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sábado, 30 de junho de 2018

EUA:Documento da ONU lista 7 falhas no combate à pobreza extrema nos EUA - e governo Trump rebate


Casal espera por atendimento em ONGDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionNos EUA, o número de brancos em situação de pobreza supera em 8 milhões o de negros
"Sua riqueza e conhecimento contrastam de forma chocante com as condições em que vivem grande parte dos cidadãos. Cerca de 40 milhões de pessoas vivem na pobreza, 18,5 milhões, na pobreza extrema e 5,3 milhões em condições de pobreza extrema típicas do terceiro mundo."
A afirmação se refere aos Estados Unidos e foi feita pelo relator especial sobre pobreza extrema e direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Philip G. Alston, em um documento do final de 2017, após ele viajar 15 dias pelo país.
O texto faz uma crítica escancarada à maior potência mundial e aponta problemas como a crescente desigualdade, a persistência do racismo e a existência de um viés daqueles que estão no poder contra os mais pobres e desfavorecidos.
"Num país rico como os Estados Unidos, a persistência da pobreza extrema é uma decisão daqueles que estão no poder. Com vontade política, poderia ser facilmente eliminada", diz Alston.
O informe diz que há uma série de ingredientes indispensáveis a uma política eficaz de eliminação de pobreza, como uma política de pleno emprego, proteção social aos mais vulneráveis, um sistema de Justiça efetivo, igualdade racial e de gênero. "Os Estados Unidos vão mal em cada uma dessas medidas."
O relatório de Alston foi apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU e criticado pelo governo de Donald Trump.
Representantes do governo americano discordam dos pontos levantados pelo relator. Dizem que o texto tem dados "exagerados" e que o número de pessoas na extrema pobreza não é de 18,5 milhões, mas de cerca de 250 mil.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, disse que o documento é enganoso e tem motivações políticas. Acusou o relator de "desperdiçar" recursos da ONU para investigar a pobreza "no país mais rico e livre do mundo", em vez de se concentrar em países onde governos provocam sofrimento em sua própria população, como Burundi e a República Democrática do Congo.
Eis alguns dos questionamentos mais duros que Alston faz.

1 - O sonho americano é uma ilusão

"Os defensores do status quo descrevem os Estados Unidos como uma terra de oportunidades e um lugar onde o sonho americano pode se tornar realidade, porque os mais pobres podem aspirar a chegar ao grupo dos mais ricos, mas a realidade é bem diferente. Os Estados Unidos têm hoje uma das taxas mais baixas de mobilidade social intergeracional dos países ricos", diz Alston.
"As altas taxas de pobreza infantil e juvenil perpetuam a transmissão da pobreza entre as gerações e asseguram que o sonho americano rapidamente se converta na ilusão americana. A igualdade de oportunidades, que é tão valorizada em tese, na prática é um mito, especialmente para as minorias e as mulheres, mas também para muitas famílias de trabalhadores brancos de classe média."

2 - Pobres são maus, ricos são bons

O informe critica a forma como "alguns políticos e veículos americanos" falam sobre as supostas diferenças entre ricos e pobres.
"Os ricos são retratados como trabalhadores, empreendedores, patriotas, que impulsionam o crescimento econômico. Os pobres, como desocupados, perdedores e desonestos. Como consequência, o dinheiro que se gasta em bem-estar social é jogado no lixo", critica Alston.
Comércio que aceita cupons de alimentaçãoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionApesar de terem empregos, muitas famílias precisam dos cupons de alimentação para conseguir chegar até o fim do mês
A realidade é, no entanto, "muito diferente", diz o relator. "Muitos dos mais ricos não pagam impostos na mesma proporção que outros, acumulam grande parte de suas fortunas em paraísos fiscais e obtêm seus lucros apenas a partir da especulação, em vez de contribuir para a riqueza geral da comunidade americana", aponta.
"Em toda sociedade, há quem abuse do sistema, tanto nos níveis superiores como nos inferiores. Mas, na verdade, os pobres são em sua maioria pessoas que nasceram na pobreza ou que caíram ali por circunstâncias que, em grande medida, estão fora do seu controle, como doenças mentais e físicas."
Esses preconceitos sobre ricos e pobres se refletem na formulação de políticas.
O relator destaca, por exemplo, que um dos principais argumentos para cortar benefícios sociais são as acusações sobre a existência de fraudes e que muitos dos funcionários com os quais ele conversou disseram que há pessoas que estão sempre tentando tirar proveito do sistema.
"O contraste com a Reforma Tributária é ilustrativo. No contexto dos impostos, acredita-se muito na boa vontade e no altruísmo dos beneficiários corporativos, enquanto que à Reforma do Estado de Bem-Estar Social aplica-se o pressuposto contrário."

3 - Empregados, mas pobres

Alston destaca que um dos argumentos usados nos Estados Unidos por aqueles que defendem cortes nos benefícios sociais é que pobres têm de deixar de depender da ajuda do governo e trabalhar.
"As pessoas acham que, numa economia desenvolvida, há muitos empregos esperando para serem ocupados por pessoas com pouca educação, que, com frequência, têm alguma deficiência, às vezes têm um histórico criminal (com frequência ligado à pobreza), têm pouco acesso ao sistema de saúde e treinamento ou ajuda efetiva para conseguir trabalho."
"Na verdade, o mercado de trabalho para essas pessoas é extraordinariamente limitado, mais ainda para aqueles que carecem das formas básicas de apoio e proteção social."
Para ilustrar a insuficiência da estratégia de combate à pobreza apostando no trabalho, mas sem o apoio das políticas sociais, Alston cita como exemplo o caso dos trabalhadores do Walmart, o maior empregador dos Estados Unidos.
"Muitos dos seus trabalhadores não podem sobreviver com um trabalho em tempo integral se não recebem cupons de alimentação. Isso se encaixa numa tendência mais ampla: o aumento da proporção de lares que, apesar de terem pessoas empregadas, também recebem assistência para alimentação. Essa proporção foi de 19,6% em 1989 para 31,8% em 2015", diz.

4 - A Justiça, fonte de recursos

Alston diz que um dos mecanismos que dificultam o progresso dos mais pobres é a grande quantidades de multas e taxas que se aplicam aos que cometem pequenas infrações e que se acumulam até se converterem num enorme peso para eles.
Cita como exemplo o fato de que os documentos de habilitação são suspensos por uma série de infrações, como não pagar uma multa.
"Essa é uma forma de fazer com que os pobres, que vivem em comunidades onde não há investimento em transporte público, sejam incapazes de ganhar um dinheiro que os teria ajudado a pagar uma dívida pendente."
Policial multa carro estacionadoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAs multas por pequenas infrações podem se tornar um peso para os mais pobres
Nesse sentido, o relator da ONU critica o uso, em todo o país, do sistema judiciário para arrecadar recursos e não para promover justiça.
Ele diz que se tornou um mecanismo para manter os pobres na pobreza enquanto gera recursos para financiar o sistema de Justiça e outros programas.

5 - A criminalização dos pobres

Entre as falhas do sistema legal, o informe também destaca que, em muitas cidades, os moradores de rua são criminalizados apenas pela situação em que se encontram.
"Dormir em lugar público, mendigar, urinar em público e uma infinidade de outras infrações foram criadas para responder à 'praga' dos sem-teto".
Alston diz que, segundo dados oficiais, em 2017, havia cerca de 553.742 pessoas nessa condição nos EUA, mas ressalta que há evidências de que o número seja muito maior.
Ele afirma que só na região de Skid Row, no centro de Los Angeles, há cerca de 1,8 mil sem-teto que dispõem de apenas nove banheiros públicos, um número que sequer está de acordo com padrões da ONU para campos de refugiados e situações de emergência.
Skid RowDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEm Skid Row, em Los Angeles, vivem milhares de sem-teto
"Que haja tantos sem-teto é algo evitável e reflete a decisão política de colocar a solução na mão da Justiça em vez de prover lugares para moradia adequados e acessíveis, serviços médicos, psicológicos e formação profissional."
"Castigar e prender os pobres é a resposta tipicamente americana para a pobreza no século 21", diz Alston na conclusão. "O encarceramento em massa é usado para tornar invisíveis temporariamente os problemas sociais e criar a ilusão de que se está fazendo alguma coisa."

6 - Desigualdade extrema

Segundo o relatório da ONU, os Estados Unidos são o país rico com o mais alto nível de desigualdade. Ele diz que os 1% mais ricos tinham 10% dos recursos nacionais em 1980 e passaram a ter 20% em 2017. No caso da Europa, foi de 10% a 12% no mesmo período.
"O que a desigualdade extrema significa é que algumas pessoas detêm o poder econômico e político e inevitavelmente usam isso para defender seus próprios interesses", diz.
"A alta desigualdade debilita o crescimento econômico. Ela se manifiesta em baixos níveis educacionais, um sistema de saúde inadequado e a ausência da proteção social para a classe média e os pobres, o que, por sua vez, limita suas oportunidades econômicas e inibe o crescimento geral."

7 - O legado da escravidão

"Ao pensar nos pobres, os esteriótipos raciais aparecem. A pessoas acham que os pobres são, em sua maioria, pessoas de cor, negros ou imigrantes hispânicos", diz o relator da ONU.
"A realidade é que há 8 milhões de pobres brancos a mais do que negros. O rosto da pobreza nos Estados Unidos não é só negro e hispânico, mas também branco, asiático e de muitas outras origens."
Fila para obter comidaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionNegros americanos ganham menos do que brancos
Alston considera que a sociedade americana segue cronicamente segregada. Destaca que os negros têm 2,5 mais chances do que os brancos de viver na pobreza e uma taxa de mortalidade infantil 2,3 vezes mais alta.
Seu nível de desemprego é o dobro do que entre brancos, e eles geralmente ganham apenas US$ 0,82 para cada dólar ganho por brancos. Além disso, sua taxa de encarceramento é 6,4 vezes maior.
"Essas estatísticas vergonhosas só podem ser explicadas pela discriminação estrutural baseada na raça, o que reflete um legado duradouro da escravidão", conclui Alston.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Diários de Einstein revelam racismo e xenofobia desconhecidos


Albert Einstein escrevendo em um quadro negroDireito de imagemAFP/GETTY
Image captionAlbert Einstein escreveu os diários entre outubro de 1922 e março de 1923
"Pessoas industriosas, imundas e obtusas."
Diários de viagens recentemente publicados revelam visões racistas e xenofóbicas do físico alemão Albert Einstein, cientista mais famoso do mundo e "pai" da Teoria da Relatividade - que chegou a se engajar, contraditoriamente ou não, na luta contra o racismo que enxergava, no século 20, nos Estados Unidos.
Escritos entre outubro de 1922 e março de 1923, os diários registram as viagens que fez com a mulher, Elsa, por países da Ásia e do Oriente Médio, mostrando generalizações negativas que usava para descrever povos e áreas que encontraram nessas regiões, com particular crueldade quando se refere aos chineses.
"São pessoas industriosas, imundas e obtusas", escreveu sobre eles em um dos trechos.
Einstein defenderia mais tarde os direitos civis nos Estados Unidos, chamando o racismo de "doença de pessoas brancas".
Esta é a primeira vez que os diários são publicados como um volume independente em inglês.
Publicado pela Princeton University Press, The Travel Diaries of Albert Einstein: The Far East, Palestine, and Spain, 1922-1923 (Os Diários de Viagem de Albert Einstein: O Extremo Oriente, Palestina e Espanha, 1922-1923, em tradução livre) foi editado por Ze'ev Rosenkranz, diretor assistente do Projeto Einstein Papers, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.
Einstein viajou da Espanha para o Oriente Médio, passando depois pelo Sri Lanka - na época chamado de Ceilão - a caminho de China e Japão.
Albert Einstein em navio com a mulher dele, Elsa, em 1921Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEinstein embarcou para a viagem que registra nos diários junto com sua mulher, Elsa

Comentários impróprios

O físico descreve a chegada a Port Said, no Egito, dizendo ter deparado com "levantinos de todas as tonalidades ...", se referindo a pessoas de uma grande área do Oriente Médio chamada Levante, "como se fossem vomitados do inferno" e entrassem em seu navio para vender mercadorias.
Também descreve seu tempo em Colombo, no Ceilão, afirmando que o povo "vive com uma grande imundície e considerável fedor no chão" e "faz pouco e precisa de pouco".
Seus comentários mais ferozes têm como alvos, porém, o povo chinês.
De acordo com uma reportagem do jornal britânico The Guardian sobre os diários, Einstein descreve crianças chinesas como "sem espírito e obtusas", e diz que seria "uma pena se os chineses suplantassem todas as outras raças".
Em outros registros, ele chama a China de "nação peculiar, com cara de rebanho" e "(com a população) mais parecida com autômatos do que com gente", antes de afirmar que há "pouca diferença" entre homens e mulheres chineses e questionar como os homens são "incapazes de se defender" da "atração fatal" feminina.
Reconhecido por seu brilhantismo científico e seu humanismo, Einstein emigrou para os EUA em 1933, após a ascensão de Adolf Hitler e do partido nazista na Alemanha.
O cientista judeu descreveu o racismo como "uma doença de brancos" em um discurso que fez em 1946 na Universidade Lincoln, na Pensilvânia.
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Diários refletem mudanças de opinião

O correspondente da BBC News em Washington, Chris Buckler, observa que a Teoria da Relatividade mudou a forma de as pessoas pensarem sobre o espaço e o tempo, e que "esses diários demonstram como as próprias opiniões do cientista sobre raça parecem ter mudado ao longo dos anos".
"Os escritos podem ter sido concebidos como reflexões pessoais, privadas, mas sua publicação deve incomodar algumas correntes na América, onde ativistas ainda celebram Albert Einstein como uma das vozes que ajudaram a lançar luz sobre a questão da segregação (racial)", diz Buckler.
O jornalista lembra que, quando se mudou para os EUA em 1933, o alemão foi surpreendido por escolas e cinemas separados para negros e brancos.
Posteriormente, ele se juntou à Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, uma das mais antigas e influentes instituições americanas com o objetivo de garantir igualdade de direitos políticos, educacionais, sociais e econômicos para todos, buscando eliminar a discriminação racial no país.
Conta-se que Einstein dizia ver semelhanças entre a forma como os judeus eram perseguidos na Alemanha e como os afro-americanos estavam sendo tratados em sua nova pátria.
Ele escolheu a Lincoln University, na Pensilvânia, uma universidade historicamente negra, para fazer um de seus discursos mais contundentes apenas um ano após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Pesquisadores que estudam seus escritos da década de 1920 podem argumentar que suas crenças relacionadas à questão possivelmente se baseassem em seus próprios sentimentos.
"Seus diários estão repletos de reações instintivas e visões pessoais. No contexto do século 21, são pensamentos que podem manchar a reputação de um homem reverenciado quase tanto como humanitário quanto como cientista", analisa Buckler.
Ele pondera, no entanto, que tais palavras foram escritas antes que o alemão visse o que o racismo poderia provocar na América e na Alemanha - um país de onde havia efetivamente fugido.
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Sexo e violência:Prostitutas de Bruxelas fazem greve em protesto após assassinato de colega


Profissional do sexo se exibe em vitrine próxima à estação Nord, em BruxelasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionVitrines onde prostitutas se exibem e oferecem seus serviços amanheceram fechadas em Bruxelas
Ao chegar à estação Nord de Bruxelas nesta quarta-feira, os passageiros dos trens não verão pelas janelas as luzes de neon que caracterizam a "zona vermelha", a região central da capital belga onde se concentram bordéis e cabines de prostituição.
As prostitutas declararam greve e prometem manter fechadas as vitrines onde costumam expor seus corpos à espera de clientes.
Com o movimento inédito, querem protestar contra a crescente falta de segurança para exercer seu trabalho, regularizado como profissão pela legislação belga.
A decisão foi tomada depois do assassinato de uma colega na madrugada de terça-feira.
A vítima, uma imigrante nigeriana de 23 anos, foi apunhalada várias vezes em uma rua do bairro e ainda não há pistas sobre os autores do crime.
"Pedimos a todos os trabalhadores do sexo que podem permitir-se que parem de trabalhar ou expliquem a seus clientes o motivo de sua comoção", convocou o sindicato do setor (UTSOPI).

'Polícia não está nem aí'

Segundo a organização, as prostitutas de origem africana se sentem discriminadas e abandonadas pela polícia local.
'Zona vermelha' de BruxelasDireito de imagemMARCIA BIZZOTTO/BBC BRASIL
Image captionProfissionais do sexo querem mais segurança
"Quando acontece alguma coisa, nós ligamos e a polícia aparece uma hora depois, quando já é tarde demais. A polícia não está nem aí porque somos negras", acusou uma delas, que pediu para não ser identificada, em entrevista à televisão pública RTBF.
A emissora denunciou, no início do ano, os abusos que sofrem as trabalhadoras do sexo originárias da Nigéria, muitas delas obrigadas a prostituir-se para reembolsar dívidas contraídas para chegar à Europa.
"Elas têm que trabalhar sem parar porque têm dividas de até 20 mil euros para pagar. Se não, colocam em risco suas vidas e a de suas famílias", afirma Sarah De Hovre, diretora do centro Pag-Asa, que ajuda vítimas de tráfico humano.
Nos últimos meses, a polícia belga multiplicou as batidas de fiscalização e desmantelou várias redes de tráfico e de proxenetismo na capital, principalmente na "zona vermelha".
Se a prostituição como atividade privada é legal na Bélgica, beneficiar-se da prostituição alheia é um crime.
UTSOPI se reunirá nos próximos dias com as autoridades belgas para discutir como melhorar a segurança dos trabalhadores do sexo.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 31 de maio de 2018

'Você quer ser minha família?': como as redes sociais têm incentivado a adoção de jovens 'esquecidos' nos abrigos


"Eu olhei aquela foto, depois cliquei no vídeo e senti que ela já era a minha filha, que eu sempre fui a mãe dela e que a gente só estava separada."
A operadora de telemarketing Eliene Cristina Magalhães, de 28 anos, e o marido, o jornalista e servidor público Carlos Pierre, de 31, viam a menina se movimentar em frente à câmera, sorrir, abraçar e "trocar a fralda de uma bonequinha".
"Apesar das limitações que ela tem, é uma criança muito doce e pode completar sua família", sugeriam a voz e as legendas em um vídeo de 1 minuto e 28 segundos que assistiam em casa, em Uberlândia, Minas Gerais - e que aproximariam, surpreendentemente, as vidas dos três.
Eliene não esquece: seus olhos estavam fixados em Camili.

Espera por uma chance

Diagnosticada com retardo mental moderado, a menina morava a mais de 1 mil quilômetros de distância, em Viana, no Espírito Santo.
Estava em meio a milhares de crianças e adolescentes brasileiros na fila de adoção, à espera de uma chance que parecia não chegar nunca.
Camili tinha 12 anos. Viu os irmãos mais novos serem adotados enquanto ela continuava esperando.
"Quando eu encontrei a imagem dela, a empatia foi imediata. A reação do meu marido foi a mesma", conta Eliene.
Imagem mostra Eliene e Camili com tranças nos cabelosDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionEliene e Camili: "Empatia foi imediata"
A foto e o vídeo da menina, postados cerca de quatro meses antes, apareciam em uma página de internet do Tribunal de Justiça do Espírito Santo e no canal do Tribunal no YouTube.
"Eu vi e comecei a sonhar. Só queria saber o mais rápido possível onde ela estava", recorda Eliene.
Menos de dois meses depois, ela e o marido foram buscá-la.
A adoção de Camili foi possível graças à aposta das Varas da Infância e Adolescência no Brasil em usar redes sociais e outras plataformas online para dar cara e "voz" a crianças e adolescentes que estavam fora do radar da maioria dos possíveis pais e mães no país.
Aproximadamente 90% dos que estão no Cadastro Nacional de Adoção (CNA) em busca de um filho se mostram abertos, apenas, a crianças com menos de oito anos. Cerca de 64% não querem adotar irmãos e um percentual parecido só está interessado em levar a criança para casa se ela for saudável. Esse não era o perfil de Camili e não é o de mais da metade das crianças que estão hoje no Cadastro - as que estão juntas com irmãos, têm idades entre 8 e 17 anos e vivem, normalmente, durante anos em abrigos.
Muitos acabam não sendo adotados. Alguns se beneficiam de programas de apadrinhamento - o "padrinho" pode ser apenas alguém para conversar e passear ou que dá apoio financeiro, para custear cursos e tratamentos.
"O programa que estamos desenvolvendo é voltado para as crianças e adolescentes que estão no cadastro, todavia, sem pretendentes. Elas são de difícil colocação em uma família adotiva e suas informações não eram sequer acessadas (por homens e mulheres que estão inseridos como potenciais adotantes no cadastro)", diz a juíza Helia Viegas, secretária executiva da Comissão Estadual Judiciária de Adoção de Pernambuco (Ceja-PE), pioneira em usar ferramentas online para unir pais e filhos nesses casos.
"Se eu não colocá-los nessa busca ativa, eles vão mofar nos abrigos, vão ficar esperando. Essa é a realidade."
Por meio do Projeto Família, de autoria da psicóloga Maria Tereza Vieira de Figueiredo, que fazia parte da equipe técnica da Ceja-PE e é mãe de cinco filhos, três deles adotivos, a Comissão estadual compartilha fotos e os anseios dos que aceitam participar da campanha, com autorização judicial para isso.
O conteúdo produzido fica, por enquanto, em sua página no Facebook (https://www.facebook.com/cejapernambuco/).
Helia Viegas, juíza em PernambucoDireito de imagemDIVULGAÇÃO / TJPE
Image captionHelia Viegas, juíza: "Objetivo é aumentar consideravelmente as chances de terem uma família"
Se conseguir aparato técnico, o que tenta viabilizar por meio de parcerias, por falta de recursos, o plano é produzir vídeos e usar o Instagram para reforçar a divulgação.
"Não estamos, com isso, colocando essas crianças e adolescentes na prateleira, como se fossem mercadorias, nem dando visibilidade a eles de forma constrangedora. O que estamos fazendo é tentando ampliar consideravelmente as chances de eles terem uma família", diz a juíza.
"Porque uma coisa é ter os dados frios. Outra é conhecer mais sobre eles. E aí, um mundo se transforma".
Na prática, a ideia é tirar as crianças e jovens nos abrigos do anonimato e permitir que seus nomes, depoimentos, além de pequenos trechos de suas histórias de vida possam ser acessados, visualizados e curtidos por milhares de pessoas, aumentando suas chances de conseguir um lar.
Imagem mostra post no Facebook com foto de Ana Beatriz, ou BiaDireito de imagemREPRODUÇÃO / FACEBOOK
Image captionAna Beatriz apresenta "sequelas" decorrentes de violência doméstica. Esperou adoção por cerca de dois anos, até seu sorriso conquistar uma família

'O sorriso mais lindo'

A página do Ceja-PE foi fundamental para ajudar na adoção de Ana Beatriz, ou Bia, no Estado de Pernambuco. Colocada para adoção no CNA em fevereiro de 2015, ela teve sua foto e informações publicadas em janeiro de 2017 - e vistas por quase 40 mil pessoas. Eram posts em que aparecia sorridente usando vestido, e que informavam que ela tinha 7 anos, "nasceu saudável, porém, aos 3, sofreu violência doméstica causando sequelas motoras cognitivas".
"A pequena é guerreira e, dia a dia, vem superando suas dificuldades com muita força de vontade e auxílio de equipe especializada", dizia o primeiro banner em que apareceu e continuava: "Atualmente, ela consegue se manter em pé e caminhar (com auxílio mínimo), se comunica com poucas falas, diz seu nome, pede comida e água, também gesticula e come sozinha. Adora mandar beijos e abraçar".
O pedido de adoção veio 16 dias dapós a postagem, feito por Tatiane Almeida, enfermeira que enxergou na foto da menina "o sorriso mais lindo".
O projeto de busca ativa de famílias para quem, como ela, enfrentava mais dificuldade de adoção, teve início em 2008 no Estado, mas, na época, se limitava a disponibilizar fotos 3x4 em grupos de apoio à adoção e organismos internacionais relacionados.

'Pode parecer pouco, mas não é'

A nova roupagem, com a divulgação de imagens online, de forma aberta, foi autorizada por unanimidade em sessão do Conselho de Magistratura do Tribunal de Justiça de Pernambuco em agosto de 2016.
Desde novembro do mesmo ano, 48 crianças e adolescentes foram apresentadas no Facebook, com imagens. O número de crianças disponíveis para adoção, mas sem pretendentes, entretanto, é de cerca de 100. Nem todos participam do projeto, por acharem que se sentiriam constrangidos com suas imagens expostas na rede social ou por apresentarem deficiências físicas mais graves.
Vinte adoções foram concretizadas até o momento e 14 adolescentes e crianças estão em processo de aproximação com pretendentes.
"Pode parecer pouco, mas não é. Em todas essas adoções os pretendentes estavam no cadastro, mas o perfil de filho que buscavam era outro", diz Helia Viegas. "Na hora em que viram a criança ou o jovem com esse outro perfil eles se afeiçoaram, foram à vara da infância e mudaram essa busca".
Imagem mostra parte das crianças e adolescentes que tiveram vídeos postados no Youtube, no Espírito SantoDireito de imagemREPRODUÇÃO / YOUTUBE
Image captionA campanha "Esperando por Você", do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, aposta em vídeos divulgados no YouTube para atrair famílias
No Espírito Santo, a campanha "Esperando por você" - que publicou a foto e o vídeo de Camili - foi lançada em 12 de maio de 2017 "para estimular a adoção tardia e apresentar seres humanos cheios de carinho, habilidades e sonhos", explicam a Ceja-ES e a assessoria de comunicação do Tribunal, responsável por formatar a iniciativa. O conteúdo está no site http://www.tjes.jus.br/esperandoporvoce/ e é divulgado via YouTube e Facebook.
No período de um ano, 30 crianças e adolescentes participaram da ação. Desse total, dois já foram adotados em definitivo e seis estão em estágio de convivência com postulantes à adoção.
"O foco não era aumentar o número de adoções, mas mudar a forma de olhar para esses meninos e meninas, tirá-los do abrigo, apresentar em um novo contexto. Só o interesse despertado já promoveu uma grande esperança", disse o Tribunal à BBC Brasil.

Procura

Entre maio e outubro de 2017, segundo o levantamento mais recente publicado pelo Tribunal, os vídeos tiveram mais de 100 mil visualizações nas redes sociais. Até aquele momento, a Ceja também havia recebido mais de 1 mil e-mails e aproximadamente 500 ligações de pretendentes à adoção de 20 Estados do Brasil e também de brasileiros residentes na Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Itália, Noruega, Tailândia, Inglaterra, Cingapura, França e Japão.
Imagem mostra Caio, de 13 anos, em vídeo no YouTubeDireito de imagemREPRODUÇÃO / YOUTUBE DO TJ-ES
Image captionAtualmente em processo de adoção, Caio, de 13 anos, perguntava, no final de um vídeo: Você quer ser minha família?"
Caio, de 13 anos, aparece no site como "em processo de adoção". Em um vídeo em que colore desenhos de carros, faz brigadeiro e diz "I love you", para citar que inglês é a matéria preferida na escola, ele é descrito como "garoto sorriso" e "muito afetuoso".
Ele pergunta: "Você quer ser minha família?". No YouTube, sua história teve 31,5 mil visualizações.
Hoje, existem 933 pretendentes habilitados no Espírito Santo para adoção. O número é sete vezes maior que o de crianças e adolescentes disponíveis para adoção, estimado em 130 até a semana passada.
Das mais de 40 mil pessoas habilitadas para adotar no país, cerca de 39 mil pretendem adotar crianças com menos de 8 anos, observa o juiz assessor da Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo, Iberê Dias.
"De alguns poucos anos para cá", segundo ele, "é que se começou a falar sobre esse tema e sobre a possibilidade de adoção de crianças com mais idade". "São pessoas que costumam ficar absolutamente esquecidas pela sociedade, como se não existissem".
No Estado, é a campanha "Adote um boa noite", lançada em 12 de outubro de 2017, que tenta mudar essa realidade.
Por meio dela, fotos e depoimentos escritos estão no site www.adoteumboanoite.com.br. A ação é divulgada na página do Tribunal no Facebook.
Imagem mostra imagem de crianças e adolescentes que fazem parte da campanha "Adote um boa noite"Direito de imagemREPRODUÇÃO / FACEBOOK
Image captionCampanha "Adote um boa noite" concentra fotos e depoimentos escritos de crianças e adolescentes em um site - e divulga a iniciativa no Facebook
Até agora apenas duas comarcas, da cidade de São Paulo, aderiram ao projeto, Santo Amaro e Tatuapé. Dos 32 acolhidos em Santo Amaro que entraram no site até 30 de abril de 2018, 8 já estão em estágio de convivência - que precede a adoção - e 13 fazem os primeiros contatos com pretendentes selecionados. Até o final de abril, surgiram 357 interessados.
O juiz aponta que apesar das dificuldades, há uma "clara evolução da visão social da adoção", uma vez que "a barreira etária, que até o começo dos anos 2000 estava em cerca de 3 anos de idade, hoje, está em 8 anos". "É uma questão de conscientização social e a idéia desse projeto é continuar pondo o tema em debate e promovendo essa mudança".
Dias avalia que "não é mais possível pensar em meios de dar visibilidade às crianças e colocá-las como sujeitos de direito efetivamente com os métodos usados há 10, 15 anos". "A internet e as mídias sociais mudaram consideravelmente a concepção sobre isso tudo. E podem ser fortes aliadas para a evolução social, desde que bem utilizadas", analisa.
Apenas as crianças e adolescentes que, "depois de estudos feitos com psicólogos e assistentes sociais, mostram-se aptos a tomar a participação na campanha como positiva, independentemente de serem adotados, ou não", participam da ação.
Em outros Estados, iniciativas semelhantes já estão no gatilho, como é o caso do Distrito Federal, onde a Vara da Infância e Juventude prevê a divulgação de fotos e vídeos nas redes sociais.

Busca ativa

Desde a década de 90, antes de a mobilização começar nos Tribunais, grupos de apoio à adoção no Brasil têm apostado em estratégias de "busca ativa", ou seja, em meios para tentar encontrar pais e mães abertos a adotar crianças e jovens "com um perfil mais amplo", explica a presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), Sara Vargas.
Os métodos e os canais usados, porém, eram outros.
Iberê Dias, Juiz Assessor da Corregedoria Geral da Justiça de SP, aparece na imagem com uma pintura infantil em quadro, na paredeDireito de imagemANTÔNIO CARRETA / TJSP
Image captionIberê Dias, Juiz Assessor da Corregedoria Geral da Justiça de SP: "A internet e as mídias sociais podem ser fortes aliadas, desde que bem utilizadas"
Nesses primórdios, dados como iniciais dos nomes, sexo e situação de saúde eram enviados para esses pretendentes, divulgados por grupos em seus sites - e, já nos anos 2000, também publicados em um grupo específico no Orkut - rede social hoje desativada.
"No começo havia uma grande resistência do Poder Judiciário, que não compreendia a necessidade dessa busca ativa e que muitas vezes via até essas ações com maus olhos. Acreditavam que o Cadastro Nacional de Adoção era o suficiente", diz Sara Vargas.
O Cadastro está sendo reformulado e, nessa nova fase terá fotos, vídeos e desenhos das crianças e adolescentes, disponíveis, porém, apenas para "pretendentes autorizados", dentro do próprio CNA.
"Foi uma grande luta para que se compreendesse o quanto essa questão da visibilidade era importante", acrescenta Sara.
"Porque a gente não se apaixona por quem a gente não conhece, a gente não se apaixona por dados estatísticos, nem por iniciais de nomes. Mas a partir do momento em que a gente conhece um pouquinho mais deles, parte o interesse por gostar do mesmo estilo de música, torcer pelo mesmo time de futebol, pelo sonho que eles têm".
"Então ver essa movimentação toda agora nos deixa felizes".
Um levantamento da Associação, com base em dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostra que entre 2012 e 2017, a preferência por crianças de 0 a 3 anos caiu, em média, 9,3% nesse período. Já a preferência pela faixa etária de 4 a 9 anos aumentou 73%.
Os índices de preferência por adolescentes, entretanto ainda são baixos. Sara acredita que isso deve, em parte, à crença generalizada de que "quanto menor a criança, maior a chance de moldar ela do meu jeito".
Para Sara, entretanto, "não é um preconceito, achar que (os adolescentes) carregam mais marcas do que as crianças pequenas. Quanto maior tempo em que ficam expostos a vulnerabilidades, mais traumas elas poderão carregar".
"Mas apesar disso, os adotantes tem se aberto mais para adotá-las."
Leandro e Edmundo Negri, com José (no centro da foto)Direito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionLeandro (à esquerda) e Edmundo Negri, com José: Menino de 14 anos está sendo adotado pelo casal após sua foto ter sido postada no Facebook
Foi o caso do motorista Edmundo Francisco Negri, de 37 anos, e o cabeleireiro Leandro Pedro Negri, de 34, estão em processo de adoção de José, de 14 anos.
Eles foram habilitados em janeiro e o perfil que buscavam era de criança de 2 a 10 anos, de São Paulo. Até se depararem com uma foto de José, em um grupo de adoção que havia compartilhado um post do Ceja de Pernambuco.
"Eu sou José, sou um menino muito prestativo. Tenho sonho de ser motorista e piloto de avião", era o que estava escrito junto à imagem. "Não tem como explicar", conta Edmundo. "Chamei o Leandro e falei: 'sinto que é esse'. A foto torna a coisa mais próxima".
José estava em Caruaru, a mais de 2 mil km de Itapira, em São Paulo, onde moram.
Imagem mostra foto de José postada no FacebookDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionCasal em SP ainda guarda a foto de José, que viu na rede social, e espera obter guarda definitiva do menino
O adolescente estava na casa de acolhimento havia quase um ano. Antes disso, parou os estudos, tomava conta de irmãos e trabalhava como cobrador em uma van de transporte de passageiros. Acabou destituído da família pela Justiça.
"Nosso único receio era de ele não querer nos conhecer por sermos dois pais, mas ele falou para a assistente social que isso não importava. Que o importante era que fosse uma família que desse amor a ele, o que ele não tinha".
O primeiro encontro entre eles, em Caruaru, ocorreu poucos dias depois. Uma postagem no Facebook do casal, em 16 de maio, mostra os três em uma foto e, junto à ela, escrito: "Chegamos em nossa casa! Bem vindo à nossa vida filho amado!".
O processo de adoção teve início em abril e está agora no estágio de "convivência", que deve durar 90 dias. O casal espera que a justiça defira a adoção, após o prazo de guarda provisória.

'Tenho uma mãe, uma casa e um pai?'

Eliene, o marido, Pierre, e a filha, Camili, no abrigo onde ela estava acolhidaDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionEliene e o marido viajaram até o Espírito Santo para conhecer Camili. Foto mostra a menina com a boneca que ganhou no período
Eliene e o marido também creem que a guarda de Camili se transformará em definitiva. Ela vive com o casal há seis meses.
"Agora eu tenho uma mãe, uma casa e um pai?", foi o que quis saber no dia 8 de novembro de 2017, quando o juiz contou que passaria a morar com eles.
Desde antes de casar, "o sonho" de ambos era ter um filho biológico e outro por adoção.
Eliene chegou a engravidar, mas, aos sete meses de gestação, soube que o coração da filha parou de bater. Seis meses mais tarde, precisou retirar o útero.
Em 14 de setembro do ano passado, assistindo a uma reportagem sobre "crianças mais velhas que as pessoas não têm interesse em adotar", ela viu o link que a direcionaria para a página onde achou as imagens de Camili.
"Só queríamos ser pais, independente da condição da criança", diz ela, que tem planos de adotar outra criança em 2019, ou gêmeos.
Em casa, ela e Camili fazem tranças nos cabelos e trabalhos da escola, juntas.
Um deles, no Dia Internacional da Mulher, pretendia mostrar a importância de ser mulher e o empoderamento feminino.
"Mãe, eu tenho que levar uma foto de você grávida", avisou Camili. Eliene explicou que não havia fotos dela grávida da menina, que se apressou na réplica: 'Então eu nasci do seu coração? Vamos tirar uma foto do seu peito?'".
"Camili entende as coisas. Sabe que é adotada e que o amor é o mesmo. Eu escolhi ser mãe dela e ela me escolheu. A foto que levamos para a escola foi uma foto de nós duas, juntas."
Camili e Eliene, juntasDireito de imagemARQUIVO PESSOAL
Image captionCamili e Eliene: "Então eu nasci do seu coração? Vamos tirar uma foto do seu peito?", perguntou a menina certa vez. "Ela sabe que o amor é o mesmo"


Professor Edgar Bom Jardim - PE