Rights sobre os aspectos legais e econômicos dos movimentos separatistas do sul e do sudeste do Brasil, Alexandre Andrade Sampaio, advogado mestre em Sociologia de Direitos Humanos pela London School of Economics (LSE) afirmou que as pessoas dessas regiões não podem ser consideradas povos e, portanto, não teriam legitimidade para exigir a separação.
"O direito internacional, segundo nossa interpretação [dele e do coautor do estudo Luís Renato Vedovato], reserva o direito de autodeterminação para povos. Não estou dizendo que não existam povos no sul, mas a argumentação de que existe um povo uníssono é falha", disse à BBC.
"A lei internacional que fala sobre autodeterminação possibilita de forma muito mínima a separação em casos muito extremos de completo desrespeito às vontades políticas de povos ou em caso de sistemática violação de direitos humanos", explica.
"Você começa a falar de culturas diferentes querendo se desvencilhar de estados e formar novos por interesses puramente econômicos. Todas as regiões poderiam fazer isso apenas por ter culturas diferentes, criando um regime internacional extremamente xenófobo, separatista sem equiparação de padrões de vida", afirma.
Sampaio argumenta que a separação do sul do país pode ser considerada inconstitucional e ilegal. "O Estado é composto pela indivisão dos Estados", diz. "O Supremo Tribunal Federal (STF) entende que povo é população brasileira. A separação do Estado só pode ser feita por um povo". "As pessoas têm o direito de se expressar, eu não vejo ilegalidade no sentido de liberdade de expressão, mas se for se basear no sentido constitucional, o movimento é inconstitucional".
Para Paulo Velasco, professor de Política Internacional na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a questão cultural não é uma base forte para o ideal separatista do sul do Brasil.
"A grande diferença entre os dois movimentos é que no sul do país não há um sentimento de unidade em termos culturais, é uma região formada de contribuições muito diversas, muitas vezes de imigrantes, não há uma unidade cultural linguística como há na Catalunha", disse à BBC.

Semelhanças

Isso não quer dizer que os dois grupos não tenham nada em comum. Deucher, por exemplo, vê semelhanças e diz que o grupo não apenas pode ser comparado com o da Catalunha como o apoia.
"A comparação nossa com a Catalunha é que o sonho deles é o mesmo que o nosso, certo? Transformar-se em um Estado independente para poder atender às demandas do seu próprio povo", diz.
"Nesse sentido, estamos unidos com Catalunha, Quebec, Escócia, vários outros movimentos do mundo que conhecemos, temos parceria", acrescenta.

Semelhanças

Velasco também vê similaridades nos argumentos de ambos.
"Os movimentos separatistas e nacionalistas mundo afora têm um forte componente econômico, todos eles", diz.
"A semelhança principal está numa dimensão econômica, na Catalunha há uma base econômica muito forte, não é por acaso que tenha acontecido na esteira da crise que a Espanha tem passado há alguns anos. O movimento do sul do Brasil também se vale de um argumento econômico, eles se sentem desprezados em termos fiscais pelo governo federal, alegam que estariam melhor economicamente separados do Brasil", completa.


Celso Deucher, um dos fundadores do Sul é Meu PaísDireito de imagemO SUL É MEU PAÍS
Image caption"Se o Brasil se considera nação, porque o Sul também não pode?", diz Celso Deucher, um dos fundadores do movimento O Sul é Meu País

A questão dos impostos é parecida em ambos. Os catalães dizem que pagam mais impostos proporcionalmente do que recebe em troca por meio de benefícios. A Catalunha é uma região rica em comparação com o resto da Espanha. Ela tem 16% da população do país, mas representa 19% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de riquezas produzidas por um país) espanhol e mais de um quarto das exportações.
Já a região sul do Brasil tem uma participação de 16,2% no PIB, metade da de São Paulo, Estado responsável por um terço da economia brasileira. Mas o argumento tributário é semelhante.
"A União leva 82% de tributo e fica com ela, não aparece mais aqui, a desculpa é que é para mandar para lugares mais pobres do Brasil, mas isso não acontece, quando acontece vai para obras das oligarquias", diz Deucher.
"Os três Estados do sul são colônia de Brasília, continuamos tendo esse colonialismo interno, uma instituição que só tira dinheiro da população e não devolve o serviço", acrescenta.

Alvo: Brasília

O principal alvo do Sul é Meu País, segundo seu porta-voz, é o governo federal.
"Estado mínimo é um dos princípios que acreditamos, quanto menos Estado se metendo na economia, mais próspero é o país", defende Deucher.
"Temos princípios liberais, desde o trabalho até questões familiares. Liberalismo é o único sistema que defende minorias, onde é possível que minorias possam se expressar", acrescenta.
Na Catalunha, por outro lado, a coalizão independentista é formada majoritariamente por partidos de centro, centro-esquerda e extrema-esquerda.
Outra palavra repetida por ambos é "autonomia".
A situação atual da Espanha começou a ser desenhada em 2010, quando o país vivia uma profunda crise econômica. Quatro anos antes, os catalães haviam aprovado em plebiscito um estatuto que definia a Catalunha como uma nação dentro da Espanha.
Em meio à crise, porém, o conservador Partido Popular apresentou um recurso no tribunal constitucional espanhol retirando boa parte dessa autonomia e proibindo o uso da palavra nação. Isso levou milhares de catalães às ruas de Barcelona e, a partir daí, a luta pela independência ganhou força.
O Sul é Meu País também exige mais autonomia.
"A constituição estadual não pode legislar sobre praticamente nada, não há autonomia, não é federação. Por exemplo, Santa Catarina se quisesse ter pena de morte, ela não pode ter porque a Constituição Federal veda. É um Estado Unitário disfarçado de federação", diz Deucher.


Grafite pró-separação em BarcelonaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionGrafite pró-separação em Barcelona

Em termos de história, Deucher comenta a supressão de línguas faladas no sul durante a ditadura de Getúlio Vargas. Sob o regime do general Franco, na Espanha, o catalão foi proibido ao longo de 40 anos.
"Na década de 1940, durante a Segunda Guerra, o Brasil tomou uma atitude drástica contra nós do sul que foi nos proibir de falar a língua de nossos antepassados, seja ela guarani, alemão, seja qual for", diz o cofundador do grupo.
"Fomos forçados através do sistema educacional e da proibição das línguas a virar brasileiros na marra, não tinha como ficar no país e não assumir o português", acrescenta.
O historiador Luis Augusto Farinatti vê algum sentido nessa comparação - com ressalvas.
"Há semelhança no sentido de repressão de particularismos locais, só que as línguas alemã, russa, polonesa, italiana não eram uma língua difundida nesses três Estados, elas estavam em diversos pontos localizados. Não dá para dizer que os habitantes desses Estados falavam essa língua de uma maneira geral."
"A única semelhança que eu vejo é de ser uma região que se acha mais rica e desfavorecida na questão da riqueza que gera. Na questão da construção histórica de busca de autonomia, o sul não tem uma base de identidade nacional construída no século passado ou retrasado, como é o caso da Catalunha há muito tempo", conclui.
Professor Edgar Bom Jardim - PE