terça-feira, 27 de junho de 2017

Quem funda o mundo e a poesia?

Octavio Paz escreve com um fôlego admirável. É o tempo que ele tece ou ele é tecido pelo tempo? Fico deslumbrado. As palavras voam, adormecem, encantam. De onde elas surgem? Estão guardadas no coração do poeta? Sempre desconfiei que o mundo nunca será decifrado. Observo que os mistérios se confundem com as magias. O que dizer? Os saberes buscam verdades, assombram academias, aliviam dúvidas. Octávio Paz parece não se entendiar com as perguntas. Borda com paciência. Suas palavras não se perdem. Elas se encontram nas curvas, reconhecem que a arte é a saída para minorar a incompletude. Transcendem.
Nunca nego que os poetas são fundadores. Não dá para ficar celebrando deuses ou mergulhando religiões interessadas pelo pecado. Pedir perdão cansa. Muitas cerimônias vazias com pessoas que militam numa convivência social formal. Prefiro o desafio dos poetas. Eles possuem audácias. Não querem arrogâncias. Sabem que as magias não invenções tolas. Nomear, multiplicar as identidades, armar seduções. Se a vida fica no tédio das tecnologias, o abismo se enche melancolias. Portanto, provoque o diálogo das permanências com as mudanças. Não se agonie com a compexidade
O contemporâneo cultiva o descartável. Não gosta de profundidades. Octavio Paz nos remete para nostalgias. Não entra na apologia dos progressos. A história existe e o poeta não está fora dela. Ela caminha pela sensibilidade, não se restringe a fazer cálculos e eleger razões congelada. Livra-se das incertezas é uma fantasia que agrada. Mas como fugir das perguntas, dos escorregões? Quando entrelaçamos o ritmo das palavras a dança da vida se torna mais leve. As hierarquias incomodam, porém é preciso que haja comunicação. Não se impressione com a velocidade.
Falar com o outro, escutar o outro. Dizer o tempos, para não haja sustos repentino. Se os retornos existem, é fundamental compreendê-los. Não tropece nas explicações cartesianas. Procure contemplar. Não faça de tudo um espelho. Octavio não esconde que a história não se veste de uma definição fixa. A palavra que mora em apenas um significado não dimensiona a força do arco e da lira. Desprezar os poetas é jogar pó na imaginação. Aqueles que acreditam no poder da razão instrumenta estão enlouquecido com as máquinas. Lembram calendários de propagandas. Estão aprisionados pelas distâncias que nunca serão percorridas.
Por Antônio Paulo Rezende.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

0 >-->Escreva seu comentários >-->:

Postar um comentário

Amigos (as) poste seus comentarios no Blog