segunda-feira, 6 de abril de 2015

"Não podemos ter 31 partidos. É uma maluquice" afirma Simon em Caxias


O ex-senador e ex-governador do Rio Grande do Sul Pedro Simon participou nesta segunda-feira da reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul. O político do PMDB defendeu uma cruzada cívica para promover reformas no Brasil. 


Simon entende que o momento de crise deve ser aproveitado com uma série de encontros que discuta as mudanças necessárias no país. 

— Não podemos ter 31 partidos políticos. É uma maluquice. Em nenhum lugar do mundo existe isso — exemplificou. 

Para Simon, a presidente Dilma Rousseff precisa ter a coragem de reunir as lideranças brasileiras para buscar soluções para o atual momento político: 

— Se ela tivesse a grandeza de dizer que quer conversar, mas contra ela tem o comando do PT, o comando do PMDB, os que querem continuar mamando.  

Sobre o governo José Ivo Sartori, ele destacou que acredita no potencial do colega de partido para reerguer o Estado, mas admitiu: 

— Eu não invejo Sartori, é difícil seu trabalho.  

Depois da palestra, Simon conversou com a imprensa. Confira os principais trechos da entrevista coletiva:

Sobre a situação do governo estadual, o senhor acredita que dá para fazer mais? O Estado tem solução?
A situação é complicada. Faz tempo que a gente analisa que o Rio Grande tem de avançar, algumas providências tem de ser tomadas. Dois milhões de gaúchos, o que tinha de melhor no Rio Grande do Sul, foram levar o progresso e o desenvolvimento para todo o Brasil. Se o Brasil hoje tem essa produção agrícola que tem, é por causa dos gaúchos. Eles saíram daqui e foram para Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Amazonas... e essas regiões das quais esses gaúchos saíram sofrem com a crise. A viação férrea no RS é de bitola estreita. De Santa Catarina pra cima é bitola larga. São coisas como essas que precisam ser encaradas. Agora, o Sartori está adotando algo realmente muito significativo, ele quer partir e partir com o passo certo. Tenho a convicção de que nas mãos do Sartori, com o estilo dele, com a seriedade dele, nós vamos atravessar essa fase difícil. 

Para onde vai o governo Dilma?
A rigor, ela não conseguiu terminar o primeiro governo e, a rigor, não conseguiu começar o segundo governo. Ela está uma situação de contemplação realmente muito ruim. Eu fazia um apelo no final do governo dela de que deveria fazer um grande entendimento nacional. Uma eleição que terminou com 1% de diferença... o governo com uma estabilidade extremamente negativa. Ela não podia fazer o que vinha fazendo, troca-troca, toma-lá-dá-cá, trocar ministério por apoio ao governo. Infelizmente, fez isso, e da pior maneira. Tinha uma ligação PT-PMDB e agora o PMDB se queixa que ela quer fazer outra coligação para esvaziar o PMDB. E por aí não vai sair nada, na base do troca-troca. Ela precisa entender que a situação é séria, teria de chamar a sociedade brasileira, as lideranças, e dizer: olha, vamos fazer um projeto para o nosso país para sairmos da situação que estamos vivendo.

O senhor citou, durante a palestra, que era amigo do presidente Lula. Como é, hoje, a relação entre vocês?
Quando o Fernando Henrique criou, estupidamente, a reeleição, quando privatizaram a Vale do Rio Doce, eu ali olhei com simpatia para o Lula. Quando foi candidato, perdeu três eleições a presidente da República e, até ali, não se tinha nada contra ele. Eu achava que o Lula seria um grande governante. Ele começou bem, com Bolsa-Família e com posições positivas. Ele chegou a me convidar para fazer parte do governo, para ser líder do governo, para fazer o que eu fazia no governo Itamar. Até o dia que ele praticou uma bandalheira. Até hoje aparece o cidadão recebendo dinheiro, botando no bolso. Fui pra tribuna e disse: hoje mesmo vou falar com o Lula e hoje mesmo esse cara vai ser demitido. E não foi. Pedi uma CPI e o Lula não deixou criar. Tivemos de entrar no Supremo e o Supremo mandou fazer a CPI, fizemos e levou um ano. Nesse ano, como ele não fez nada, a roubalheira continuou e terminou no Mensalão. Respeito, mas faz muito tempo que não falo com ele. 

Como se recupera a credibilidade na política?
Começa pelo presidente. O governo Collor foi o máximo da desvalorização. Se fez uma CPI para cassar o Collor e cassamos. Se fez uma CPI para analisar o Congresso, os Anões do Orçamento, e cassamos não sei quantos parlamentares. Saiu o Collor, entrou o Itamar. Era o mesmo Congresso. O governo do Itamar criou o Real, o plano mais importante, mais duro, mais positivo da nossa história. Não teve nada no governo do Itamar, não se fez um governo de troca-troca, ninguém foi nomeado ministro para os deputados votarem com o Itamar. Ele mandou os projetos, como o Plano Real, e o Congresso aprovou. Aqueles deputados participaram do escândalo da corrupção do Collor, participaram do escândalo dos Anões do Orçamento, mas entrou um presidente que adotou uma linha de austeridade, deu exemplo, foi 100%. Quando a Dilma entrou, ela demitiu seis ministros, ela foi firme, mas o PT, PMDB e companhia começaram a pressioná-la. Começou "Fora, Dilma", "Chega", "Volta, Lula". E ai começaram a boicotar. Ela não teve coragem, não teve capacidade para aguentar. Nesse sentido, tenho de fazer justiça, ela tentou. E tenho de reconhecer que ela não teve força política, porque ela não manda nada no PT. 

O senhor acredita que o PMDB tem a postura mais adequada no Congresso Nacional?
O MDB de hoje está longe do meu MDB. Eu estou no partido, afastado, não tenho posição nenhuma, eles sabem que sou contrário a eles, acho uma desmoralização o partido como o MDB em quatro eleições não ter um candidato a presidente da República. Se trocaram por meia dúzia de cargos que o Fernando Henrique deu, meia dúzia de cargos que o Lula deu. Hoje, o MDB está tendo uma posição de tentar dizer que quer fazer isso, que quer fazer essa transformação. 

O senhor defende uma cruzada cívica. De que forma?
De baixo pra cima, com a mocidade. Se a OAB topar, se a CNBB entrar nessa, se as universidades entrarem nessa. Isso tem que ser feito. Antigamente a gente era escravo, como ia chamar uma reunião se a Rede Globo não desse? Hoje, chama uma manifestação (pelas redes sociais) e vai um milhão de pessoas, chamadas só pela rede social. Essa é a grande novidade, que movimenta, agita. 

O ex-ministro Bresser Pereira deu uma declaração de que existe um ódio ao PT. O que o senhor acha dessa afirmação?
Eu diria que não. O Lula ganhou duas eleições e elegeu duas vezes a Dilma. O momento que nós estamos vivendo é de rebeldia. Na verdade, a gente tem ódio de todo mundo, a gente tem raiva das coisas que estão acontecendo. 

O senhor gostaria de ver o PMDB com candidato na próxima eleição?
Seria muito bom.

Existe chance?
Existe. O PMDB sempre ficou como terceiro partido. A primeira vez com o Fernando Henrique, depois com o Lula e depois com a Dilma. E ganhou meia dúzia de carguinhos. 

Um dos nomes que aparece é do Eduardo Paes (prefeito do Rio de Janeiro), mas ele teria dito que não concorre e teria elogiado Lula. 
Hoje o nome forte é o vice-presidente, Michel Temer. Ele é político, ele entende. Como a Dilma não entende nada, ele está ajudando muito, muito da crise ele tem resolvido. 
Fonte: ZH.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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