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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

As novas evidências 'definitivas' da Nasa para a existência de água na Lua

terra vista da LuaDireito de imagemGETTY
Image captionCientistas acreditam que gelo encontrado na Lua poderia ser transformado em água potável para ocupantes de uma base lunar, ou até ser usado como combustível de foguete
Uma nova descoberta confirma o que cientistas já haviam anunciado, mas ninguém nunca havia observado de maneira direta: há água em forma sólida na Lua.
Dados coletados pela missão indiana Chandrayaan-1, que explorou a Lua entre 2008 e 2009, estão sendo classificados por pesquisadores como "evidência definitiva" de que existe água em forma de gelo na superfície lunar.
Esses depósitos de gelo estão nos polos Norte e Sul do nosso satélite natural e, segundo cientistas, estão distribuídos de maneira fragmentada.
foto da Nasa mostra lua com pontos verdes, onde estaria o geloDireito de imagemNASA
Image captionImagem considerada a comprovação de que gelo foi encontrado nos polos norte e sul da Lua
Detalhes da descoberta foram divulgados na publicação acadêmica PNAS.
Um aparelho chamado Mapa da Mineralogia Lunar (M3) identificou reflexos de luz próprios do gelo. O M3 também foi capaz de medir como as moléculas de gelo absorvem luz infravermelha.

Água na escuridão

As temperaturas na Lua podem atingir 100ºC durante o dia, o que não oferece as melhores condições para conservar o gelo na superfície lunar. Mas, por causa da inclinação de cerca de 1,5 grau no eixo de rotação da Lua, há lugares em seus polos que não nunca veem a luz solar.
Os pesquisadores estimam que as temperaturas nas crateras que ficam permanentemente na escuridão não superam os 157ºC negativos. Isso criaria um ambiente favorável à existência de depósitos estáveis - por longo período - de gelo de água.
Essa descoberta apoia os resultados de algumas observações indiretas que previamente já haviam sugerido a presença de gelo no polo sul da Lua.
a luaDireito de imagemGETTY
Image captionO gelo é conservado onde não há luz
Segundo os autores desse novo estudo, se há gelo suficiente nos primeiros milímetros da superfície lunar, esta água poderia ser usada como recurso para futuras missões tripuladas à Lua.
Acredita-se, inclusive, que o gelo poderia ser transformado em água potável para os ocupantes de uma base lunar, ou "dividido" em hidrogênio e oxigênio para ser usado como combustível de foguete. O oxigênio dividido também poderia, tecnicamente, ser usado pelos astronautas para respirar.
Gelo de superfície já foi encontrado em outros corpos celestes do Sistema Solar, como o polo Norte do planeta Mercúrio e no planeta anão Ceres.
Fonte:BBC

Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 31 de julho de 2018

Ciência: Impossível transformar atmosfera de Marte



Más notícias para aqueles que sonham em mudar o ambiente de Marte para transformá-lo numa nova Terra: o Planeta Vermelhonão teria dióxido de carbono suficiente disponível para recriar uma atmosfera espessa o suficiente para torná-lo habitável, de acordo com pesquisadores.

Um estudo publicado na revista científica Nature Astronomyanalisou a ideia de que as tecnologias poderiam transformar este planeta desértico e seco para torná-lo semelhante à Terra.

Este é o conceito de "engenharia planetária" ou "terraformação", um conceito caro à ficção científica, mas também de interesse dos cientistas. A perspectiva de missões da Nasa para habitar Marte a médio prazo e a da implementação de colônias humanas mencionada pelo bilionário Elon Musk levaram os pesquisadores a olhar para esta hipótese defendida pelo chefe da SpaceX.

"Queríamos ver o que era possível fazer" com dióxido de carbono (CO2) "no estado atual da tecnologia", disse à AFP Bruce Jakosky, da Universidade do Colorado em Boulder (Estados Unidos) e principal autor do estudo.

Menor que a TerraMarte tem uma atmosfera muito tênue, composta de 96% de dióxido de carbono. A pressão atmosférica é muito baixa comparada com a do nosso planeta. E faz frio: a temperatura média é de -63 graus Celsius. "O objetivo desta 'terraformação' seria criar em Marte uma atmosfera tão espessa quanto a da Terra", explica Bruce Jakosky.

O agente dessa transformação do meio ambiente seria o dióxido de carbono, um gás de efeito estufa armazenado nas rochas marcianas e sob as calotas de gelo em particular. Se fosse possível liberar este gás na atmosfera, poderia se esperar torná-la menos fina, aquecer o planeta e, aumentando a pressão atmosférica, permitir que a água líquida permanecesse na superfície, ressalta o pesquisador.

"Os homens não precisariam mais usar roupas de astronauta, já que o aumento da temperatura tornaria a vida mais fácil", acrescenta Bruce Jakosky, que participou da missão MAVEN da Nasa, lançada em 2013 para estudar a atmosfera marciana. Bruce Jakosky e Christopher Edwards, da Northern Arizona University em Flagstaff, compilaram um inventário dos diferentes "reservatóriosde CO2 não atmosférico, com base em dados coletados por várias missões marcianas ao longo de várias décadas. "Inclui as calotas polares, o CO2 em rochas de carbono e moléculas de CO2 na poeira do solo", explica Bruce Jakosky.

"Descobrimos que não há dióxido de carbono suficiente disponível para criar um aquecimento global suficiente, mesmo que pudéssemos liberar tudo para a atmosfera", diz ele. Na melhor das hipóteses, o CO2 acessível poderia triplicar a pressão atmosférica de Marte - apenas um quinto do que seria necessário para tornar Marte habitável para seres humanos. E aumentar a temperatura em menos de 10 graus Celsius. "Além disso, seria muito difícil extrair esse CO2", diz o pesquisador.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 30 de julho de 2018

CIÊNCIA:A cobra bebê 'congelada no tempo' por 99 milhões de anos que traz novas pistas do passado


Fóssil de cobra bebêDireito de imagemMING BAI/ACADEMIA CHINESA DE CIÊNCIAS
Image captionO fóssil ajuda a entender por que as cobras são criaturas tão bem sucedidas
O fóssil de uma cobra bebê recoberto por âmbar "incrivelmente raro", segundo cientistas, foi descoberto em Mianmar.
A criatura está preservada assim há 99 milhões de anos e estava viva quando os dinossauros ainda não haviam sido extintos.
"Esse é o primeiro fóssil de cobra bebê que já encontramos", disse Michael Caldwell, da Universidade de Alberta, no Canadá, à BBC News, um dos cientistas envolvidos na descoberta, anunciada no periódico Science Advances.
Ilustração de como seria a cobra bebêDireito de imagemCHEUNG CHUNG TAT
Image captionIlustração mostra como seria réptil pré-histórico 'Xiaophis myanmarensis' encontrado em Mianmar
A cobra bebê viveu nas florestas de Mianmar durante o período Cretáceo. Ela foi batizada como Xiaophis myanmarensis, ou cobra-da-aurora-de-Mianmar.
Também foi descoberto um segundo fóssil em âmbar, que parece conter parte da pele de uma cobra muito maior. Não se sabe ainda se ambos os animais são da mesma espécie.
A pele de um segundo espécime foi encontradaDireito de imagemYI LIU
Image captionA pele de um segundo espécime foi encontrada

Como a cobra ficou presa em âmbar?

O animal ficou preso em seiva de árvore, uma substância grudenta que pode preservar pele, escamas, pelos, penas e até mesmo criaturas inteiras.
"É a supercola dos fósseis", disse Caldwell. "Âmbar é algo totalmente único - o que ele toca fica congelado no tempo dentro de uma resina parecida com plástico."
A ideia de fósseis preservados em âmbar está no cerne da trama do famoso filme Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros, em que cientistas extraem DNA de dinossauro de mosquitos pré-históricos achados na resina endurecida de árvores.

Os primeiros fósseis

Cobras: O mais antigo fóssil de cobra conhecido data de 140 milhões a 167 milhões de anos atrás e vem do Reino Unido. A Eophis underwoodi era pequena, provavelmente um filhote, e vivia em locais pantanosos.
Lagartos: Um pequeno lagarto descoberto nas rochas dos Alpes italianos foi confirmado neste ano como o exemplar mais antigo do tipo. O Megachirella wachtleri viveu no período Triássico. A descoberta aponta que o grupo ao qual os lagartos pertencem evoluíram antes do que se pensava.
Dinossauros: Os fósseis mais antigos datam da mesma época dos lagartos. O Nyasasaurus tinha dois ou três metros de comprimento e foi encontrado na Tanzânia, na África. Mas só restaram alguns ossos do animal, então se sabe pouco sobre ele ou sua história. O grupo ao qual ele pertencia dominou a Terra por 165 milhões de anos.
Cavalos: O mamífero mais antigo que se parece com um cavalo é o Eohippus, que foi encontrado na América do Norte, em locais como a bacia do rio Wind, nos Estados Unidos. Ele viveu há cerca de 52 milhões de anos e tinha o tamanho de uma raposa. Mas cavalos de verdade só surgiram há cerca de 20 milhões de anos, quando tinham o tamanho de pôneis.
Humanos: Depende do que você chama de humano. Mas se aplicamos esse conceito a espécies do grupo biológico Homo, o exemplar mais antigo é um fragmento de mandíbula achado na Etiópia e que data de 2,8 a 2,75 milhões de anos atrás.

O que a nova descoberta diz sobre essas fantásticas criaturas?

O corpo de uma cobra pode ser visto dentro de um pedaço de âmbar, composto de 97 vértebras, além das costelas. Curiosamente, a cabeça da cobra não está ali.
Os ossos foram analisados por meio de um poderoso equipamento de raios-X e comparado ao de cobras atuais. A anatomia aponta que a espinha dorsal de cobras mudou pouco em quase 100 milhões de anos.
Cientistas dizem que essa espécie de cobra pode ter sobrevivido por dezenas de milhares de anos em estado primitivo antes de ser extinta.
ModeloDireito de imagemMING BAI/ACADEMIA CHINESA DE CIÊNCIAS
Image captionA cobra é similiar em tamanho a espécies atuais como as 'Cylindrophiidae'

O que sabemos sobre onde a cobra vivia?

Mianmar é considerado um verdadeiro baú de tesouros de fósseis do período Cretáceo, de entre 145 milhões a 66 milhões de anos atrás.
Descobertas recentes incluem a cauda de um dinossauro com penas, um aracnídeo e uma série de sapos pré-históricos.
Fragmentos de plantas e insetos achados dentro do mesmo âmbar confirmam que a cobra vivia em florestas. Isso é inédito para essa época, já que os poucos fósseis de cobras foram achados em rochas associadas a rios ou o mar.
Ricardo Pérez-de la Fuente, do Museu de História Natural da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que não tem ligação com a equipe por trás da descoberta, diz que ela "fornece dados preciosos sobre a evolução e o desenvolvimento de cobras antigas".
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Descoberta supercola feita com bagaço de cana em centro de pesquisa brasileiro

Cola sustentável colocada em recipienteDireito de imagemFELIPE SOUZA/BBC NEWS BRASIL
Image captionCola inventada por duas pesquisadoras é feita com látex, bagaço de cana e lignina
"Gente, está muito difícil tirar essa fórmula dos equipamentos. Eu tento lavar, mas fica tudo grudado nas hélices". Foi assim que Naima Orra, na época estagiária do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas, identificou uma textura pegajosa, que se tornou depois de um mês de pesquisa uma cola atóxica feita a partir de bagaço de cana-de-açúcar e materiais descartados por empresas de celulose.
Depois de ouvir o relato de Orra, a pesquisadora do Laboratório Nacional de Nanotecnologia Rubia Figueiredo Gouveia decidiu orientar a estagiária em uma pesquisa específica para aprimorar o estudo e criar uma nova cola. Um mês depois, as duas chegaram à fórmula final, patenteada no Brasil este ano. A cola sustentável brasileira poderá ser registrada no exterior em 2019 sob a autoria das duas pesquisadoras - Naima Orra, hoje, faz mestrado na França.
Caso a patente seja comercializada, metade do dinheiro arrecadado será destinado ao fundo de inovação da organização social CNPEM; os outros 50%, divididos entre as inventoras.
Além de ter a mesma eficiência de outras colas já comercializadas atualmente, a nova fórmula é feita a partir da simples mistura de três ingredientes: látex, nanocelulose e lignina.
Rubia Figueiredo GouveiaDireito de imagemDIVULGAÇÃO CNPEM/GUSTAVO MORENO
Image caption'Reaproveitar o que seria descartado é sustentável e ainda deve baratear a produção', diz pesquisadora Rubia Gouveia
"Uma das vantagens é que esses dois últimos elementos são muitas vezes descartados em larga escala por indústrias de papel e refinarias de cana-de-açúcar. Reaproveitar o que seria descartado é sustentável e ainda deve baratear a produção", afirmou Rubia Gouveia em entrevista à BBC News Brasil.
A pesquisadora afirma que a cola pode beneficiar uma cadeia de indústrias que usam o produto, como a automobilística, de móveis, construção civil e brinquedos. Dos três materiais usados em sua produção, o látex deve ser o único que ainda continuaria sendo extraído árvores, principalmente de seringueiras.
Já a nanocelulose é obtida em larga escala hoje no Brasil a partir de árvores de eucalipto. Para a produção da nova cola, porém, a substância foi extraída do bagaço de cana.
A lignina é obtida a partir de um líquido chamado de "licor negro", comumente descartado em indústrias de papel, exceto as mais modernas, que costumam usar a substância para a produção de energia. Para isso, é necessário cozinhar a substância com soda em alta temperatura e pressão.

Produção em larga escala

Fabiano Rosso, gerente de pesquisa do Projeto Lignina da Suzano Papel e Celulose, a maior produtora de papéis de imprimir e escrever da América Latina, disse que uma fração de 3% da lignina produzida pela fábrica da empresa em Limeira, no interior de São Paulo, deve ser separada a partir deste semestre, purificada, modificada, transformada em uma resina e vendida para fábricas de madeira e MDF.
O número equivale a cerca de 20 mil toneladas. O restante continuará sendo queimado, como hoje, para virar vapor, alimentar uma turbina e produzir energia, que abastece a indústria e ainda gera um excedente que é vendido. Caso as experiências demonstrem a viabilidade da supercola, boa parte da substância produzida pela Suzano Papel e Celulose poderia ser utilizada para este fim.
Campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e MateriaisDireito de imagemDIVULGAÇÃO CNPEM/RENAN PICORETI
Image captionImagem aérea do campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas
A notícia de que uma cola pode ser produzida a partir de lignina animou Rosso. Para ele, o ideal seria diminuir a destinação do material à produção de energia e usá-lo para fabricar de materiais com valor agregado.
"Eu não conheço essa pesquisa, mas vou procurar saber e entender sua aplicação e o que os pesquisadores estão fazendo. Eu tenho interesse não só pela aplicação, mas também pela fabricação desse produto final. Eu vejo esse como um caminho bastante viável para produzir em larga escala", afirmou Rosso.
Fábrica da Suzano Report em LimeiraDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionFábrica da Suzano Papel e Celulose produz 20 mil toneladas por ano de um dos principais produtos usados na fabricação da cola sustentável

Formaldeído

Além de vantagens econômicas e ecológicas, a cola sustentável não usa solventes químicos derivados do petróleo como a maior parte das colas usadas hoje industrialmente. O mais conhecido e prejudicial é o formaldeído, classificado como cancerígeno pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1984 e que está presente na maior parte das colas industriais, inclusive as usadas por sapateiros e vidraceiros. O odor da substância pode causar náuseas, dores de cabeça e, em casos mais graves, até mesmo alucinações e confusão mental. A cola sustentável, por sua vez, é atóxica.
O uso do formaldeído foi proibido nas indústrias dos Estados Unidos e do Canadá, as únicas que, ao lado da Suécia, também produzem lignina em larga escala.
Mas, de acordo com a pesquisadora Rubia Gouveia, a cola sustentável não tem como foco apenas uso industrial, mas também comercial, doméstico e escolar.
Teste feito com cola sustentávelDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionTeste feito com madeira mostra que pedaço colado não se rompeu ao ser forçado
"É possível fazer modificações para adequar seu uso em diferentes situações. Desta forma, a cola poderia ser usada desde indústrias automobilísticas, móveis, de tecidos a até mesmo em escolas e escritórios", afirma Gouveia.
A cola demonstrou sua potência adesiva em testes de tração feitos em laboratório. Além de colar papéis e madeiras, a cola também mostrou um alto poder de aderência em testes feitos com alumínio.
O próximo passo das pesquisadoras é fazer adaptações na fórmula e testar a cola em altas e baixas temperaturas. Também será feita uma adaptação para que ela possa colar vidros e beneficiar mais setores industriais.

Professor Edgar Bom Jardim - PE