terça-feira, 6 de outubro de 2015

Francisco cuida do mundo

Por Paulo Rezende.
Numa época em que as dores do mundo estão expostas de forma cruel,  fica difícil acreditar em reviravoltas. Faltam lucidez e compromisso da maior parte das lideranças e correm ondas de apatia. Pescam-se privilégios como diamantes nas águas do apocalipse. O Papa Francisco destoa e se veste com uma ética que as religiões deveriam assumir. Busca compreender os desacertos e ensinar que há caminhos apesar do pessimismo geral. Vai para o mundo com um discurso que retoma o cristianismo que não esquece o amor pelos outros. Cuida de não alarmar, celebra a aproximação, desmancha preconceitos. Sente uma responsabilidade moral totalmente distante dos mercados gananciosos.
Surpreende. Há tantas violências, tantos jogos cínicos, tantas armas fatais que o futuro se transforma numa adivinhação  medonha. Quem não conhece o passado e não convive com os desejos de igualdades perde a vinculação com a história. O cristianismo foi revolucionário, desafiou, redefiniu valores. Portanto, Francisco não está inventando novas crenças. Ele faz a leitura que se encontra em ensinamentos e práticas que tocam em sentimentos de solidariedade. Como a história não é linear, há pontos de desencontros. A Igreja Católica se inseriu em poderes mesquinhos, fortaleceu individualismos, estimulou guerras. E os contrapontos não podem existir?
Muitos papas se envolveram com ódios e protegeram princípios fascistas. Outros observaram as dissonâncias. Não se conformaram e se confrontaram com as explorações. Religião e política conjugaram verbos destruidores em épocas que não estão distantes. Nem todos olham os outros com generosidade, mas incentivam lutas e competições. Não é sem razão que surgiram utopias profanas. promessas de salvação sem divindades ou orações. A procura pelo lucro, no mundo capitalista, ajuda na expansão dos egoísmos Muitas religiões assumem opressões disfarçadas, enganam, constroem a prosperidade concentrada em interesse de minorias. Estendem espaços consumidos pela sociedade de massa.
A trapézio dos circos lembram que existem perigos, travessias, suspenses. Francisco rompe silêncios seculares. Possui adversários. A Igreja Católica não é homogênea. No entanto, é importante que os gritos não fiquem parados no ar. Movimentar a política com direções coletivas inquieta e consolida responsabilidades que balançam esperanças. Tudo não se resume em ter fé e saldar os sacerdotes com submissão. A coragem anda aliada com a vontade de cortar círculos de servidão. A sociedade não é reflexo de espelhos imutáveis. Há sempre quem se incomode. Francisco segue um caminho diferenciado e não precisa ser católico para admirá-lo. Até quando seus ruídos serão ouvidos?
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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