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quarta-feira, 17 de julho de 2019

Rede entrará no STF contra medida de Toffoli que beneficia Flavio Bolsonaro


Flávio Bolsonaro
Flávio BolsonaroFoto: Wilson Dias/Agência Brasil
A Rede vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) da decisão do presidente da corte, Dias Toffoli, que suspendeu investigação contra o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

O magistrado determinou a paralisação de todos os processos judiciais nos quais dados bancários de investigados tenham sido compartilhados por órgãos de controle como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sem prévia autorização do Judiciário.

O procedimento que investiga se Flávio Bolsonaro desviou dinheiro de seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) se encaixa na premissa.A Rede apresentará ao tribunal uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) e pedirá que o caso seja redistribuído a outro ministro em agosto, quando o STF volta do recesso.

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Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a medida de Toffoli "impede o funcionamento do Coaf como instituição de controle de atividades financeiras até novembro [quando o mérito do compartilhamento de dados será julgado de forma definitiva).
Com Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Mundo: O Brasil visto como 'Republiqueta'


Eduardo Bolsonaro e Jair BolsonaroDireito de imagemEPA/JOEDSON ALVES
Image captionA indicação do presidente Jair Bolsonaro foi feita um dia depois do filho completar 35 anos, idade mínima para o cargo
O anúncio do presidente Jair Bolsonaro de que vai indicar um de seus filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), para o posto de embaixador do Brasil em Washington dividiu a opinião de seis diplomatas brasileiros e estrangeiros entrevistados pela BBC News Brasil.
Bolsonaro divulgou o plano um dia depois de Eduardo completar 35 anos, idade mínima para assumir uma missão diplomática permanente. A indicação ainda precisa ser formalizada pelo presidente e depois aprovada pelo Senado para que o deputado possa ocupar o posto, que está sem embaixador desde a saída de Sergio Amaral, há três meses.
"Da minha parte está definido. Conversei com ele (Eduardo) acho que anteontem. Há interesse. A gente fica preocupado, é uma tremenda responsabilidade", afirmou o presidente nesta terça-feira (16) a jornalistas em Brasília. Ainda não há data definida para oficializar a indicação.
Os diplomatas brasileiros, argentinos e americanos ouvidos pela reportagem concordam que a relação de um embaixador com o presidente é "fundamental" para o cargo. Mas a maioria deles afirma que Eduardo não tem carreira significativa para ocupar um posto que exige alta qualificação e critica a escolha de um parente, que, segundo um dos diplomatas, "reduz o Brasil a uma Republiqueta".
Para o embaixador da Argentina na China, Diego Guelar, ser filho do presidente não é um problema. "O dado central é a capacidade de se ter uma boa comunicação com o presidente que o designou para o posto. O fato de ser familiar não prejudica. Ao contrário, agrega", diz ele, que foi embaixador em Washington, em Brasília e junto à União Europeia.
Mas Guelar ressalva que o laço familiar "aumenta ainda mais a responsabilidade" porque o escrutínio sobre sua atuação será maior.
O diplomata americano aposentado Robert Felder, que foi embaixador em diversos países da América Latina, diz valorizar os conhecimentos e experiência de embaixadores com longas trajetórias profissionais, mas para ele a afinidade com o presidente pode prevalecer em certas situações.
"Em alguns casos, considero que a confiança absoluta que o presidente pode ter no seu representante e a capacidade desse representante de refletir os pensamentos do presidente valem mais que outras considerações", diz Felder.
Ex-embaixador da Argentina no Brasil entre 2003 e 2011, Juan Pablo Lohlé acha que o fato de Eduardo ser filho do presidente tem prós e contras e é preciso "encontrar o equilíbrio adequado". "Um fator contrário é ser considerado nepotismo" diz ele. "E um favorável é a aproximação com o presidente."

'Republiqueta'

Para um embaixador brasileiro que já trabalhou na embaixada do Brasil em Washington e falou sob a condição do anonimato, há o risco de Bolsonaro e seu filho se decepcionarem com a expectativa de que serão próximos do presidente americano Donald Trump.
"Por mais que Trump mostre ser afável com o presidente Bolsonaro, ele tem milhares de atribuições dentro e fora dos Estados Unidos. Não é tão simples como eles pensam ter acesso ao presidente dos Estados Unidos que, além de tudo, vai estar cada vez mais voltado para sua campanha à reeleição no ano que vem", diz o diplomata.
Eduardo cochichando no ouvido do paiDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEduardo é o terceiro filho de Jair Bolsonaro, que ele chama de "zero três"
Para ele, a falta de experiência de Eduardo Bolsonaro poderia gerar mais resultados para os Estados Unidos do que para o Brasil. "O trabalho de diplomata é mais complexo do que se imagina e principalmente em Washington. E apesar de o Brasil ser um país importante e ser visto como fundamental em questões como a crise da Venezuela, existem outros com maior peso para a política externa americana, como Israel, por exemplo."
"(Eduardo Bolsonaro) não tem uma carreira significativa. Sua ida para a embaixada do Brasil em Washington daria a impressão de que o Brasil é uma republiqueta", completa.

'Constrangimento'

Ex-embaixador brasileiro na Argentina e na França, Marcos Azambuja diz que a indicação do deputado é algo "pouco habitual" na trajetória da diplomacia brasileira.
O diplomata critica tanto o fato de o deputado ser filho do presidente quanto o anúncio da indicação. "Na diplomacia, não se pode correr o risco de constrangimentos. Tudo isso se faz com confidencialidade. Quando você anuncia o embaixador, já deve ter conversado com o país para onde ele será destinado. Mas para mim é de uma informalidade quase incompreensível", afirma ele, hoje conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), no Rio de Janeiro,
Para Azambuja, a informalidade gera riscos para a aprovação do nome no Senado e do país que receberá o embaixador.
Tradicionalmente, explica ele, o nome do candidato a embaixador do Brasil em qualquer país é apresentado ao governo da outra nação pessoalmente pelo embaixador ou o representante que está deixando a embaixada. Ou, dependendo da relação, o presidente telefona para seu colega (no caso, Trump) para dizer quem será seu indicado. Depois da comunicação e da aprovação, o nome é enviado ao Senado brasileiro onde o candidato será sabatinado. Se não receber os votos necessários, o indicado não pode ocupar o posto internacional.
Eduardo Bolsonaro com boné em homenagem a Donaldo TrumpDireito de imagemPAOLA DE ORTE/AGÊNCIA BRASIL
Image captionDiplomata diz que Eduardo pode "se decepcionar" ao perceber que o acesso à família Trump não é tão fácil
Azambuja relembra outro caso de um anúncio feito sem as praxes diplomáticas. Em 2016, Israel desistiu da nomeação de Danny Dayan, defensor das colônias nos territórios ocupados da Cisjordânia, como embaixador do país no Brasil – sua indicação havia sido anunciada publicamente pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sem antes ter sido submetido o nome ao governo brasileiro.
"Essa quebra da praxe diplomática parece proposital, numa tentativa de criar fato consumado, uma vez que o indicado, Dani Dayan, ocupou entre 2007 e 2013 a presidência do Conselho Yesha, responsável pelos assentamentos na Cisjordânia considerados ilegais pela comunidade internacional, e já se declarou contrário à criação do Estado Palestino, que conta com o apoio do governo brasileiro e que já foi reconhecido por mais de 70% dos países-membros das Nações Unidas", dizia o texto.
Outro caso conhecido foi o do presidente do Chile, Sebastián Piñera, que desistiu, no ano passado, de indicar o irmão para o posto de embaixador do país na Argentina. Parlamentares da oposição acusaram Piñera de nepotismo.

'Fritar hambúrguer'

Para outro embaixador brasileiro, que pediu para não ter o nome revelado, a indicação de Eduardo Bolsonaro "é péssima para o Brasil".
"Ele tem 35 anos e disse que a experiência que teve nos Estados Unidos foi a de fritar hambúrguer. Isso não é qualificação para ser embaixador do Brasil", disse o diplomata, que está entre os mais experientes do Itamaraty. "Espero que o Senado não o aprove. Como o voto é secreto, espero que os senadores não permitam esse vexame para o Brasil."
Na segunda-feira, sem citar o nome de Eduardo Bolsonaro, a Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB) divulgou uma nota defendendo a carreira de diplomata.
"Embora ciente das prerrogativas presidenciais na nomeação de seus representantes diplomáticos, a entidade recorda que os quadros do Itamaraty contam com profissionais de excelência, altamente qualificados para assumir quaisquer embaixadas no exterior", diz a nota.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, embaixador é o título conferido ao chefe de uma missão diplomática, como embaixadas e representações junto a organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas, e ele pode pertencer ou não à carreira diplomática formal.

De Buenos Aires para a BBC News Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 15 de julho de 2019

A sociedade se diverte com suas banalidades



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Parece que as notícias surgem do acaso. É possível dizer tudo. As comunicações são imediatas. Causam sustos, mas divertem e entram nos assuntos. Não importa o banal, nem o espetacular vazio.Há espaços para  o deboche e peraltices nada comprometidas. O presidente Jair afirma que existe um anão que lê seu pensamento e transmite sua fábrica de mexer com as ingenuidades. Esperteza não falta. Talvez, canse a maioria. Não se engane.Ele tem sua plateia que o idolatra. A sociedade carece de reflexão, busca sanar seus problemas, sem abandonar o individualismo feroz.
Jair dá conta dos sentimentos dos fãs das brincadeiras perversas. Muitos se amedrontam. Será que o abismo nos espera? Somos amigos do Trump? Temos curso de diplomacia em lanchonetes? Quem respeita as sandices de Jair? A política segue, festejando reformas que valem milhões. Protegem minorias, apagam dívidas das empresas, prometem tomar as terras dos indígenas. Será que vivemos alucinações diárias? Tudo isso gera provocações. A sociedade se encontra marcada por passados ambíguos e joga fora projetos de futuro. Consagra o inútil,  usa o verniz da superficialidade. As hienas passeiam pelos asfaltos e curtem a frescura das agências bancárias.
Colocar a culpa em quem? Houve eleições, as escolhas acontecem. Não adianta sacudir tudo no cartório da família Bolsonaro. Ela não está só, sobrevive com bajuladores animados e religiões soltas. Valem o mercado, as trocas, o poder de explorar. O governo cultiva interesses, faz alianças, promete o novo, porém mantém as corrupções e ri de quem se rebela. Observem as votações no Congresso, os debates, a falta de responsabilidade social. Quem aposta que, um dia, Jair se afogará na sua própria lama? A solidão veste aqueles que menosprezam as verdades?
Criticar faz bem, nos ajudar a medir os desajuste. A história não nega que as violências sempre estiveram presentes. Inventam-se utopias. Precisamos de respirar e abandonar as poluições tão negativas. A banalidade se vai para quem quer outras concepções de mundo. Há, no entanto, pessoas satisfeitas, amigas das turbulências, admiradoras de orações de profetas satânicos. Os paraísos ficam longe e os cálculos são seduzidos pelos movimentos das bolsas de valores. Aprofundar-se nos contrapontos é um consolo, para quem pensa que a desgraça mora próxima. A globalização abriu espaço para desigualdades, aumentou o número de refugiados e sacrifica sonhos. A dor está em toda parte.
A astúcia de Ulisses. Por Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 14 de julho de 2019

O futebol no meio da grana


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A sociedade cria suas ilusões. Ficar no pesadelo deixa a vida amarga. O futebol tem um espaço privilegiado. nas amenidades contemporâneas. Muito curtem torcer, se apaixonam por determinadas cores e seguem buscando vitórias. Nada de mal em desfrutar das alegrias e correr para o abraço. Acontece que, na sociedade capitalista, a sede por lucro contamina tudo. Tivemos a Copa América que mostrou exageros e esquemas montados para multiplicar riquezas. Os ingressos consolidaram valores exorbitantes. Cria-se uma seleção de público. Os antigos apaixonados são  excluídos.Rendas milionárias assustam e trazem denúncias de corrupções.
O futebol não foge da regra geral. Gera desigualdades. As televisões dominam, vendem pacotes, exaltam o patriotismo. Poucos escapam. Os ídolos ganham patrocínios e se sentem poderosos. Perdeu-se a magia e as marcas tomam conta das camisas. Sempre gostei de futebol. Acompanho, mas me sinto incomodado. É uma invasão que sacode paixões e traz privilégios. Parece que capitalismo cumpre sua aventura com força descomunal.  Expande-se, quer mercado, elitiza, abandona quem se encontra fora do movimento da grana.
Perdi aquele ânimo, embora não negue que me encanta ver a bola solta, com arte. Porém, há valores que difundem mesquinharias. Muitos nem se preocupam. Querem brilhar, fixar padrões especiais. O capitalismo se naturaliza. Não se escapa das suas trapaças? Seu poder de sedução é infalível? Tudo está globalizado. Não se apagam as rebeldias, os descontroles, as indignidades? No entanto, apesar das controvérsias, uma mídia gigantesca empurra concepções, elege opções e intimida quem protesta. A sociedade carrega-se de espertezas para firmar hipocrisias.
Não estou afirmando novidades. Pode ser um lamento inútil, um jogo de palavras perdedoras. Lembrar dos desperdícios ajuda a fortalecer a crítica. Os indiferentes existem e riem. A história segue, contudo não se livra das surpresas. Se todos silenciam, a sociedade se fecha na exploração, fica fragmentada por disputas e crueldades. Essa epidemia de ambições adoece, desmonta possibilidades de  reinventar costumes e sair dos abismos. Não há como se acomodar. Os conflitos são muitos. Moram nas esquinas. O pior são os aplausos de quem se esconde das questões e mergulha no seu conforto.
A astúcia de Ulisses.
Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Novas mensagens: Dallagnol quis lucrar com Lava Jato




Deltan Dallagnol é o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato / Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Deltan Dallagnol é o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
JC Online
Com informações da Folha de São Paulo
Segundo mensagens divulgadas na madrugada deste domingo (14) pelo site The Intercept Brasil em parceria com a Folha de São Paulo, Deltan Dallagnol, procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, teria articulado palestras e eventos para divulgar e lucrar a partir da exposição da tramitação dos processos.
Em dezembro de 2018, um grupo é criado com Deltan, o colega Roberson Pozzobon, procurador da força-tarefa, para discutir com as esposas sobre a criação de uma empresa na qual ambos não poderiam aparecer oficialmente como sócios. Tal corporativa seria a responsável por promover os eventos.

Confira os principais diálogos:

3 de dezembro de 2018:
Deltan: Vc [Esposa de Deltan, Fernanda Dallagnol] e Amanda [Esposa de Pozzobon] do Robito [Roberson Pozzobon] estão com a missão de abrir uma empresa de eventos e palestras. Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade…
5 de dezembro de 2018:
Roberson: Temos que ver se o evento que vale mais a pena é: i) Mais gente, mais barato ii) Menos gente, mais caro
14 de fevereiro de 2019:
Deltan: só vamos ter que separar as tratativas de coordenação pedagógica do curso que podem ser minhas e do Robito e as tratativas gerenciais que precisam ser de Vcs [Fernanda e Amanda] duas, por questão legal. É bem possível que um dia ela seja ouvida sobre isso pra nos pegarem por gerenciarmos empresa
Roberson: Assim vai funcionar, Delta. Ótima ideia. Se chegarem nesse grau de verificação é pq o negócio ficou lucrativo mesmo rsrsrs. Que veeeenham

15 de fevereiro de 2019:
Deltan: Tomara que seja algo como 1 bi porque vamos faturar!! 
Roberson: hahaha. Vem ni noix tributos!!
[...]
Deltan: nao boto mão no fogo por nenhum empresário sobre sonegação fiscal... qq hora ele poderia se enrolar em algo e seríamos sócios 
Roberson: Esse risco poderia de certo modo ser atenuado se tivessemos com ele uma relação de parceria e não de sociedade
Os diálogos mostram Deltan convidando diversas autoridades da Lava Jato para atuar como palestrantes. Entre eles, o ex-juiz responsável pela operação, Sergio Moro, a procuradora da República em São Paulo Thaméa Danelon, e o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Moro, atual Ministro da Justiça, não aceitou a proposta. "Agradeço a indicação. Mas esse ano minha programação já está fechada, não cabe mais nada."
Já Rodrigo Janot considerou a proposta e pediu informações sobre o cachê. "Considero sim mas teremos que falar sobre cache . Grato pela lembra". Dallagnol respondeu que o cachê oficial seria 30 mil reais. "passo seu cachê oficial (30k, certo?), ou algum outro?"

Desdobramento

De acordo com a Folha e o Intercept, os procuradores não chegaram a formalizar a empresa. Por lei, procuradores não administrar ou gerir uma empresa, mas estariam livres para serem sócios ou acionistas.
JC Online
Com informações da Folha de São Paulo
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Ainda se fala de fascismos


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As  práticas sociais se estendem e não se esgotam repentinamente. Fala-se, hoje, de fascismos. Não é estranho. Existem governos que tomam atitudes negativas e tentam fechar os caminhos da crítica. Não se faz apologia das violências? Não se elogia a censura e se impedem olhares ecológicos? Há racismos que habitam sociedades de forma cotidiana segregando milhares de pessoas. Não tenha dúvidas. Leia a notícia e se debruce sobre aqueles que celebram valores tradicionais e temem qualquer tipo de diálogo. O obscuro se segura nas instabilidades frequentes que desadormecem os sonhos.
Quando se aposta na ação de milicianos e se exalta o culto das armas, alguma coisa tende  para andar pela trevas e exaltar o deboche. Os meios de comunicação não se cansam de mostrar aventuras que lembram guerras e misérias aparentemente mortas. Nem tudo é revelado. As relações de poder são seletivas e a neutralidade é apena um  argumento. A situação é tensa, não só entre os desfavorecido,.Toma conta de lugares sofisticados, propaga sentenças  sombrias. Não é à toa que os suspenses se colam nos pesadelos cotidianos.
Não se restrinja aos exemplos ditos imutáveis. Hitler ousou conquistar o mundo, inventou teorias perversas, autorizou genocídios. Porém a história continua e os totalitarismos não cessam de  atrair simpatizantes. Querem privilégios, retomam crenças religiosas, desmontam teorias científicas e aplaudem quem dogmatiza. Há medos entre aqueles que proclamam conquistas e se vestem de profetas. A ambiguidade anda junto com as conversas da história, não se refugia, está em desertos e pântanos. A terra gira sem desenhar eixos.
A manipulação  é, portanto, comum. Tudo isso traz inseguranças e nos assanha. Quantas pedras  colocam-se nas travessias da história? O tempo apaga, mas também inquieta memórias. Nada foi escrito exaustivamente. O sossego pode se tornar um tormento. Sacudimos as palavras desejando significados. O passado é um grande espelho e o progresso é um mito que trai e oprime. Ainda se fala no fascismo, pois as assombrações se aventuram a balançar as certezas e afirmar o vaivém da  história.  O paraíso perdido está longe e escondido. Sobra a turbulência.
De: A astúcia de Ulisses.Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 11 de julho de 2019

Preso juiz que vendia sentenças em Pernambuco


Segundo o delegado da POLINTER, Paulo Furtado, ele vendia sentenças em conluio com advogados, oficiais de justiça e empresários / Foto: Divulgação / PCPE
Segundo o delegado da POLINTER, Paulo Furtado, ele vendia sentenças em conluio com advogados, oficiais de justiça e empresários
Foto: Divulgação / PCPE
JC Online

Na última quarta-feira (11), a Polícia Civil de Pernambuco prendeu o juiz André Rui de Andrade Albuquerque, de 59 anos, condenado a 17 anos de prisão pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) por estelionato, fraudes e lavagem de dinheiro.
A prisão foi realizada pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRACO), braço da Delegacia Interestadual e Capturas (POLINTER/CAPTURAS). 
Segundo o delegado da POLINTER, Paulo Furtado, ele vendia sentenças em conluio com advogados, oficiais de justiça e empresários, através de fraudes que favoreciam terceiros.

Desdobramento do caso

Após ser denunciado pelo Ministério Público em 2007, André Rui se aposentou de forma compulsória (obrigatoriamente) e foi destituído do seu cargo na 1ª Vara Cível de Jaboatão dos Guararapes.

O processo durou cerca de 10 anos, em decorrência de recursos para reverter a sentença. Entretanto, desembargadores do TJPE confirmaram a decisão e o mandado de prisão condenatória foi expedido.

Prisão

André Rui foi localizado em um escritório de advocacia próximo à sua residência e encaminhado ao Cotel.
Apesar de saber sobre a condenação, o processo continuava em grau de recurso na justiça, e o acusado não tinha ciência do mandado de prisão.
Segundo o DRACO, o detido não tem direito à prisão especial e vai cumprir a pena em regime fechado.

Esclarecimentos

Em nota, o Sindicato dos Oficiais de Justiça de Pernambuco (Sindojus-PE) afirmou que não há registro de oficiais de justiça envolvido no caso do juiz André Rui de Andrade Albuquerque. Leia a íntegra da nota:
"O Sindicato dos Oficiais de Justiça de Pernambuco (Sindojus- PE) vem a público esclarecer que, contrário ao que foi divulgado pela imprensa, NÃO há registro de OFICIAL DE JUSTIÇA envolvido no caso do ex-juiz André Rui de Andrade Albuquerque. O ex-magistrado foi preso nessa quarta-feira (10), acusado de vender sentenças em conluio com advogados e empresários por meios fraudulentos quando atuava na 1ª Vara Cível de Jaboatão dos Guararapes. Reiteramos que nenhum Oficial de Justiça está envolvido nesse caso. Nossa categoria foi exposta pela mídia erroneamente, bem como em nota publicada pela Polícia Civil de Pernambuco. Exigimos a urgente retratação do equívoco."
Jornal do Commercio
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Facebook está patenteando as suas emoções


Por: Ethel Rudnitzki, Rafael Oliveira | Infográficos: Ana Karoline Silano
“O Facebook ajuda você a se conectar e compartilhar com as pessoas que fazem parte da sua vida.” É essa mensagem que aparece na sua tela ao se fazer o login na rede social – ou antes de criar a sua conta, se você não for um dos 130 milhões de brasileiros que usam o Facebook.
Mas, além de se conectar com amigos e família, ao criar uma conta ou logar na plataforma, você está compartilhando suas informações com a empresa. O uso dos dados pessoais sempre esteve descrito nos Termos de Utilização e na Política de Dados – para quem tivesse paciência de lê-los. Mas a extensão e as consequências desse uso só começaram a vir à tona com o escândalo da empresa Cambridge Analytica, que mostrou como dados de usuários do Facebook foram usados na segmentação de anúncios para a campanha eleitoral de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
Um estudo inédito da pesquisadora Débora Machado, da Universidade Federal do ABC (UFABC), revela que o uso de informações pessoais pode ir além. O Facebook tem tecnologias suficientes para saber o que estamos sentindo em cada momento que logamos na plataforma. E mais: a partir disso, pode moldar as nossas emoções em benefício próprio.
A pesquisadora buscou patentes e pedidos de patente registrados pela Facebook Inc. nos Estados Unidos entre 2014 e 2018, encontrando quase 4.000. Entre elas, refinou a pesquisa para aquelas que só diziam respeito à rede social e depois selecionou 39 com potencial de modulação do comportamento do usuário. Destas, cerca de 15% tinham a análise de emoções como parte fundamental do funcionamento – vale lembrar que nem todas se tornaram patentes de fato. “Por mais que aquela tecnologia não esteja sendo utilizada, ou não vá ser utilizada, aquele é um conhecimento que a empresa adquiriu”, explica Débora.
Durante um mês, a Pública analisou algumas patentes sobre modulação de comportamento e adaptação do conteúdo apresentado no feed de notícias para entender como as tecnologias do Facebook podem detectar as emoções dos usuários e o que elas podem fazer com essas informações. A reportagem descobriu 130 invenções da Facebook Inc. com a palavra “emotion” e/ou “feeling” (emoção e sentimento, respectivamente) – uma parcela pequena do total de 3.081 patentes efetivamente registradas desde sua criação, em 2004. O levantamento revelou que 65% (85) das patentes que tratam de emoções foram registradas a partir de 2015, quando a plataforma patenteou a tecnologia da ferramenta “Reactions”, aquelas “carinhas” que demonstram sua reação a um texto – sinal de que desde então o interesse da plataforma por reações emocionais só aumentou.

Das reactions ao reconhecimento facial

Em fevereiro de 2016, o Facebook lançou as reactions com a ajuda de psicólogos e psiquiatras da Universidade Berkeley, nos Estados Unidos, e de Matt Jones, ilustrador da Pixar que fez a animação Divertidamente.
A ferramenta permite que o usuário reaja com cinco diferentes emoções às publicações na rede social. Além do tradicional “curtir”, a plataforma oferece as reações “amei”, “haha”, “uau”, “triste” e “grr”. A intenção era “fornecer ao usuário mais maneiras para ele expressar suas reações às postagens de uma maneira fácil e rápida”, conforme declarou o desenvolvedor de produto Sammy Krug durante o lançamento mundial da ferramenta. “Ao longo do tempo esperamos aprender como as diferentes reações podem ser ranqueadas diferentemente pelo feed de notícias para fazer um melhor trabalho em mostrar para as pessoas as histórias que elas mais querem ver”, completou.
Ao mesmo tempo que lançava as reactions, a empresa registrou diversas patentes com diferentes tecnologias para captar e modular as emoções dos usuários.
O reconhecimento facial, sensor de teclado e análise de informações linguísticas são alguns exemplos de como a empresa vislumbra fazer isso. “A maioria das patentes cita um uso de todos os sensores do celular”, diz Débora. “Fala-se bastante de reconhecimento facial, fala-se bastante de reconhecimento de voz. Fala-se também de uma análise da forma que você digita e de sensores como giroscópio, que consegue identificar em qual posição o celular está, a rapidez que você tira ele do bolso, a iluminação ao redor.”
Uma das patentes analisadas pela Pública se chama “Técnicas para a detecção de emoção e entrega de conteúdo” e foi registrada em fevereiro de 2014. A ferramenta identifica o sentimento que o usuário expressa a cada publicação que ele vê. Para captar isso, o aplicativo pode usar a câmera do dispositivo e reconhecer a expressão facial do usuário e a interação com o post (curtida, reação, compartilhamento ou comentário). Com a emoção reconhecida, o aplicativo leva em conta a informação para apresentar as próximas publicações. No texto da patente há um exemplo: “se um usuário for identificado como entediado, um conteúdo engraçado poderá ser mostrado a ele”.
IMAGEM DO FUNCIONAMENTO DA PATENTE “TÉCNICAS PARA A DETECÇÃO DE EMOÇÃO E ENTREGA DE CONTEÚDO”, REGISTRADA PELA FACEBOOK INC. (GOOGLE PATENTES/REPRODUÇÃO)
Outra patente, chamada “Determinando características de personalidade do usuário a partir de sistemas de comunicação na rede social”, descreve uma tecnologia capaz de identificar informações emocionais do usuário a partir do conteúdo das suas mensagens de texto. Ou seja, a ferramenta lê o que você escreve e interpreta, permitindo que a rede social obtenha informações linguísticas de um aplicativo de mensagens – que pode se aplicar ao Messenger, chat privado do Facebook ou ao “Direct” do Instagram – e as registre junto ao perfil do usuário com classificações como extroversão, sociabilidade, conscientização e estabilidade emocional. “Usando características de personalidade ao selecionar conteúdos, a rede social aumenta a probabilidade de que o usuário interaja favoravelmente com o conteúdo”, diz a descrição da patente.
Se você costuma enviar mensagens a seus amigos se lamentando de estresse, cansaço ou frustrações, ao usar essa tecnologia a plataforma poderá interpretar que você está emocionalmente instável e moldar os conteúdos que combinem com esse estado emocional.
PATENTE “MELHORANDO MENSAGENS DE TEXTO COM INFORMAÇÃO EMOCIONAL” PERMITE QUE A REDE SOCIAL DETERMINE INFORMAÇÕES EMOCIONAIS A PARTIR DA DIGITAÇÃO DO USUÁRIO (GOOGLE PATENTES/REPRODUÇÃO)
Outra tecnologia registrada pelo Facebook também detecta emoções nas mensagens de texto, através do teclado do dispositivo. A patente “Melhorando mensagens de texto com informação emocional” permite que a plataforma identifique o ritmo, a pressão e a precisão da digitação do usuário e associe isso a uma característica emocional. Então, a ferramenta pode apresentar a mensagem escrita de maneira a combinar com o que você está sentindo. Se você está digitando rapidamente, a plataforma poderia, por exemplo, alterar a fonte e deixar os caracteres mais aproximados, transmitindo a mensagem visual de pressa.
A política de dados do Facebook especifica algumas das ferramentas utilizadas para a coleta de informações dos usuários, incluindo “informações de e sobre os computadores, telefones, TVs conectadas e outros dispositivos conectados à web que você usa e que se integram a nossos Produtos”, além de “acesso à sua localização GPS, câmera ou fotos”. Tecnologias como reconhecimento facial, coleta de metadados de publicações, monitoramento de acesso da plataforma também são citadas.
O usuário pode decidir não permitir isso, entretanto. Mas, segundo Débora, “inibir o uso dessas ferramentas deixa a sua experiência nessas plataformas cada vez mais restritas”, e isso funciona como um incentivo à permissão mais ampla. Ela cita o exemplo da câmera: se você restringir o acesso do Facebook à câmera do seu celular, não será mais possível tirar fotos e vídeos e publicar na plataforma.
Por sua vez, a empresa apresenta essa informação com a justificativa de “melhorar a experiência do usuário”, “Pesquisar e inovar para o bem social” e “Promover segurança e integridade”, nos seus Termos de Serviço.

Sorria. Você está sendo “modulado”

Diferente da manipulação, a modulação ocorre de maneira sutil e personalizada através de algoritmos que coletam dados dos usuários. “Você não precisa enganar a pessoa, você não precisa dar informações falsas ou dar a entender uma coisa sendo que a verdade é outra. Você na verdade está direcionando ela, orientando ela em uma certa direção, ao mesmo tempo que dá a sensação de que ela está caminhando livremente para onde ela quiser”, explica a pesquisadora Débora Machado, que analisou 39 patentes de ferramentas que modulam o comportamento.
Um exemplo de patente que pode ser considerada útil para a modulação de comportamento se chama “Filtrando comunicações relacionadas a emoções indesejadas em redes sociais”. A invenção associa emoções a diversas interações dos usuários na plataforma – comentários, mensagens, publicações, curtidas etc. Aquelas interações que forem associadas a emoções consideradas “desejadas” serão reforçadas, e as que forem consideradas “indesejadas” serão preteridas. Como exemplos de emoções indesejadas, a patente cita luto, culpa, raiva, vergonha e medo.
Para incentivar o seu bom humor, a rede social pode exibir no feed de notícias publicações às quais você reagiu positivamente no passado. A patente cita como exemplo a lembrança de ações anteriores do usuário. Isso já acontece quando o Facebook sugere posts que comemoram um aniversário ou relembram uma publicação antiga – mas não há indícios de que isso é associado ao seu estado de humor.
DESCRIÇÃO DO FUNCIONAMENTO DA PATENTE “MELHORANDO MENSAGENS DE TEXTO COM INFORMAÇÃO EMOCIONAL” (GOOGLE PATENTES/REPRODUÇÃO)
A consequência dessa patente, explica a pesquisadora, é que o Facebook pode, através do feed de notícias, privilegiar uma amizade em detrimento de outra ou dar preferência a certos tipos de publicações para determinados sentimentos. E isso não necessariamente corresponde aos interesses do usuário. “Eu identifico que a plataforma está mais interessada em deixar o usuário mais interativo, ou fazer ele executar uma ação específica. Eu não acho que a plataforma está muito preocupada se o que leva ele a comprar um produto, por exemplo, é ele estar triste ou estar feliz”, constata Débora.
DE MANEIRA PARECIDA COM OS EXEMPLOS DA PATENTE “FILTRANDO COMUNICAÇÕES RELACIONADAS A EMOÇÕES INDESEJADAS EM REDES SOCIAIS”, O FACEBOOK RELEMBRA ANIVERSÁRIO DE POSTAGENS POSITIVAS NO FEED DE NOTÍCIA DOS USUÁRIOS (FACEBOOK/REPRODUÇÃO)

Emoção é dinheiro

Saber quais são as emoções dos usuários é útil para anunciantes. Os anúncios são a principal fonte de renda do Facebook, representando US$ 14,91 bilhões no primeiro semestre de 2019 – 98,8% da receita. Das 130 patentes com a palavra “emoção” registradas pela plataforma, 109 (84%) contêm também a palavra “propaganda” (advertise) em suas descrições.
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“As características de personalidade inferidas são armazenadas junto aos perfis do usuário e podem ser usadas para mirar, ranquear e selecionar versões de produtos [para oferecer ao usuário] e muitas outras funções”, define uma dessas patentes.
Outras são mais explícitas. A patente “Sinais negativos para segmentação de anúncios” descreve uma ferramenta que registra interações negativas de usuários com certos conteúdos, por exemplo, a expressão de emoções tristes ou bravas, comentários ruins, reação de ira, e cria uma lista de itens com os quais o usuário não se relaciona bem – uma “lista negra”, ou blacklist, no linguajar da patente – e que não devem ser mostrados ao usuário.
Procurada, a empresa afirmou que não comenta a cobertura específica de suas patentes ou razões para registrá-las. “O Facebook usa uma estratégia de patentes que não cobre apenas tecnologia usada nos produtos e serviços do Facebook, mas inclui também diferentes tipos de tecnologia. Por essas e outras razões, as patentes nunca devem ser entendidas como uma indicação de planos futuros.”
Além disso, reforçaram que não oferecem aos anunciantes a opção de direcionar anúncios com base na emoção das pessoas.
O publicitário e vice-presidente executivo da agência WMcCann, Márcio Borges, autor de dissertação sobre reações e engajamento em posts publicitários no Facebook, confirma que a segmentação por emoções não é disponível ao anunciante. “Hoje você não compra isso, mas o Facebook pode usar essas informações como forma de maximizar os resultados.” Atualmente, os anunciantes recebem a segmentação de público com base em comportamentos e interesses identificados pela rede social. “No fundo, essa informação vem pautada pelas reações, mas nós não compramos a segmentação por emoção.”
PARA PUBLICAÇÃO DE ANÚNCIOS NO FACEBOOK É POSSÍVEL SEGMENTAR O PÚBLICO POR IDADE, LOCALIZAÇÃO E INTERESSES (FACEBOOK/REPRODUÇÃO)
A análise das patentes pela reportagem vai na contramão do discurso pela saúde mental promovido pelo Facebook e da promessa de Mark Zuckerberg de estar trabalhando para que os usuários passem menos tempo na rede. As patentes relacionadas a emoções registradas pela marca indicam interesse de prender o usuário o máximo de tempo possível na rede. “Eu entendo que a partir do momento que você cria uma tecnologia que faz de tudo para o usuário ficar ativo e interagindo dentro dela, isso significa que você quer que essa pessoa esteja lá interagindo a maior quantidade de tempo possível”, afirma Débora.
Os próprios botões “curtir” do Facebook e “amei” do Instagram funcionam de maneira a prender o usuário à plataforma. Quando você posta um conteúdo e recebe uma curtida, o sistema nervoso é estimulado com a produção de dopamina, assim como quando você usa uma droga.
Algumas patentes de emoção analisadas pela Pública falam claramente em tecnologias capazes de garantir a permanência do usuário na rede social. É o caso da invenção “Apresentando conteúdos adicionais para um usuário de redes sociais baseado em uma indicação de tédio”, registrada em janeiro de 2015. A ferramenta permite que uma rede social identifique níveis de tédio – como recarregamento do feed de notícias e baixa interação com publicações – e iniba essa sensação. “A rede social apresenta conteúdos alternativos através do feed de notícias ao usuário com indicativo de tédio para encorajá-lo a interagir com os conteúdos”, explica o texto da patente.
De maneira parecida, a ferramenta “Reactions” também pode funcionar de maneira a incentivar a permanência do usuário na plataforma, segundo o publicitário Márcio Borges. “Quando você olha as reações, são quatro positivas ou neutras e duas negativas. É como se fosse padronizada matematicamente uma rede predominantemente positiva, porque você tem mais maneiras de expressar positividade do que manifestar negatividade. A própria maneira com a qual os botões estão dispostos, a ordem que eles vêm, também vêm do campo da positividade para a negatividade. As primeiras opções são positivas e as últimas negativas”, diz

Para a pesquisadora Débora Machado, o escândalo da Cambridge Analytica só empurrou o Facebook a buscar mais maneiras de estudar o comportamento. “A partir do momento em que as pessoas se preocupam mais com o que elas divulgam sobre sua própria vida, a rede também tem que encontrar outras formas de coletar informações diversas sobre o que você está sentindo ou pensando, para poder identificar qual a melhor hora de te direcionar algum conteúdo ou te levar a realizar alguma ação específica que seja vantajosa para o modelo de negócio da plataforma ou para o objetivo final do anunciante”, afirma.



Questionado pela Pública sobre a permanência dos usuários, o Facebook respondeu que trabalha para que eles “tenham conexões significativas” dentro da plataforma e que desenvolve ferramentas para que eles tenham controle sobre a quantidade de tempo que passam nela. “Queremos que o tempo gasto no Facebook seja positivo para as pessoas. No último trimestre de 2018, por exemplo, fizemos alterações para mostrar menos vídeos virais. No total, as alterações que fizemos em 2018 reduziram o tempo gasto no Facebook em cerca de 50 milhões de horas todos os dias”, afirmou a empresa em nota.
www.cartacapital.com.br/sociedade/como-o-facebook-esta-patenteando-as-suas-emocoes/

Professor Edgar Bom Jardim - PE