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terça-feira, 4 de abril de 2023

O 'relógio de pulso' capaz de detectar risco de infarto



Pessoa com mão no coração

CRÉDITO,GETTY IMAGES

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Cientistas desenvolveram um dispositivo usado no pulso que pode revolucionar o tratamento de ataques cardíacos ao acelerar o diagnóstico — sem a necessidade de coletar sangue - um dos métodos atuais.

Mais de 700 mil pessoas visitam a emergência hospitalar na Inglaterra e no País de Gales por causa de dores no peito. Elas representam 25% das internações hospitalares.

Esses pacientes geralmente apresentam sintomas variados, problemas de saúde complexos relacionados e costumam tomar vários medicamentos. Analisá-los é uma tarefa difícil.

Isso geralmente inclui revisar o histórico médico, fazer um rastreamento cardíaco da atividade elétrica do coração (o eletrocardiograma) e fazer uma radiografia do tórax



O eletrocardiograma, ou ECG, pode mostrar alterações no ritmo cardíaco associadas a um ataque cardíaco em cerca de 50% dos pacientes.

O restante não apresenta ritmo alterado e necessita de investigações mais aprofundadas, o que inclui exames de sangue importantes.

Um dos testes é para uma proteína encontrada nas células do coração chamada troponina. Esta proteína desempenha um papel fundamental em fazer com que as células musculares do coração se contraiam e relaxem.

Quando as células ficam sem oxigênio devido a um bloqueio nas artérias que fornecem sangue ao coração, as células começam a morrer e liberam troponina no sangue.

A troponina pode ser medida em um laboratório hospitalar a partir de uma amostra retirada de um paciente — normalmente de uma veia na dobra do cotovelo ou de um cateter nas costas da mão.

Este teste é repetido duas ou três horas após o paciente ser admitido no hospital.

Uma alteração na quantidade de troponina no sangue pode indicar um ataque cardíaco. Isso é especialmente útil para os pacientes que não apresentam alterações no ECG.

Pacientes com diagnóstico de ataque cardíaco precisam de tratamento urgente, normalmente por cirurgia, onde um cateter é inserido na artéria bloqueada no coração e um balão é inflado para abrir o bloqueio. Este procedimento é chamado de angioplastia.

Em muitos casos, um dispositivo chamado stent é inserido junto com o balão. Quando o balão é esvaziado, o stent fica no lugar para manter a artéria aberta.

Mas este exame de sangue de troponina requer que alguém tire sangue. É comum que as pessoas tenham medo de agulhas — a fobia de agulha afeta entre 4% e 10% da população. A ansiedade e o estresse podem piorar a dor no peito.

Sem necessidade de teste de sangue

O novo dispositivo usado no pulso pode medir a troponina sem coletar uma amostra de sangue.

Este dispositivo é usado no pulso como um smartwatch. Ele usa luz infravermelha através das camadas da pele (transdermicamente) para detectar a troponina no sistema sanguíneo.

Um estudo recente, publicado no European Heart Journal – Digital Health, mostrou que este dispositivo consegue detectar 90% dos ataques cardíacos em cinco minutos.

"Com esse nível de precisão, se você usar este dispositivo e o resultado for positivo, você tem quase certeza de que esse paciente pode ser internado para testes de diagnóstico, tratamento e intervenção rápidos", afirma o principal autor do estudo, Partho P. Sengupta.

Se estudos maiores confirmarem essas descobertas iniciais, esse dispositivo revolucionário para detecção de troponina pode ser útil para detectar ataques cardíacos em clínicas de atendimento ou em serviços de emergência que atendem pacientes com dor no peito.

Isso também significa que os pacientes não precisariam esperar que as amostras de sangue fossem enviadas ao laboratório, analisadas e devolvidas ao hospital.

É importante que os pacientes tenham um suprimento de sangue em funcionamento pleno para o coração o mais rápido possível para impedir que mais células cardíacas morram. Como diz o ditado em cardiologia: tempo é músculo.

Este novo dispositivo usado no pulso pode acelerar o diagnóstico e o tratamento de pacientes com dor no peito.

A tecnologia também poderia ser usada para outros testes para detectar coágulos sanguíneos, gravidez ectópica ou sepse. E pode ser a salvação para quem tem fobia grave de agulha.

* David C Gaze é professor em Patologia Química da Universidade de Westminster.



  • David C Gaze
  • Role,The Conversation
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 1 de maio de 2022

O que é reserva cognitiva, que deve ser fortalecida para proteger o cérebro de doenças

Mulher com cérebro iluminado

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Trata-se de conceito que se originou no final da década de 1980 como resultado de um estudo bastante revelador. Os cientistas analisaram os cérebros de um grupo de pessoas e encontraram alterações típicas de ter sofrido da doença de Alzheimer em estágio avançado.

No entanto, durante a vida, esses indivíduos não apresentaram qualquer sintoma da doença. Mas o que poderia estar por trás disso?

"Eles tinham uma reserva cognitiva grande o suficiente para compensar os danos e continuar funcionando normalmente", afirma a Harvard Health Publishing, publicação da escola de medicina da Universidade Harvard (EUA) no artigo “O que é reserva cognitiva?”.

Um outro estudo também apontou que pessoas com maior reserva cognitiva podem evitar mais os sintomas de alterações cerebrais degenerativas associadas à demência ou outras doenças cerebrais, como Parkinson, esclerose múltipla ou acidente vascular cerebral.


Isso é uma boa notícia, e fica ainda mais positiva porque é possível, ao longo da vida, tentar construir uma forte “reserva cognitiva” para fortalecer as redes do cérebro

Mas como?

Entre as reservas

Segundo Manuel Vázquez Marrufo, professor do departamento de psicologia experimental da Universidade de Sevilha (Espanha), reserva cognitiva é o que se chama de "construto" em psicologia e neurociência. Ou seja, um conceito usado para tratar de uma teoria, mesmo que “não se saiba ao certo quais correlatos fisiológicos estão realmente por trás disso".

O especialista define a reserva cognitiva como “uma espécie de propriedade” que temos – um produto da experiência – e que “nos protege efetivamente contra lesões que ocorrem no cérebro”.

Para a publicação de Harvard, é “a capacidade do nosso cérebro de improvisar e encontrar formas alternativas de fazer tarefas”.

Vásquez explica à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) que o cérebro possui mecanismos de plasticidade, baseados principalmente em fatores genéticos, que permitem uma compensação quando sofremos, por exemplo, uma lesão ou trauma.

Isso se chama reserva cerebral e está mais relacionado à capacidade do cérebro de gerar novos neurônios, com a força da sinapse, com “o hardware do cérebro”, com sua estrutura.

Mulher com fio que sai da cabeça

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Reserva cerebral está mais relacionada à capacidade do cérebro de gerar novos neurônios

A reserva cognitiva, por sua vez, é tida como o que se acumula através de nossas atividades diárias e tem mais a ver com a atividade cognitiva que foi desenvolvida desde o nascimento

Dessa forma, uma combinação do que você tem em sua reserva cerebral e o que você tem em sua reserva cognitiva deve ser determinante para "como o cérebro lidará com lesões ou doenças neurodegenerativas", diz Vázquez.

É algo que também sugere o estudo "Questionário de reserva cognitiva: propriedades psicométricas na população argentina", publicado na Revista de Neurologia:

"Para o mesmo dano cerebral em dois pacientes com a mesma reserva cerebral, o paciente com maior reserva cognitiva poderá tolerar melhor o dano e retardar as manifestações clínicas.

Em outras palavras, reserva cognitiva designa o conjunto de recursos cognitivos que uma pessoa consegue adquirir ao longo de sua vida, e que conferem proteção contra o envelhecimento e lesões cerebrais".

No livro “Reserva Cognitiva: Teoria e Aplicações”, Yaakov Stern, professor de neuropsicologia da Universidade Columbia (EUA), afirma que a reserva cerebral é um exemplo do que poderíamos chamar de “modelo de reserva passivo”, que deriva do tamanho do cérebro e da contagem neural.

“Por outro lado, o modelo de reserva cognitiva sugere que o cérebro tenta ativamente lidar com danos cerebrais por meio de abordagens de processamento cognitivo pré-existentes ou de abordagens compensatórias.”

O neurocientista, que tem estudado a reserva cognitiva por décadas, busca entender “por que alguns indivíduos apresentam mais déficit cognitivo que outros com o mesmo grau de patologia cerebral”.

“Minha própria pesquisa, ao lado de outros pesquisadores, tem demonstrado que aspectos da experiência de vida, como realizações educacionais ou ocupacionais, podem oferecer uma reserva contra a patologia cerebral, permitindo que algumas pessoas se mantenham funcionais por mais tempo que outras.”

Em seu livro, Stern diz que a “variabilidade individual na reserva cognitiva pode se originar de diferenças inatas ou genéticas ou de experiências de vida”.

O estudo das freiras

Em 1986, um jovem epidemiologista chamado David Snowdon abordou freiras em um convento em Minnesota (EUA) para realizar um estudo que buscava examinar os mistérios do envelhecimento e da doença de Alzheimer.

O estudo, que durou vários anos, é considerado um dos esforços mais inovadores para entender a doença e entrou para a história como o Estudo das Freiras.

Quase 700 freiras participaram e receberam testes de memória e cognitivos todos os anos.

Foto de arquivo de freiras

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Legenda da foto,

Estudo histórico com freiras trouxe pistas de como funciona a reserva cognitiva

"Irmã Mary, o padrão-ouro para o Estudo das Freiras, foi uma mulher notável que obteve altas pontuações em testes cognitivos antes de sua morte aos 101 anos de idade.

O mais notável é que ela manteve esse nível alto, apesar de ter abundantes emaranhados neurofibrilares e placas senis, as lesões clássicas da doença de Alzheimer", escreveu Snowdon.

O estudo teve um momento crucial quando a equipe de pesquisadores encontrou um arquivo cheio de diários escritos pelas irmãs quando entraram na ordem, o que rendeu o documentário da BBC Aging with Grace (Envelhecendo com Graça, em tradução livre).

“A equipe descobriu que as irmãs que usavam frases e ideias mais complexas eram menos propensas a desenvolver Alzheimer.”

À medida que morriam, o cérebro de cada irmã foi analisado para obter mais informações e essas amostras agora estão armazenadas na Universidade de Minnesota.

Educação e entretenimento

Em 2017, um estudo internacional encomendado pela prestigiosa revista científica The Lancet sobre prevenção e tratamento da demência descobriu que indivíduos que continuam aprendendo ou treinando ao longo da vida têm maior probabilidade de desenvolver as reservas cognitivas adicionais desejadas.

Acredita-se que existam fatores externos que podem melhorar nossa reserva cognitiva e não se trata apenas de educação e trabalho, mas de estímulo às atividades recreativas da vida diária.

"A influência do meio ambiente é fundamental", diz Vásquez.

"Na neurociência e na psicobiologia, sabemos que os genes determinam muitos aspectos do sistema nervoso, mas o ambiente também modula essa construção."

"Vai depender de suas atividades, desses fatores externos que você promoveu, que vão gerar reservas em alguns elementos cognitivos, como: memória e linguagem."

O especialista ressalta que sempre foi dado um peso muito importante à educação formal, ao aprendizado de diferentes tipos de conceitos e disciplinas acadêmicas.

“Mas há muito debate sobre se as atividades da vida diária, como ler e tocar um instrumento, podem ajudar na reserva cognitiva.”

"Há até resultados que sugerem que sua contribuição para a reserva cognitiva é ainda maior do que a própria educação, não importa quantas horas gastemos nela."

Cérebro

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Legenda da foto,

Harvard indica que uma reserva cognitiva mais forte também pode nos ajudar a "funcionar melhor por mais tempo se expostos a eventos inesperados da vida, como estresse, cirurgia ou toxinas ambientais"

Isso é "uma controvérsia" em si, reconhece o professor, "mas o que está claro é que as pessoas que mantêm a mente ocupada sempre aumentarão essa reserva cognitiva e lidarão muito melhor com a deterioração do envelhecimento".

E não necessariamente se refere a doenças neurodegenerativas, mas a outros desafios que possam surgir.

A publicação médica de Harvard indica que uma reserva cognitiva mais forte também pode nos ajudar a “funcionar melhor por mais tempo se expostos a eventos inesperados da vida, como estresse, cirurgia ou toxinas ambientais”.

Vásquez, especialista em esclerose múltipla, viu como em jovens "ter uma atividade cognitiva diária, como ler, desenvolver uma página na web, fazer um blog pode ser positivo para lidar com a possível deterioração cognitiva causada por doenças".

Nunca é tarde

Não importa a idade, tudo indica que a reserva cognitiva pode ser fortalecida e enriquecida.

Daí a importância de continuarmos a realizar na velhice atividades que nos façam exercitar a memória, a atenção, a linguagem e outros aspectos importantes ligados à reserva.

"Isso está nos protegendo do declínio cognitivo natural que ocorre com o envelhecimento", diz o acadêmico.

E quanto mais rápido você começar, melhor.

Por exemplo, tocar um instrumento musical “envolve recrutar novas estruturas cerebrais ou pelo menos tentar fazer com que algumas que não estavam sendo totalmente usadas sejam mais usadas”.

O bilinguismo e o falar em vários idiomas também podem ser benéficos para a reserva cognitiva.

Mulher com palavra cruzada

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Legenda da foto,

Especialistas apontam que diversas atividades podem ajudar a fortalecer reserva cognitiva

O Centro de Diagnóstico e Intervenção Neurocognitivo de Barcelona (Espanha), ​​especializado em doenças neurodegenerativas e distúrbios cognitivos, indica que práticas diárias saudáveis ​​que ajudam a manter uma mente ativa “são fatores potencialmente favoráveis ​​para o desenvolvimento da reserva cognitiva”.

E sugere algumas diretrizes:

- A leitura, pois estimula não só a atenção e a concentração, mas também a memória e a linguagem.

- Aprender algo novo, pois ao fazê-lo não há apenas um estímulo cognitivo e uma aquisição de novos recursos e ferramentas, "mas ao mesmo tempo gera novas conexões sinápticas que favorecerão a plasticidade cerebral diante das mudanças que possam ocorrer no o futuro".

- Levar uma vida social ativa.

- Não pare de jogar, sejam jogos de tabuleiro, palavras cruzadas completas ou as diferentes alternativas encontradas na internet. A chave é que “eles nos permitem trabalhar habilidades como organização, planejamento, tomada de decisão ou iniciativa, por exemplo”.

- Altere rotinas. Embora as rotinas confiram estabilidade às nossas vidas, “automatizar atividades diminui a ativação cerebral, pois quando repetimos tarefas, o aprendizado diminui e a ativação cerebral é cada vez menor”. Então, às vezes vale a pena quebrar um hábito.

Embora, como alerta o livro produzido por Stern, a reserva cognitiva seja um conceito complexo e mais pesquisas sejam necessárias para ampliar nossa compreensão sobre ele, é essencial ajudar o cérebro a se manter saudável para enfrentar percalços de saúde.

Outras várias das recomendações já são bem conhecidas: não fume, faça exercícios regularmente, mantenha um peso saudável, trate a pressão alta e o diabetes, durma o suficiente.

Uma vida ativa sem excessos é apreciada não só pelo corpo, mas também pelo cérebro


Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Mortes por tuberculose aumento na pandemia





Uma das consequências da pandemia da Covid-19 foi uma diminuição da realização de exames de rotina. Com isso, outras doenças também passaram a ter um aumento de mortes devido ao diagnóstico tardio. Esse é o caso da tuberculose, que pela primeira vez em 10 anos registrou um crescimento no número de óbitos.

O alerta foi feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta quinta-feira (14). Segundo o órgão, há tratamento e cura para a doença, no entanto, muita gente acaba não procurando ajuda médica e fica sem saber que possui tuberculose.

Aumento de mortes por tuberculose

A estimativa é que cerca de 4,1 milhões de pessoas tenham a doença sem saber. Em 2019, esse número era de aproximadamente 2,9 milhões de pessoas. No total, 1,5 milhão de pessoas morreram vítimas da doença, número que não era registrado desde 2017.

“Este relatório confirma nossos temores de que a interrupção dos serviços básicos de saúde devido à pandemia reduziria a nada os anos de progresso contra a tuberculose. Esta é uma notícia alarmante que deve servir como um sinal de alerta global sobre a necessidade urgente de investir e inovar para preencher as lacunas no diagnóstico, tratamento e atendimento aos milhões de pessoas afetadas por essa doença evitável e tratável”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

Em 2015, a OMS lançou uma estimativa de reduzir em 90% as mortes de tuberculose no mundo até 2030. Agora, com o aumento de óbitos, essa meta mudou para 80%. As porcentagens são comparadas com o ano de 2015.

Olhar Digital
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Covid provoca maior queda da expectativa de vida desde a Segunda Guerra




O levantamento conclui ainda que a expectativa de vida ao nascer caiu, de 2019 para 2020, em 27 dos 29 países analisados -os dados são de 27 nações europeias, além de EUA e Chile; o Brasil não entrou na análise.


O impacto da pandemia de Covid-19 nos índices de mortalidade alcançou em 2020 uma magnitude não testemunhada desde a Segunda Guerra Mundial, na Europa Ocidental, ou desde a dissolução da União Soviética, na Europa Oriental.

As conclusões são de um estudo publicado neste domingo (26) no International Journal of Epidemiology e conduzido por um grupo de pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e da Universidade do Sul da Dinamarca.

O levantamento conclui ainda que a expectativa de vida ao nascer caiu, de 2019 para 2020, em 27 dos 29 países analisados -os dados são de 27 nações europeias, além de EUA e Chile; o Brasil não entrou na análise. Os grupos em que houve maior redução são os de homens americanos e lituanos (queda de 2,2 e 1,7 anos, respectivamente).

Quedas de mais de um ano também foram registradas nas expectativas de vida em homens de 11 países e em mulheres de 8, afirma o relatório.
Para dimensionar a gravidade dessa redução, os pesquisadores explicam que esse grupo de nações levou, em média, 5,6 anos para elevar a expectativa de vida de sua população em um ano -progresso que a pandemia de coronavírus eliminou ao longo de 2020 apenas.
Ainda segundo o levantamento, mulheres de 15 países e homens de 10 terminaram o ano passado com uma expectativa de vida menor do que a registrada em 2015.
A expectativa de vida ao nascer é uma das métricas mais usadas para analisar a saúde e a longevidade de determinada população.

O índice se refere à média de anos que uma amostra de recém-nascidos viveria se estivesse sujeita aos índices de mortalidade vigentes no momento da medição. Embora não deva ser interpretado como previsão ou projeção da duração da vida em âmbito individual, ele permite a identificação de padrões nos índices de mortalidade.

No contexto da Covid-19, explicam os pesquisadores, a expectativa de vida ao nascer permite comparar "impactos cumulativos da pandemia com choques de mortalidade no passado e tendências recentes em diferentes países".

Assim, é possível analisar, por exemplo, os efeitos diretos e indiretos do coronavírus nos estudos populacionais. Segundo o relatório, a queda nos índices dos países avaliados se explica, entre outros motivos, pela maior mortalidade da Covid entre homens e pessoas com idade mais avançada -justamente os dois grupos que vinham puxando a curva da expectativa de vida para cima nos últimos anos.

Como efeitos indiretos da pandemia, os pesquisadores destacam o aumento do número de mortes por outras causas, devido a adiamentos e atrasos de tratamentos de doenças cardiovasculares e de câncer, por exemplo, com a sobrecarga de hospitais. Por outro lado, há indícios de que medidas de restrição do contágio, como lockdowns, tenham diminuído o número de mortes por acidentes nas estradas.

O estudo toma como base de comparação dados demográficos registrados entre 2015 e 2019. Todos os grupos analisados sofreram queda na expectativa de vida e em uma dimensão que anula quase todos os ganhos dos cinco anos anteriores, com exceção das mulheres na Finlândia e de pessoas de ambos os sexos na Dinamarca e na Noruega.

Os países escandinavos fogem à tendência constatada no estudo devido, segundo os pesquisadores, a "intervenções precoces não farmacêuticas, juntamente com um sistema de saúde robusto".
O fato de os EUA apresentarem resultado tão negativo pode ser explicado por algumas hipóteses levantadas no relatório. Uma delas é a de que, apesar de ter uma população mais jovem, o país apresenta maior índice de comorbidades entre pessoas com menos de 60 anos.

"Outros fatores, como aqueles ligados ao racismo estrutural e à desigualdade no acesso ao sistema de saúde entre a população economicamente ativa, podem ajudar a explicar o aumento da mortalidade", diz o estudo. São citados artigos científicos que apontam que populações socialmente desfavorecidas nos EUA, como negros e latinos, tiveram perdas em expectativa de vida três vezes maiores do que a média nacional.

Apesar de não integrar a análise, o Brasil é citado nas conclusões do relatório, ao lado do México, como nação emergente "devastada pela pandemia", onde as perdas em expectativa de vida podem ser ainda maiores do que as demais mencionadas.

Os autores observam ainda que, devido à falta de informações "completas e confiáveis", somente dois países de fora da Europa -EUA e Chile- puderam ser objeto de análise. Nos demais, "os verdadeiros impactos da pandemia na mortalidade podem nunca ser totalmente conhecidos".

Folha de Pernambuco

quarta-feira, 28 de julho de 2021

PE: grávidas que tomaram primeira dose de AstraZeneca devem encerrar esquema vacinal contra COVID-19



GestanteGestante - Foto: Pixabay


Seguindo a recomendação do Ministério da Saúde, Pernambuco irá completar com o imunizante da Pfizer/BioNTech o esquema vacinal de gestantes e puérperas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19 da Astrazeneca/Oxford/Fiocruz.

A orientação foi passada para a gestão estadual e balizada pelo Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação contra a Covid-19 em reunião na tarde dessa segunda-feira (26). 

Com relação à mudança do tipo de vacina na aplicação da segunda dose, o secretário  estadual de Saúde, André Longo, explicou: "De maneira geral, as vacinas contra o novo coronavírus não são intercambiáveis, mas os recentes estudos publicados apontam que o esquema heterólogo, com o imunizante de vetor viral da Astrazeneca e a vacina de RNAm da Pfizer, gerou uma resposta imune robusta e boa segurança, o que nos dá maior tranquilidade em seguir com esta recomendação”, 

No momento, seguindo a orientação do Ministério da Saúde, é essencial completar o esquema vacinal para essas mulheres. "É essencial completar o esquema vacinal das grávidas e puérperas que receberam a primeira dose da Astrazeneca para assegurar a alta eficácia dos imunizantes, principalmente por sabermos que as gestantes, por si só, são consideradas grupo de risco para agravamento da Covid-19", informou o secretário.

Antes a orientação era aplicar a segunda dose da Astrazeneca das gestantes que haviam tomado a primeira dose do mesmo fabricante somente após o puerpério, que dura, em média, 8 semanas. Agora, porém, será possível completar o esquema vacinal com a vacina da Pfizer, respeitando o intervalo normal de até 90 dias após a primeira dose.

“Os municípios devem ficar atentos à nova recomendação e agilizar a vacinação das suas gestantes e puérperas”, reforçou a superintendente Ana Catarina de Melo. 

Suspensão
A suspensão do uso da vacina Astrazeneca em grávidas aconteceu em maio, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi notificada da morte de uma gestante vacinada no dia 10 daquele mês com esse imunizante. À época, apenas as gestantes e puérperas com comorbidades estavam sendo imunizadas contra a doença.

Após a decisão da Anvisa, o Governo de Pernambuco decidiu descentralizar as vacinas da Pfizer para todo o Estado, contemplando as gestantes e puérperas com ou sem comorbidades.  

Com informações de Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE