sábado, 29 de julho de 2017

A violência de cada dia

Falam que a guerra civil se estrutura, aos poucos, e surpreende. Ela produz uma inquietação agressiva. O medo se expande quando os assassinatos acontecem e oferecem um espetáculo nada agradável. Por detrás dela, existem golpes políticos, corrupções programadas, vinganças objetivas.O Rio de Janeiro assusta. Seu cotidiano ganhou sangue covarde, explodiu cofres, intimidou policiais. Não é aquela guerra civil tradicional. Os tempos são outros, porque a sociedade mudou sua formas de reagir e a droga avança fabricando dependentes e um comércio veloz.
O Rio de Janeiros sofreu vários assaltos. A gangue de Cabral terminou de acelerar as falências, se encheu de jóias, traçou bilhões com suas astuciosas tramas. Não é a única. Foi competitiva, usufruiu de esquemas públicos, mostrou-se articulado.  O Brasil vive um festival de gangues sofisticadas que internacionalizam suas ações. Parece que não há como exterminá-las. As ruas ficam sendo cenários de emboscadas. Falta grana para funcionários públicos, sobram armas nos morros, nos pontos ativos de drogas. Os hospitais fecham, as escolas se arruínam, os ruídos enervam.
A morte acompanha a violência, o Rio é um espelho débil, a desconfiança esvazia a política. Quem se lembra da euforia fabricada pela Copa do Mundo? E os monumentais investimentos destacados pelos governos? Era uma celebração cínica, ajudada pela gangue chefiado por Ricardo da CBF. Nem todos entraram nas histórias falaciosas. A rede era grande, gastava verbas imensas, com a ilusão que curtíamos as coisas do primeiro mundo . O Brasil do luxo escondia a infâmia, as vergonhas, os desacertos. Perdeu para Alemanha e se inventaram boatos, fantasias, escândalos.
O Rio assombra, tem um lugar especial na mídia. A desigualdade social treme, faz vítimas, desafia quem inventa planos para fragilizá-la. Há conflitos em todos es espaços possíveis. Os posseiros querem acumular terras, os discursos se chocam nas mentiras, os partidos costuram alianças escandalosos, Temer continuar tomando doses extraordinárias de Viagra para seduzir o PSDB. É impossível quebrar um circuito que usa máscaras especializadas. Quem era santo virou demônio ou o inferno se consolida na avenida central?
O corpo corre, quer esconderijo.Acolhemos, feridos, sustos. Não dá para distinguir o futuro. Será que tudo se repete, que os ciclos são infinitos? Os arautos do desenvolvimento não param de se lamentar. Procura-se o culpado maior. Lula reclama. Os impostos aumentam. Renan consegue se salvar. Janot se balança. A justiça não tira sua venda. Os mais fracos e encurralados lançam Messias redentores. Os dízimos batem na portas dos templos.Tudo está confuso e árido. A sociedade não pode aclamar maravilhas. Ela mergulhou num pântano repleto de animais predadores. O território da perda une as dores contínuas.
Por Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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