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sexta-feira, 5 de maio de 2017

PL do trabalho rural “revoga a Lei Áurea”, diz procurador

canavial
Projeto ignora reais condições do trabalho no campo e pretende estender a jornada para 12 horas


Caso avance na Câmara dos Deputados, o PL 6442/2016 – que altera a regulamentação do trabalho rural – pode significar o maior retrocesso da história do País quando se fala em trabalhadores, uma perda de direitos ainda mais severa do que aquela pretendida pela reforma trabalhista. “Esse projeto revoga a Lei Áurea”, resume o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury.
O projeto, de autoria do presidente da bancada ruralista na Câmara, deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), foi protocolado em novembro na Casa e constituído para não “sobrecarregar” o texto da já polêmica reforma trabalhista. É uma espécie de filhote do PL mãe.
O principal ponto é a possibilidade do trabalhador rural receber "remuneração de qualquer espécie", o que significa que o empregador rural poderá pagar seus empregados com habitação ou comida, e não com salário. A remuneração também poderá ser feita com parte da produção e concessão de terras.
Esse projeto de lei significa uma volta ao passado, significa levar o trabalhador de volta ao século XIX, quando se trabalhava em troca de comida”, compara Antônio Lucas, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar).
Assim como a reforma trabalhista, este projeto de lei reforça pontos como a prevalência do negociado sobre o legislado, a jornada intermitente e a exclusão das horas usadas no itinerário da jornada de trabalho.
Casa e comida?
Ronaldo Fleury, que atua há cerca de 20 anos no combate ao trabalho escravo, explica que o projeto de lei tenta legalizar requisitos que hoje são considerados justamente para determinar se um trabalhador está em condição análoga à de escravo. “Fazer pagamento com comida e moradia é uma das condições que a gente coloca como escravidão moderna, a escravidão por dívida”, compara.
“Evidentemente, fazer um pagamento só com casa e comida não faz sentido”, concorda Otávio Pinto e Silva, sócio do setor trabalhista do escritório de advogados Siqueira Castro e professor de Direito Trabalhista na Universidade de São Paulo. Ele lembra que a Constituição Federal trata dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais e, em seu artigo sétimo, enumera uma série de direitos, incluindo o salário mínimo. “O salário mínimo não é definido pela lei do trabalho rural e o que esse PL muda é exclusivamente a lei do trabalho rural”, reforça. 

Segundo o advogado, o salário mínimo, por sua vez, é definido pela CLT e tem que ser composto por uma série de benefícios que estão atrelados a esse valor, entre eles, alimentação e moradia. Mas esses são alguns dos componentes. A CLT, quando fala no pagamento em bens e produtos, afirma que pelo menos 30% da remuneração tem que ser em dinheiro. “Por uma combinação do que está na CLT e do que está no texto da Constituição, eu entendo que não é possível estabelecer uma remuneração só com casa e comida”, reforça o advogado trabalhista.
O PL, porém, contempla esses limites, pois afirma que só poderão ser descontados do empregado rural o limite de 20% pela moradia e 25% pela alimentação. Isso torna, então, o projeto constitucional?
Fleury, procurador-geral do Trabalho, diz que não. “O que a CLT fala é que a remuneração pode se dar, além do pagamento em espécie, com produtos e outras formas de benefício. Agora, quando o fornecimento da moradia e da comida são condições essenciais para a realização do trabalho, não pode ser uma forma de remuneração”, explica.
Um exemplo é o executivo que tem como parte de sua remuneração um carro. “Ele ganhou o carro para fazer o trabalho ou por ser diretor? Não é condição essencial”, compara o procurador-geral. “A realidade do meio rural é o latifúndio. Há fazendas em que a cidade mais próxima fica a 300 quilômetros, não tem como o trabalhador ir para casa. Então a moradia é condição para que a pessoa trabalhe lá”, conclui.
A parte mais interessada nessa história, a dos trabalhadores rurais, ouviu do autor do projeto uma explicação inusitada e que pouco tem a ver com o que diz a Constituição ou a CLT. “O deputado Nilson Leitão disse que entendemos errado, que o que ele quer é presentear o trabalhador no fim da safra com parte da produção”, conta Antônio Lucas, presidente da Contar.
Para Lucas, um presente real seria a retirada do projeto de lei. Um segundo presente, uma ação para reduzir a informalidade, que passa dos 60% entre os trabalhadores do campo. “Queremos nossos direitos como estão na lei, o salário combinado. Do jeito que está esse projeto não temos nem como sugerir emendas”, afirma. 
Jornada estendida
A perda de direitos não para por aí. O texto prevê jornadas de até 12 horas e o fim do descanso semanal, uma vez que passa a ser permitido o trabalho contínuo por até 18 dias. Fica permitida, ainda, a venda integral das férias para os trabalhadores que residirem no local de trabalho e o trabalho em domingos e feriados sem a apresentação de laudos de necessidade.
Hoje, a jornada rural segue a mesma regra da urbana, limitada a 44 horas semanais. No campo, para essa conta fechar, são turnos de oito horas de segunda a sexta e de quatro horas aos sábados. Mas quando se fala em trabalho rural – uma atividade braçal e muitas vezes ao ar livre – oito horas já são extenuantes. Por isso, como explica Antônio Lucas, são comuns acordos de jornadas de 36 horas semanais, especialmente no plantio e na colheita. “Daí ir para 12 horas é um completo absurdo”.
Para Otávio Pinto e Silva, alterar jornada e descanso semanal desconsidera segurança e medicina do trabalho. “Fazer uma prestação de serviços contínua, sem a previsão do descanso e em longas jornadas é algo que, caso uma lei dessas venha a ser aprovada, certamente poderia ser contestada no Supremo Tribunal Federal por inconstitucionalidade”.
Isso porque, segundo o advogado, o mesmo artigo sétimo da Constituição, que trata dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, determina a limitação da jornada, intervalo e descanso semanal remunerado.
cortador de cana
PL coloca interesse econômico na frente do interesse da manutenção da vida, diz procurador
Mercado sobre a vida
Na opinião de Pinto e Silva, a existência de um projeto de lei como o 6442/2016 mostra a articulação da bancada ruralista para reduzir o custo do trabalho no setor rural. “Evidentemente, isso é um recado: existe a possibilidade desse Congresso, com a composição hoje existente, estabelecer mecanismos de contratação que se mostrem mais adequados para atender as necessidades do empregador.”

Uma lei dessas, ainda segundo o advogado, eliminaria a chances de um trabalhador buscar seus direitos na Justiça. Mesmo mantendo seus empregados na informalidade, o empregador teria defesa em caso de reclamação trabalhista, já que a jornada e o descanso, por exemplo, estariam de acordo com a lei.
“É um processo de desconstrução do direito social. É tratar a sociedade como uma máquina, apenas sob o ponto de vista econômico”, defende Ronaldo Fleury. Para ele, sob essa ótica, os direitos sociais se tornam empecilho para que a máquina funcione.
“Então tira-se aposentadoria, direitos trabalhistas e criam-se formas de contratação que desnaturam totalmente o direito do trabalho. Com isso, se desmonta o direito social até o ponto de alguém ter coragem de apresentar um projeto nesse patamar”, afirma se referindo ao PL do deputado Nilson Leitão. “Primeiro assegura-se a colheita e depois vamos ver se sobrou algum trabalhador vivo. Isso é botar o interesse econômico na frente do interesse da manutenção da vida”, conclui o procurador-geral. 
Carta Capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 18 de abril de 2017

Por que há uma explosão de obesidade no Brasil?


ObesidadeDireito de imagemISTOCK

A cada cinco brasileiros, um está obeso. Mais da metade da população está acima do peso. O país que até pouco tempo lutava para combater a fome e a desnutrição, agora precisa conter a obesidade. Por que a balança virou?
Indicadores apresentados na segunda-feira pelo Ministério da Saúde mostram que, nos últimos 10 anos, a prevalência da obesidade no Brasil aumentou em 60%, passando de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016. O excesso de peso também subiu de 42,6% para 53,8% no período.
Os dados são da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), com base em entrevistas realizadas de fevereiro a dezembro de 2016 com 53.210 pessoas maiores de 18 anos de todas as capitais brasileiras.
Especialistas ouvidos pela BBC Brasil atribuem o aumento de peso dos brasileiros a fatores econômicos e culturais, mas também genéticos e hormonais.

Novos padrões alimentares


RefrigeranteDireito de imagemTHINKSTOCK
Image captionO consumo de refrigerante caiu no Brasil, de acordo com o ministério da Saúde

Para o diretor do Centro de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Cláudio Mottin, a tendência de aumento da obesidade já vinha sendo verificada antes da pesquisa Vigitel, realizada anualmente desde 2006.
"Talvez um dos fatores mais preponderantes seja a mudança dos hábitos alimentares que se observa desde os anos 1970. Com pouco tempo para comer, as pessoas deixaram de fazer as refeições em casa e passaram a optar por comidas mais rápidas e mais calóricas".
Essa mudança de hábito também aparece na pesquisa Vigitel: o consumo regular de feijão, considerado um alimento básico na dieta do brasileiro, diminuiu de 67,5% em 2012 para 61,3% em 2016. E apenas um entre três adultos consomem frutas e hortaliças em cinco dias da semana.

Aumento do trabalho e da renda


Arroz e feijãoDireito de imagemMARIAMARMAR/GETTY
Image captionUma dieta diversificada é importante para combater a obesidade, assim como o consumo de produtos não industrializados

O aumento da obesidade coincide com um período de crescimento do poder de compra dos brasileiros, incentivado por políticas econômicas e programas de distribuição de renda.
Segundo uma pesquisa do instituto Data Popular, a renda da classe média, que representa 56% da população, cresceu 71% entre 2005 e 2015, sendo que a renda dos 25% mais pobres foi a que mais aumentou. Assim, a chamada classe C passou a ter acesso a produtos antes restritos à elite. Além disso, ao se inserir no mercado de trabalho, o brasileiro acaba incorporando hábitos menos saudáveis, como os já citados por Mottin.
"Não surpreende o alto índice de obesidade na faixa etária entre os 25 e os 44 anos, porque isso corresponde justamente a essas mudanças no estilo de vida, quando os jovens deixam de depender de seus pais e passam a ter uma rotina mais voltada à carreira profissional", pondera a endocrinologista Marcela Ferrão, pós-graduada em nutrologia e membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
A Vigitel mostrou que o excesso de peso aumenta significativamente da faixa etária dos 18 aos 24 anos (30,3%) para a dos 25 aos 44 anos (50, 3%). Há uma alta prevalência de obesidade nessa faixa etária: 17%. Considera-se obesidade Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior que 30 kg/m2 e excesso de peso IMC igual ou maior que 25 kg/m2.

Genética 'gorda'

A questão genética também cumpre um papel relevante para o aumento da população obesa, segundo o médico Cláudio Mottin. Segundo ele, o organismo de nossos antepassados não estava adaptado para a fartura e passaram para nós a genética de retenção de calorias.
"Quando os tempos eram de escassez de alimentos, quem tinha mais condições de defesa corporal eram as pessoas mais gordinhas, porque tinham mais condições de armazenamento de energia. No momento em que temos alimentos à disposição sem esforço, a genética joga contra", explica o especialista.
Além disso, colabora para a proliferação dessa "genética gorda" também um aspecto cultural, que associava gordura a saúde até recentemente, como aquele discurso da vovó que diz que o neto "está doente se está magrinho".

Noites mal dormidas


SonoDireito de imagemTHINKSTOCK
Image captionA vida conectada e acelerada prejudica o sono, que pode afetar o peso

A endocrinologista Marcela Ferrão também atribui a baixa qualidade do sono como um dos fatores para o aumento da obesidade. Segundo ela, a sociedade acelerada e conectada faz com que as pessoas não tenham horário para dormir.
"À noite, a serotonina, que é o hormônio do humor, se converte em melatonina, responsável pelo sono reparador. Nesse estágio do sono, as células conseguem mobilizar gorduras de forma adequada", explica.
Mas não tem sido fácil chegar a esse estágio do sono quando a tensão e o estresse estão cada vez mais intensos, a pessoa não consegue desligar o celular e acorda várias vezes durante a noite.
Isso gera um desequilíbrio hormonal que reduz a capacidade do corpo de produzir glicose, a pessoa acorda ainda mais cansada e sente a necessidade de consumir alimentos mais energéticos", conclui Ferrão.

Dieta variada

Um último ponto destacado pelos especialistas para o aumento da obesidade no Brasil é a falta de acesso a uma dieta diversificada, o que depende menos de poder aquisitivo do que de educação alimentar.
Nesse sentido, o Guia Alimentar para a População Brasileira se destaca entre as políticas do Ministério da Saúde para enfrentar a obesidade. A publicação oferece recomendações sobre alimentação saudável e consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, mas vai além: coloca a hora da refeição no centro de uma discussão sobre convivência familiar e gestão do tempo.
"Os alimentos ultraprocessados são muito consumidos pela população jovem porque são práticos. Outro problema é o comportamento alimentar. É muito comum as pessoas comerem rápido, sozinhas e com celular na mão. Estudos mostram que comendo com família ou amigos, a pessoa presta mais atenção no que está comendo", diz a coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Michele Lessa de Oliveira.
A Vigitel apresenta um dado positivo sobre o consumo regular de refrigerante ou suco artificial, que caiu de 30,9% em 2007 para 16,5% em 2016. Mas o Ministério da Saúde quer mais. "Nossa meta é reduzir em 30% o consumo de refrigerante pela população adulta até 2019 e aumentar em 17,8% o consumo de frutas e hortaliças", adianta Michele.

Riscos à saúde


Balança
Image captionO aumento da obesidade no Brasil foi de 60% nos últimos dez anos

O crescimento da obesidade é um dos fatores que podem ter colaborado para o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão, doenças crônicas não transmissíveis que pioram a condição de vida do brasileiro e podem até levar à morte.
O diagnóstico médico de diabetes passou de 5,5% em 2006 para 8,9% em 2016 e o de hipertensão de 22,5% em 2006 para 25,7% em 2016, conforme a Vigitel. Em ambos os casos, o diagnóstico é mais prevalente em mulheres.
"A obesidade é a mãe das doenças metabólicas. Além da diabetes, que apresenta mais de 20 fatores de comorbidade (doenças ou condições associadas), obesos infartam mais e até câncer é mais prevalente em pessoas acima do peso", destaca o diretor do Centro de Obesidade da PUCRS, Cláudio Mottin.
O Ministério da Saúde pretende reduzir as taxas de mortalidade prematuras em 2% ao ano até 2022. Doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas, diabetes e câncer respondem por 74% dos óbitos anuais no Brasil.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 10 de março de 2017

Brasil lidera ranking de casamento infantil


A cada ano, 15 milhões de meninas em todo o mundo se casam antes de completar 18 anos. No Brasil, 36% da população feminina se encontram nessa situação. O país tem o maior número de casos de casamento infantil da América Latina e o quarto no mundo. Os dados fazem parte do relatório Fechando a Brecha: Melhorando as Leis de Proteção à Mulher contra a Violência, divulgado pelo Banco Mundial na quinta-feira (9).
O documento mostra que existem atualmente mais de 700 milhões de mulheres no mundo que se casaram antes de completar 18 anos. Até o fim da próxima década, a previsão é que 142 milhões de meninas tenham se casado.

 Além da maior exposição à violência doméstica, os dados revelam que essa população também está sujeita a menores índices de escolaridade, maior incidência de gravidez na adolescência, maiores taxas de mortalidade materno-infantil e menor renda.
Legislação
No Brasil, a lei estipula 18 anos como idade legal para a união matrimonial e permite a anulação do casamento infantil. Para a autora do estudo, Paula Tavares, isso ocorre, em parte, porque a lei brasileira permite o casamento a partir dos 16 anos, desde que haja o consentimento parental.

Outro problema, segundo Paula, é que o país também não prevê punição para quem permite que uma menina se case em contravenção à lei, ou para os maridos envolvidos nesses casos.

“O casamento, no Brasil, muitas vezes é visto como uma solução para a pobreza ou como uma forma de garantia de segurança econômica”, explicou. Atualmente, apenas sete países contam com algum tipo de medida punitiva na América do Sul: Chile, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

Paula lembrou, entretanto, que, mesmo sem uma política eficaz de proteção à mulher, a América Latina é a região com o maior número de países com legislações avançadas na questão do estupro marital. Nações como o Brasil – que promulgou a Lei Maria da Penha em 2010 –, a Argentina, a Bolívia e o Equador revisaram seus códigos penais para considerar a violência sexual como uma violação.
Agência Brasil/Folha de Pernambuco.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 5 de março de 2017

A vida dos outros, as aventuras não vividas

Ninguém nega que o individualismo cresce e se globaliza. Todo mundo adora uma contemplação no espelho. Os cremes de beleza atraem e custam caro, mas a classe média delira com a possibilidade de tê-lo. As cerimônias de higiene são complexas. Nada como um bom perfume, daquele que seduz. Portanto, o encontro matinal está repleto de fantasias. O bom dia é reforçado, com uma pergunta: estou bem alegre e simpático? O outro é quem julga. Temos preferências, precisamos de apoios. Assim, sobrevive a sociedade de consumo, sempre ligada numa fofoca e na vaidade atormentada.
A política continua desmantelada, Há ídolos. Moro possui fãs. Mas há divergências. Temer fica no canto, namorando com Marcela, sem saber o que significa sair do sufoco. As prisões estão tensas. No entanto, o mundo das fofocas provoca sensações. O que será que o Jornal Nacional apresentará como novidade? Lembra-se de Chico Anísio? E Regina Duarte é conservadora? O público gosta de casamentos desfeitos, de sexualidades mal resolvidas, de salários extraordinários. A vida ganha cores. Poucos se importam com as escolas decadentes, a droga nas praças, o trânsito infernizando.
Esse olhar se amplia. Cai a responsabilidade social. A corrida é pelo sucesso. Ninguém consegue esclarecer o apego pelas novelas mesquinhas e pelos maores fabricados. O mundo não se desfaz das sua esfinges, desde o tempos dos faraós. As famílias para pescar as imagens da TV. Não se discute, não se conhece, não admira. Há sempre exceções; As sociabilidades estão se complicando. É difícil compreender as inúmeras linguagens e as as tonturas das legalidades. É incrível como tudo muda, porém as curiosidades perversas se conservam. Já que a história não tem um sentido definido, há momentos crus e culpas pesadas.
A relação com o outros se torna-se uma aventura. Andamos, muitas vezes, de cabeça baixa, nem contemplamos as paisagens. O outro vira um número de celular. A paisagem se enche que concretos, desarmando a natureza. O alimento é a  manchete, o time de futebol, o discurso do Faustão. Vestimos a roupa de espectadores. Não importa que a revolução não venha, que os governos nos estraguem, que os milhões fiquem com Eike. A sociedade se afasta da solidariedade. Não está longe o dia em que alguém dirá que o homem não é uma animal.
Buscamos. Ninguém ficou mundo. Mas quem deseja ouvir o que o outro afirmou? Cada dia surge uma teoria sobre sentimento, o esticar do corpo, a depressão repentina.Muita informação custa muita confusão. Um gosto de amargura já poluiu a pasta de dente. O caminho não tem retas, nem asfaltos. Ficamos apontando para cada construção nova e nem observamos as ruínas. Sem adivinhar o futuro, solto na nostalgia, pouco aprendemos. O mundo deveria ser dos poetas, porém há uma fuga da beleza e uma mesmice que cansa a imaginação. Deixaram de inventar sonhos, para liquidar o vizinho incômdo. Por Paulo Rezende. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O mundo freudiano

Desfaça a alegria fabricada e a insensatez
dos juízes ensandecidos.
Descobra o manto que escondeu o tempo
e a vida que se foi para o abismo.
O mundo se perde no pequeno caos da arrogância,
deixa-se levar pelas formas das mercadorias.
Não grite por ninguém,  apague a luz da lâmpada azul
e espere os anjos que estão voltando do paraíso.
No quarto estreito Freud arma seu divã cinza,
há padecimentos e tonturas no corpo que envelhece.

FONTE:astuciadeulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Cai na PROVA do ENEM - Brasil, 200 Milhões - Matéria de Capa. Assista ao Vídeo em LEIA MAIS




Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Assunto para o ENEM - Matéria de Capa - Como alimentar o planeta? Assista o vídeo em LEIA MAIS.




Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 17 de novembro de 2013

O capitalismo convive com a degradação e a novidade(!)



Por Antônio Rezende.
No cotidiano nos defrontamos com situações que nos chocam. Estamos, muitas vezes, apressados e vamos adiante. As imagens terminam se diluindo. A substituição é rápida. Deixamos o quadro de desconforto de lado. A perplexidade não ganha lugar. Ela foge, o dia passa. Guardamos as lembranças com certo descuido. O desprazer não é uma boa companhia. A concentração de insensatez, de notícias pesadas, de amizades frustradas pode inviabilizar o que resta numa sociedade tão pouco cordial e competitiva. Há quem nem pergunte a razão dos  desgovernos que se se movem historicamente com se fossem apatias permanentes.
Não vivemos apenas de lembranças ou de passeios avulsos. O que deixamos no passado pode retornar com outro significado. Cenas que registramos com indiferença assumem,então, espaços especiais. O capitalismo, sobretudo, por essas bandas, não é calmaria. Não cultiva espetáculos contínuos de diversões apaziguadoras. A miséria se mistura com os carros de último modelo. Busca-se uma assepsia que não consegue vingar. As grandes cidades não se cansam de fundar problemas.Estão soltas politicamente ou, fazem eleições para manter os costumes? Não faltam discursos que exaltam compromissos e anulam descuidos. São efêmeros e mentirosos.
Quando a imprensa revela, com reportagens de destaque, o que compõe o cotidiano tomamos sustos. Indignações são registradas. A própria imprensa encarrega-se de refazer os julgamentos. As notícias ultrapassam fronteiras sociais, invadem as páginas dosfacebooks. O susto é geral. É interessante o impacto e também a manipulação. É denúncia que passa a ocupar as conversas da coletividade. Todos se sentem convocados, tocados pelos mandamentos da cidadania. Mais ainda: o poder público sacode-se como vítima de incompreensões e coloca máquinas na rua, numa metamorfose esquizofrênica. Há alguma mudança na estrutura do sistema? As explorações foram para a lata do lixo? A produção da desigualdade foi interrompida?
O capitalismo com seus projetos de acumulação, beneficiando as minorias e atrelados ao sucesso da gigante especulação imobiliária, vende jornais e apresenta alternativas, pede urgência nas ações para sossegar certas inquietudes.  Com o tempo a notícia perde  força, a conversa se banaliza e a história se abraça com a continuidade. O capitalismo fabrica astúcias, enriquece-se com o descartável, gosta de brincar de 007. Ocorre um vazio que logo será preenchido com algum escândalo ou uma corrupção esperada pela maioria. O vaivém das informações sustenta dominações poderosas. Mas como sepultar a indignação e desmanchar os sinais de solidariedade? Restam ruídos, méritos para quem construiu a reportagem, não vamos silenciá-los.
Há desobediências. As desconfianças entram no jogo, encurralam ordens, intimidam autoridades. A velocidade tem seus movimentos surpreendentes. Resolve hecatombes, provoca ilusões, transforma valores sem grandes constrangimentos. Não é estranho que se naturalize o desperdício e que se comente os excessos do individualismo. As teorias explicam que há rupturas nas histórias, revoluções fantásticas, conquistas científicas magníficas.  Costura-se a filantropia com paciência. É tanta coisa para afirmar e a confusão se espalha pela memória. No mundo das novidades, as pessoas contam numericamente até mesmo as desgraças que as cercam. Já pensou se faltar assunto?
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Darwin e Deus: DNA desmonta tese de que houve 'mestiçagem pacífica' no Brasil.


Representação idealizada do quilombo dos Palmares
As comunidades quilombolas são, por bons motivos, locais simbólicos para o movimento negro brasileiro. A transformação cultural sofrida pela figura de Zumbi — de inimigo público número 1 do século 17 a herói mítico no Brasil do século 21 — é algo a ser comemorado, creio. O que significa para esse caldeirão histórico e político complicado, então, descobrir que, do ponto de vista genômico, os atuais quilombolas são quase tão europeus quanto africanos, além de terem relevante contribuição indígena em seu DNA?
Vestindo o meu “chapéu” de repórter, não pude explorar diretamente essa questão na reportagem que fiz sobre o tema recentemente nesta Folha. Por isso, decidi voltar ao tema por aqui, ainda que de modo breve.
Deu pra sentir, ao conversar com as pesquisadoras que assinam o estudo com esses resultados (média de 40% de ascendência africana, 40% de ascendência europeia e 20% de ascendência indígena em quilombolas do Estado de São Paulo), que a coisa é algo tensa do ponto de vista político por natureza. Ambas se mostraram preocupadas que eu usasse os resultados para dar a entender que os quilombolas “não eram negros” ou que, dependendo da maneira que eu abordasse a pesquisa, os membros dessas comunidades ficassem chateados e não quisessem mais trabalhar com elas. (Sinceramente torço para que isso não aconteça.)
Minha primeira observação, ainda que um tanto óbvia, é que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A posse de um pedaço de terra tradicional não deveria estar atrelada a um fenótipo, a uma aparência “padrão”, e muito menos a um “RG genético”, um certificado genômico de negritude (ou de “indianidade”).
Coisas como a posse da terra são essencialmente fenômenos históricos — quando se consegue comprovar a continuidade de dada população num local por muito tempo, e a chegada posterior de outros grupos, a lógica (e a decência, em especial) ditam que o grupo que chegou depois não pode simplesmente tomar as terras do que chegou primeiro. Isso vale para indígenas, para ribeirinhos e para quilombolas, por mais casamentos mistos que tenham acontecido no passado remoto ou recente.
Beleza. Mas é preciso ressaltar que os dados genéticos também indicam que as porcentagens que eu citei acima não foram parar no núcleo das células dos quilombolas de forma fofinha, romântica, igualitária. Quando se olha não para o total do genoma, mas para o mtDNA (DNA mitocondrial), só transmitido pelo lado materno, e para o cromossomo Y, só transmitido pelo lado paterno, o que fica claro é uma assimetria fundamental, indiscutível.
Vejamos: de um lado, do lado materno, cerca metade dos quilombolas tem mtDNA tipicamente africano, e a outra metade, mtDNA “ameríndio” (o de origem europeia gira em torno de 1% a 2%). Do paterno, o cromossomo Y dos homens dessas comunidades é, em sua maioria (61%) europeu, 30% africano e 9% indígena.
O problema aí, claro, é o seguinte: em populações humanas naturais, cada sexo corresponde a mais ou menos 50% da população (embora nasçam e morram mais homens, um tiquinho a mais). Essa desigualdade, em termos chãos e despidos dos adornos da retórica, só pode significar uma coisa: homens negros e, principalmente, indígenas, estavam sendo direta ou indiretamente impedidos de se reproduzir pelos homens europeus quando os quilombos se formaram, seja por regimes de trabalho desumanos, seja por serem segregados das mulheres de sua etnia (e, com certeza, das mulheres de origem europeia!).
É absurdamente significativo que mais da metade dos escravos fugidos ou abandonados que formaram o quilombo provavelmente tivessem pai branco — embora, é claro, outros brancos possam ter se incorporado às comunidades quilombolas ao longo dos séculos. E a situação indígena, claro, é ainda mais severa.
É por isso, em resumo, que não cola o uso dos dados genéticos para pintar um Brasil “mestiço”, “igualitário”.
——
Um rápido adendo. Nos comentários e no Facebook, alguns leitores me questionaram sobre a proporção original de homens e mulheres nas populações originais (um geneticista diria “populações parentais”) do Brasil colonial. Sabemos que relativamente poucas mulheres de origem europeia aportaram por aqui nos primeiros séculos de colonização. Isso não desmontaria o meu raciocínio?
Nope, não desmonta. Pro resultado final a proporção de mulheres europeias é irrelevante. Ela pode ajudar a explicar a baixa presença de mtDNA europeu, mas não explica a baixa presença de Y ameríndio e africano. A lógica diz, que no caso dos indígenas, não havia assimetria entre os sexos, enquanto no caso dos africanos deveria haver mais homens do que mulheres (mais braços pra lavoura). Ou seja, a conta continua não batendo. Tem Y de negro e índio faltando aí, e muito. Se alguém acha que tem outra explicação pra isso sem postular o monopólio sexual de toda a mulherada pelos europeus, sou todo ouvidos. De uol.   http://professoredgarbomjardim-pe.blogspot.com.br/

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Jovens expulsas de culto depois de se beijarem durante a pregação de Feliciano, como forma de protesto


Pastor e deputado federal acionou a polícia para expulsar jovens de evento.
'Elas deveriam ter um pouquinho mais de juízo e me esquecer', diz Feliciano.

Com informação doo G1.
Professor Edgar Bom Jardim - PEMarco Feliciano - Glorifica Litoral - São Sebastião, SP (Foto: Reprodução/ TV Vanguarda)Marco Feliciano durante evento Glorifica Litoral em São Sebastião, SP (Foto: Reprodução/ TV Vanguarda)
O deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP) mandou prender duas jovens que participavam do Glorifica Litoral, evento gospel que terminou neste domingo (15) em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.
As jovens de 18 e 20 anos de idade que dizem ser namoradas foram expulsas do evento depois de se beijarem durante a pregação do deputado como forma de protesto. Após acionar a segurança, Feliciano afirmou que elas 'não têm respeito ao pai, à mãe e à mulher'.
A estudante Joana Palhares, de 18 anos, sendo retirada do evento de Feliciano (Foto: (Foto: Reprodução/Facebook))A estudante Joana Palhares, de 18 anos, sendo
retirada do evento (Foto: Reprodução/Facebook)
"A Polícia Militar que aqui está, dê um jeitinho naquelas duas garotas que estão se beijando. Aquelas duas meninas têm que sair daqui algemadas. Não adianta fugir, a guarda civil está indo até aí. Isso aqui não é a casa da mãe joana, é a casa de Deus", disse Feliciano para o fiéis presentes. Após terem sido removidas à força e algemadas por pelo menos seis guardas-civis municipais, por volta das 23h, as jovens foram encaminhadas para a delegacia. No caminho, elas afirmam que foram agredidas pelos guardas.
“Eles tiraram a gente do meio do povo e colocaram para dentro da grade. A partir do momento em que levaram a gente para debaixo do palco, me jogaram de canto na grade, deram três tapas na minha cara e começaram a torcer meu braço”, afirma a estudante Joana Palhares, de 18 anos.
A estudante Yunka Mihura, de 20 anos, sendo levada pelos guardas civis (Foto: (Foto: Reprodução/Facebook))A estudante Yunka Mihura, de 20 anos, sendo
levada pelos guardas (Foto: Reprodução/Facebook)
De acordo com a estudante Yunka Mihura, de 20 anos, também havia casais heterossexuais se beijando no local sem problema algum. “Foi completamente injusto e horrível. Nunca senti tanta impotência ao ver os policiais batendo nela, me segurando forte e eu não podendo fazer nada. Não tiraram a gente da grade, fomos jogadas”, diz.
O advogado das jovens, Daniel Galani, disse que vai abrir uma ação para apurar os responsáveis pela agressão. “A gente vê que foi uma situação que fugiu completamente ao controle. A gente sabe que existiam dois direitos em conflito: um é a liberdade de expressão e o outro a liberdade do ato religioso. Os dois direitos são constitucionais e estão previstos para que as pessoas possam fazê-los”, disse. Galani disse ainda que vai entrar com uma representação contra o deputado nesta segunda-feira (16).
Outro lado
Marco Feliciano disse que a atitude das jovens é um desrespeito ao culto religioso, ministrado por ele.  “Aquilo é desrespeito. Com isso eles me fortalecem e se enfraquecem, porque qualquer pessoa de bem sabe que em um ambiente religioso não é lugar de fazer o que aquelas pessoas fizeram. Eu lido de maneira natural e eles deveriam ter um pouquinho mais de juízo e me esquecer”, disse Feliciano após o término do culto. Como o deputado Feliciano tem foro privilegiado, ações desse tipo acabam sendo encaminhadas para o Supremo Tribunal Federal, para só depois chegarem ao político.
Já a Prefeitura de São Sebastião informou que abriu uma investigação para apurar se houve excessos por parte dos guardas que estavam no local de plantão. Segundo a prefeitura, a Guarda Civil Municipal agiu inicialmente conversando com as manifestantes na tentativa de retirá-las do local com segurança.
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sábado, 14 de setembro de 2013

Ladrões fazem a festa no Rock in Rio


Delegacia móvel em frente à Cidade do Rock ficou lotada após os shows

Cecília Ritto e Pollyane Lima e Silva, do Rio de Janeiro
Beyoncé no primeiro dia do Rock in Rio 2013
Beyoncé no primeiro dia do Rock in Rio 2013 (Ivan Pacheco)
No final da primeira noite do Rock in Rio 2013, uma longa fila na delegacia móvel montada em frente à Cidade do Rock mostrava que, para alguns, a diversão havia acabado mais cedo. A maioria registrava queixa por furto - principalmente de celulares e carteiras. O balanço ainda não foi divulgado pela Polícia Civil, mas o volume de casos impressionou.
A dentista Patrícia Tofani, de 42 anos, assistia à apresentação de David Guetta, a penúltima da noite, quando o marido sentiu alguém colocar a mão no bolso onde estava a carteira. Os dois conseguiram impedir o furto e foram à delegacia arrastando o suspeito. A filha de 16 anos ficou dentro da Cidade do Rock à espera do show de Beyoncé. Poucos minutos depois, porém, a adolescente ligou dizendo que havia sido cercada por um grupo que levou seus óculos escuros e o celular de uma amiga.
“É revoltante. Meu marido chegou a pegar o rapaz, levou para a delegacia, mas o policial disse que não poderia prender porque não era flagrante”, reclamou Patrícia. O estudante Rodrigo Nogueira, de 19 anos, não foi tão rápido quanto o marido da dentista. Enquanto tentava comprar lanche, percebeu que uma confusão se formava logo atrás dele. Quando ele se deu conta e colocou a mão no bolso, não encontrou mais o celular. "É muito ruim, porque você paga caro e nem consegue curtir depois disso", comentou.

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Polícia - O delegado de plantão no fim da noite, Geniton Lages, da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), diz que o atendimento das pessoas chegou a ficar comprometido devido ao grande número de ocorrências.“Trabalhamos com policiais infiltrados e conseguimos reaver alguns objetos furtados. O primeiro dia de festival serve para sentir a demanda, e ver o que é preciso melhorar nos próximos", destaca.
O modo de agir mais comum, segundo apurou o delegado, é em duas ou mais pessoas: uma empurra ou esbarra na vítima, enquanto o outro aproveita o momento de descuido para furtá-la. "O ideal é vir para o evento com o mínimo de coisas possíveis. De preferência, só dinheiro e documento", sugere. A base móvel da Polícia Civil está montada diante da entrada principal da Cidade do Rock, com cerca de 50 agentes trabalhando no atendimento.


Professor Edgar Bom Jardim - PE