domingo, 3 de dezembro de 2017

Marina é pré-candidatura à Presidência: “Precisamos de uma operação ‘lava voto’”


Com um discurso duro contra a polarização e a corrupção e em defesa do resgate da ética na política, a ex-senadora Marina Silva anunciou, neste sábado (2), em Brasília, sua pré-candidata à Presidência da República pela Rede Sustentabilidade, partido que ajudou a fundar. Marina foi candidata nas últimas duas eleições presidenciais, nas quais ficou na terceira colocação pelo PV e pelo PSB.
A pré-candidata atacou a concentração de poder e a disputa entre o PT, o PSDB e o PMDB, as reformas de Michel Temer, o envolvimento de peemedebistas e petistas em esquemas de corrupção e defendeu uma operação “lava voto”, em referência à Lava Jato. Marina também rebateu o processo de desconstrução que sofreu da campanha de Dilma em 2014, criticou a política personalista, em alusão a Lula, e disse que é hora de dar um basta à política do “rouba, mas faz”.
A ex-senadora também defendeu o diálogo com outros partidos do chamado campo progressista e com as “flores do pântano”, referindo-se a políticos que não se envolveram nas irregularidades. Também reconheceu as dificuldades que terá pela frente, como a diferença de recursos financeiros e de tempo de rádio e TV. Também pregou contra o discurso de ódio. “Não vamos tratar ninguém como inimigo”, declarou. “Será uma campanha ralada, mas é melhor uma campanha ralada do que um país dividido”, ressaltou.
Marina defendeu que os principais partidos do país, como o PSDB, o PT e o PMDB sejam afastados do poder pelos eleitores para que possam se reinventar. “Precisamos dar um sabático de quatro anos para que PT, PSDB e PMDB possam revisitar seus estatutos e programas, reencontrar com as pessoas, olhar na cara daqueles que perderam seus empregos e a esperança e se reinventar”, discursou. Marina também rebateu as críticas de que demonstra fragilidade. Lembrou das doenças, da perda da mãe aos 14 anos e da pobreza que teve de superar para chegar à política. “Aprendi com minha fé, quando sou fraco então sou forte.”
O nome de Marina foi aclamado pelos 27 elos (diretórios) da Rede, que apresentaram uma moção para que a ex-ministra do Meio Ambiente se lançasse à disputa eleitoral. No evento, ela estava acompanhada de lideranças nacionais da Rede, como a ex-senadora Heloisa Helena (AL), e parlamentares como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AC) e os deputados Miro Teixeira (Rede-RJ) e João Derly (Rede-RS). A confirmação de sua candidatura só deve ocorrer em abril, em nova reunião do comando partidário.
A seguir, alguns dos principais pontos do discurso de lançamento de pré-candidatura de Marina:
“Quem tem de pagar com a Justiça paga, que pague, ninguém está acima da lei. Ninguém é rico demais, poderoso demais para estar acima. A lei é ato de reparação, não de vingança. Isso é civilização. Não pode ser dois pesos e duas medidas. Não podemos concordar com a lógica do rouba, mas faz.”
“Estamos aqui para dizer que sabemos o valor do amanhã. Mas o valor do amanhã é defendido e assinado quando fazemos a coisa no agora.”
“Queremos ecossistema saudável, mesmo com pessoas divergindo, queremos pessoas éticas, competentes. Será mais difícil disputar, mas melhor para o Brasil. Não é discussão do poder pelo poder.”
“Isso aqui não é um lançamento. É uma conversa de companheiros. Vamos dialogar com outros partidos, com núcleos vivos da sociedade. Par dialogar com outros partidos não precisa chegar para aqueles que não foram pegos no dopping da corrupção, pedir que não tenham candidatos.”
“Quanto mais estrelas no céu, mais claro é o caminho de que não precisamos tratar as outras candidaturas como inimigas. Faremos críticas, mas jamais o ato da desconstrução covarde, antiética, aviltante da democracia.”
“É preferível sofrer uma injustiça do que praticar uma justiça. Quem ganha fazendo coisas erradas perde. Quem perde fazendo o que é certo perde ganhando. É hora de o Brasil e o povo brasileiro, depois de tudo o que aconteceu, ganharem ganhando.”
“Minha motivação não é o poder pelo poder. A política é um serviço.”
“As pessoas querem o combate à corrupção, passar o Brasil a limpo, e ter um Brasil onde haja prosperidade, onde tenha emprego, sustentabilidade, onde possam sustentar sua família para se construir como sujeito.”
“É um momento difícil. Estamos numa reunião da direção nacional (da Rede). Abrimos para a imprensa, está sendo transmitido esse momento, porque fizemos longo processo de reflexão, chegamos ao resultado que agora se apresenta nessa reunião dialogando com o nosso país.”
“Não é decisão simplesmente porque queremos fazer, mas porque é necessário fazer, é justo que seja feito.”
“As condições são importantes, mas não são as mais importantes. Seremos fieis no pouco. Da parte do megafundo eleitoral, apenas 0,05% irá para a nossa campanha de deputado estadual, federal, governador, senador e presidente. Enquanto isso, 17% do bilionário fundo vai para o PT, o PMDB e o PSDB. Privatizaram os recursos do contribuinte e os meios legais da propaganda eleitoral. Teremos 12 segundos de televisão. Eles podem vir com o maior alimento, nós vamos beber a água boa do compromisso e da esperança e transformar nossas dificuldades em fortaleza. Sou mulher de fé.”
“É tempo de ver, de compreender, de decidir e de agir. Uma ação que precisará, sobretudo, do povo brasileiro. Só ele, somente ele, poderá fazer a grande que o Brasil precisa. Nesse tempo é preciso que, ao decidir, a gente observe sempre o lugar que a sociedade quer colocar suas lideranças políticas. Temos de ter muito cuidado para não resvalar na situação de querer, muitas vezes, ficar num lugar das projeções que não são boas nem para a política, nem para a democracia, nem para as pessoas.”
“No momento de crise é muito fácil projetar nas pessoas a imagem do pai ou da mãe protetora, que vai combater por você, fazer para você. Isso não fortalece a nossa democracia, as nossas instituições. Isso nos infantiliza politicamente, institucionalmente. Temos de ter muito cuidado para não aceitar esse lugar. Não querer ser o dono do povo.”
“Não é momento para salvadores da pátria. As coisas grandiosas não são as feitas por um único partido, mas por diferentes pessoas, pela sociedade.”
“Estou vivendo a dor e a delícia de quem somos. É feliz, alegre, esperançoso ver tanta gente depois de tanta desesperança na política resgatar o papel da política.”
“Fiz perguntas abertas sobre como seria essa contribuição. Me impus disciplina de ter uma escuta verdadeiramente interessada. Ouvindo coisas até que não queríamos ouvir. Mas de pessoas corretas. Polícia não se faz apenas com aqueles que dizem amém, mas também com aqueles que discordam da gente.”
“Pela primeira vez, meus quatro filhos, que sempre botavam certo cuidado em 2010 e 2014, agora disseram que mamãe, com essa crise que está aí, não tem alternativa. Você tem de estar nesse processo. Depois dessa reflexão estamos aqui.”
“Terminado o processo eleitoral de 2014, pensei como ajudo melhor o Brasil? Construindo o partido, ficando mais na sociedade. Dei aula na Fundação Dom Cabral, fui dar aulas fora do Brasil. Não sou aposentada. Quem não tem patrimônio antes de ser político não tem como acumular patrimônio quando é político. Não tenho patrimônio, tenho capacidade de trabalho”.
“É o momento para que a gente possa dar nossa contribuição para fazer o resgate da política para que o Brasil possa responder as suas grandes responsabilidades. A crise que estamos vivendo tem várias características, uma delas é de legitimidade democrática.”
“Estamos criando cultura política do ódio, de desrespeito à diferença”
“As pessoas estão em guerra por causa da polarização. Antes as pessoas divergiam e ia conversar no bar. Agora brigam por política até na igreja.”
Com informações de Congresso em Foco.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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